Capítulo 49 - Desgraçados, X
Toc ~ Toc
Houve um momento de silêncio um pouco antes de Rei e Kazuki se aproximarem da porta, e a pergunta de quem poderia ser surgir em seus pensamentos.
E no instante em que abrem-na, a resposta é revelada sem muita demora, e ambos deparam-se com um elfo ao lado de fora do cômodo. Apesar da aparência e atitude serena no rosto do jovem de cabelos castanhos, as suas palavras parecem carregadas de impaciência e pressa.
Não demora para ele começar a explicar com urgência para os dois à sua frente sobre a área de alimentação, um local em que está próximo do refeitório, onde é distribuído todo os tipos de suprimentos para os refugiados e pessoas em situações precárias e instáveis.
Além da breve explicação, ele cita também outras questões relacionadas à organização e estruturação de toda a região resumidamente.
Quando termina de falar, o elfo nota à distância a presença de Mia e Takayo no fundo do quarto. Ele então aconselha Kazuki e Rei a deixá-las em uma creche de crianças que os próprios elfos estão comandando; onde vários jovens são auxiliados psicologicamente por profissionais, com o propósito de diluir toda a dor e sofrimento da guerra.
Kazuki pensa por um momento sobre o que seria melhor fazer nesse tipo de situação, contudo a lembrança da própria incapacidade de ajudar Mia e Takayo, é recordado pelo mesmo; que em sua visão, é influenciado pela ideia de que o melhor é deixá-los com um profissional, visto que ele sequer consegue auxiliá-los apropriadamente.
O homem-fera por fim concorda com o conselho, e decide deixar as crianças aos cuidados do elfo e de outros profissionais do refúgio.
No momento seguinte, ele sai do quarto acompanhado de Rei em direção à área de alimentação, assim como orientado pelo elfo.
Ao passo em que caminham, o estudante que até agora não havia tomado partido das decisões de Kazuki, pergunta com certa preocupação sobre a declaração do homem-fera.
— Você acha que pode confiar nele ao ponto de deixá-lo com Mia e Takayo?!
Há um silêncio no certo momento em que pergunta, mas Kazuki então olha de relance para o garoto e declara:
— Eu não sei se foi a melhor escolha, mas acredito que esse é o certo a se fazer. Eles estão se importando até com as crianças — responde com confiança, sem qualquer hesitação na voz.
— De certa forma, as crianças precisam de algum profissional para orientá-las apropriadamente… Eu só iria atrapalhar… e, mesmo eu sendo a figura paterna, ainda tenho os meus limites — acrescenta e olha para baixo, conformado com a realidade.
— Bem, entendo… Você fez certo — comenta Rei, pensativo com a situação.
Enquanto caminham para a área de alimentação, ambos conversam sobre as crianças como forma de matar o tempo, como elas devem estar se sentindo nesse momento e assuntos relacionados. No entanto, a voz de algumas pessoas que estão no corredor começam a correr à solta por todo o local.
A voz dos dois sujeitos que estão na região é carregada de malícia e desrespeito, sendo de dois homens com cerca de 38 a 40 anos.
— Encontramos um tesouro aqui… hehe, quem me dera colocar as mãos nessa belezura. Como essa vadia consegue ser tão atraente? — comenta o homem gordo, sem conseguir tirar os olhos do corpo de Rei.
— Isso mesmo irmão, eu não só colocaria minhas mãos nele, mas também iria pegá-lo pelos cabelos e… — diz o homem ao lado, rindo com um olhar de luxúria em direção ao garoto.
À medida que Rei e Kazuki caminham, os dois não percebem que os homens do corredor começam a segui-los, enquanto assediam sexualmente o estudante com o tom de voz baixo.
A aparência do homem gordo é deplorável, encaixando-se mais na categoria de mendigo, por suas roupas surradas e espinhas por todo o seu rosto.
Enquanto o outro homem, apesar de ser considerado bonito, as expressões faciais em seu rosto distorcem-se no momento em que ele comenta sobre o estudante, tornando seu rosto medonho e apavorante.
À medida que seguem os dois, os homens começam a aumentar o tom de suas vozes, comentários maldosos carregados de insinuações sexuais.
Até aquele instante, Rei e Kazuki não haviam notado algo de errado, eles só começam a ouvir a conversa atrás deles quando o tom de voz dos homens torna-se claro; como se estivessem fazendo de propósito, com o intuito de fazê-los ouvir aqueles comentários depreciativos.
— Eles… não estão falando de mim, né? — pergunta Rei, sen acreditar no que está acontecendo diante de seus olhos.
Quando escuta aquilo, Kazuki fecha a expressão no rosto e olha para trás com uma raiva crescente no rosto.
— Eu resolvo isso — afirma o homem-fera, que impede o estudante que já estava pronto para se virar e confrontá-los.
“Esses idiotas… Só podem estar fazendo de propósito, não estão vendo que conseguimos ouvir tudo que tão falando? Devem estar de zoação com a minha cara…”
“Não é porque mudei de mundo que as pessoas também vão mudar seus comportamentos. Ser tratado assim, como uma merda, apenas definido pelo corpo, isso é realmente uma droga!”
“Droga… por que eu tenho que passar por isso…”
Pensa com raiva, ao observar a aproximação de Kazuki nos dois homens à frente.
— Que merda vocês estão falando? — pergunta o homem-fera com o tom de voz agressivo, e o rosto fechado sobrepujado sobre um olhar nítido de desprezo.
No momento em que faz isso, os dois homens se encolhem em sua insignificância. Tremem de medo com a figura à sua frente; entretanto, no instante em que percebem que Kazuki não poderia fazer nada, imediatamente tomam coragem para criticá-lo.
— O que estamos falando? Como você se atreve à vir falar assim conosco? — diz o homem gordo, após tomar coragem e o confrontá-lo.
Continua…
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