Capítulo 7 - Aroma X
Os dois ainda estão a conversar à mesa, e discutem sobre determinados assuntos.
Visto a boa vontade do homem, Rei se aproveita da situação para perguntar assuntos de conhecimento geral.
— Ei Kazuki, você sabe sobre esse sistema de gêneros principais? Eu recebi algumas informações assim que cheguei nesse mundo… Mas, ainda não sei ao certo como funciona.
— Bem…
— Vou tentar te explicar de forma simples…
— … Se trata de um assunto extremamente complicado, justamente por ser a causa de boa parte dos conflitos no continente — responde, após tomar fôlego e baixar o tom de sua voz.
— Todas as pessoas nascem com o seu gênero secundário, sendo masculino ou feminino, e juntamente com isso, vem o gênero principal, que pode ser tanto alfa, beta ou ômega.
Solta um suspiro desanimado, e logo em seguida continua: — O problema não chega a ser os gêneros principais, mas sim, o que eles causam em contrapartida aos alfas e ômegas.
— Por exemplo, os feromônios dos alfas por serem fortes, há uma modificação na estrutura biológica deles, de modo que, os torna inférteis.
— Porém, em contrapartida, os ômegas têm uma estrutura biológica compatível com a deles, justamente por conta de seus feromônios. Os alfas, por conta disso, apenas conseguem engravidar os ômegas.
— Tudo estaria normal se as coisas só fossem assim, mas… É muito raro alguém nascer sendo ômega.
— Entre 100 pessoas, 80 nascem betas, enquanto 17 são alfas… O restante, são considerados ômegas. Ou seja… Apenas três.
— Por consequência a isso, os Ômegas são vistos como propriedades pelo reino, e são considerados um tesouro. O autoproclamado rei, então os distribui como prêmio para os alfas, que em maior parte, são de classes elevadas e ricas.
“Qual é cara, o que é isso? Eu deveria me sentir feliz sabendo que se me descobrirem, posso virar propriedade de um reino que nem conheço?” — pensa o garoto surpreso, e franze a testa.
— Hã? Fala sério, e os direitos e liberdades dos outros? — pergunta transparecendo em suas palavras indignação e revolta, aperta suas mãos, e tenta ao máximo conter a raiva.
“Não seria mais fácil adotar? Além de seguir esse sistema louco de distribuição de pessoas?”
“Ah, lembrei que isso é praticamente um mundo medieval… Mas mesmo assim, tudo isso está acontecendo porque não conseguem ter filhos? Que bando de filhas da puta.”
“A mentalidade humana nunca muda.”
— Infelizmente esse tipo de coisa acontece a séculos, o único reino que não adota esse sistema é o dos elfos, pelo que fiquei sabendo dos relatos populares.
— O meu objetivo era tentar abolir esse sistema quando fosse coroado… Mas, como você pode ver, estou aqui agora. — diz rindo, logo após sua expressão fechar e olhar cabisbaixo.
(…)
— A minha mãe era um homem, super carinhosa e sempre que algo de ruim acontecia, ela estava lá para me socorrer, juntamente com meu irmão — declara sorrindo, enquanto lembra de seu rosto em memórias.
— Ela desapareceu quando éramos bem pequenos, e logo depois desse evento, o rei apenas nos informou de forma indiferente que ela havia fugido, para ficar com a sua família.
— Eu não conseguia acreditar naquilo na época, e tive que depender de meu irmão… Que no final, acabou morrendo.
— Só fui saber aqui na vila, pelos rumores contados no bar, que o antigo rei, meu pai, a tinha vendido para outro país. Ela já tinha cumprido o seu propósito, de ter concebido, então era inútil para o reino… É o que disseram — relata de forma rápida, com uma expressão de insatisfação estampada em seu rosto.
Franze a testa, e impulsiona suas duas mãos um pouco para trás, e bate com elas fechadas sobre a mesa.
— Sinto muito que tenha descoberto isso dessa forma… Mas seu pai também é um extremo filha da puta, hein.
O homem então começa a rir das palavras desleixadas, e pela forma que o garoto tenta, deliberadamente, o consolar com as palavras.
(…)
— Hm…
— A propósito, existe a possibilidade de outra pessoa saber se tal indivíduo é ômega? — indaga o garoto, observando-o com uma expressão em dúvida.
— Bem, quando se completa entre 9 a 12 anos de idade, é feito um teste estabelecido pela igreja local no indivíduo, a fim de classificar qual gênero ele pertence.
— Mas normalmente não é necessário isso, já que todos têm o sistema, e só é necessário dizer o que está descrito em sua tabela de informações.
— Fora que, os feromônios liberados pelos ômegas e alfas são extremamente perceptíveis… Então é quase impossível esconder.
— Mas por que você tá perguntando isso? — indaga, levantando a sobrancelha.
— Humm…
— Você consegue sentir algum aroma em mim? — pergunta entrecortadamente, e sai de perto do assento, caminhando em direção ao homem.
Próximo de onde Kazuki está sentado, Rei se agacha um pouco e inclina seu pescoço em direção ao seu rosto.
A camisa de colegial dele está meio entreaberta, sem ele reparar… Provavelmente pela forma que havia dormido.
O coração de Kazuki começa a acelerar, a adrenalina corre por seu corpo assim que vê a sua frente o pescoço de Rei.
Seu rosto cora com a súbita aproximação do garoto, e seu rabo de cachorro começa a balançar.
Ele tenta desviar seu olhar para baixo, mas nota a camisa a sua frente um pouco aberta.
Revelando uma parte do seu peito.
Rei então logo olha para o homem e sorri, e revela dentes brancos perfeitos.
Kazuki segura sua respiração por alguns segundos.
“Ele realmente é lindo. Ninguém deveria ser tão bonito assim… Eu vou enlouquecer se isso não parar.”
Pensa com o coração em sua boca, em um ritmo dramático desigual, enquanto seu rabo balança sutilmente sem que o mesmo percebesse… (❤ ω ❤)
“Não posso deixar ele reparar isso.”
Em seguida, Kazuki, apressadamente, cheira o pescoço do estudante, e sente um aroma de morango suave.
Ele pensou antes que aquela fragrância era característica de seu corpo.
— Calma aí, você é um ômega? — pergunta muito surpreso. — Eu não tinha reparado isso antes — diz sério, olhando em seus olhos, e de forma instintiva coloca sua mão na cintura do garoto.
— Até onde eu sei… Acho que sim, está mostrando no meu sistema.
— Então, er… Poderia tirar suas mãos da minha cintura? — pergunta, ao demonstrar uma expressão de vergonha.
— M-me desculpe, eu fiquei surpreso, e acabei sem querer colocando as minhas mãos em você, peço perdão.
— N-não, está tudo bem, acontece — responde, desviando seu olhar.
(…)
De volta a sua posição inicial, sentado na cadeira, o garoto o pergunta: — Agora que você sabe sobre isso, tem algo que eu precise me preocupar por ser ômega?
— Obviamente não dizer a ninguém sobre isso — responde, após soltar um pequeno riso pelo canto da boca. — Seus feromônios, são sutis, então é algo muito difícil de ser notado.
— O-ok.
— Esqueci de te dizer sobre o cio.
— O cio acontece quando há um descontrole nos feromônios, tanto dos alfas, quanto dos ômegas. Ninguém sabe o por que desse descontrole ocorrer, e nem quando pode manifestar-se. É nesse momento em que os ômegas e alfas estão em seus períodos mais férteis.
— Quando você estiver nele, tente se afastar de outras pessoas, e reprima suas emoções ao máximo. Com a repressão das suas emoções, os feromônios não irão ser liberados, não afetando pessoas próximas, que podem ser infringidas, e agirem de forma instintiva.
— Caso aconteça isso com você, eu vou te ajudar passando alguns feromônios para o seu corpo. Isso vai aliviar a sua condição, até se estabilizar por completo.
— Já é, Kazuki. Valeu!
Após Kazuki acabar de explicar, e relatar sobre os gêneros principais, ele se despede de Rei.
E afasta-se da casa, dizendo que irá esclarecer o que tinha ocorrido com a Mia para os aldeões da vila.
Continua…
Autor: XXX
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