Capítulo 108 - Dormindo que nem uma pedra
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Após aquela noite intensa que só terminou com o homem-fera caindo desacordado na cama, — quase como uma pedra — o estudante pode descansar finalmente por um momento.
As suas memórias ainda estavam frescas na mente. Beijos, amassos e sensações reverberavam em seus pensamentos. Embora o começo tenha sido dolorido e estranho, a experiência valeu a pena.
Kazuki tornou-se brutal ao prosseguir, mas o estudante conseguiu contornar a situação e resistir. Quando pensou que iria chegar ao seu limite, aguentando todas as estocadas e toques agressivos, o homem-fera simplesmente adormeceu.
No fundo de seus pensamentos, Rei gostara da mudança de personalidade de Kazuki.
“Ele realmente pegou pesado dessa vez.”
Ele pensou enquanto olhava-o de perto, completamente despido e desprotegido — seu sono nessa hora parecia a coisa mais relaxante — sua aparência angelical contrastava com sua personalidade de alguns minutos atrás.
“Não esperava que um Alfa no cio pudesse agir dessa maneira, não posso culpá-lo. Fui eu quem quis.”
Em meio aos seus pensamentos desordenados, ele teve que levantar da cama. Seu corpo estava inteiramente sujo por conta dos fluidos corporais, ele pensou em ir ao rio Nertyrem novamente. Não podia dormir naquele estado.
Pegou algumas vestimentas limpas que estavam nos pertences de Kazuki, próximo da pequena escrivaninha, em seguida saiu do quarto.
Ele desceu as escadas enquanto caminhava sorrateiramente, até chegar ao andar inferior. Como estava despido e sujo da cabeça aos pés, evitou ao máximo causar barulho para não acordar a Tyrant, — caso a vidente acordasse naquela hora, ele não saberia onde enfiar a cara — o simples pensamento disso deixa-o nervoso, ao ponto de causar calafrios em suas costas.
Abriu a porta da casa silenciosamente, sem fazer qualquer ruído. Então correu até chegar ao rio Nertyrem, jogou as roupas limpas próximas da grama e entrou nas águas.
Olhando para cima, percebeu que o céu estava vermelho, marcando a chegada do sol do outro lado do mapa. Deduziu que talvez fosse entre 5 a 6 horas da manhã, levando em consideração a duração que ficou com Kazuki.
“Já está de manhã?”
A princípio, ele ficou surpreso com a mudança, mas depois sua mente foi tomada por pensamentos alheios.
Ele então começou a refletir sobre os acontecimentos anteriores enquanto a água lavava as sujeiras residuais de seu corpo. Ao certo, ele não sabia o que dizer, apenas corou após se lembrar daquela cena.
Seu rosto ficou vermelho, quase ao ponto de explodir. Permaneceu assim por alguns minutos, até que sua adrenalina diminuísse consideravelmente ao ponto de sentir frio ao ficar imerso nas águas do rio.
Ele secou-se com uma pequena toalha e vestiu as roupas limpas que tinha trazido consigo. Momentos depois voltou para a casa, fazendo o mesmo trajeto até chegar no cômodo em que estava antes.
O estudante sorriu após notar que Kazuki ainda estava dormindo profundamente, sem nenhuma preocupação em seu semblante. Ele se aproximou apenas para limpar a sujeira que estava no quarto e trocar as roupas sujas do homem-fera.
Trocou os lençóis da cama por novos, limpou o chão com alguns panos velhos no canto da sala e por fim, deitou-se ao lado de Kazuki.
No momento em que deitou, olhou para o rosto inalterável do homem-fera, então inadvertidamente acabou por abraçá-lo, — quase como se fosse um bichinho de pelúcia.
Seus olhos começaram a fechar, e sua consciência caiu. Em seus últimos pensamentos antes de adormecer, ele pensou: “Será que ele irá se lembrar?”
“Ou talvez ele estava agindo meramente por instintivo?”
…
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Quando algumas horas haviam finalmente passado, o estudante abriu lentamente antes de acordar, — estranhamente, sua cabeça doía e ele foi obrigado a colocar sua mão na testa como um apoio.
Virou-se para o lado, somente para não encontrar nada próximo. Percebeu depois que Kazuki não estava mais ali, então bocejou e esfregou com força os olhos, ainda sonolento.
Levantou-se da cama no intuito de acordar e não se deixar levar pela preguiça que estava sentindo frequentemente, — parecia querer dormir até o anoitecer, sem se importar com o tempo que o fizesse.
Assim que se aproximou das enormes janelas que cercavam o cômodo, apoiou seus braços em sua base e observou calmamente a vista do lado de fora.
“Droga… Queria ter dormido um pouco mais, por que tive que acordar tão cedo?”
Forçou-se a pensar com o pouco de racionalidade que tinha naquele momento, enquanto esperava que sua consciência voltasse completamente.
A única coisa que podia notar era em como a claridade era irritante. As fortes iluminações da manhã revestiam todos os cantos e arredores próximos, à medida que os dois sóis na atmosfera moviam-se gradualmente.
Daquele ponto em que estava, o garoto podia ver através das janelas toda a extensão do rio Nertyrem e das planícies verdes que se prolongavam em sua visão.
Nertyrem cobria a maior parte daquele relevo, sendo possível contemplar um grande ponto azul estendendo-se por uma linha horizontal até as planícies. O reflexo da água por conta dos raios solares deixava ainda mais evidente todas as características da vegetação próxima.
Todos aqueles animais silvestres pequenos, e pássaros que sobrevoavam a região, pousando em pequenos galhos de árvores velhas, juntamente com a vista… Formavam de fato, uma paisagem digna de filme de interior.
O estudante fechou os olhos por um momento.
Aquela tranquilidade, que uma vez conheceu em tempos serenos e pacíficos.
Aquele clima refrescante da manhã… Atmosfera densa, e ventos gelados que adentravam e revestiam todo o seu pulmão. Uma sensação de vividez, refrescância e paz.
Embora… no fundo… isso tenha despertado um sentimento contrário.
Tudo isso deixou Rei cabisbaixo.
Sua expressão tornou-se melancólica, enquanto seu semblante ficou evidente.
Tais sensações trouxeram de volta recordações indesejadas de um passado longínquo.
…
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