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    Sentado no galho espesso da árvore, os pensamentos de culpa e incerteza do garoto são cortados, no momento em que avista de longe, a figura de uma criatura próxima a uma zona ligeiramente iluminada da floresta. 

    Um javali. 

    A criatura tem por volta de um metro e oitenta, revestida de pelos ásperos de coloração preta. Apesar da escuridão, consegue-se ver seus olhos chamejarem por conta do reflexo do luar, que dá-lhes um aspecto esverdeado. 

    O javali selvagem, distraído, parece devorar o resto do que havia sobrado do cadáver de um cervo. Devora-o rapidamente, e o som que ecoa é sem dúvidas, perturbador, muito semelhante a uma máquina de lavar com defeito.  

    A princípio, mesmo que tenha se assustado com a cena, o garoto levanta-se e começa a caminhar sorrateiramente, até se aproximar do animal.

    Excelente…. 

    Na visão de Rei, aquela é uma oportunidade de ouro. 

    Mesmo que houvesse algumas plantas e árvores frutíferas na região, ainda não seria o suficiente para alimentar Kazuki, Mia, Takayo e até mesmo o comerciante. 


    (…) 

    Nunca, em um milhão de anos, o estudante havia se imaginado em uma situação como está, esgueirando-se com passos suaves até a posição de uma criatura selvagem. 

    Caso fosse em seu mundo, certamente seria considerado louco… Apesar de o fazer mesmo assim, dependendo do contexto. 

    À medida que aproxima-se do alvo, a incerteza, medo e outros fatores começam a assolá-lo, mas assim como antes, continua sua marcha. 

    Afinal, o garoto poderia depender de suas habilidades, não haveria nenhum tipo de risco ou fatalidade potencial. 

    “Se eu consigo matar um demogorge, por que não uma criatura assim…?”

    Pensa depressa, de maneira a esconder sua insegurança em seus poderes. 

    O javali ao sentir a presença de algo, vira-se subitamente, e se depara com o garoto a poucos metros de distância. 

    O estudante vacila, como se estivesse surpreso com a súbita reação do animal, mas, surpreendentemente, não foge e olha para ele. 

    Foi uma reação extremamente rápida… 

    Talvez tenha sido o olfato…? 

    A percepção extrassensorial…?

    Ou talvez o calor? 

    Na pior das hipóteses, talvez a criatura fosse evoluída ou super dotada. Entretanto, até o ponto em que as coisas se desenrolaram, nada mais importa.

    Rei, locomove-se até estar à sua frente, e sem muitas preocupações, pronúncia uma nova habilidade. 

    Aprisionamento 

    Raízes do subsolo formam-se da terra, e aprisionam o javali, que tem a sua força retida, e seu corpo todo paralisado, inteiramente coberto de raízes. 

    A criatura, em contrapartida, tenta se desprender das raízes… Mas por fim, sua tentativa falha miseravelmente. 

    “Humm… Fácil assim?”

    “Bem, o que eu estava esperando afinal de contas.”

    O estudante esfrega seu queixo com seu dedo indicador, enquanto olha a tela de status que acaba de abrir. 

    A dúvida é: E agora, como ele irá matar aquilo? 

    Usar a habilidade de Esferas Negras não seria efetivo. A pobre criatura seria desintegrada. 

    A habilidade de Raízes? Não parece ser ofensiva, e sim, como um tipo auxiliar. 

    Talvez o Raio Congelante? Mas o javali congelaria em sua totalidade, ou seja, transformaria-se em um ice cream. 

    …. Droga.

    A melhor solução, a mais plausível, é usar a habilidade de Criação.

    Apesar de Criação ser considerada no ponto de vista do garoto, roubada. O desgaste  mental por usá-la é extremamente exaustivo. 

    No fim, ao julgar por esses pequenos empecilhos, a habilidade acaba não sendo, de fato, vantajosa.  

    “Merda… Parece que não tem jeito mesmo.” 

    Criação. 

    Assim que pronuncia a habilidade, o garoto imagina o objeto com todas as suas características fundamentais e afins.

    Sistema

    falha

    Proficiência insuficiente para criação de objeto(os).  

     “…”

    “Bem, mas também, o que eu estava esperando…  Criar uma arma de fogo seria doideira.” 

    Pensa, conformado com o resultado. 

    “Parece que não tem jeito. Vou ter que fazer da maneira convencional.” 

    Criação

    Objeto criado com sucesso!

    ❁Adaga de ferro❁

    (…) 


    Relutante, ao saber o que teria que fazer em seguida, com uma expressão extremamente hesitante, o garoto aproxima-se do javali. 

    Dobra as mangas de sua camisa de seda, e com a faca em mãos, coloca sua força sobre, e a posiciona até o pescoço do animal. 

    Gulp. 

    “Não adianta desistir agora…” 

    Enquanto o silêncio continua, um suor frio se forma em suas costas até os seus punhos. E, é particularmente estranho saber que terá que matar um ser vivo com as próprias mãos. 

    Sem desviar o olhar, Rei coloca o máximo de força em sua mão esquerda, e com um corte clínico e rápido, sente a pele do javali ser cortada como um pedaço de bolo. 

    O corte foi rápido e certeiro, como consequência, o sangue espirra e escorre por todas as direções. A criatura berra por alguns instantes, mas em seguida para de se debater e espernear. 

    O atributo de força talvez tenha influenciado, ou possivelmente a faca criada estivesse bem afiada. 

    É provável que a junção dos dois tenha influenciado no resultado final. 

    A intenção do garoto era matá-lo de forma indolor, apesar de seus esforços serem em vão. 

    — Nada contra, só é uma questão de sobrevivência. 

    — Descanse em paz. 

    Após soltar algumas palavras de consideração, o estudante passa sua mão sobre o rosto, sem acreditar que teve coragem o suficiente para matá-lo. 

    Com as mãos ainda trêmulas, ele se levanta e tenta se acalmar, sem dar-se conta da tensão que flui por todo o seu corpo. 

    “Eu fiz. Droga, o que eu fiz?” 

    O garoto bate suavemente suas mãos contra o rosto, e tenta acordar daquele transe. 

    A sensação da carne molhada sendo cortada, martela constantemente em sua memória. 

    “Acorda.” 

    “Está começando a escurecer… Preciso agir logo, acorda Rei.” 

    Mesmo que seu psicológico estivesse estável, e o garoto tentasse ao máximo parecer forte, ainda assim, ele era humano… 

    Coisas do tipo afetariam qualquer pessoa que se considera humanamente racional, e emotiva. 

    (…) 


    ❁5 minutos depois❁  

    Logo, com alguns minutos passados e após mitigar o seu psicológico, o garoto examina de perto o corpo da criatura no chão. 

    “O javali é muito grande, não vou conseguir levá-lo…” 

    “O que eu estava pensando…?” 

    Rei fica temporariamente preocupado pelo pensamento de que talvez não consiga, mas após analisar o contexto, com a mente agora apaziguada, percebe que tem sua habilidade de Telecinese e Animar objetos. 

    Continua… 

    (…) 

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