Índice de Capítulo

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    Nesse momento, Kondo, o Crente Devoto, inclinou a cabeça para o lado e cogitou outra possibilidade. Ele temia que algo a mais pudesse ocorrer neste período de tempo.

    — Talvez o rei demônio possa ser considerado um deus?! Isso é insano. Que a deusa Vermeti nos abençoe e nos afaste de toda a corrupção deste mundo. 

    — Caso ele realmente seja um deus, hipoteticamente falando, o que deveríamos fazer? Faz mais de 200 anos que não aparece seres assim no plano carnal — perguntou Yuki, o Senhor das Lâminas. 

    Após suas palavras repercutirem, a atmosfera tornou-se ainda mais tensa do que era antes.

    Sempre que a discussão era sobre o reino demoníaco e os inimigos dos homem-feras, como os Demônios, Orcs e Trolls, os dilemas eram voltados em hipóteses e probabilidades, nunca havendo certeza absoluta dos fatos, nem mesmo das informações mais confiáveis.

    — Se os rumores e o testemunho da astróloga da redenção, Milane, estiverem corretos, não teremos escolha a não ser pedir ajuda do imperador e da capital — apontou Wakagusi, o Senhor do Fogo. O indivíduo que sempre teve os melhores posicionamentos e pontos de vista do grupo.

    Os religiosos murmuraram entre si com a ideia, então concordaram que essa era a melhor solução temporária até que conseguissem encontrar outra resposta para tal problema.

    Assim que terminou a declaração, os religiosos começaram a pensar no próximo plano ou estratégia para contornar a situação atual. O reino demoníaco sempre foi uma ameaça, e era inegável o fato de que os demônios haviam conseguido se fortalecer com o tempo.

    Outrora, até mesmo o reino dos homens-fera ou dos humanos estariam em igualdade em questão de força militar, poder mágico, conhecimentos ou até mesmo na questão de suprimentos e recursos naturais.

    Entretanto, a situação agora era completamente diferente.

    Mesmo com a possibilidade de todas as raças de Enredron unidas, os humanos, elfos, anões e homem-fera ainda não seriam capazes de derrotar o reino demoníaco e seus aliados em Onderon.

    — Wakagusi, a força nacional do reino de Zefry ainda está atrás das outras nações. Se fossemos comparar a força dos elfos ou até mesmo a dos anões, que tiveram que se esconder nas montanhas, o reino dos homens-fera carece de poder bélico — reconheceu Kyoya, o Médium Transcendental. 

    Ainda prosseguindo com a fala, ele declarou: — Demos ao atual imperador apoio, influência e uma ampla área para desenvolver soldados e magia, porém não houve nenhum tipo de crescimento exponencial.

    — Fizemos tudo isso na esperança que cultivassem heróis e soldados fortes, para lutar e invadir outros reinos inimigos — complementou Kondo, o Crente Devoto. 

    — Quem imaginaria que nossos esforços de paz e prosperidade com o atual imperador fariam a administração apodrecer? — perguntou Tanabe, a Amante dos Cadáveres, em decepção e aflição com o rumo da conversa. 

    — Francamente, a incompetência deles é incorrigível! — declarou Takagi, o Mestre Espiritualista. — Só nos resta mudar nossos planos e procurar por outras possibilidades. 

    — Faremos o reino demoníaco cair, e nós seremos os vitoriosos! — bravezou Kondo, incentivando o restante dos cardeais a concordarem com ele. 

    — Façamos isso — defendeu juntamente Wakagusi, o Senhor do Fogo. 

    — Cof! Cof!

     O líder da igreja, Asa Shumei Aki, interrompeu a conversa e voltou a atenção de todos para si. 

    —  Vamos voltar ao tópico principal em questão. 

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    Passado um tempo de discussões incessantes, os cardeais estranharam o rumo que todos os eventos da guerra pareciam seguir. 

    — Por que somente em nosso reino houve um aparecimento de monstros desumanos e poderosos ao mesmo tempo? — perguntou Sumeji.

    — Dificilmente isso é uma coincidência. Acredito que houve um planejamento por parte dos oficiais do reino demoníaco — explicou calmamente Asa, o líder da igreja. 

    — O pior cenário seria a retaliação de todo o reino, mas essa possibilidade é baixa — disse Eguchi, o Artesão de Venenos. 

    — De qualquer forma, já sofremos muitas perdas. Todas as cidades costeiras foram destruídas e ainda perdemos dois objetos sagrados de Vermeti — declarou Kondo, o Crente Devoto. 

    — Quando os crentes, cão raivoso e ventania nos traíram, perdemos o anel de Vermeti e o bracelete dos mil milagres — acrescentou, com certa indignação em seu tom. 

    — Sinto-lhes informar senhores, mas perdemos também o nosso membro do 5° esquadrão  — informou o líder da igreja.

    — Wat morreu? Como? — perguntou em surpresa Tanabe, a Amante dos Cadáveres.

    — A informação chegou ontem à noite. Não sabemos qual foi a ocorrência, somente que ele junto com seu grupo veio a falhar na missão — explicou Asa. 

    — Irrelevante. Wat era um membro extremista, talvez tenha sido melhor assim — afirmou Wakagusi, como se soubesse que isso iria acontecer.

    — C-Como ousa? Você sabe que ele era um dos meus membros, abençoado pela deusa Vermeti! — rebateu Kondo, o Crente Fiel, em surpresa e indignação pela insensível fala do cardeal. 

    — Não fiquei irritado Kondo, vocês são iguais. Se não fosse pela deusa Vermeti, eu já teria acabado com você — respondeu o Senhor do Fogo, rindo da expressão de raiva que Kondo fazia.

    — V-Você, como você ousa…

    Antes que Kondo pudesse responder a afronta de Wakagusi, a Senhora dos Cadáveres interrompeu de repente a conversa. 

    — Já chega! Estamos na frente do nosso líder, prestem os seus respeitos. Quanta insolência! 

    — Infelizmente Wat veio a falecer e falhar na missão, em consequência perdemos um grandioso membro com um extremo poder defensivo e de auxílio, que pertencia ao ranking 8.

    As palavras de Tanabi Jori foram educadas, mas com o seu tom e atitude, foi praticamente uma ordem. 

    — Porém, nesse momento, esse fato é irrelevante! Quem, ou o que tenha o matado não nos importa agora, precisamos pensar em alguma estratégia. O reino demoníaco bate às nossas portas, precisamos agir. — A Senhora dos Cadáveres então soltou um suspiro, e endireitou o corpo na cadeira dando um fim à discussão supérflua.

    Tudo que foi dito pela cardeal foram verdades. 

    E tanto Wakasugi, quanto Kondo, não podiam dizer nada em resposta. Apenas desviar seus olhares rancorosos para outra direção.

    O que mais incomodou Kondo era saber que não conseguia pensar em nenhuma refutação, apenas permanecer sentado, enquanto ouvia as palavras finais do líder. 

    — Embora nossa igreja de Querpyn tenha sobrevivido, a perda de dois objetos sagrados e o extermínio dos membros do 5° esquadrão a enfraqueceram muito. 

    — Em um momento como este, a nossa situação não é tão diferente do que andar descalço no chão de lava. 

    — Primeiro, precisamos entrar em contato com o império e coletar informações essenciais.

    — Espero que o imperador não esteja realmente abanando o rabo para o reino demoníaco! 

    Asa então levantou-se da cadeira, e vislumbrou a estátua de Vermeti na sala. A figura de uma mulher angelical com flores na cabeça, tocando uma pequena harpa. 

    Por fim, ele declarou de forma conclusiva:

    — Que a nossa deusa nos proteja de toda corrupção carnaval, e que possamos agregar conhecimento ao mundo. Ignorante em essência. 

    Embora ele fizesse parecer como se fosse uma oração, seus olhos não podiam esconder o seu deleite por pensamentos maliciosos em sua mente. 

    Os outros cardeais que ouviram as palavras do líder apenas riram, e o canto de suas bocas se contorceu em um sorriso maligno. Suas expressões disseram muito mais do que mil palavras. 

    Continua…

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