Capítulo 70 – Capturada e possivelmente morta? X.
Depois de nadar por alguns minutos, o garoto decide apoiar seus braços em uma pequena rocha de calcário perto do rio, no intuito de descansar um pouco após todo o suor do seu corpo finalmente desaparecer — como se a sensação anterior de todo o cansaço infernal de descer aquela estrada estreita não existissem mais.
Ele permanece assim, deixando o precioso tempo passar, observando o cenário do vilarejo de longe, imerso em pensamentos e sem prestar atenção em nenhum outro detalhe além da sua própria linha de pensamento.
A sensação de água fria batendo no corpo faz ele se perder mentalmente. Várias dúvidas surgem e o estudante começa a se perguntar o que ele tinha feito até aquele momento.
Kazuki, enquanto isso, nada e mergulha na outra parte do rio, sem muitas preocupações e divertindo-se no processo. Embora o homem-fera no começo não concordasse em nadar, ainda mais devido ao anoitecer que estava chegando, a sua opinião mudou repentinamente momentos depois ao sentir a água refrescante em sua pele.
Lentamente, os dois sóis na atmosfera somem e a escuridão começa a ganhar cada vez mais forma. E é nesse instante que inúmeras pessoas passam por uma estrada que fica bem ao lado do rio Nertyrem. Estrada essa que é a mesma ligada ao caminho para o refúgio, no qual o garoto usou em sentido contrário para chegar próximo ao vilarejo.
Rei então olha para uma das pessoas que estão a caminhar perto de onde ele está no rio. Ele logo nota a figura de uma mulher próxima, com uma expressão fechada e um capuz que cobre o seu rosto até a altura da cabeça, mostrando apenas os dois olhos esverdeados e uma parte visível de seu rosto esbranquiçado.
— Com licença moça, mas você sabe o que está acontecendo? Por que tem tantas pessoas saindo do vilarejo? — indaga ele, com o olhar inclinado para a desconhecida.
Após receber aquela pergunta inesperada, a mulher com capuz preto para de marchar e volta seu olhar para Rei. Em contrapartida a sua súbita reação, os seus olhos são carregados de descrença e confusão.
— Você não sabe?! — responde ela com uma pergunta irônica.
Este conteúdo está disponível no Illusia. Se estiver lendo em outro lugar, acesse https://illusia.com.br/ para uma melhor qualidade e maior velocidade.
Ao seu lado está uma menina, segurando uma bolsa de couro não muito cheia, possivelmente com 2 ou 3 peças de roupas no máximo. Além de um olhar assustado e uma expressão hesitante estampada em seu rosto.
Não recebendo uma resposta do estudante, a mulher solta um suspiro e responde em seguida: — Eles já começaram a caçar as bruxas.
— Caça às bruxas?
Rei acha isso estranho.
— Tsk… Parece que você não é daqui. — Dessa vez, ela responde sem paciência, assim que nota a reação de Rei.
— Você deveria se afastar desse lugar o quanto antes, se não pode acabar sendo envolvido em todo o caos que está acontecendo, garoto.
Quando termina com a declaração, a criança ao seu lado começa a tremer e alguns soluços são ouvidos. Por conta disso, a mulher se agacha e tenta acalmá-la.
Nesse meio tempo, as outras pessoas que estão com a mulher partem com pressa na entrada, deixando-a sozinha enquanto explica a situação para o garoto.
— Droga! Depois que aqueles fanáticos seguidores daquela deusa de merda da Vermeti tomaram conta do vilarejo, tudo começou a desandar…
A voz da mulher estava tremendo um pouco.
Este conteúdo está disponível no Illusia. Se estiver lendo em outro lugar, acesse https://illusia.com.br/ para uma melhor qualidade e maior velocidade.
— Seguidores da deusa Vermeti? Eles estão aqui? — pergunta Kazuki, ao ouvir parte da conversa entre os dois.
— Sim, isso mesmo. Aqueles filhos da puta estão aqui. Isso aconteceu a alguns dias atrás e depois disso… tudo começou a dar errado. Não sei se vocês conhecem Vermeti, mas ela é uma deusa que prega que todos os tipos de magia, tirando aquelas que são do tipo sagradas, são consideradas pecaminosas.
— Se você pratica magia de água? Vai pagar com a vida. Magia de fogo? Vai pro inferno por isso! Isso chega a ser ridículo em tantos níveis, sendo que a maioria da população nasce com aptidão em algum tipo magia, ou seja 90℅ para cima da população morreria assim… Quanta baboseira meu deus.
— Além disso, os seguidores doentios dessa deusa pregam que é uma blasfêmia e é ultrajante indivíduos que possuam ou usem habilidades mágicas. Eles os consideram como “bruxas” ou “bruxos”.
— Até ai tudo bem. Cada um com a sua religião, quem somos nós para julgar, não é mesmo? Acho estranho, mas não posso fazer nada em relação a isso. Mas o verdadeiro problema nisso é que eles são um bando de hipócritas que usam da própria magia sagrada para matar e forçar outras pessoas a entrarem nessa religião de merda. Para no final, usarem-na como um meio para ganhar dinheiro e matar indiscriminadamente.
A expressão no rosto da mulher de olhos esverdeados então fica atordoado por um breve momento, o timbre da sua voz muda e ela tenta acelerar a explicação após perceber que o restante dos aldeões que antes estavam com ela na estrada, já haviam partido.
— A minha mãe… só porque ela tinha uma habilidade do tipo terra, que conseguia fazer o solo ficar mais fértil, eles a acusaram de bruxaria — comenta sem conseguir esconder algumas lágrimas de escorrerem do rosto.
— Eu preciso ir embora antes que eles me achem, minha mãe me fez ganhar tempo, eu não queria ir embora e deixar ela para trás. Mas eu… eu não posso fazer nada, eu não tenho força nem poder, por isso vou pedir ajuda.
Dito isso, ela levanta e segura a criança que está grudada em sua perna em seu colo — que possivelmente seria a sua filha. Em seguida, segue a estrada sem nem mesmo se despedir.
— Eu sinto muito pelas coisas que você passou. Não consigo nem imaginar o tanto de sofrimento que você teve que passar… — comenta o estudante.
Este conteúdo está disponível no Illusia. Se estiver lendo em outro lugar, acesse https://illusia.com.br/ para uma melhor qualidade e maior velocidade.
— Antes de ir, você sabe alguma coisa sobre alguma vidente no seu vilarejo? Estamos procurando por ela — pergunta ele de longe, para que a mulher pudesse ouvi-lo.
— Vidente? Humm… você está falando da Tyrant? Ela é a única que pode ser chamada assim, eu acho.
— Tyrant? Ah, eu acho que esse é o nome dela. Você sabe onde ela tá?
— Bom… acho que você não vai gostar das notícias, mas…
— A Tyrant foi uma das primeiras a serem pegas, junto com outras mulheres que praticavam magias elementalistas.
Após escuta-la, Rei e Kazuki ficam surpresos com tais palavras e se entreolham assustados.
Continua…
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.