Capítulo 27 - X
Após receber a resposta, Rei cobre sua boca com uma das mãos, e vira seu olhar para a jovem ao lado para perguntar novamente.
— Os elfos?
— Sim.
— É sério? Eles estão na floresta? Mas não estamos no reino dos homens-fera, como isso é possível? — Rei pergunta com extremo entusiasmo. Ainda que estivesse confuso, queria saber como era a aparência dos elfos.
— Eu também não sei, ok? Essa foi uma informação que recebemos pelo caminho. A senhora que estava nos guiando acabou morrendo. Então não sabemos de mais nada — responde Laili, com certa relutância em prosseguir com a conversa.
Percebendo que tanto Zeryn, quanto Laili, parecem não querer dizer mais sobre o assunto, como se estivessem em um tipo de mágoa interna, Rei se levanta do local, e fala enquanto caminha até a bancada de carnes próxima: — Bem, tanto faz. Sinto muito pela sua amiga, mas as pessoas acabam morrendo uma hora ou outra. Não chega a ser algo incomum, ainda mais em uma guerra.
— Deveríamos estar agradecidos por estarmos vivos. Em fim, estou me retirando… Tô cansado por toda a merda que rolou hoje.
Após a declaração, ele arruma seu cabelo com a mão direita, e se afasta da região com passos rápidos, e imerge em pensamentos.
Quando já estava longe o suficiente da fogueira, o garoto começa a pensar no que fazer a seguir.
Porém, seu pensamento é interrompido assim que ouve um som próximo.
Assim que inclina sua cabeça, nota a presença de Kazuki logo atrás.
— Rei, espera.
No momento que percebe que o homem o havia seguido, e está com uma expressão de nervosismo no rosto, o garoto interrompe o seu andar. Com base em sua afeição, considera que boa coisa não é.
— Kazuki?! O que está fazendo aqui?
— Bem, decidi seguir você. O clima na fogueira estava bem tenso.
— É sério, estava tenso? Bem, eu não notei.
— Sabe, então… como posso dizer isso… acho que você acabou ofendendo eles antes de sair — menciona, com os ombros encolhidos.
— O quê? Como isso é possível? Eu não queria ofendê-los, nem nada. — Receber a indagação de Kazuki fez Rei ter uma expressão desnorteada.
— Ainda assim, isso não foi uma coisa legal de se dizer.
Com uma expressão de insatisfação, declara: — É sério? Dizer que as pessoas podem morrer a qualquer momento virou uma ofensa agora?
— Você deveria se desculpar com eles, Rei. Eles ainda estão abalados com tudo que ocorreu.
— Ei, tá de sacanagem, né? Por que eu devo me desculpar? Eu não fiz nada de errado, pelo contrário. Ajudamos com comida, oferecemos um lugar para ficarem e além disso, ouvimos tudo que tinham para falar.
“Cara, fala sério. As pessoas ultimamente andam bem emotivas, tentando até mesmo encontrar problemas onde não existe! Agora sou eu que deveria me desculpar? Cheguei até mesmo a dizer que sentia muito, algo que normalmente não faço.”
Assim que olha para o rosto de Kazuki, percebe que as suas orelhas estão levemente abaixadas, e seus olhos estão hesitantes.
Kazuki sabe que Rei tem razão, porém não quer deixar as pessoas pensarem negativamente sobre o seu comportamento.
Uma dedução desnecessária, já que o estudante nunca se importou com a visão que os outros tinham sobre si.
Rei retira suas mãos do bolso, arregaça a manga da camisa, e por fim diz preguiçosamente, dando a Kazuki um olhar de soslaio.
— Qual é Kazuki, você é muito certinho! Você sabe que não vou mudar a minha resposta, ela vai continuar sendo a mesma. — Terminado de dizer, solta um suspiro em decepção, pois sabe que, se pudesse voltar no tempo, acabaria dizendo as mesmas coisas novamente.
— Está tudo bem. Se você não quiser, não precisa se desculpar — responde calmamente, não persistindo mais com o pedido.
De certo modo a declaração acaba surpreendendo Rei, que não esperava que o homem fosse simplesmente retroceder.
— É isso aí, cara! Bem, já que você me seguiu até aqui, por que não me dá uma mãozinha também?
— Uma mãozinha?
— Exato, preciso de uma boa noite de sono. Tô extremamente cansado pelo que rolou.
— Mas… Como eu poderia ajudar com isso? — pergunta imediatamente, lançando um único e rápido olhar em sua direção.
Com a indagação, o garoto caminha até Kazuki, e se aproxima de suas costas.
Sentindo a respiração ofegante em sua nuca, o coração de Kazuki acelera, e sua respiração torna-se entrecortada.
— Não posso simplesmente dormir no chão, você vai ter que me ajudar com força braçal, Kazuki — sussurra em seu ouvido.
— Fo-Força braçal? — pergunta, com o coração na boca.
O garoto então coloca seu braço sobre as suas costas, e quebra toda a tensão da conversa, que parecia ir para outro rumo.
— Sim, preciso que você me ajude a carregar algumas coisas que vou criar com a minha habilidade de criação.
“Puta merda, o que foi isso? O que estou pensando?”
O pensamento vem espontaneamente na mente de Kazuki. Ele morde seus lábios e olha para as mãos, pois não gostou de onde seus pensamentos maliciosos o levaram.
No meio tempo em que Kazuki ainda estava pensando sobre isso, Rei, por outro lado, já havia conjurado a sua habilidade de criação. Quatro barracas de acampamentos são criadas.
— Bem, só carregar — entrega as barracas na mão do homem.
Com o coração estabilizado, voltado ao seu ritmo regular, ele olha para o estudante incapaz de se expressar, e responde: — C-Certo…
— Vamos voltar para a fogueira. O que está esperando? Tô precisando descansar.
Após a declaração, Kazuki segue o garoto que caminha a frente.
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