Capítulo 141 - Um pedido de ajuda desesperado. X
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(…)
Com as últimas palavras ditas para o seu capitão, o homem ainda com certa indignação e raiva estampada no rosto, afastou-se do local rapidamente.
Quando estava a uma distância considerável, o Vice-Capitão acabou deixando um comentário sair.
— Capitão, você sabe que se precisar, ainda pode contar com os seus soldados para tudo… Se é que você me entende — declarou com a sobrancelha levantada, virando-se para trás e saindo. Suas intenções eram bem óbvias a sinal.
Logo que escutou e percebeu o que o Vice-Capitão estava insinuando, o rosto do cavaleiro de armadura preta escureceu e ele virou seu olhar para a floresta próxima, enquanto observava as árvores. Ele se perdeu em pensamentos por alguns minutos, sem saber o que fazer.
“Vice-capitão, tive um pressentimento ruim sobre você desde a primeira vez que nos conhecemos. Olha só a forma como fala comigo.”
“Se você quer tanto o meu posto, pelo menos tente disfarçar. Sua expressão de arrogância e desprezo são tão perceptíveis que até mesmo uma criança consegue perceber.”
“Não gosto de você em nada, somente te trato bem por ser uma pessoa no meu comando, ainda mais sabendo exatamente que tipo de pessoa você é.”
“Se realmente dependesse de mim, você já estaria morto a algum tempo, assim como grande parte dos meus superiores, corruptos. Vamos deixar esse assunto de lado, esse é o menor dos meus problemas agora.”
Ele colocou a mão no rosto, olhando para as folhas caindo.
“Espero que aquele garoto que eu vi no refúgio esteja bem, hoje mais cedo será que ele me reconheceu? Eu até tirei o meu capacete para que ele pudesse me olhar.”
Ao pensar sobre Rei, o cavaleiro soltou um suspiro e inesperadamente um pequeno sorriso se formou em seu rosto, enquanto prosseguiu imaginando.
“Se não fosse por ele, tenho certeza que ainda estaria me lamentando pelo que aconteceu naquela cidade…”
— Senhor capitão! — Uma voz por perto foi ouvida, interrompendo o pensamento do cavaleiro.
Quando dirigiu seu olhar para frente, notou a presença de um soldado cadete com uma aparência aproximadamente de 15 a 16 anos.
Apesar do elmo e da armadura branca que o revestiam, ele era extremamente bonito: Seus olhos roxos pareciam pequenas jóias brilhantes, sua pele era limpa com traços suaves e harmônicos. Pelo seu modo de falar e suas feições, no mínimo, ele deveria ser alguém de uma família nobre.
— Senhor, eu preciso da sua ajuda, por favor! — declarou o garoto, com a voz trêmula e uma postura de hesitação e o olhar cabisbaixo.
Quando o garoto levantou o seu rosto, a única coisa que ele conseguiu reparar foram os olhos vermelhos do cavaleiro, que pareciam brilhar na vasta imensidão da noite. Ele rapidamente dirigiu sua visão para baixo novamente, assustado, e começou a tremer enquanto encolhia os próprios ombros cada vez mais.
— Cadete, sério… por que veio falar comigo a essa hora da noite? Os oficiais estão encarregados de auxiliar vocês e os soldados, por acaso tem algo que esteja te incomodando? Você deveria seguir os procedimentos.
No momento em que disse tal coisa, o cavaleiro começou a examinar o garoto e notou que ele parecia extremamente assustado e ansioso, como um filhote abandonado de gato.
Após ouvir a voz do cavaleiro, em um instante a expressão do garoto suavizou e ele toma coragem o suficiente para responder.
— Senhor capitão, os meus amigos… eles… por favor, me ajuda… os superiores… eles estão…
Por algum motivo, para o cadete estava sendo difícil dizer mais coisas sobre o assunto. Apesar disso, ele continuou a tentar explicar o máximo possível, mesmo que fossem apenas palavras soltas. Ele sequer sabia se estava transmitindo suas falas de forma correta.
Ao perceber a situação, o cavaleiro levantou do lugar em que estava sentado imediatamente e caminhou até o garoto, e se agachou em sua frente.
Em seguida, colocou a mão em sua cabeça mexendo seus cabelos, então disse várias vezes que tudo iria ficar bem.
O garoto vacilou com a súbita aproximação do cavaleiro, mas, surpreendentemente, não o afastou e olhou para os seus olhos de perto.
Mesmo sendo um soldado na menor das posições, ele ainda era considerado uma criança no ponto de vista do cavaleiro, o que o fez agir de uma maneira acolhedora.
De maneira hesitante, quando o capitão pensou sobre isso por um tempo, ele chegou a conclusão que alguma coisa estava acontecendo na administração.
E, no momento em que sentiu que o garoto estava ligeiramente calmo em comparação a antes, ele somente declarou:
— Se está com problemas para falar, apenas me guie. Tenho certeza que está acontecendo alguma coisa em relação aos oficiais, e você não sentiu confiança o suficiente para dizer para outras pessoas além de mim.
Assim que escutou as palavras, o garoto enxugou as lágrimas nos olhos e assentiu com a cabeça, concordando com a decisão do seu superior.
O garoto tentou se recompor rapidamente, e a sua expressão de hesitação e medo em seu olhar desaparecem em poucos segundos.
Após a mudança, decidiu agir conforme e virou de costas e começou a correr na direção em que antes estava. Atrás dele, o cavaleiro o acompanhou a poucos passos de distância.
Eles atravessam inúmeras cabanas fechadas do local, onde os soldados estavam descansando, enquanto outros do lado de fora permanecem em guarda.
(…)
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O ar frio da noite revestiu o pulmão de ambos, que ainda mantinham o ritmo da corrida. Passaram pelas cabanas e se afastaram do acampamento local, até chegarem a uma floresta afastada, localizada próximo de um relevo montanhoso perigoso da região.
— Senhor, estamos… quase chegando, temos que ir logo — disse o garoto, ofegante com a corrida.
Até aquele momento, o cavaleiro o havia seguido sem pensar muito na situação: Entretanto, no momento em que adentrou a floresta, arrepios por todo o seu corpo foram sentidos, e seu coração acelerou com a atmosfera tensa e sufocante que surgiu.
Antes, era possível ver tudo por conta da claridade das tochas que iluminavam o acampamento, mas agora a situação parecia um pouco diferente.
Só havia escuridão em todos os cantos, sendo possível apenas enxergar o pouco da vegetação e das árvores, que devido a iluminação da lua e das estrelas no céu os orientavam no percurso.
Sem estrada à frente, o garoto seguiu pelas laterais com mais cautela, acompanhado do cavaleiro atrás, que tentava ao máximo não causar barulho com os passos, assim como o garoto tinha solicitado.
Sorrateiramente, enquanto andavam de forma cautelosa, um grito agudo foi ouvido.
Escutá-lo fez o garoto correr adiante, sem se importar com os machucados e arranhões em seu rosto que foram causados pelos Yrzenys: Um tipo de planta alta regional, conhecida pelos seus espinhos e formato alongado e achatado.
Continua…
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