Capítulo 36 - descuido X
O estudante então pergunta, sem entender o comportamento de Laili, Zeryn, seus companheiros e até mesmo do comerciante, que parece estar em conformidade com a decisão.
Antes da jovem responder, há um pequeno silêncio na região, como se Rei e Kazuki fossem os últimos a receberem a notícia.
— Eu realmente peço desculpas, a princípio pensamos em nos abrigar no refúgio, até que toda a estrada da capital estivesse segura ao ponto de passarmos. Só que, enquanto estávamos caminhando, pensamos bastante e decidimos que esta não era a melhor opção — responde Laili.
— Decidimos seguir um caminho próximo, pois temos outros assuntos que são mais importantes do que esperar a estrada da capital estar segura — complementa Zeryn, ao pousar sua mão no ombro do garoto.
Com a resposta de ambas, o estudante apenas assente com a cabeça e declara: — Bem, se é isso que vocês decidiram, boa sorte.
— Só mais uma coisa, você decidiu ir com eles? — questiona, com os olhos fixados na direção do comerciante.
— Sim, jovem. Estou indo também, eles me convenceram, dizendo sobre mercadorias e dinheiro, você sabe… coisas de negócio. Caso tudo ocorra bem, não vou ter que me preocupar com todo o prejuízo que a guerra causou. — Quando termina de falar, ele abre um pequeno sorriso no rosto.
A voz do comerciante parece carregada de animação e entusiasmo, com seus olhos virados para outro lado, sem conseguir prestar atenção na conversa.
“Provavelmente eles tem um plano em mente, eles não iriam simplesmente sair daqui sem pensar sobre.”
“Mercadoria e negócios… É sério? Será que essa é a única coisa que ele consegue pensar? Bem, ele é um comerciante, seu modo de pensar é igual, seria estranho caso não fosse.”
— Se você já se decidiu de antemão com o pessoal sobre isso, boa sorte então — declara Rei.
— Muito obrigado por tudo, e também peço desculpas por todos os problemas que aconteceram. Espero que possamos nos reencontrar no futuro. — despede-se Laili, assim que caminha para o outro lado.
Assim que se afasta de Kazuki, Rei, Mia e Takayo, tanto Zeryn quanto seu grupo começam a seguir Laili, que segue à frente, passando por uma caminho sem pavimento, indo para o leste.
Momentos depois eles adentram uma floresta nas proximidades, sendo seguidos pelo comerciante, que está logo atrás.
No tempo em que se despediram, o céu alaranjado do final da tarde já havia desaparecido, com a escuridão tomando conta de toda a vastidão do céu.
Parte das estrelas em sua magnitude aparecem na superfície da escuridão, e é quando a atenção do estudante está em meio a pensamentos, que Hert o interrompe de sua linha de raciocínio, para deixar um comentário sair.
— Senhores, eles são seus amigos por acaso?
— Eu não diria amigos, estão mais para algumas pessoas que conhecemos após ajudarmos, Hert — responde Kazuki, ainda a examinar toda a região.
— Entendo, só espero que eles não sejam descuidados, igual as últimas pessoas.
Dito isso, Hert olha para longe com uma expressão de indiferença, enquanto ajeita sua vestimenta branca de tecido.
— Como? Igual as últimas pessoas? — pergunta o estudante, sem entender se ele se refere às pessoas da guerra, ou de algum caso específico.
Quando escuta o questionamento do garoto, o elfo vira seu rosto para o lado e desvia seu olhar para baixo, sem responder.
É só depois de alguns segundos, que ele declara com certa relutância, como se não quisesse dizer absolutamente nada: — A direção em que foram, só desejo boa sorte a eles. As últimas pessoas que vieram de lá, quase não conseguiram sobreviver.
Ele diz com o tom de voz preocupado, apesar de sua expressão de indiferença, que quase não demonstra muitas diferenças em seu rosto.
Escutá-lo fez o estudante franzir as sobrancelhas e olhá-lo com insatisfação, com raiva do seu comentário, que apesar de ter um tom de preocupação, também carrega uma ligeira impressão de não importância.
— Por que… por que não disse isso antes? Poderia tê-los avisado sobre isso, você sabia que aquele caminho era perigoso. Eles já estão bem longe, sequer consigo ver a sombra deles — reclama Rei, com o olhar enfurecido e com a voz levemente alterada.
— Você praticamente assinou a morte deles, e ficou observando eles indo para aquela direção sem ao menos dizer nada, você é idiota por acaso?! — complementa, ainda a manter o seu tom.
Quando termina de falar, Kazuki que está por perto, somente dirige seu olhar com extrema hesitação para o estudante. Embora concordasse com a afirmação, ainda está apreensivo com toda a discussão que foi levantada de repente.
Hert, por outro lado, fez uma expressão de confusão, sentindo-se culpado pela forma como agiu diante da situação: Diferente de sua expressão estóica, de indiferença e impassibilidade estampada em seu rosto.
— Eu… eu realmente não pensei muito sobre isso, por favor, perdoem-me pela postura inapropriada. Eu não esperava que eles seguissem justamente aquele caminho! Tinha quase certeza que iriam desviar para outra região, assim que adentrassem a floresta.
— Essa não foi a minha intenção, peço perdão novamente. — Quando finaliza a sua declaração, o elfo olha cabisbaixo para o chão, sem saber mais o que dizer.
Ao se dar conta das palavras dele, o garoto respira fundo e diminui o seu tom de voz, e no momento em que se acalma, ele acaba percebendo que acabou falando de forma agressiva.
— Não, está tudo bem… como você poderia saber que caminho eles iriam? Foi mal por ter gritado com você de repente, eu acabei sendo grosso — declara o estudante, ao desviar seu olhar para outra direção.
— Está tudo bem, não precisa se preocupar com isso, jovem. Você acabou se exaltando por uma boa causa, e é compreensível tal comportamento. Eu que acabei sendo descuidado e não notei a verdadeira intenção deles — responde com extrema educação o elfo, com o olhar voltado para Rei.
Continua…
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