Capítulo 190 - Três em um, X.
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No momento em que aquelas palavras absurdas e cheias de confiança saíram da boca daquela menina pequena, que mal parecia ter 12 anos de idade, o olhar de descrença de Takayo e Mia ficaram visíveis.
Eles pensaram por um momento que talvez Rei e até mesmo Kazuki tivessem perdido a cabeça, pois estavam confiando as suas vidas naquela pirralha, que tinha uma aparência que se assemelhava às suas idades.
— Aii!
Tyrant apenas puxou a orelha de Rina e recuou.
Em seguida, ela acenou para o homem-fera e o estudante, como se estivesse dizendo-os para seguir em frente e fazer como bem quisessem.
A princípio, Kazuki estava hesitando na ideia de acompanhar Matsuno e Rei. Ele seguiu em frente neste plano meramente por conta de seus ciúmes — a simples ideia de que talvez Matsuno pudesse ser ousado enquanto ele não estava por perto, o deixava até certo ponto inquieto.
“Não vai ser como você quer.”
Pensou na hora.
Por outro lado, naquele mesmo momento o cavaleiro negro não parecia afetado com aquela discussão que ocorria entre as crianças, sequer sentia o olhar fixo de Kazuki repousando sobre si.
Seu campo de visão estava focado no soldado adiante que estava trazendo seu cavalo de guerra de volta.
O seu olhar estava sério, com pensamentos tensos e desorganizados que não conseguiam se desemaranhar de possibilidades infinitas.
Embora sua expressão estivesse normal como sempre, sua cabeça estava uma verdadeira bagunça.
O tempo estava passando, enquanto pensava na horda de inimigos que estava na linha de frente, nas pessoas que haviam morrido, ou no pior dos casos, os demônios que tinham se separado de seus grupos e emboscavam individualmente novas vítimas.
Assim que o soldado chegou com o cavalo, Matsuno subiu nele e pegou as rédeas que cercavam o seu pescoço.
— Vocês vem ou não?
Ele perguntou numa voz séria, olhando para trás na direção de Rei e Kazuki.
Os dois rapazes ficaram em dúvida, pois pela forma como o cavaleiro negro comentou, parecia que ele queria que os dois subissem naquele cavalo.
— Está dizendo para subirmos com você? — disse Rei.
— Sim.
Ele simplesmente respondeu.
Não parecia brincar com a situação.
— Não está falando sério, está?
Rei não conseguiu acreditar naquelas palavras.
“Ele está realmente falando sério? A julgar por sua expressão, não parece estar de zoação. Mas… como eu posso dizer… poha.”
“Isso não é loucura? O cavalo não morreria sobrecarregado se ficasse três pessoas montadas nele? O que ele está pensando…”
Estes eram os mesmos pensamentos de Kazuki, que não queria acreditar naquela loucura. Ele sabia até certo ponto como os cavalos eram resistentes, mas não que poderiam suportar três pessoas no mesmo lugar.
A ideia era absurda.
Em resposta às reações de Kazuki e Rei, Matsuno virou-se para trás e comentou de volta:
— Pela cara de vocês, já consigo dizer o que estão pensando. Não precisam se preocupar com o peso, se meu cavalo fosse normal, seria inviável esse tipo de alternativa.
— De qualquer forma, não temos muito tempo. Precisamos sair agora, ou no pior dos casos, os meus soldados e os civis irão morrer. Vocês vem comigo ou não? — complementou.
Assim que ouviram-no, os dois rapazes hesitaram por um momento, ainda receosos com aquela ideia. Por conta disto, o cavaleiro deixou um suspiro sair de sua boca.
— Certo, vamos. É melhor assim. — Rei disse em seguida, caminhando até o cavalo.
— …
Kazuki ficou em silêncio, apenas observando adiante a cena. Ele pensou se aquela era realmente a melhor solução, mas deixou de lado seus pensamentos conflitantes.
— Vamos.
O homem-fera comentou momentos depois, após o estudante subir no cavalo de Matsuno, posicionando-se bem na parte do meio.
Na hora em que sentou-se, não houve reação do cavalo. Devido ao seu porte físico robusto, ainda era possível sentar mais alguém na parte de trás.
Kazuki então montou no cavalo, ficando na parte de trás, — até aquele ponto, aquilo parecia mais um assento de carruagem do que um cavalo.
— Se acabaram, vamos terminar logo com isso.
Matsuno declarou de repente.
Embora fosse um momento perfeito para flertar ou brincar com a situação, ele não o fez.
Somente pegou as rédeas e comandou para que o cavalo corresse.
❖ ❖ ❖
Matsuno subiu correndo em seu cavalo a colina que estava um pouco mais a frente do acampamento. Por conta da velocidade em que estava se movendo, o estudante teve que se segurar firmemente.
“Ele não está de brincadeira.”
Rei pensou nesse momento.
Kazuki parecia acostumado com aquela velocidade, com a sensação forte do vento batendo contra si e os buracos na estrada que o faziam pular de vez em quando.
Matsuno percorreu com os olhos toda a região, virando-se do norte para o sul e vice-versa, mas não viu nada exceto as colinas ao longe. Devido ao anoitecer, o dois sóis estavam escurecidos e o mundo alagado e remoto.
No momento em que olhava, seus ouvidos atentos distinguiram sons vindos da floresta abaixo, no lado oeste da região. Comandou o cavalo a seguir para o local. Eram gritos, e em meio a eles, para seu terror, Matsuno pôde perceber vozes rudes e grunhidos estranhos.
Conforme prosseguia, os gritos iam ficando mais nítidos, os grunhidos e barulhos estranhos também ficavam mais fortes, ferozes e agudos.
— Estejam preparados.
Matsuno disse puxando sua espada reluzente da cintura, deixando-a em sua outra mão enquanto puxava as rédeas com a outra.
Quando a visão das árvores adiante se desfez, um cenário completamente diferente do que era presente na floresta havia se formado.
As árvores estavam deterioradas e corrompidas, uma substância preta saía de seus troncos e ia de encontro às raízes. As plantas pareciam apodrecer na escuridão enquanto o solo se desintegrava.
Haviam corpos humanos jogados para todos os lados, enquanto criaturas estranhas os devoravam com suas mandíbulas e dentes afiados.
— Então eles perderam.
Matsuno comentou numa voz baixa, vendo a maioria de seus soldados destroçados no chão. Alguns irreconhecíveis pelos ferimentos.
O ar ficou sombrio.
Aquelas criaturas verdes enormes que estavam paradas nos corpos, viraram-se em simultâneo na direção dos intrusos após notarem as suas presenças.
Continua…
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