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    Com o olhar voltado em sua direção, a expressão do estudante torna-se um pouco confusa com a pequena figura com asas pretas à sua frente. 

    — O que é você? — pergunta, sem conseguir esconder em palavras o susto repentino. 

    — Haa… 

    — Quanto tempo passou desde que estive presa nesse caderno? Ahhh, não aguentava mais esse inferno… — comenta ela, com certo descontentamento. 

    — Se não fosse aqueles elfos idiotas, eu não teria ficado presa por mais de 1230 anos… — sussurra baixinho, antes de olhar para o garoto e analisá-lo da cabeça para baixo. 

    — Então, foi você? Você quem me libertou? É um prazer te conhecer, mestre. Meu nome é Elfina, e como você pode ver, obviamente você consegue ver, sou uma mainterne.

    Sem entender o que está acontecendo, o garoto pergunta com certa surpresa: — Mestre? Mainterne? 

    — Você não sabe o que é, mestre? Os tempos realmente mudaram, mas que loucura. 

    — Enfim, de onde eu começo a explicar… Certo, certo. As mainternes são armas que podem se transformar e ter ego, podendo até mesmo pensar e ter sentimentos próprios.

    — A princípio, as coisas nem sempre foram assim, no começo éramos só armas ou acessórios frequentemente usados pelos seres terrenos. Em algum momento, começamos a ter consciência e devido a isso, fomos usadas como armas e tals. 

    Após concluir a breve explicação, Elfina começa a pairar no ar e olhar para todos os arredores da floresta. Ela então fecha os olhos ao sentir o vento bater em seu rosto, com uma expressão de satisfação por finalmente estar livre. 

    — Você então era aquele livro e virou uma fada? 

    Imediatamente, assim que escuta isso, a expressão de Elfina muda rapidamente e ela volta seu pequeno olhar para o estudante. 

    — Que deselegante, mestre, por favor não me compare com aquela raça desprezível. Eles só sabem sonhar e viver em um mundo translúcido por insegurança de serem vistos pelos demais. Que coisa patética. 

    — Mas respondendo a sua pergunta, sim. Eu sou aquele livro, e se não fosse pelo seu sangue, eu não conseguiria me transformar. Fala sério, eu estava sem energia fazia séculos, eu só precisava de um pouco de sangue fresco — comenta em frustração, com as mãos cruzadas e um olhar perdido para longe. 

    — Deve ter sido complicado ficar isolada do mundo por tanto tempo… Mas, você antes comentou que era uma arma? E que eu agora sou seu mestre?

    — Oh, sim, sim. Sim, mestre. Os requisitos foram completos, assim que senti o seu sangue escorrer pelo meu corpo, o contrato foi finalizado. 

    — Eu sou uma arma ofensiva de criação e, por você ter me desperto e usado do seu próprio sangue para me saciar, agora temos uma ligação de mestre e servo — explica com o seu tom de voz animado, sem conseguir esconder o rosto vermelho. 

    — Então temos essa relação agora… Nada mal — responde o garoto. 

    “Uma arma com ego? Está falando sério? Que daora.”

    — Ainda que eu não tenha certeza de tudo que você falou, como eu faço para te usar como arma, Elfina? 

    — Oh, mestre… Sim, eu preciso. Se você quer me usar, e-eu… eu preciso de sangue — responde obcecada, com o olhar fixo no braço de Rei, que ainda tinha sangue escorrendo.

    — Ah… é, beleza, aqui — diz com o braço estendido, após perceber a intenção de Elfina. 

    — Ah, mestre, sim, isso mesmo. Obrigada pela refeição. 

    Momentos depois de dizer isso, Elfina com o estalar de seus pequenos dedos usa uma magia para drenar todo o sangue que escorre da mão de Rei, concentrando-o em um tipo de bola de sangue que paira sobre o ar. 

    E, com uma simples movimentação de seu dedo, ela leva o sangue até a sua boca e o toma por inteiro, como se aquilo fosse um copo de suco pouco depois de seu líquido ser sugado por um canudo. 

    — Kyaaa. Incrível, magnífico, esplêndido. Estava muito bom, mestre — comenta em êxtase, com o rosto vermelho e a voz levemente alterada. 

    — Certo… Tem como você virar uma arma agora? — indaga o garoto, com o tom de voz desconfortável e sem entender a reação dela por beber apenas um pouco de sangue. 

    — Minhas sinceras desculpas, mestre, já fazia algum tempo em que eu não bebia sangue, acabei agindo de forma instintiva — comenta Elfina, depois de perceber a sua reação.

    — Agora que eu estou carregada, consigo me oferecer-lhe todas as minhas habilidades por completo. — Dito isso, ela aproxima-se de Rei e se transforma novamente em um livro. 

    Diferente de antes, o livro inteiro parece se mexer, como se aquilo fosse um organismo vivo e em constante movimentação. 

    — Me abra agora — pede Elfina, em forma de livro. 

    Assim que escuta o seu comentário, Rei abre alguma página aleatória do pequeno livro. Quando ele inclina seu olhar para ver o seu conteúdo, ele nota que as folhas haviam mudado: as folhas tinham colorações diferentes umas das outras, além das inscrições e uma linguagem complementa desconhecida. 

    Esse padrão estranho parece se repetir, cada página contendo um idioma diferente com inúmeras figuras e descrições de feitiços e habilidades que ele nunca havia visto antes. Embora o seu conteúdo fosse de difícil compreensão, assim que Rei tenta entender o que está escrito em cada página, a complexidade parece diminuir e seu conhecimento aumentar. 

    — Meu senhor, agora você consegue ver? Deixe-me explicar agora o que você realmente precisa fazer. Cada folha é contêm uma série de encantamentos, feitiços e habilidades diferentes.

    — Você só irá conseguir usá-las se rasgar a folha em que precisa da habilidade. Assim que a folha é rasgada, outra irá surgir de volta no lugar depois de algum tempo, então não precisa se preocupar muito com isso. 

    — Você não sente dor ou alguma coisa assim se eu rasgá-las? — indaga por sua vez Rei. 

    — Dor senhor? Ah sim… A dor me excita, ela é a minha amiga. 

    — Como? 


     

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