Capítulo 183 - Briga no planejamento, X.
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Na região adiante do estudante, os acampamentos estavam sendo estabelecidos com segurança pelos soldados e guardas do exército humano. Haviam alguns homem-fera e outros indivíduos que não faziam parte do reino humano auxiliando os soldados.
Quando os suportes para o tecido de seda foram esticados em quatro partes iguais, criando um espaço abaixo que poderia facilmente abrigar de 20 a 30 refugiados, acampamentos adicionais foram montados nas proximidades.
Fogueiras foram acessadas. Camas improvisadas foram feitas. Suprimentos e comidas foram entregues aos refugiados, que a essa hora, já estavam dentro daquilo que poderia ser considerado um acampamento.
Vendo essa situação de perto, o estudante percebeu que não era muito confortante estar naquele local. Entretanto, era muito melhor estabelecer um local para acampar do que permanecer na estrada.
Pela maneira como toda a situação parecia se desenrolar calmamente, e o trabalho organizado de todos os soldados do reino humano ser tão atencioso, isso criava uma atmosfera realmente segura.
E, segurança era o que os homem-fera mais precisavam naquele momento. Ainda que passasse algum frio no percurso da noite, todos estavam seguros e bem alimentados.
Ao menos, era o que se esperava.
No momento em que o estudante o homem-fera se encontraram com Mia, Tyrant, Rina e Takayo, o cavaleiro negro pediu para que eles o seguissem até o acampamento em que ficariam naquela noite.
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No momento em que chegaram no acampamento em que Matsuno iria ficar, o estudante sentou-se próximo a fogueira que estava acesa bem no meio do local. Ele estendeu suas mãos para aquecê-las enquanto olhava para todas as coisas ao redor.
Embora o acampamento de Matsuno não fosse diferente dos outros, existiam soldados aos lados — como se estivessem defendendo exclusivamente aquele acampamento.
Matsuno estava próximo a uma pequena mesa de mármore, com um enorme mapa exposto sobre ela. Pontos vermelhos e marcações estavam alinhadas no mapa, enquanto o cavaleiro negro discutia com outros soldados juntos a ele a situação atual e questões mais complexas de formação e cronogramas.
Os soldados acompanhados de Matsuno possuíam uma armadura diferente dos demais que Rei encontrou no caminho. Medalhas vermelhas e pretas revestiam os seus peitos.
“Não posso acreditar que tanto tempo se passou. Estávamos no refúgio a pouco horas atrás, pareciam minutos. Não pensei que enquanto conversávamos na carruagem, o tempo tivesse passado tão rapidamente.”
— Você está bem, Rei?
Rina dirigiu sua pergunta para o garoto, que estava perdido em pensamentos enquanto observava de longe a conversa de Matsuno. Embora não pudesse escutar nada de onde estava sentado.
— Ah, claro… Eu só estive pensando em quanto às coisas têm mudado ao longo desta guerra.
— Tem sido uma montanha russa, não acha…? É incrível pensar como eles puderam organizar todos esses acampamentos para os refugiados.
— Sim…
— Qual é, você parece meio para baixo. Olha para lá, consegue ver? Takayo e Mia não parecem felizes? — A menina perguntou após apontar o dedo para a direção em que eles estavam.
As duas crianças estavam conversando do outro lado da fogueira com Kazuki e Tyrant, suas vozes podiam ser ouvidas enquanto suas expressões pareciam alegres — longe de toda a incerteza e medo que tinham no começo da viagem.
— Está incomodado com alguma coisa?
— Tipo, eu não tenho um pressentimento bom. — Ele respondeu brevemente, com o olhar fixo no fogo adiante queimando lentamente.
— Por que diz isso? — perguntou ela, olhando para o seu rosto.
— Não sei explicar, é só um sentimento que me passou, como se fosse algum instinto. Você deve estar pensando que estou sendo negativo ou pensando demais.
O estudante disse antes de soltar uma pequena risada, quase como se não conseguisse acreditar em suas próprias palavras.
— Quer que eu seja sincera? Acho que sim. Mas depois de ver todas aquelas revelações e merdas que a Tyrant comenta todos os dias, eu não acho que você esteja pensando demais.
— Mas pensa comigo, você acha que algo pode acontecer agora? Se nem mesmo a Tyrant, que é obcecada com profecias e visões, não teve alguma revelação, o que pode dar errado?
Rina complementou, balançando os pés e fez uma expressão em seu semblante que parecia dizer que tudo estava indo bem, e que não poderia acontecer.
— Talvez você esteja certa, mas não podemos seguir esse princípio. Afinal, quando o seu vilarejo foi invadido, a Tyrant não teve nenhuma visão daquele incidente, não é mesmo?
Após ouvi-lo, a expressão da menina mudou completamente, sua confiança foi completamente quebrada com uma única sentença. Ela encheu as bochechas de ar e apenas admitiu com o rosto virado para outro:
— Sério! Se pensar por essa linha, você está certo. Ela não teve nenhuma revelação naquele dia, mas era por que estava sendo perseguida!
Ela se comportou igual a uma criança, algo que raramente fazia. Tentou até mesmo explicar o motivo, que fugiu totalmente à regra.
— Está com raiva? — O estudante brincou, com um sorriso no rosto.
— Você!
Ela até tentou dizer alguma coisa, mas foi incapaz. Ela apenas levantou-se do chão e fechou as mãos com força. Em seguida, inventou uma desculpa.
— O ar está ficando um pouco frio agora, estou precisando esticar minhas pernas e tomar um pouco de ar fresco. Depois a gente conversa!
Rina saiu rapidamente, em momentos assim ela realmente parecia uma criança mimada, que foi impedida de comprar doces por seus pais.
Em reação àquele comportamento, o estudante deixou algumas risadas saírem. Todavia, sua risada foi interrompida pelo barulho alto que se seguiu de uma discussão que ocorria no canto do salão.
— Se não tem nenhuma relevância em nossos assuntos, por que simplesmente não volta para o reino?!
Matsuno comentou com o tom de voz elevado. Sua voz parecia extremamente irritada, algo que não remetia a sua personalidade, até mesmo sua postura havia mudado.
O rosto dos outros soldados tornou-se tenso. A pessoa que recebeu a pergunta não pôde esconder a vergonha que sentiu, seu rosto ficou vermelho. Ele não sabia onde exatamente enfiar a cara, pois estava sendo fixado por todos os olhares do salão.
Continua…
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