Índice de Capítulo

                                   


    No início da manhã, Kazuki, que já está acordado, decide ir de encontro ao quarto em que Rei está hospedado.

    Com o intuito de avisar o garoto sobre o café da manhã, que está preparado. 

    Toc, Toc

    — Reiji, se você estiver acordado e quiser tomar o café matinal… Estaremos no andar de baixo — diz de forma deliberada, enquanto toma fôlego e baixa o tom de sua voz. 

    [Silêncio]

    (…) 

    O homem percebe que a porta do cômodo está meio entreaberta… Provavelmente por conta da correnteza de ventos causada pelas janelas abertas. 

    Decide fechá-la. 

    Mas é impedido, após reparar entre a sua brecha, a visão do garoto que está dormindo tranquilamente. 

    Os pequenos raios de sol que batem em seu rosto destacam e resplandecem suas afeições. 

    Em consequência a insolação e irritação causada pela iluminação, o garoto faz uma expressão conflituosa, mas que transmite intensa tranquilidade. 

    Todos os detalhes à sua volta parecem se encaixar, e complementar aquele cenário, que mais parece um quadro de artes. 

    Analisando surpreso de longe aquela paisagem, o homem sem acreditar, decide entrar no quarto e se aproximar do estudante. 

    De perto, repara que seu cabelo preto tremula ao vento, e seus olhos, mesmo fechados, brilham sob longos cílios… Seu rosto bonito, cheio de traços harmoniosos lhe proporcionam uma atmosfera mais do tipo agradável, do que cintilante.

    “Pin-… Pintura divina.”

    Declara em pensamento, e segura sua respiração à medida que se aproxima. 

    Inclinando-se para frente, de forma instintiva, começa a sentir uma fragrância leve de morango emitida por Rei. 

    Milhares de pensamentos percorrem sua consciência, e, antes que pudesse fazer algo, acorda daquele transe. 

    “O que estou fazendo?”

    Pensa atônito, e sai do cômodo com as mãos sobre o rosto corado. 

    (…)

                                   


    Quando seus olhos se abrem… Involuntariamente, murmura algo e, de maneira hesitante, se levanta da cama de forma súbita, como um reflexo. 

    Arrepios por todo o seu corpo são sentidos, pois, havia ficado tão surpreso com o sonho, que perdera o restante de sua concentração. 

    (…)

    O garoto sai do quarto, e caminha pelo corredor até descer as escadas, sem pensar muito, ainda está sonolento.

                                   


    À medida que desce as escadas, o som de seu tênis que pisa no chão amadeirado, repercute nos arredores do primeiro andar. 

    — Reeiii, bommm dia — diz Mia que está à mesa, e observa o garoto na escada. 

    — Wuaaaa — bocejo. — Bom dia Mia — responde já próximo da menina, sentando-se em uma das cadeiras próximas. 

    Naquele mesmo momento, o amigo da menina aparece do lado de fora da janela do cômodo, e a convida para brincar no jardim de sua residência. 

    Mia então acena como sinal de despedida para os ali presentes, e se afasta apressadamente enquanto corre, até chegar na posição de Takayo, que porventura começa à correr também.

    (…) 

    Curioso com o silêncio, Rei pergunta: — Você não falou nada até agora, tá tudo bem?

    — E-eu? S-só estava comendo e pensando sobre algumas coisas, me de-desculpe se causei alguma impressão errada — responde gaguejando, com o tom de voz hesitante, e desvia seu olhar de forma envergonhada. 

    Estranhando o comportamento suspeito, o garoto apenas ignora, e continua a comer as panquecas que estão em seu prato. 

    (…)

    — Pode parecer meio indelicado e intrometido da minha parte perguntar isso, mas por que vocês vivem nessa vila? Pelo que percebi, vocês possuem uma ótima situação financeira — pergunta de forma modesta, ainda mastigando a comida. 

    Ao escutar a pergunta, o homem vacila e olha para o garoto com uma expressão em branco. 

    Logo após acontecer isso, o clima fica misteriosamente esquisito.

    — Não precisa responder, só foi uma dúvida que eu tive quando estava andando pelo corredor — declara nervoso, após perceber a atmosfera. 

    De maneira hesitante, Kazuki pensa sobre isso por alguns segundos, e decide que seria melhor responder honestamente; afinal, a pessoa que está a sua frente é o salvador de sua sobrinha, e a pessoa que ele deve favores.

    — Eu sei que não tem más intenções… Mas, você conhece a minha história? — pergunta olhando no fundo dos olhos do garoto. 

    — Acho que você tem o direito de saber… Vou tentar explicar resumidamente. 

    — Antes de vir parar nesta vila, eu era de Zefry, a capital dos homens fera. Na época, eu era considerado o 1° príncipe herdeiro da família real Arther — relata, enquanto coloca as suas mãos sobre a mesa, e as cruza uma em cima da outra. 

    — O terceiro príncipe, Katsi, assassinou o meu melhor amigo e também irmão, o segundo príncipe, Theo. Que também é pai de Mia. 

    — Foi declarado que a morte de Theo havia sido causada por insuficiência respiratória, porém… Posteriormente descobri que ele, na verdade, havia sido envenenado. 

    — Logo após a morte de Theo, a sua esposa por conta do estresse pós parto ao saber da notícia de sua morte, acaba falecendo. A Mia então acaba nascendo nesse momento trágico.

    — Naquela época eu só tinha 16 anos, e tive que fugir apressadamente com o bebê em meus braços — relata com uma expressão melancólica em seu rosto. 

    — A Mia não tinha a proteção dos pais, já que estavam mortos. E caso viesse a falecer, tudo seria acobertado pelos subordinados do 3° príncipe, que também planejavam uma rebelião para me tirar do posto de herdeiro.

    — O meu pai, o rei, era um cético que não se importava com esses pequenos conflitos relacionados ao trono. 

    — Mesmo sabendo da verdadeira causa da morte de seu filho, ele não se prontificou a tomar uma iniciativa.

    — Não disse nada… Tratou o assunto como algo trivial — acrescenta, de modo a franzir a testa, e morder a boca afim de conter a raiva crescente. 

    — Eu não queria mais estar naquele lugar sufocante. 

    — Assim que vi a Mia nascer, me senti extremamente emocionado, foi uma das poucas ocasiões em minha vida em que senti um extremo senso de responsabilidade. 

    — E, naquele momento, eu soube que tinha que fugir, mesmo que instintivamente.

    — Foram incontáveis vezes, em que, quase morri pelas mãos dos subordinados de meu irmão Katsi. Que, Sabendo que eu tinha abandonado e deserdado do trono, havia mandado diversos assassinos e mercenários à minha procura. 

    — Por sorte, e graças a ajuda de algumas pessoas que encontrei na estrada, consegui sobreviver enquanto carregava Mia em meus braços… De um canto para o outro, foram inúmeros lugares que me escondi, até chegar nessa vila — diz, após soltar um suspiro desanimado. 

    — Eu fiquei sabendo que 3 anos depois de ter conseguido escapar de meu irmão… Ele através de uma rebelião civil, incriminou falsamente o rei. E por fim, reivindicou o trono para si. 

    — Mesmo eu sendo considerado um dos melhores espadachins do continente… Não consegui revidar ou mudar algo… Eu, eu só… Consegui fugir — pronúncia de forma taciturna, e olha cabisbaixo para o chão. 

    — Quando eu soube que Mia quase tinha morrido ontem, a minha consciência paralisou. Se algo tivesse acontecido… Eu não sei o que seria de mim — diz com a voz trêmula, com uma expressão desnorteada e segurando as mãos.

    Logo que termina de relatar, Rei, que havia escutado toda a história, tenta acalmar o homem, que está visivelmente abalado. E diz algumas frases motivacionais, e tenta o confortar com suas palavras. 

                                   


    Passados alguns minutos, Kazuki já calmo, diz: — Muito obrigado por me ouvir até o final, eu acabei me emocionando, peço desculpas por ver essa cena — declara com uma expressão deprimente. 

    — Não se coloque sob pressão, como você mesmo disse, naquela época você só tinha 16 anos, e mesmo assim, conseguiu fugir com a Mia em seus braços. Você é um grande homem — responde confiante, de modo a olhar em seus olhos, e abrir um imenso sorriso no rosto. 

    Kazuki que havia guardado sua história por tanto tempo, não havendo contado à ninguém, fica feliz ao sentir as palavras do garoto o confortando. 

    Relatar tudo aquilo é como se pesos de suas costas tivessem sido tirados.

    Ao olhar Rei sorrindo a sua frente, ele começa a corar.

    ‘’Deve ter sido difícil guardar essa história durante todos esses anos… Me sinto feliz que ele tenha confiança o suficiente para poder compartilhar isso comigo.’’

    Pensa reflexivamente, após ouvir todo o relato. 

    ‘’Eu me sinto meio culpado por ter mentido antes.’’

    (…)

    Após pensar sobre o caso, o garoto toma coragem e se levanta, e diz: — Você não vai ser o único a contar algo também — declara com um tom de voz animado. 

                                   


    — Eu, na verdade, não perdi as memórias…

    Rei então explica a sua real situação para Kazuki, como ele temia ser chamado de louco caso dissesse algo relativo a esse assunto de reencarnação. 

    Como não faz ideia de absolutamente nada no mundo, e não sabe o que fazer de agora em diante…

    Relata toda a sua situação com uma expressão desnorteada e confusa. 

    Por algum motivo, para Rei está sendo difícil dizer algumas coisas sobre isso. Entretanto, ele continua a tentar explicar o máximo possível, mesmo sem saber se transmite suas falas corretamente. 

    (…)

    — Então… Você é de outro mundo? — pergunta em dúvida, ainda a tentar processar todas as informações. 

    — Eu acredito em você…

    —Não tenho motivos para duvidar, mesmo que o seu caso seja um pouco extremo.

    — Pode contar comigo! Vou te ajudar em tudo que precisar — diz após abrir um sorriso de leve, e olhar para ele.

    — Você deve ter pensado seriamente se me contava ou não, fico feliz ao saber que sou digno de sua confiança. 

    O garoto sorri, e fica emocionado ao receber o apoio de Kazuki, que acredita em toda a historia.

    Continua…

    Autor: X X X

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 0% (0 votos)

    Nota