Capítulo 58 - Você irá pagar, X

Apesar da forma que a pequena criatura com orelhas pontiagudas fala, o tom de sua voz é sempre alternado em algumas perguntas feitas por Rei, como se tivesse apenas zoando com toda a situação no geral. 

Mas neste momento, após ouvir a pergunta do estudante, Elfina troca de assunto rapidamente e começa a explicar seriamente sobre outras informações em relação às próprias habilidades. 

— Você não deveria pensar muito nisso, apenas saiba que algumas folhas irão demorar para surgir um pouco a mais do que as outras. Afinal, cada página é diferente, até mesmo a força mágica e complexidade muda. 

— Se a primeira página leva cerca de 10 segundos para surgir novamente depois de destruída, a segunda página irá demorar um pouco mais… É algo bem simples de entender.

— Se estiver curioso, vou te dizer algo interessante. Em algumas páginas estão listados os venenos mais mortais do mundo, em outras estão as melhores magias massivas de explosões, junção de elementos naturais, proteção mágica inferior e superior e assim por diante… Você não faz ideia da quantidade de magias e combinações que existem. — Assim que Elfina termina com a explicação, ela volta a atenção novamente para o cenário, com o olhar fixo no céu. 

“Está de brincadeira? Mas que absurdo… isso é realmente incrível. Eu não esperava que esse livro realmente tivesse todos esses tipos de magias complexas.”

“Eu já estava feliz o suficiente em conseguir usar o colar de Amahabele, que aumentou alguns dos meus atributos gerais… mas e pensar que isso aconteceria…”

Afirma em pensamentos o estudante, ao passo em que passa todas as páginas do livro, confirmando as palavras de Elfina. 

— Isso é incrível, Elfina! Mas que irado. Então, eu só preciso arrancar as folhas, mirar no alvo e tentar concentrar o éter nele? — pergunta o menor, sem conseguir esconder a animação em seu tom de voz. 

— Pelo olhar na sua cara, você deve ter realmente ficado bem animado, mestre. Sim, respondendo a sua pergunta, sim. 

— A maioria das páginas funciona dessa forma, claro que existem algumas que são necessários procedimentos iniciais e ingredientes vitais antes de seu funcionamento. 

— Ingredientes vitais? 

— Oh, sim. Isso não importa agora, mas você normalmente irá precisar de sangue em excesso para fazê-los funcionar… Hehehe. 

— Ergh… certo, certo, entendi, Elfina. 

Dito isso, o garoto então caminha em direção a algumas árvores espalhadas no local. Em seguida, sem pensar muito, ele abre o livro na primeira página, representado por um símbolo rúnico de gelo. 

Ao rasgar a folha no meio, mirar em uma das árvores a sua frente e concentrar o éter nela, pequenas lanças de gelo começam a surgir por debaixo da árvore, perfurando-a incontáveis vezes, até que esse processo é finalizado após um instante.

“Honestamente, eu não esperava que a diferença da habilidade desse livro em comparação com magias normais fosse tão ridícula a esse nível. Além da sua força, a magia foi lançada diversas vezes. É sério que esse é o nível mais fraco? Que imoral.”

— Gostou do que viu, mestre? — pergunta Elfina ainda na forma de livro. 

— Sim, isso realmente foi foda, Elfina. 

— Se esse foi o menor nível, quer dizer que existem outros níveis e procedimentos que preciso fazer para conseguir usar as outras folhas?

— Pode-se dizer isso, mas existem outros…  — Antes mesmo de concluir a sentença, as cores do livro e a sua movimentação tornam-se debilitadas. 

— Elfina? Você tá legal? —  pergunta o garoto assim que percebe a mudança repentina. 

Com a voz dois tons mais baixos, enquanto a escrita das folhas começa a sumir, Elfina responde com certa hesitação: — Mestre, não… O sangue, eu preciso de sangue. Não conseguirei me manter por muito tempo. 

— Preciso de sangue humano ou de outras raças inteligentes, o sangue de monstros não serve. Não quero que você use seu próprio sangue — comenta ela, impedindo o estudante de se cortar novamente.

—  Vou descansar por um tempo… Tenta conseguir algum sangue para que eu consiga despertar de novo, meu mestre. Acredito que mudar de forma tenha realmente me custado muita energia… droga. — No momento em que termina de falar, o livro se fecha e os comentários de Elfina são cessados. 

“Alimentá-la com sangue humano? Ok… Isso será um pouco complicado. Como conseguirei sangue humano…? Mas pensando bem agora, lembro que apenas um corte meu foi possível fazê-la despertar e se transformar.”

Com a mente enevoada, Rei acaba saindo daquela região e indo até o banco próximo, que fica perto do penhasco. 

‘’Em comparação com outros dias, hoje foi realmente intenso, estou cansado por tudo que aconteceu.’’

Assim que se senta no banco, não demora muito para o garoto perceber alguns passos e ruídos estranhos que vem da floresta ao redor. Talvez fosse apenas o vento ecoando pelas folhas, ou talvez fosse algum animal, mas para prevenir um possível imprevisto, o estudante acaba ativando a sua habilidade de Sentidos Aguçados. 

Em consequência, os seus sentidos são aumentados. O som de um pequeno barulho a distância pode ser ouvido por completo, quase como se alguém estivesse sussurrando em seu ouvido. Além da sua visão, que melhora em um grau surreal.

‘’Acho que estou pensando demais, talvez tenha sido apenas um animal… Não estou ouvindo mais nada agora.’’

‘’Pensando agora, aquela vidente estava certa. Antes de ir embora, ela havia comentado sobre esse livro, mas não tenho certeza de como ela conseguiu prever algo assim… será que preciso encontrar ela de novo? O rio Nertyrem não deve ficar longe daqui.’’

Perdido em pensamentos, o garoto acaba focando sua atenção neles e acaba ignorando um som crescente que vem da floresta atrás.  E, em um instante, alguém chega rapidamente por de trás do estudante e acerta a sua cabeça com um pedaço de madeira, fazendo-o cair e perder parte de seus sentidos. 

— Irmão, não precisava bater tão forte. 

— …

— Eu disse que ele ia pagar.