Índice de Capítulo


     

    Depois que Rei e Kazuki passam por Svishtar, eles descem o caminho entre as montanhas abaixo do precipício, assim como orientado por Círdan em seu pequeno mapa criado de forma improvisada. 

    Em comparação a floresta que reveste toda a região do refúgio e se estende por vários quilômetros adiante, à medida em que o estudante desce o caminho estreito, a pequena estrada torna-se cada vez mais íngreme devido às rochas e pedregulhos acumulados nos cantos. 

    Embora fosse difícil passar, o verdadeiro problema não estava no espaço, mas sim nos insetos, cobras, baratas e outros tipos de animais pequenos que reveste boa parte da estrada. 

    Quando nota que precisará descer ainda mais para chegar no vilarejo, o garoto revira os olhos para o lado e pensa por um breve momento, antes de olhar para o companheiro: “Como aquela velha conseguia passar por aqui, hein?” 

    Por outro lado, Kazuki parece tranquilo e ignora o fato dos inúmeros insetos e cobras pela zona — como se estivesse acostumado com aquele tipo de situação. 

    Observando todos os arredores enquanto desce cuidadosamente, o cansaço de Rei aumenta e ele começa a transpirar, tendo que prestar mais atenção em seus passos, um único deslize e ele poderia cair e derrubar Kazuki à sua frente. 

    — Isso não tem fim? — comenta pausadamente, ofegante. 

    “Mas que inferno de estrada é essa? Sei que não estou acostumado em caminhar e estou bem sedentário, mas não pensei que teria que mostrar essa visão patética para o Kazuki.”

    “Na realidade, como ele pode estar tão bem com essa situação? Já estamos a mais de duas horas caminhando e ele sequer ofegou ou parou para respirar.”

    “Será que isso é o físico dele ou é por causa da sua raça? Ele tinha falado sobre a resistência física dos homens fera, mas não acho que a raça dele seja tão resistente assim…”

    “Talvez seja por causa do treinamento de espadachim? Bem, de qualquer forma, a minha respiração está pesada, preciso aguentar até chegarmos. Não devemos estar muito longe.”

    — Que droga de estrada é essa! Como caralhos o pessoal consegue passar por um lugar tão estreito e perigoso? E olha que estamos de manhã, imagina como essa região deve ser a noite — comenta o estudante entrecortadamente, limpando o suor no rosto com as duas mãos. 

    — Você está bem? — pergunta o homem-fera, ao parar de andar e olhar para trás. 

    — Eu pareço bem pra você? — responde com ironia e olha de relance para o companheiro. 

    — Se você estiver cansado, o que acha de pararmos um pouco para descansar? 

    — Não vai dar, cara. Se pararmos nessa estrada infestada de insetos e animais, estaremos fodidos. O melhor é seguir em frente, eu posso aguentar por mais algum tempo, relaxa mano, de qualquer forma já devemos estar chegando — declara por fim Rei, após colocar a mão no ombro de Kazuki e caminhar em sua frente. 

    O propósito do estudante foi tranquilizar Kazuki, mas o comentário dele só deixa o companheiro com mais preocupação e raiva.

    “Por que ele sempre tem que agir assim? As coisas sempre precisam seguir da forma mais complicada possível, então… por quê? Eu estou do seu lado, então por que não me pede ajuda também?

    Afirma em pensamentos Kazuki, após morder o canto da boca, com raiva do estudante sempre tomar a iniciativa das decisões e nunca pedir ajuda quando necessário. As expressões dele sempre eram como um livro aberto, Kazuki nunca soube esconder muito bem seus sentimentos, além de seu rabo e orelhas que se moviam de acordo com o seu humor. 

    Nesse momento, ainda com esse pensamento em mente, o homem-fera caminha apressadamente e ultrapassa Rei. Em seguida, ele se agacha na frente do menor, como um gesto para ele subir em suas costas. 

    — Sobe aí — diz agachado. 

    — O que você está fazendo?! — pergunta surpreso, mas mesmo estando envergonhado com a cena, após um tempo pensando, Rei decide subir nas costas de Kazuki e envolver os braços em seu pescoço. 

    Há um pequeno silêncio quando o estudante é levantado. O rosto de Rei então simplesmente cora no momento, ao sentir o seu peito contraído com as firmes costas de Kazuki. 

    — Eu estou tentando ajudar, mas não sei se estou sendo de grande ajuda… 

    — Digo, eu não sabia o que fazer, então acabei me oferecendo para te carregar…  — Kazuki comenta seriamente, ainda com o pensamento de antes em mente. 

    — Está… tudo bem, valeu pela ajuda. Mas… eu pareço uma criança para você? — pergunta o estudante, na tentativa de esconder a vergonha em suas palavras agressivas. 

    Seu rosto transbordando de emoção, sem conseguir deixar de pensar no quão perto está de Kazuki, não gostando para onde seus pensamentos rebeldes estão se dirigindo. 

    — N-Não precisa levar para o pessoal. Só estou tentando ajudar, você pode descer a qualquer momento se desejar — comenta o homem-fera, mas sem dar-se conta da tensão fluindo pelo corpo. 

    — Certo… obrigado pela ajuda. Foi mal pela pergunta, não foi a minha intenção ter falado daquela forma… 

    — Ah, s-sem problemas…  — Kazuki guagueja, tendo sido pego de surpresa pelo tom de voz baixo e suave de Rei. 

    “Droga… estamos muito próximos. Consigo sentir o seu coração acelerando cada vez mais do que o normal… é como se fosse explodir.”

    “O seu cheiro é tão forte e gostoso… será que são os seus feromônios? Um cheiro de chocolate quente, aconchegante e que me remete a minha casa…” 

    Pensa Rei, aproximando seu nariz para cheirar a nuca de Kazuki. 

    — R-rei?!! 

    Continua… 

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 0% (0 votos)

    Nota