Capítulo 20 - Animar objeto X
Com as mãos ainda encharcadas, o garoto limpa o sangue residual do rosto com a camisa, e cria mentalmente uma nova estratégia.
Seu psicológico, apesar do pequeno choque causado pela morte do javali, encontra-se ligeiramente estável, ao menos temporariamente.
Afinal… Como não estaria? Visto que o corpo da criatura ainda permanece na superfície do chão, à sua frente.
“Certo, vamos lá.”
O estudante abre seu status, e com o intuito de testar uma nova habilidade, pronúncia.
Animar objeto
Agacha-se e coloca suas duas mãos sobre uma enorme pedra ao lado.
Segue os requisitos fundamentais para a ativação da habilidade, assim como descritos na barra lateral de sua sinopse.
Depois de alguns segundos, a pedra se torna móvel.
Ela começa a se mover como se tivesse ganhado vida própria, arrastando-se até chegar na posição do cadáver.
Move-se de acordo com as configurações impostas pelo garoto, como se fosse um carrinho elétrico, controlado por um controle.
Telecinese
O javali lentamente levita de sua posição inicial, e flutua sobre o ar, sendo controlado por Rei.
O garoto tenta usar seus dedos como uma forma de controle, e com eles começa a mover o enorme corpo do animal.
Com seu dedo indicador, controla o corpo da criatura até jogá-lo por cima da pedra.
“Cara, que loucura! Isso realmente deu certo.”
“Perfeito… Hehe.”
“Animar objetos é uma habilidade bem útil, agora que penso, eu poderia apenas ter usado a Telecinese para locomover o javali até o local onde o pessoal está…”
“Bem, não importa mais! Tem inúmeras formas de usar essa habilidade… Hehe…”
Os cantos da boca de Rei se contorcem em um pequeno sorriso, ele tinha uma ideia esperada de como sua habilidade de Animar Objeto seria, entretanto, o que se seguiu a isso, estava além de sua imaginação.
Na melhor hipótese, pode-se animar e coordenar inúmeros objetos para que finalizassem tarefas, manufaturas ou qualquer coisa do gênero.
O estudante parece eufórico e feliz: É como se nada de inconveniente lhe tivesse acontecido, todos os seus sentimentos pela morte do javali tornaram-se nulos.
— (…)
“Melhor eu ir, o pessoal já deve estar preocupado.”
Rei, vira-se e caminha até a direção em que estava anteriormente, onde havia marcado algumas árvores pela casca, para que não se perdesse na hora que voltasse.
Apesar de que no passado estivesse sujeito a viver na cidade, ele ainda havia aprendido algumas lições com a sua mãe.
Sua mãe, a sra. Emi, era uma pessoa extremamente competente e por conta de seu trabalho, como bióloga, ela aprendera sobre algumas questões de sobrevivência e primeiros socorros.
Posteriormente, esses conhecimentos foram passados para Rei, desde pequeno, que não deu muita importância sobre.
Afinal, para que serviria isso para um garoto que vive na cidade grande? Absolutamente nada.
“Quem diria que algum dia esse bando de ‘ conhecimento de merda’, seria útil para alguma coisa.”
(…)
À medida que percorre o caminho passando por árvores, pedras e cipós tortos que apenas servem para dificultar a passagem, o garoto aproveita e coleta algumas ervas, cogumelos e plantas frutíferas da região.
Usa sua habilidade de Telecinese, aplicando força suficiente ao gesticular os movimentos, pelo seu dedo indicador.
Atrás dele, está a pedra com o efeito de animação, sendo arrastada à medida que o garoto caminha pela densa vegetação do local.
Certamente, se alguém estivesse na floresta naquele momento, a sua visão seria embaçada por um garoto que levita plantas e ervas, acompanhado de uma pedra, que cria um rastro de terra e destruição por toda a zona.
❁25 minutos depois❁
Assim que consegue sair da região densa da floresta, o garoto observa de longe a figura de Kazuki, Mia, Takayo e o comerciante, que estão próximos de uma fogueira.
“Fogueira?”
Sim, talvez eles tenham feito… Afinal, o clima está esfriando e a noite já é presente.
Apesar de ser uma ótima medida, o fogo também pode chamar a atenção de criaturas e animais da região… É provável, ainda mais com a situação atual.
Outro risco seria o do exército do reino demoníaco, qual seria o sentido de fugir se a atenção, a mínima possível, pudesse ser atraída por isso? É uma possibilidade.
Imerso em pensamentos, esses pequenos dilemas se instauram na pequena mente do garoto, que tenta imediatamente pensar em alguma alternativa plausível.
Por outra perspectiva, Kazuki, assim que dirige seu olhar para o lado, nota a presença do garoto imóvel com o dedo indicador no queixo, próximo deles.
Já havia passado uma hora em que o garoto saira. O silêncio subsequente, a incerteza e toda a atmosfera deprimente já consumiam todos… O único que tentou puxar algum assunto foi o comerciante, que acabou em falhar miseravelmente com a tentativa.
Kazuki, perto da fogueira, se levanta e marcha até Rei.
— Ei, você está bem?
Ao escutar a voz do homem, que aparenta estar bem falha e rouca, o garoto deixa de pensar desnecessariamente sobre a fogueira.
— Opa, eai cara. Estou sim! Foi mal pela demora, como pode ver, eu estava ocupado com algumas coisas.
Kazuki, inclina sua cabeça para o lado, e examina o que está atrás do garoto.
Surpreende-se com a visão da criatura em cima da pedra, mas o que de fato o assusta é o rastro no chão, como se a terra inteira atrás tivesse sido arrancada.
— Isso por acaso é um Jacarix aphelix? Foi você quem matou ele?
— Que poha é essa, isso não é um javali?
Ao escutar a resposta do garoto, Kazuki vacila seu olhar com uma expressão de surpresa, e começa a rir levemente.
— Não, Rei. Eles são da mesma família, mas, consegue ver isso? — aponta para o focinho da criatura. — Essa parte é vermelha, característico da raça do Jacarix, apesar de serem iguais aos javalis, ainda tem algumas diferenças.
— Saquei, mas tem alguma diferença, fora a física… tipo, isso é venenoso ou algo assim? Não tem nenhum problema em comer, certo?
— Não, não precisa se preocupar, sem venenos ou coisas do tipo. Pode ficar tranquilo, para falar a real… — Kazuki corta sua fala, assim que percebe a imensa quantidade de sangue seco, e a camisa rasgada de Rei.
Continua…
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