Índice de Capítulo


    ❖ ❖ ❖

    Ponto de vista de Kazuki.

    Portão de Svishtar.

    Enquanto Rei caminhava em direção ao quarto em que estava hospedado, Rina e Tyrant marcharam acompanhadas dos guardas do refúgio até o cômodo em que ficariam por alguns dias.

    Ao mesmo tempo, Kazuki seguiu em frente de encontro à Mia e Takayo, assim como informado por outros guardas de patrulha no portão. 

    Ainda que estivesse preocupado com os dois, ainda mais por tê-los deixado por um dia sem dizer nada, esse sentimento de culpa logo foi apaziguado assim que os avistou de longe.

    No cômodo em que o convento de artes era administrado, estabelecido por alguns elfos que tinham o intuito de auxiliar o máximo de crianças possíveis, e adolescentes afetados pela guerra, parecia ocorrer um tipo de aula coletiva.

    Antes de entrar no convento, havia um tipo de cartaz fixado em cima da porta, que parecia comunicar a todos que entrassem na região.

    Ele dizia: 

    Convento de artes tradicionais, outorgado pela sra. Alania Canterbrace, professora especialista em artes contemporâneas, em conjunto com o Sr. Shadak Sarkalyn, especializado em pedologia, estudo sistemático da vida e do desenvolvimento das crianças.

    O projeto de artes estabelecido nasce de uma reflexão em torno do processo da guerra, sua imprevisível condição e a dissolução atual dos conflitos momentâneos.

    Nossa intervenção agirá como uma ação de boa fé, como um auxílio temporário, relacionado às crianças, órfãos e indivíduos afetados pela tão impensada guerra.

    Terminado de ler o cartaz, Kazuki notou que a sala do convento era extensa e estendia-se por toda a região, com inúmeras mesas e cadeiras empilhadas ao redor.

    As crianças próximas às cadeiras tentavam construir peças de madeira como molde de brinquedo em cima das mesas, e outras usavam pincéis para pintar sobre longos quadros brancos… 

    Todas as crianças pareciam dispersas e ocupadas, divertindo-se sem que houvesse amanhã.

    “Eles conseguiram auxiliar as crianças até neste ponto… Se me dissessem que essas mesmas crianças perderam seus pais e sofreram com a guerra, eu não conseguiria acreditar.” 

    Pensou Kazuki, assim que terminou de soltar um suspiro de alívio e vasculhar todo o encanto da zona. 

    Sentou sobre um banco ainda na entrada do salão, e esperou que a aula que estava sendo administrada pelos elfos, pudesse por fim acabar.

    No salão, imersos em pensamentos, Takayo e Mia não perceberam a presença do homem fera, que os observava ainda de longe. Olhando-os atentamente, com um pequeno sorriso no rosto.


    ❖ ❖ ❖

    [30 minutos depois]

    Assim que a aula de artes tradicionais Terminou, Kazuki se levantou e caminhou até onde Mia e Takayo estavam. Os dois ainda não haviam notado a sua presença, enquanto conversavam com outras crianças do lado, sem qualquer preocupações.

    O homem fera aproximou-se abrindo um pequeno sorriso no rosto, então disse com certa animação: 

    — Não estão esquecendo de algo ou alguém? 

    Mesmo com toda a barulheira no local, o tom baixo e suave de Kazuki chamou repentinamente a atenção de Mia e Takayo, que por reação, olharam rapidamente para trás, e depararam-se com o homem-fera, que estava de joelhos esperando um abraço caloroso.

    Mia, sem acreditar, correu até Kazuki e pulou em seus braços com grande empolgação. Era quase como uma reação automática de seu corpo a seu comportamento.

    — Tioo! 

    — Hahaha… sim, Mia? — disse Kazuki, que já esperava que a garota pulasse sobre ele. 

    Por sua vez, Takayo também correu até a posição de Kazuki, e mesmo que estivesse feliz e aliviado, o garoto declarou com o rosto envergonhado:

     — Por onde você esteve? Tivemos que ficar com os elfos até agora. 

    Takayo cruzou os braços e encheu sua bochecha de ar, tentando demonstrar raiva, apesar de estar feliz e contente. 

    — Por favor, me desculpem, aconteceu algumas coisas no caminho. Infelizmente eu e o Rei tivemos que ajudar algumas pessoas. Sinto muito mais uma vez, não cumpri com meu papel de guardião — declarou suavemente, com os olhos fixados aos de Takayo. 

    Ao ouvir suas palavras, o garoto apenas acenou com a cabeça: Afinal, não adiantaria ficar com raiva de Kazuki, ou descontar a sua dúvida em palavras de insatisfação. 

    — E o Rei, ele tá legal? — perguntou Takayo em seguida, com o intuito de mudar de assunto. 

    — Não se preocupem com isso, ele está bem. 

    — Mas tio, onde ele está então? — indagou a menina. 

    — Mia, ele foi para o quarto descansar, tivemos que andar muito até chegarmos aqui.

    — Espero que ele fique bem então! Obrigada por aparecer aqui, os elfos nos levaram para um convento de noite para ver as estrelas, foi incrível. 

    — Você sabia que existem planetas bem longe daqui? Tem até mesmo um que é todo laranja, tio! Será que um dia a gente vai conseguir chegar até lá? 

    A maneira que Mia falava era a mesma de antes, quando a guerra ainda não havia eclodido. 

    Kazuki pôde sentir a emoção, a felicidade e o entusiasmo da garota pelo tom de sua voz, que transparecia animação e curiosidade. Fora que ela estava mais contente que o habitual, falando de uma maneira mais alegre e solta, articulando perfeitamente.

    Mia era como uma filha para Kazuki, e ver que a garota estava tão bem, diferente de quando não conseguia nem mesmo dizer uma palavra sequer, era realmente revigorante.

    — Sim, Mia! Quem sabe um dia consigamos ir até lá — respondeu Kazuki, sorrindo para a garota. 

    Os cantos da boca de Takayo se contorceram em um pequeno sorriso, em seguida, com certa determinação, ele simplesmente perguntou:

    — E quanto ao Rei? Vocês estão ficando? 

    Kazuki, deparando-se com a pergunta inesperada do garoto, coçou a parte de trás da cabeça, e olhou para o chão, envergonhado em responder. 

    Falar sim ou não… 

    Assim que ficou estranho refletir sobre isso, ele resolveu apenas fazer uma outra pergunta: 

    — Por… por que essa pergunta de repente? 

    — Para com isso, Takayo! Não vê que está sendo inconveniente? — desabafou Mia, olhando enfurecida para ele. 

    — D-desculpa, não foi a minha intenção… Eu só… eu só estava pensando que vocês eram realmente muito próximos. Além de que… formariam um casal bonito.

     Takayo desviou seu olhar para outra direção, envergonhado com o próprio comentário.

    — E a gente não é próximo, Takayo!? Se for assim, iam dizer que a gente é mais que amigo, seu bobo — retrucou Mia, rindo da declaração estabanada de Takayo. 

    Extremamente envergonhado, o menino desviou o olhar de Mia, e por fim, respondeu: 

    — V-você tem razão… D-desculpa por isso. 

    — Está tudo bem, Takayo. Não precisa se preocupar com isso… Então, vamos sair daqui? Vocês estiveram aqui por tempo suficiente — anunciou Kazuki, ao dar alguns passos para a saído do local, carregando Mia em sua mão. 

    — Sim, vamos.

    Após a breve conversa que teve com as duas crianças, e quase a sair do cômodo do convento de artes, uma voz impediu Kazuki de sair. 

    — Por favor, esperem. 

    Continua…

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