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    Sentado em uma pequena área aberta da região, enquanto observa parte da estrada à frente escurecer, e o sol se pôr, o garoto dirige seu olhar para Kazuki que está ao lado. 

    Lembra-se de uma memória recente, algo que havia presenciado no caminho para o refúgio: Árvores mortas, um solo desintegrado e plantas que mais pareciam borrões cinzas. 

     — O que você acha que aconteceu naquele lugar? A área parecia estar devastada, como se todo o terreno fosse afetado por uma peste — indaga Rei. 

    Dito isso, Kazuki se perde em pensamentos por um momento, antes de suspirar e responder após analisar uma alternativa. 

    — Talvez tenham sido os demônios? Pelo que soube, existe um demônio em formato de gosma que por onde passa, consegue envenenar todo o terreno… 

    — Bom, caso não seja isso, eu não faço mais ideia do que possa ser. Sinto muito — acrescenta.

    Rei começa a rir levemente das palavras de Kazuki, quando o responde de volta: — Está tudo bem, não precisa se desculpar… Eu só fiquei intrigado, mas não é algo que importe. 

    Nesse momento, os companheiros de Laili levantam do chão, e avisam o restante do grupo que vão prosseguir com o caminhar. Rei e Kazuki somente concordam, e posicionam-se na dianteira. 


    À medida que caminha, o estudante começa a notar a presença de algumas pessoas nos arredores daquela estrada íngreme. 

    Quanto mais prossegue com o andar, mais a estrada parece superlotar: Crianças perdidas, idosos debilitados, guerreiros deprimidos e pessoas feridas.

    Há vários indivíduos na região, sendo a única expressão de comum em seus rostos, o medo e a tristeza recorrentes. 

    “O que é isso tudo? Mas que droga está acontecendo aqui!?”

    “Será que houve um ataque próximo? Não, não deve ser isso. O mais provável é que estejamos próximos do refúgio… É a melhor solução que consigo pensar em uma situação como esta.”

    Declara em pensamentos, olhando de um lado para o outro. Sem saber o que fazer diante daquela cena, somente seguir em frente. 

    Assim como na floresta, há uma atmosfera igualmente sombria no lugar, mas com uma ligeira diferença: Todo o terreno é vivo e verde, desde a vegetação até o solo fértil.

    Outra mudança são as pessoas próximas, que parecem extremamente abaladas, e sequer conseguem prestar atenção ao redor. 

    Quando o garoto dirige seu olhar para os seus companheiros, ele nota o olhar de medo e hesitação estampado no rosto de Kazuki, Mia e Takayo. 

    Ele guarda alguns de seus comentários para si, e apenas diz para continuarem com o ritmo da caminhada, ainda que fosse difícil presenciar o sofrimento das pessoas próximas. 

    É nesse momento que Laili, que está a frente, se agacha até chegar perto de um senhor na estrada. Seu rosto é extremamente pálido, com um enorme hematoma, que cobre parte de sua face. 

    Mesmo com extremo medo e repulsa, ela toma coragem para perguntar: — Boa… tarde… senhor. Gostaria de perguntar algo, poderia me ceder parte de seu tempo? 

    — Coff!! Coff!!

    Após tossir, o senhor que está olhando ela da cabeça aos pés, responde com uma expressão confusa: — O que você quer?! 

    Com a repentina resposta grosseira do senhor, Laili faz uma expressão de insatisfação, e começa a falar informalmente. 

    — Estou aqui com meus amigos para saber sobre o refúgio, você sabe onde fica? 

    — Depende, você tem alguma coisa para me dar? 

    Assim que recebe a resposta, ela olha para o senhor com uma expressão em seu semblante que parece perguntar algo como: “Você está louco? Está tentando tirar vantagem da gente por uma mera informação?”

    Ela tenta se recompor e pensa na situação ao todo: Talvez aquele senhor estivesse passando por uma situação complicada, e a sua única solução foi pedir ajuda em troca de informações. 

    Deliberadamente ela respira fundo e baixa o tom de sua voz. Abre a sua bolsa e começa a vasculhar, até encontrar alguns alimentos em saquinhos. 

    — Aqui, senhor — entrega. — Tenho alguns alimentos comigo, espero que isso ajude… existem muitas pessoas neste mundo que não tem o suficiente para comer, eu realmente sinto muito. Você deve estar passando por uma situação horrível. 

    — Uau, isso soa muito nobre e filantrópico1. É algo que você sente apaixonadamente? Alimentar os pobres? — diz em um tom irônico, ao pegar o alimento. 

    E, antes que ela pudesse responder, o senhor prossegue com a sua fala: — Apenas siga em frente, assim que vocês avistarem uma estátua de madeira, é só virarem a… Coff ~ Coff ~

    — Só virarem à esquerda — finaliza, de maneira a apontar para o lado referido. 

    — Você está bem, senhor? — pergunta Zeryn. 

    — Não precisam se preocupar comigo, não percebem? De qualquer forma, estou esperando a minha sobrinha, agradeço pela comida. 

    — Ok…

    — Enfim, obrigada pela informação, vamos indo gente… — diz Laili, ao se levantar e andar até o local apontado. 

    Com a conversa finalizada, o grupo começa a caminhar sem descanso até o lugar informado. 


     

    Após alguns minutos na estrada, e quando finalmente avistam de longe a estátua de madeira, eles percebem que o caminho à frente está dividido em dois segmentos. 

    Esquerda e direita. 

    Duas direções que seguem lados opostos, sem sinalização, placa ou informação como forma de aviso.

    Ambos os grupos então optam em seguir o lado esquerdo, assim como informado anteriormente pelo senhor. Ainda que não fosse uma informação confiável, era a melhor escolha. 

    Quando Rei passa pela estátua de madeira, ele nota que ela está esculpida no formato de um cavaleiro, com uma extensa espada posicionada de frente. 

    “Que doideira. Essa estátua deve ser bem antiga, mas ainda assim, consigo ver todos os detalhes de forma tão vivida…”

    “Esse cavaleiro deve ser um cara bem forte. Só pela aparência consigo dizer que é uma pessoa com uma personalidade muito forte e agressiva.”

    “Eu duvido que iríamos conseguir nos entender… Bem, espero que ele esteja vivo ainda.”

    Pensa o estudante, passando pelo terreno montanhoso que forma-se à medida que caminha com seu grupo. 

    Continua… 


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