Capítulo 133 - Eu me preocupo com você. X
❖ ❖ ❖
Aproximando-se do cômodo em que estava hospedado, Kazuki respirou fundo e tentou se acalmar à medida que era fixado por olhares de pessoas próximas.
Enquanto ainda tentava respirar, e com o olhar para baixo e ofegante, ele pensou em como um simples pensamento podia se transformar em algo daquela magnitude.
Em um momento, ele estava focado no assunto sobre a guerra, então de repente a conversa mental se estendeu até a sua família, e no outro…
Bem, o homem-fera estava imaginando coisas além disto.
Mais especificamente, no Rei.
— Kazuki?!
Quando ouviu uma voz familiar, ele levantou rapidamente sua cabeça para o lado apenas para se deparar com a figura de Rei, que estava perto da lareira acesa do cômodo.
Entretanto, diferente de seus pensamentos conflitantes anteriores, quando dirigiu seu olhar para o garoto, notou que ele estava… diferente?
Com uma espada de madeira posicionada em sua mão esquerda, e sem camisa enquanto o suor escorria de seu corpo, Rei olhou para Kazuki em confusão.
O menino notou que Kazuki parecia um pouco alterado, sem piscar os olhos enquanto o encarava.
O homem-fera ignorou o chamado, e fixou seu olhar para o corpo do garoto à sua frente.
Na realidade, ele não pôde dizer nada, a sua mente congelou no momento em que deparou-se com o corpo de Rei.
Embora tivesse ouvido o seu nome, ele não conseguia responder imediatamente… Sua cabeça estava paralisada com o que via diante de seus olhos.
Na posição em que estava, Kazuki conseguia ver parte do suor do garoto escorrer lentamente sobre os seus músculos e bíceps, enquanto sua pele morena era iluminada pelo fogo da lareira próxima.
Kazuki nem tentou disfarçar o seu olhar, seus batimentos cardíacos aceleraram repentinamente e suas bochechas esquentaram, — era quase como se sangue estivesse prestes a escorrer de seu nariz.
Talvez Rei estivesse treinando espada dentro do cômodo?
Bem, isso não importa mais para Kazuki.
A única coisa que ele conseguia vislumbrar era o corpo perfeito e moreno de Rei, que era incrivelmente irresistível.
— Está me ouvindo?! — disse pela segunda vez Rei, ainda de longe. Seu olhar estava confuso, sem entender o comportamento do homem.
Após analisar cuidadosamente a reação de Kazuki, a mente do estudante foi iluminada com um pensamento malicioso ao notar a situação em que estava.
“Bem, já que as coisas estão assim… eu deveria tirar o máximo de proveito dele…”
“Não esperava que ele voltasse tão rápido enquanto eu ainda estava treinando.”
Com um sorriso malicioso no rosto, Rei brincou com toda a situação.
— Você ficou olhando para o meu corpo até agora? — declarou ele com um tom de voz provocativo.
Rei então colocou uma das mãos no bolso, e com a outra mão inclinou em 90 graus a espada de madeira para trás, de modo que a sua ponta estivesse apoiada em sua outra parte do ombro.
Com os ombros erguidos, e uma postura firme. Era uma postura perfeita para um delinquente, assim como os outros o chamavam no colegial.
— E-Eu não…
Kazuki não pôde responder, sua mente estava congelada.
Se pudesse, permaneceria o dia inteiro vendo-o daquela maneira obscena.
— É por quê você me acha… Sexy?! — disse Rei, interrompendo a fala embolada do homem-fera.
Ele então prosseguiu, com um olhar persistente: — Eu não sabia que você era tão safado. Tenho que admitir… não posso negar que você é um grande pervertido.
— R-Rei! O que você está dizendo? Eu… eu não sou um pervertido — comentou Kazuki, ao desviar o olhar, e tentar se defender.
“Droga… nunca pensei que vê-lo assim seria tão excitante…”
“Wahh! Por que eu não conseguia falar nada antes? Ok, calma Kazuki! Comece a se explicar. Não posso deixar que ele tenha uma impressão ruim da minha pessoa…”
Ele pensou constrangido, sem saber o que dizer para o garoto, que o observava atenciosamente.
— Por que você não olha nos meus olhos? Você sabe. Não é muito educado conversar assim — retrucou Rei, ainda com o tom de voz provocativo.
Quando escutou novamente, o corpo de Kazuki estremeceu e começou a reagir.
Com certa relutância, ele levantou a cabeça para cima, e fez contato visual com o garoto.
No momento em que olhou para o seu rosto, Rei sorriu, revelando seus dentes brancos.
Em reação aquela visão, Kazuki parou de respirar momentaneamente.
Declarando em pensamentos:
“Ele é realmente lindo. Ninguém deveria ser tão bonito assim, ao ponto de até mesmo me fazer parecer um idiota.”
Kazuki tentou desviar o olhar novamente, mas o garoto o manteve com os seus olhos, que pareciam ouro derretido e jóias preciosas.
Nesse instante, o nariz de Kazuki começou a escorrer um pouco de sangue, sem que o mesmo percebesse.
Foi como uma reação involuntária após deleitar-se com aquela visão divina.
Assim que notou o seu nariz sangrando, o garoto perguntou ainda de longe.
— Você está bem?!
Ao escutar o questionamento, o homem colocou a mão no nariz e sentiu algo quente e molhado escorrer.
Quando dirigiu seu olhar para baixo, notou a presença de sangue na palma de sua mão. Apesar de ser em pouca quantidade, ainda era algo relativo.
— E-Eu…
O garoto então saiu de sua posição rapidamente e deu alguns passos até chegar à frente do homem.
Ele pediu para Kazuki se sentar no chão, e logo em seguida se agachou ligeiramente.
— Deixa eu dar uma olhada — ofereceu Rei, ao colocar suas mãos no rosto de Kazuki, para examinar o hematoma.
Com a súbita aproximação de Rei, Kazuki conseguiu a todo momento ouvir a sua respiração ofegante, e o seu cheiro vital.
Um cheiro suave de morango.
Dos seus feromônios de ômega.
— Nós dois sabemos que você é forte, mas nenhum de nós é invencível — acrescentou.
— Não como você — gracejou Kazuki, um pouco surpreso com a emoção crescente que sentia enquanto Rei o tocava.
— É sério, você deveria cuidar mais de você — disse por fim, ao terminar de examinar o nariz do parceiro.
Contudo, não houve qualquer resultado desta ação, já que ele não fazia ideia do que poderia ter causado aquilo.
Depois desse comentário, o garoto soltou um pequeno suspiro e olhou para o interior dos olhos de Kazuki, que permaneceu em silêncio.
Lentamente, Rei aproximou-se do rosto de Kazuki.
Seu cabelo negro e olhos dourados pareciam incandescer, como se estivessem sendo marcados à fogo na memória de Kazuki.
Com sua mão direita, ele acariciou o cabelo dourado de Kazuki, e comentou por fim:
— Não posso deixar de me preocupar às vezes com você, ainda mais sabendo que precisa lidar com tantos problemas.
Continua…
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.