Índice de Capítulo



    ❖ ❖ ❖

    Na região adiante do estudante, os acampamentos estavam sendo estabelecidos com segurança pelos soldados e guardas do exército humano. Haviam alguns homem-fera e outros indivíduos que não faziam parte do reino humano auxiliando os soldados. 

    Quando os suportes para o tecido de seda foram esticados em quatro partes iguais, criando um espaço abaixo que poderia facilmente abrigar de 20 a 30 refugiados, acampamentos adicionais foram montados nas proximidades. 

    Fogueiras foram acessadas. Camas improvisadas foram feitas. Suprimentos e comidas foram entregues aos refugiados, que a essa hora, já estavam dentro daquilo que poderia ser considerado um acampamento. 

    Vendo essa situação de perto, o estudante percebeu que não era muito confortante estar naquele local. Entretanto, era muito melhor estabelecer um local para acampar do que permanecer na estrada. 

    Pela maneira como toda a situação parecia se desenrolar calmamente, e o trabalho organizado de todos os soldados do reino humano ser tão atencioso, isso criava uma atmosfera realmente segura.

    E, segurança era o que os homem-fera mais precisavam naquele momento. Ainda que passasse algum frio no percurso da noite, todos estavam seguros e bem alimentados. 

    Ao menos, era o que se esperava. 

    No momento em que o estudante o homem-fera se encontraram com Mia, Tyrant, Rina e Takayo, o cavaleiro negro pediu para que eles o seguissem até o acampamento em que ficariam naquela noite. 


    ❖ ❖ ❖

    No momento em que chegaram no acampamento em que Matsuno iria ficar, o estudante sentou-se próximo a fogueira que estava acesa bem no meio do local. Ele estendeu suas mãos para aquecê-las enquanto olhava para todas as coisas ao redor. 

    Embora o acampamento de Matsuno não fosse diferente dos outros, existiam soldados aos lados — como se estivessem defendendo exclusivamente aquele acampamento. 

    Matsuno estava próximo a uma pequena mesa de mármore, com um enorme mapa exposto sobre ela. Pontos vermelhos e marcações estavam alinhadas no mapa, enquanto o cavaleiro negro discutia com outros soldados juntos a ele a situação atual e questões mais complexas de formação e cronogramas. 

    Os soldados acompanhados de Matsuno possuíam uma armadura diferente dos demais que Rei encontrou no caminho. Medalhas vermelhas e pretas revestiam os seus peitos.

    “Não posso acreditar que tanto tempo se passou. Estávamos no refúgio a pouco horas atrás, pareciam minutos. Não pensei que enquanto conversávamos na carruagem, o tempo tivesse passado tão rapidamente.” 

    — Você está bem, Rei? 

    Rina dirigiu sua pergunta para o garoto, que estava perdido em pensamentos enquanto observava de longe a conversa de Matsuno. Embora não pudesse escutar nada de onde estava sentado. 

    — Ah, claro…  Eu só estive pensando em quanto às coisas têm mudado ao longo desta guerra. 

    — Tem sido uma montanha russa, não acha…? É incrível pensar como eles puderam organizar todos esses acampamentos para os refugiados. 

    — Sim… 

    — Qual é, você parece meio para baixo. Olha para lá, consegue ver? Takayo e Mia não parecem felizes? — A menina perguntou após apontar o dedo para a direção em que eles estavam. 

    As duas crianças estavam conversando do outro lado da fogueira com Kazuki e Tyrant, suas vozes podiam ser ouvidas enquanto suas expressões pareciam alegres — longe de toda a incerteza e medo que tinham no começo da viagem.

    — Está incomodado com alguma coisa? 

    — Tipo, eu não tenho um pressentimento bom. — Ele respondeu brevemente, com o olhar fixo no fogo adiante queimando lentamente. 

    — Por que diz isso? — perguntou ela, olhando para o seu rosto. 

    — Não sei explicar, é só um sentimento que me passou, como se fosse algum instinto. Você deve estar pensando que estou sendo negativo ou pensando demais. 

    O estudante disse antes de soltar uma pequena risada, quase como se não conseguisse acreditar em suas próprias palavras. 

    — Quer que eu seja sincera? Acho que sim. Mas depois de ver todas aquelas revelações e merdas que a Tyrant comenta todos os dias, eu não acho que você esteja pensando demais. 

    — Mas pensa comigo, você acha que algo pode acontecer agora? Se nem mesmo a Tyrant, que é obcecada com profecias e visões, não teve alguma revelação, o que pode dar errado?

    Rina complementou, balançando os pés e fez uma expressão em seu semblante que parecia dizer que tudo estava indo bem, e que não poderia acontecer. 

    — Talvez você esteja certa, mas não podemos seguir esse princípio. Afinal, quando o seu vilarejo foi invadido, a Tyrant não teve nenhuma visão daquele incidente, não é mesmo?

    Após ouvi-lo, a expressão da menina mudou completamente, sua confiança foi completamente quebrada com uma única sentença. Ela encheu as bochechas de ar e apenas admitiu com o rosto virado para outro: 

    — Sério! Se pensar por essa linha, você está certo. Ela não teve nenhuma revelação naquele dia, mas era por que estava sendo perseguida! 

    Ela se comportou igual a uma criança, algo que raramente fazia. Tentou até mesmo explicar o motivo, que fugiu totalmente à regra. 

    — Está com raiva? — O estudante brincou, com um sorriso no rosto. 

    — Você! 

    Ela até tentou dizer alguma coisa, mas foi incapaz. Ela apenas levantou-se do chão e fechou as mãos com força. Em seguida, inventou uma desculpa. 

    — O ar está ficando um pouco frio agora, estou precisando esticar minhas pernas e tomar um pouco de ar fresco. Depois a gente conversa! 

    Rina saiu rapidamente, em momentos assim ela realmente parecia uma criança mimada, que foi impedida de comprar doces por seus pais. 

    Em reação àquele comportamento, o estudante deixou algumas risadas saírem. Todavia, sua risada foi interrompida pelo barulho alto que se seguiu de uma discussão que ocorria no canto do salão. 

    — Se não tem nenhuma relevância em nossos assuntos, por que simplesmente não volta para o reino?! 

    Matsuno comentou com o tom de voz elevado. Sua voz parecia extremamente irritada, algo que não remetia a sua personalidade, até mesmo sua postura havia mudado. 

    O rosto dos outros soldados tornou-se tenso. A pessoa que recebeu a pergunta não pôde esconder a vergonha que sentiu, seu rosto ficou vermelho. Ele não sabia onde exatamente enfiar a cara, pois estava sendo fixado por todos os olhares do salão. 

    Continua…

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