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    Após colocar a mão nos olhos e espreguiçar-se, o garoto ainda sonolento pelos acontecimentos da última noite, levanta da cama e dá alguns passos até sentar em um tapete no chão do cômodo, que sempre está quentinho por causa da lareira por perto. 

    Embora sempre fizesse silêncio naquele horário da manhã, todo o lugar está uma confusão completa por conta da conversa de Kazuki com Mia e Takayo, que estão no canto do quarto. 

    Apesar do estudante ter acordado devido ao tom de voz elevado das crianças, ele não parece ligar muito para isso — mesmo sendo sempre o último a acordar entre todos eles.

    A única coisa que Rei faz nesse momento é focar a sua atenção no que está acontecendo, enquanto tenta acordar e sair da preguiça pós sono. Escutando de longe a conversa, ele então descobre que Mia e Takayo haviam entrado em uma brigada no dia anterior. 

    Dois meninos da idade de Takayo o haviam ofendido, em consequência o menino acabou revidando e usando violência com ajuda de Mia, que não deixou barato aquelas ofensas baratas e deu uma boa surra nos valentões. 

    Com esse tipo de situação instaurada, Kazuki dá alguns sermões nos dois: Ele primeiro conversa com Takayo, pelo fato do menino não conseguir se controlar e partir em cima dos garotos por causa de algumas ofensas proferidas. 

    Em seguida, ele culpa Mia por tomar partido daquela brigua — no ponto de vista dele, a menina deveria medir as ações de todos e interferir naquele conflito, e não deixar seu amigo recorrer a violência e explodir. 

    Contudo, ainda que o homem-fera não concordasse com o comportamento das duas crianças, ele tenta consolor ambos no final, pondo um ponto final na discussão e mostrando certa empatia. 

    — De qualquer forma, o que eles fizeram não está certo! Então, caso vocês entrem em uma briga assim de novo, apenas pensem em vencer. Isso vale para você também, Mia — comenta Kazuki, levemente envergonhado pelo comentário, encorajando-os nesse tipo de comportamento. 

    Escutar aquele comentário faz Mia e Takayo levantarem o rosto, surpresos com aquele tipo de afirmação. E é nesse momento que Rei se aproxima e não perde a oportunidade de falar também. 

    — Uau, eu não esperava que você falasse algo desse tipo, Kazuki. Você é sempre tão protetor. 

    — Rei?! 

    — Falou de briga! É comigo mesmo — declara o estudante, aproximando-se de Mia e Takayo para cochichar algo em seus ouvidos.

    Um sorriso então forma-se no rosto deles, antes de saírem correndo após a chegada de um elfo no cômodo, chamando-os para a ala de auxílio infantil, assim como no dia anterior. 

    — O que você disse para eles? — indaga Kazuki, com o olhar fixo no rosto de Rei. 

    — Eu? Bem… segredo — responde com as mãos no bolso e um sorriso bobo no rosto, dando alguns passos para o lado de fora do quarto. 

    Sem entender a resposta do estudanre, Kazuki o segue logo atrás, caminhando em direção a ala de alimentação, assim como eles haviam feito no dia anterior. 


     

    — Estava pensando em encontrar a vidente. Falar com ela sobre o que aconteceu antes… — comenta o estudante, sentado no banco de trás do refeitório acompanhado de Kazuki ao lado. 

    — … Você sabe, eu não sou de acreditar nesse tipo de baboseira. Mas desde que consegui o livro que ela previu, a primeira coisa que me veio a mente foi aquela velha.

    Quando termina de contar o seu plano, o garoto percebe um olhar de desaprovação de Kazuki, como se estivesse estranhando aquele comportamento. Seus olhos parecem dizer: “Mas o que você vai fazer se encontrar ela?”

    — Ah, qual é. Não me olha assim. Ela disse que ficava perto do rio Nertyrem ou algo do gênero. Então, você sabe, eu preciso perguntar se ela viu alguma coisa a mais sobre o meu futuro, eu realmente tô curioso sobre isso. 

    — Além disso, eu senti que ela estava escondendo alguma coisa. Não sei se estou viajando, ou se ela estava sobrecarregada e cansada, mas tem alguma coisa me deixando inquieto — comenta enquanto pega alguns alimentos em cima da mesa, colocados por um elfo distribuindo para outras mesas. 

    Ao perceber a determinação nos comentários do estudante, Kazuki acaba por soltar um suspiro baixo e apenas concordar com a cabeça diante daquela ideia. 

    — Ok, certo. Eu vou com você então. 

    — Não vou te deixar sozinho de novo… O que aconteceu hoje de madrugada, não quero que aconteça algo similar com você — comenta firmemente, após aproximar o rosto e olhar nos olhos do garoto. 

    — F-fechado então… mas eu já te disse para não se preocupar tanto comigo, agora eu tenho o colar de proteção. Lembra?! — declara nervoso, não conseguindo se concentrar com a aproximação inebriante do homem-fera. Desviando seu olhar para longe. 

    — Mesmo com o colar… se você… ainda quiser ir comigo… seria legal — comenta baixinho logo em seguida. 

    — Obrigado. — Kazuki responde com um sorriso, ainda com o olhar voltado para Rei. 

    Depois da conversa que se prosseguiu a isso e de finalizar a pequena discussão, Rei e Kazuki saem do refeitório e caminham em direção a entrada do refúgio. 

    Antes que pudessem seguir caminho e chegar na vila próxima do rio Nertyrem, ambos começam a buscar informações sobre aquela pequena região com os elfos — afinal, eles não sabem de nada sobre ela e não conhecem o caminho até lá. 

    Apenas os residentes de Svishtar conheciam aquela zona. Assim que o estudante pergunta para um elfo no portão do refúgio sobre aquela vila, ele comenta que normalmente os elfos descem ao menos duas vezes ao mês para ajudar os aldeões daquela vila.

    Porém, por causa dos últimos acontecimentos causados pela guerra, os elfos não estavam mais descendo. 

    Continua… 


     

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