Capítulo 54 - Trauma inesquecível, X
Após a indagação, o elfo faz um gesto com as mãos como se estivesse apontando para o local à frente, pouco antes de andar adiante e esperar o estudante acompanhá-lo.
— Círdan? Mas eu estava lá agora, ele ainda está precisando de alguma coisa?
— Sim, ele pediu-me para levá-lo até o seu cômodo, disse também que o assunto é relacionado com o recente acontecimento — responde com o tom de voz alguns tons mais baixo do habitual, com certa educação e clareza.
Dito isso, ele acrescenta sem conseguir esconder a expressão de animação no rosto: — O homem que você curou recobrou a consciência a instantes atrás, e gostaria de lhe ver.
— Ele já recobrou a consciência? Sério? Só faz alguns minutos que sai do seu quarto…
— Certo, certo… Pode me levar então.
Com a confirmação, não demora para Rei se despedir de Kazuki e ele sair do corredor e caminhar junto do elfo, até chegarem no cômodo de Círdan.
『…』
No momento em que entram no quarto, a primeira coisa que chama a atenção do garoto é o homem que ele havia curado em cima da cama.
Em comparação a antes, a postura do rapaz e seu olhar estão voltados para os de Rei, que também é fixado pelos outros elfos e por Círdan, que está na cabeceira da cama.
— Oh, então é ele? É você jovem, quem me curou? — pergunta o homem, transparecendo em sua voz um tom extremamente rouco e debilitado.
— Seu nome é Reiji, não? Meu nome é Terqueo, Círdan disse que você salvou a minha vida, e se não fosse pela sua ajuda, eu não estaria…
— Enfim, obrigado. Muito obrigado por ter me salvo. Não sei como te agradecer apropriadamente por esse tipo de coisa, nunca pensei que eu poderia morrer por um certo descuido da minha parte.
Após o homem finalizar com as falas, Rei responde brevemente, sem saber o que dizer diante desse tipo de agradecimento.
— Não foi nada cara, qualquer um teria feito o mesmo que eu… Não precisa agradecer tanto.
— Não precisa ser humilde Rei. Obrigado por salvá-lo. Eu sinto muito caso você tenha sofrido algum efeito colateral por usar a sua habilidade — comenta Círdan, sem conseguir esconder um pequeno sorrisinho.
“Efeito colateral por usar a minha habilidade? Bem, a minha cabeça doeu um pouco depois de usá-la, mas não foi nada que realmente possa ser levado a sério. O que eu quero saber é como esse cara ficou tão ferido.”
— O que aconteceu para ele chegar aqui nesse estado? — indaga Rei, no propósito de mudar de assunto e também alimentar a sua curiosidade.
Quando escuta, Círdan então começa a explicar a situação de Terqueo, e tudo que ocorreu antes dele chegar em Svishtar.
— Certo, por onde eu começo… Vamos do início.
— Tudo aconteceu por que eu o havia enviado com o time de patrulha do refúgio para vasculhar o lado leste e o restante daquela região, com o propósito de procurar por todos os possíveis sobreviventes que estivessem perdidos.
— Eu não esperava que as coisas terminassem assim. Sendo ele o único que sobreviveu do grupo de expedição, morto, caso você não o tivesse salvo…
— O time foi completamente aniquilado pelos demônios. Que tragédia sem precedentes. Se eu não tivesse os mandado para aquele lugar… — diz de forma hesitante Círdan, com algumas lágrimas nos olhos.
— Você não deveria se culpar pelo que aconteceu… Assim como eu, todos os outros também se voluntariaram para essa missão, Círdan —
— Você não deveria se culpar pelo que aconteceu… assim como eu, todos os outros se voluntariaram nessa missão — interrompe Terqueo, ao perceber que o amigo parece se culpar por todas as coisas que ocorram.
— Estávamos cientes que podíamos perder a vida.
Quando termina de falar, o cômodo é envolvido por um breve silêncio, e por conta da atmosfera tensa ninguém consegue dizer nada.
Nesse momento, Terqueo aproxima-se de um elfo que está próximo dele e cochicha algo em seus ouvidos, que logo em seguida sai do quarto apressadamente.
— Independente de como as coisas acabaram, nós já tínhamos aceitado o nosso destino — comenta o homem, confortando Círdan ao lado.
— Olha, para ser sincero, eu sequer esperava que eu estivesse vivo. Pensei que era algo impossível.
— Não consigo tirar da minha memória aquilo. A criatura que me atacou. Ela debochava e ria de mim e dos meus companheiros enquanto matava cada um deles. Ainda lembro de não conseguir fazer nada, só observar todos morrendo na minha frente.
— Tenho certeza que ela só me deixou vivo para que eu morresse lentamente… Aquilo tinha consciência e pensava igual um humano, não consigo tirar da minha cabeça as suas risadas tenebrosas — comenta ele, com a voz um pouco mais alta do que o seu tom normal.
— Se não fosse você e algumas pessoas que passaram naquele lugar e me resgataram, eu provavelmente não estaria vivo agora…
Assim que termina de falar, o elfo que havia saído do cômodo entra no quarto e caminha apressadamente até o local onde está Terqueo, segurando uma bolsa de couro pesada nas mãos.
— Eu realmente não sei como agradecê-lo apropriadamente por salvar a minha vida, mas espero que você goste desses presentes.
Nesse instante, ele inclina o corpo para frente e pega a bolsa de couro do que o elfo segura. Não demora para abri-la e tirar dois tipos de item de dentro.
— Espero que possa aceitar.
Quando olha para os dois itens à sua frente, a expressão de Rei muda e ele fica um pouco surpreso com aquilo.
Continua…
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