Capítulo 145 - Roupa indecente. X
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(…)
No momento em que terminou com a declaração, Matsuno abriu um dos documentos em cima da mesa, revisou parte do conteúdo escrito e logo passou para o subordinado ao lado.
Enquanto o soldado lia atentamente as partes descritas no papel, o capitão prosseguiu com uma explicação razoavelmente lógica sobre os eventos:
— Precisamos seguir de acordo com o plano dos superiores com antecedência, sem que haja uma possível eventualidade. Porém, com tudo que aconteceu hoje, teremos que encontrar a cabeça por trás de todo o esquema. Eu tenho uma ideia de quem possa ser.
Uma vez terminado de explicar, o soldado olhou para o capitão com uma expressão de surpresa, sem acreditar que o capitão já tinha suspeitas de alguém em um período de tempo tão curto.
“O que isso quer dizer? O incidente aconteceu a poucos minutos atrás, como ele já pode suspeitar da pessoa que está por trás de tudo?”
“As vezes eu me pergunto como ele consegue pensar tão rápido, mas ele é o capitão. Não deveria me surpreender, é tão incrível que chega a ser assustador. Não por sua suspeita, mas pela forma como consegue analisar com certa calma todo o contexto.”
O soldado, Yudi, afirmou em pensamento, com extrema admiração.
— Senhor, espero que não se importe que eu pergunte, mas estou curioso agora, de quem você desconfia?!
Quando recebeu a indagação, Matsuno demorou alguns segundos para responder, colocou uma de suas mãos no cabelo e outrou na mesa.
— Não tenho certeza, ainda precisa ser investigado, mas tenho convicção que tenha sido o nosso vice-capitão — comentou com o tom de voz baixo.
Ouvindo suas palavras, os lábios de Yudi se contorceram em um sorriso irônico, com uma expressão de susto e surpresa estampada em seu rosto.
Antes de dizer qualquer coisa, Matsuno acabou rindo baixinho antes de abrir a boca e franzir a testa.
— Como?
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De manhã
Com a cansativa noite posterior que teve, o estudante depois de algumas horas de descanso, lentamente abriu os olhos enquanto parte de sua consciência recobrava gradativamente. Ele se mexeu de um lado para o outro na pequena cama de casal do cômodo, com uma pequena dor na cabeça.
A última lembrança que tivera antes de adormecer foi o caso com Kazuki. As suas provocações certamente tiveram um efeito sobre ele.
Rei apertou com força o edredom que cobria seu corpo da cintura para baixo ao lembrar dos acontecimentos, em seguida dirigiu seu olhar para o outro lado, notando que Kazuki não estava mais na cama junto a ele.
“Ah, droga…”
“Espero que ele não tenha saído por causa dos meus hábitos de sono. Sempre me disseram que eu me revirava de um lado para o outro enquanto dormia.”
Quando ele imaginou essa situação, sua sensação de frustração e vergonha aumentou duas vezes mais, e, sem perceber, o seu rosto tornou-se vermelho com o pensamento.
“Ou talvez… talvez eu tenha apenas dormido demais. Sim, claro, deve ter sido isso.”
Ele levantou a cabeça e olhou aos arredores do quarto com a esperança que o homem-fera estivesse em outra cama, ou até mesmo sentado no tapete do cômodo.
Entretanto, a única coisa que conseguiu perceber foi a lareira acesa enquanto a lenha abaixo parecia queimar aos poucos, aquecendo e dando claridade por toda a região.
“Na boa, por quantas horas estive dormindo igual uma pedra?”
Quando terminou de se espreguiçar, o garoto sentou na ponta da cama e observou a presença de algumas de suas roupas ainda jogadas no chão.
Por um momento, ele percebeu que as vestimentas estavam um pouco desgastadas: Antes, ele tivera que usá-las diversas vezes, sem sequer conseguir trocar para novas.
Na realidade, Rei nunca foi uma pessoa de pensar a fundo sobre esses pequenos detalhes. Entretanto, observar aquilo o fez refletir sobre a forma como as pessoas que passavam por ele o viam constantemente.
“Bem, isso não está legal. Consigo até mesmo ouvir a voz baixinha da minha irmã no meu ouvido dizendo: — Sempre soube que você nunca teve senso de moda. Você não vai tomar um banho? Vai usar a mesma roupa sempre? Patético.”
“Nunca vou concordar com ela que eu não tinha senso de moda, mas preciso admitir que esta roupa no chão está meio acabada. Não posso voltar a usá-la.”
Com a mente enevoada de pensamentos, ele decidiu por fim usar sua habilidade de Criação para criar um conjunto de vestimentas na hora.
Projetou mentalmente algumas das características das roupas que desejava, em seguida pronunciou a habilidade ainda com a voz sonolenta.
— 『Criação』
『Camisa de seda』Criado com sucesso!
『Calça azul escura』Criado com sucesso!
『Bota de cano alta』Criado com sucesso!
Ao colocar as mãos nas pequenas vestimentas, o estudante ficou admirado pela facilidade que era criar coisas novas com apenas algumas projeções.
“Pensando agora, a minha habilidade de criação aumentou de nível, certo? Está no nível 2. Talvez seja por isso que a qualidade da roupa que acabei de criar pareça melhor?”
“Bem, preciso olhar isso no sistema depois. Acredito que eu possa criar coisas que antes não podia, por falta de eficiência.”
Declarou em pensamentos com certa animação em seus olhos dourados, pouco antes de levantar-se da cama e trajar as novas roupas.
Terminado de colocá-las, notou que a camisa de seda que acabou de vestir tinha a abertura um pouco mais aberta do que o normal, revelando uma parte do seu peito que estava à amostra.
Nesse momento em que dirigiu seu olhar para baixo, ele relembrou as provocações e jogos pervertidos que tivera feito na noite anterior.
“Talvez eu tenha exagerado. Poha, nunca pensei que eu gostasse desse tipo de coisa, eu até mesmo cheguei a criar algemas…”
“Eu só estava pensando em provoca-lo por alguns minutos, nunca pensei que as coisas seguiriam esse tipo de rumo. Eu preciso parar de pensar sobre isso, já passou.”
Ainda com a mente enevoada de pensamentos, o garoto deu alguns passos e retirou-se do cômodo, indo para a parte exterior do refúgio.
Enquanto caminhava perdido em pensamentos, ele deparou-se com a figura de Círdan e Terqueo a poucos metros de distância da porta do seu quarto.
— Bom dia, senhor Reiji. Como está?
…
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