Índice de Capítulo

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    Terminado a consulta com a senhora Alania, Kazuki deixou Takayo e Mia aos cuidados da psicóloga temporariamente. 

    Embora quisesse ficar com eles por mais tempo, ele sabia que ambos ainda precisavam do tratamento disponibilizado por Alania, para que os eventos anteriores não retornassem mais uma vez às suas memórias. 

    Depois de Kazuki explicar calmamente a situação tanto para Mia quanto para Takayo, os dois, momentos depois de ouvirem, aceitam a decisão com certa relutância.

    Apesar da confiança que tinham sobre Alania, ambos sentiam-se pressionados e fechados em relatar os acontecimentos passados em relação aos seus traumas.

    Mesmo que fosse extremamente necessário deixá-los com Alania, o homem-fera não queria que isso ocorresse, mas não tinha escolhas. No final, Kazuki os abraçou brevemente e deixou a responsabilidade com Alania

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    Ao sair do salão de artes, Kazuki, antes de ir para o quarto em que estava hospedado com Rei, caminhou até a árvore azul dentro do refúgio.

    A árvore ficava próxima dos cômodos, e suas folhas gradualmente caiam nos corredores e lotavam o chão.

    Ele se sentou debaixo dela enquanto observava a movimentação das pessoas próximas. 

    Antes, toda a região estava em conflito.

    Não parecia terminar aquela loucura.

    Os refugiados de guerra estavam nos corredores, e pediam comida a todo momento.

    Alguns pareciam ter desistido da vida, seus olhares sem vida refletiam extrema tristeza, como se não tivessem mais forças para conseguir seguir em frente. 

    Enquanto outros suplicavam por auxílio constantemente, pedindo recorrentemente ajuda para socorrer familiares de vilas e cidades destruídas. 

    A realidade ainda continuava a mesma, todos os dias chegavam refugiados e indivíduos na mesma situação em Svishtar. 

    Entretanto, diferente de antes, a atmosfera agora era até mais agradável de certa maneira.

    Kazuki imaginou que de certo modo todo o esforço dos elfos em auxiliar os desconhecidos trouxe alguma esperança para a raça dos homens-fera daquela região.

    Se não fosse por eles, que disponibilizaram comida, abrigo e auxílio psicológico, certamente muitos não estariam vivos a esse altura do campeonato.

    Ele soltou um suspiro, encostando as costas no tronco da árvore e olhando diretamente para cima, em direção às folhas azuis que caiam lentamente.

    A sua cabeça estava tão aflita por ter que lidar com assuntos e preocupações ao mesmo tempo, que ele inevitavelmente acabou fechando seus olhos.

    Por um momento, ele sentiu-se extremamente triste e relutante por tudo que estava acontecendo, o rumo que a guerra parecia seguir. 

    A incerteza o consumia internamente. 

    O conflito entre seus sentimentos, os acontecimentos da guerra e a responsabilidade de proteger tanto Mia quanto Takayo. 

    “A minha cabeça está explodindo. Eu já não sei mais o que fazer… A situação está um caos.” 

    “As pessoas estão morrendo a cada minuto que passa, e até agora a população não recebeu nenhuma ajuda da capital.” 

    “Eu sempre soube que meu irmão nunca foi de administrar os deveres políticos… Contudo, isso chega a ser ridículo. Como ele pôde deixar as coisas chegarem a esse ponto?” 

    “Eu realmente não quero acreditar que toda a nossa raça está pagando por suas ações inconsequentes… mas sempre foi assim, desde quando éramos crianças…” 

    “Eu não quero pensar nisso agora, eu só queria dizer, se tivesse a chance… que eu sinto muito por todo mundo, se eu não tivesse fugido com a Mia, eu ainda poderia ter sido o imperador, e todo esse desastre não teria acontecido.”

    “Acho que eu acabei sendo egoísta… Eu realmente… não sei.” 

    Declarou em pensamentos, após colocar suas mãos no bolso da calça e mudar do assunto sobre o seu irmão. 

    Ele não queria pensar sobre isso, seu coração estava cheio de incertezas e dúvidas.

    Kazuki tentou então mudar o assunto, e acabou focalizando em uma memória feliz.

    Involuntariamente sua mente criou uma imagem de Rei. 

    “Oh… pensando agora…” 

    “Todas as vezes que vejo Rei, eu sou incapaz de me expressar, e acabo agindo de forma aleatória. Eu me sinto tão… estúpido.”

    “Quando estou perto dele, os meus pensamentos vem espontaneamente em minha mente, e sinto meu rosto incendiar. O que é esse sentimento? Eu sinto que meu coração vai explodir.” 

    “Eu poderia observá-lo o dia todo… Ele é tão bonito, seus ombros largos, seu sorriso… e… a forma como ele anda, os seus quadris…” 

    “Droga o que estou pensando?” 

    Kazuki mordeu os lábios, retirando as mãos do bolso e olhando para elas, tentando esconder o rumo que seus pensamentos rebeldes estavam se dirigindo. 

    Nenhum homem jamais o afetou dessa maneira como Rei o fizera, e ele não conseguia entender o porque.

    “É sua aparência? Sua personalidade? Sua agressividade? Seu jeito?”

    Ele não entende as suas próprias reações irracionais quando estava próximo do garoto, pensou a princípio que talvez fossem os feromônios de Ômega.

    No entanto, não parecia ser essa possibilidade.

    Assim que ele soltou um suspiro de alívio com o rosto corado, ele se lembrou da noite que estava no cio. 

    “Puta merda, o que foi aquilo?” 

    Seu coração começou a bater mais forte, sua respiração acelerou mais uma vez, tornando-se irregular, e ele tentou se acalmar. 

    Todavia, parte de seu subconsciente parecia estar gritando: Ele é seu! Por que não vai vê-lo agora? 

    Kazuki tentou impedir os pensamentos do seu subconsciente, extremamente envergonhado com os delírios da sua mente invasiva.

    “Droga… preciso parar de pensar nisso, mas todas as vezes que ele usa seus dedos para ajeitar o seu cabelo para trás, e quando ele fixa seu olhar sobre o meu… eu me sinto perdido em suas expressões.” 

    “Quando ele está longe de mim, eu me sinto fraco. Minha mente grita quando ele se afasta e sinto-me roubado, eu queria que ele estivesse comigo agora…” 

    “Os seus olhos… eles estão sempre acesos, e tenho certeza que ele está pensando em coisas perversas quando olha pra mim. Essa é a única certeza que eu tenho. Quando isso acontece, meus olhos se desviam dos dele por vontade própria.”

    “A única coisa que eu consigo pensar é que eu queria ser beijado.”

    “Já chega, eu realmente preciso parar de pensar nisso… olha como eu já estou.” 

    Ao perceber que estava pensando alto e fazendo movimentos estranhos, Kazuki tentou se acalmar. 

    O olhar dos estranhos que passavam estava em sua figura, mais especificamente falando, para baixo do seu corpo. 

    Nesse momento, Kazuki percebeu que estava com uma ereção, ele abaixou-se e tentou regular a sua respiracao olhando para cima. Mantendo-se calmo sem pensar em mais nada.

    “Calma, está tudo bem! Eu preciso parar com isso agora, olha só o meu estado…” 

    “… Se mais alguém me ver assim… Que vergonha, preciso me acalmar. Respira, respira…”

    Assim que termina de com seu mantra pessoal, Kazuki levantou-se de baixo da árvore, caminhando apressadamente em direção ao seu cômodo.

    Durante o tempo em que esteve tentando se acalmar, ele sentiu olhares fixos sobre ele de pessoas próximas, o que tornou a situação bem mais vergonhosa.

    Ele saiu correndo com o rosto vermelho, mas não esperava que assim que entrasse no cômodo, daria de cara com a figura de Rei o esperando com uma expressão estranha.

    Continua… 

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