Índice de Capítulo

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    Enquanto acariciava os cabelos lisos de Kazuki, Rei olhou firmemente em seus olhos. 

    — Você é realmente forte. Às vezes me pergunto como você consegue ter tanto controle emocional em situações que provavelmente eu teria explodido de raiva. Não sou tão paciente como você pensa que sou. 

    Ele disse, então, limpou a garganta e acrescentou por fim com um sorriso no rosto: 

    — Eu realmente admiro você.

    — …!

    Receber tal confissão deixou o homem-fera um pouco sem jeito, ele não sabia o que pensar. No entanto, a sensação que teve era de que o estudante estava apenas pontuando as suas melhores qualidades. 

    “O que é isso?! Por que está dizendo essas coisas embaraçosas justamente agora? Eu que deveria dizer que te admiro… Se não fosse por você, eu…” 

    — Rei… não pense assim… 

    — … Eu sou uma pessoa insegura, não sou forte, assim como você acredita. Na verdade, eu sou alguém realmente debilitado — respondeu Kazuki, com um olhar sério no rosto.

    — Você me superestima demais! Não deveria pensar dessa forma, eu não passo de alguém que sequer consegue ajudar quem realmente precisa. Todas as vezes eu sempre falhei.

    Ainda com o olhar para baixo, o homem prosseguiu com a declaração. 

    — Você não vê tudo que fez até agora? Bem… você conseguiu salvar uma vila, conseguiu salvar pessoas que realmente precisavam da sua ajuda! Conseguiu resgatar a minha sobrinha.

    — Então… 

    — …Por quê? Por que diz que sou forte? Você não deveria dizer isso… são apenas mentiras — finalizou ele, olhando cabisbaixo para o chão. 

    A discussão que antes Kazuki teve com a psicóloga, somente mostrou e reforçou como ele realmente dependia de outras pessoas. Não que fosse verdade, mas era o que ele acreditava firmemente.

    Alania havia acertado justamente em seu ponto fraco. 

    E, no momento em que Rei começou a elogiá-lo, isso acabou de certa forma o afetando. 

    Após ouvir a declaração de Kazuki, Rei notou que de certa forma seus elogios acabaram causando um efeito contrário à sua intenção.

    Ele então parou de acariciar o cabelo de Kazuki e colocou a mão em direção ao rosto do homem-fera.

    — Não, isso não é verdade. Cara, apenas me escute. Não sou a melhor pessoa para dizer essas coisas, e sequer sei como lidar muito bem com essa situação, mas você deveria ver a situação por outro ângulo… — pronunciou Rei, com seu olhar perdido no rosto de Kazuki. 

    — Você é uma pessoa extremamente simpática, e sempre está tentando ajudar os outros. E, mesmo que tenha alguns momentos que você fique perdido em pensamentos, desanimado com o mundo, você ainda tem um jeito de olhar o mundo como absolutamente ninguém mais nesse planeta.

    — Olha, Kazuki, sua vida pode até não ser especial por todo sofrimento, perdas e inimizades que teve que passar, mas… mas você faz a vida ser especial.

    Após declarar com toda confiança do mundo aquelas palavras, o garoto desviou o seu olhar de Kazuki, após perceber a intensidade de sua fala.

    Não era para ser uma lição de moral ou um conselho, o estudante estava apenas sendo sincero em suas colocações. E, de algum modo, suas palavras viraram tal coisa. 

    — Bem, veja… Eu só estou dizendo verdades… não me olhe assim, o que quero dizer é que… não só eu, mas todos temos sorte de ter alguém como você conosco, Kazuki! Fala sério, cara… 

    — Tenta não duvidar de si mesmo, porque você é a pessoa que mais confio nesse mundo. Suas ações refletem em como eu vejo você, então trate de se recompor.  

    Rei, assim que terminou de falar, retirou rapidamente sua mão do rosto de Kazuki. 

    Esfregou a mão timidamente na parte de trás da cabeça, não conseguindo impedir que a vergonha enchesse seu coração após dizer tais palavras.. 

    Toda aquela conversa sentimental havia causado vergonha no garoto, que nunca antes tivera que se importar em como lidar com esses tipos de conversa. 

    — Rei, você… Isso foi a coisa mais bonita que eu já ouvi — respondeu Kazuki, sua expressão à beira das lágrimas depois de ouvir tão claramente as suas palavras. 

    Era como um cachorrinho com as orelhas abaixadas e lágrimas se formando em seus globos oculares.

    — Eu não sei o que dizer, mas eu realmente fico feliz que você tenha me dito isso, eu sinto muito por estar mostrando esse meu lado vergonhoso. 

    Ainda enxugando algumas lágrimas do rosto, Kazuki prosseguiu falando: — Isso significa que você realmente se preocupa como eu me sinto, certo? Muito obrigado. 

    Declarou ele por fim, com um pequeno sorriso no rosto e um olhar tranquilizador.

    Kazuki ainda não sabia ao certo como expressar a sensação confortável que estava sentindo em seu peito, mas suas palavras ainda traziam um traço de agradecimento ao gesto. 

    — Ei! Tá de sacanagem, né? É claro que eu me importo com você. Você sabe que não posso deixar de me importar com você às vezes — respondeu Rei, ainda nervoso, mas deixando um sorriso bobo escapar. 

    A situação parecia estar saindo rapidamente do controle. O que antes deveria ser apenas um bate-papo de duplo sentido, agora tinha virado uma discussão sentimental. 

    “Droga… o que estou dizendo? Quanto mais tento falar, mais sinto que a situação fica vergonhosa. Eu só queria brincar com a cara dele no momento que chegasse no quarto, mas nunca esperava que o assunto tomasse esse rumo sentimental.”

    Por fim, com o intuito de desvencilhar-se da conversa, Rei declarou com a voz ainda hesitante: — Cara, e daí que e-eu me importo com você? Como po-pode dizer essas coisas tão naturalmente? Você não sente vergonha? 

    Ao dizer isso ainda nervoso, o estudante, que estava agachado à frente de Kazuki, tentou se levantar apressadamente. Seu rosto estava tão corado que até mesmo ele sabia que era o momento certo para parar. 

    Porém, Kazuki segurou a sua mão. 

    Ele a puxou sem força, e ela foi facilmente conduzida na direção que ele queria. 

    Nesse momento, o corpo do garoto se desequilibrou e ele caiu diretamente em cima de Kazuki, que antes estava sentado na canto da cama. 

    — Ei, Kazuki! — exclamou Rei, em cima dele. — Tá me tirando? Por quê me puxou de repente? 

    O garoto inclinou a cabeça um pouco para cima, e observou de perto o rosto de Kazuki. 

    — Foi mal, eu só queria… falar mais com você — respondeu ofegante, com a respiração quente sendo sentida pelo menino. 

    — Você é realmente um idiota, sabia? — complementou Rei, irritado com o puxão repentino.

    Quando ouviu a fala de Rei, Kazuki não conseguiu se conter e acabou soltando algumas gargalhadas. 

    Notando a sua reação, o garoto, mesmo que estivesse envergonhado, também começou a rir em seguida. De algum modo, ouvi-lo rindo daquela maneira tão alegre fez com que o estudante pudesse gargalhar com ele. 

    No momento em que Rei parou de rir, ele notou que seu coração estava batendo em um ritmo furioso. Seria incomum não estar, ainda mais quando estava em cima do corpo de Kazuki. 

    Ao voltar sua visão para o olhar de Kazuki, ele notou a expressão que mais gosta. 

    Quando Kazuki sorria para ele enquanto o olhava com olhos amáveis e azuis. 

    Após um pequeno silêncio relativo, o garoto ainda em cima de Kazuki, soltou algumas palavras ao se sentir estranhamente atraído pelo momento.

    — Você… fez isso de propósito, não acha? — perguntou quase como se estivesse afirmando, mas seu timbre era bem malicioso.

    — O q-q-ue você está dizendo? De jeito nenhum, eu só queria… — respondeu Kazuki, tentando se defender, mas suas palavras não saíram exatamente da maneira como imaginou. 

    — Você só queria…?

    — E-Eu não sei — declarou Kazuki, ao fechar os olhos e inclinar sua cabeça para o lado. 

    — Hehehe… Viu? Como eu posso te defender assim? No fim, você fez de propósito. Por que não admite logo. Você é um grande pervertido, né não?

    Ele provocou mais uma vez Rei, pressionando seu corpo contra o firme corpo de Kazuki. 

    Continua…

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