Capítulo 110 - Uma torta normal. X
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“Essa árvore… não era azul?”
Ele pensou surpreso, dirigindo seu olhar para a parte de cima da árvore, onde estava localizado os seus cipós quebrados e deteriorados.
Estranhou a árvore por suas folhas estarem na coloração azulada, e seu formato levemente diferente do normal. Todavia, decidiu ignorar tal fato insignificante e se virou de costas, caminhando até a porta do quarto e seguindo caminho até o corredor.
Caminhou pelo corredor até que pudesse descer os degraus da escada, chegando no piso inferior da casa de Tyrant. À medida que ia descendo as escadas, desacelerou seu passo, temendo acordar a vidente, caso a senhora ainda estivesse adormecida, — o que era bem improvável, levando em consideração a hora.
Quando notou um barulho no fundo e notou que o sofa que a vidente estava dormindo estava vazio, voltou a caminhar casualmente. Enquanto se aproximava ainda mais da área do primeiro andar.
“Hum…”
“Que cheiro forte é esse?”
Próximo do primeiro andar, Rei começou a sentir um odor forte de algo que parecia ser de massa, — talvez um bolo ou algo semelhante estivesse sendo assado. Era um cheiro bom e relaxante, parecido com uma torta ou um bolo que comia em sua vida passada.
Em seus pensamentos, o garoto logo deduziu que era possivelmente Tyrant, que estava preparando algo para o café da manhã.
Quando chegou no primeiro andar, caminhou em direção aonde a fragrância estava sendo transmitida, entrando em um pequeno cômodo que ficava próximo da escada. O cheiro começou a se intensificar — Seus passos seguiram a mente, mesmo não percebendo sua movimentação — e assim que o garoto recobrou a consciência, já está na pequena cozinha que havia naquela residência.
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Em sua frente estava Tyrant de costas, com as mãos sobre uma pequena panela de barro, remexendo a comida que estava nela com uma colher de pau.
Tyrant assim que percebeu o som dos passos e a presença de algo estranho, virou-se para trás apenas para dar de cara com o garoto que estava na porta da cozinha, olhando-a fixamente.
Apesar do susto, ele logo esboçou um pequeno sorriso lateral, e logo em seguida com um pouco de animação, disse com certa alegria: — Bom dia, jovem.
— Conseguiu dormir bem essa noite?
— Bom dia Tyrant — disse dando alguns passos para o lado, e apoiando suas costas na parede próxima, enquanto cruzava os braços sobre o peito.
— Bem, como posso dizer… Foi uma noite tranquila.
Ele comentou um pouco nervoso, mas não deixou tal sentimento visível.
— Entendo.
— Pensei ter visto você de madrugada… Você por acaso saiu de casa? — indagou ela, fazendo uma expressão de dúvida e apreensão.
Assim que ouvi as palavras da vidente, pequenos calafrios foram sentidos em Rei, que percebeu rapidamente que a senhora estava o observando fixamente, — sentiu-se como se estivesse em um interrogatório.
— N-não. Acho que você confundiu, só fui tomar banho naquela hora que você me entregou a toalha. Depois disso, bem… de madrugada, eu…
— Eu estava dormindo profundamente.
Respondeu nervoso. Chegou a transpirar um pouco, então olhou hesitantemente para a senhora, mas ela acabou por não notar esses sentimentos.
— Hmm…
— Bem… Acredito que tudo que eu vi tenha passado apenas de um sonho então — declarou ela, se virando para a direção em que a panela estava, enquanto remexia de forma moderada o recheio da massa.
Ela então complementou: — Me desculpe por perguntar isso jovem, talvez você tenha se sentido um pouco desconfortável.
— N-não, de maneira alguma. Está tudo bem — respondeu apressadamente, mas inevitavelmente algumas memórias de mãos cedo foram recordadas.
“Ela fez de propósito?”
Ele pensou um pouco irritado.
“Será que ela sabe? Não… Acho que estou pensando demais. Não é possível que ela tenha ouvido ou visto…”
— Eu peço desculpas antecipadamente, jovem.Acabei acordando um pouco tarde hoje, então provavelmente ainda vai demorar um pouco para ficar pronto a refeição matinal.
— Relaxa, Tyrant. Está tudo bem, ninguém se importa muito com isso. Só por estar ajudando, isso é legal.
Após dizer isso, ele dirigiu seu olhar para frente, percebendo melhor o que antes não havia reparado: Aquele cômodo era bem pequeno, cabendo por volta de no máximo 6 pessoas.
“Para alguém que vive sozinho, deve ser algo normal.”
Ele pensou enquanto vasculhava a região.
Toda a cozinha era revestida de um tipo de madeira rústica, até mesmo os móveis e as pequenas cadeiras que rodeavam os arredores.
Próximo da vidente, estava uma pequena fornada, havendo em seu interior algumas bandejas que eram assadas com a pressão do fogo. Provavelmente as massas de diversos tipos de tortas, bolos do e salgados que estavam sendo assadas, até chegarem ao ponto ideal para serem devoradas por inteiro.
— Obrigado por ter nos deixado se hospedar aqui durante essa noite, Tyrant.
O estudante disse, com o olhar no chão. Ele estava pensando em outras coisas, então seu agradecimento acabou saindo inconsciente.
— Disponha jovem.
A senhora respondeu, mas parou por um momento de mexer a massa.
— Eu que deveria lhe agradecer.
No momento em que disse isso, ficou evidente as suas palavras carregadas de receio e ansiedade.
— Se não fosse por você, a minha vila e as inúmeras outras pessoas… Teriam sido… — Ela até tentou continuar, mas olhou cabisbaixa em direção a panela, e não terminou de falar.
Em seguida, levantou a cabeça e pensou positivamente sobre a situação, declarando poucos segundos depois com confiança e um comportamento distinto: — Graças ao universo e o propósito das constelações estamos aqui, e, principalmente, graças a você. Obrigada.
Ela agradeceu com um enorme sorriso no rosto, virando-se para que suas palavras pudessem ser ouvidas claramente.
— Estou quase acabando de terminar o recheio, por que não se senta no banquinho perto da parede? — Tyrant apontou para um assento que estava próximo a uma pequena mesa.
Em resposta, Rei então começou a caminhar até chegar no banquinho, e se sentou.
— A propósito, o seu amigo, ele ainda está dormindo?
— Qual era mesmo o seu nome? K…Ka…Kazuki. Era algo assim, certo?
— Er… Sim. Eu acho? Ele já vai acordar, deve estar dormindo ainda…
Ele respondeu um pouco envergonhado, mas ao certo não sabia onde o homem-fera estava naquele exato momento. Havia esquecido completamente desse fato enquanto conversava com a vidente.
E antes que pudesse pensar mais sobre o assunto profundamente, virou o seu rosto para o lado, e em sua visão, percebeu ao lado de fora da casa, pelas pequenas janelas que estão na cozinha. A árvore que havia visto pela manhã.
— A propósito Tyrant, que árvore é aquela…? Lembro que de noite suas pétalas eram rosas, mas agora… Elas são azuis?
Ele tentou desviar do assunto.
— É isso mesmo, ou é coisa da minha cabeça?
— Pff!
Ela deu uma risada em resposta.
— Você não está ficando louco, não se preocupe. Você nunca viu uma árvore Ydrazyle antes, criança? É normal as pétalas da árvore mudarem de cor, isso é uma característica da própria raça delas. De dia elas são azuis, e de noite são rosas. Ninguém sabe ao certo o por que disso acontecer, mas as lendas dizem que está relacionado a primeira fada.
— Afim de evitar uma iminente guerra, na época, a primeira fada, e também rainha, sacrificou sua vida e a separou em várias mudas de árvore. Com isso, a guerra dos 11 flagelos, teve uma trégua… Mas isso é uma longa história jovem. A única coisa que sabemos, é que os cipós e as suas pétalas e folhas são ótimos condutores de éter, e podem ser usados como fonte de alquimia.
No momento seguinte a isso, ela contou sobre as lendas desse mundo para o estudante, que achou interessante e intrigante todas essas informações.
…
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