Capítulo 75 - Um plano perfeito, serião. X
Com toda aquela informação em mente, em vez de terminar a conversa, o estudante decide perguntar cada vez mais sobre o assunto.
— Onde vai ser o julgamento?
— Na frente da prefeitura do vilarejo. Lá estará reunido os grandes líderes.
— Na… prefeitura?
— Sim, os preparativos já estão prontos. Todos os fiéis prepararam a fogueira desde o amanhecer antecipadamente. Ao anoitecer, depois que as bruxas forem escoltadas, cada uma delas será sentenciada.
Mesmo que estivesse sob um forte efeito da habilidade de Rei, o tom de voz do homem após respondê-lo é levemente alterado, dando um olhar muito frio para Kazuki e Rei.
Um sorriso malicioso forma-se em seu rosto, ainda inconsciente — como se o sentimento perverso de felicidade e satisfação após dizer aquelas palavras ultrapassassem os efeitos da habilidade do estudante, ainda que a diferença fosse mínima: deixando apenas transparecer pequenas expressões faciais ou a própria entonação da voz.
A cada minuto que passa, conversar com aquele homem torna-se cada vez mais desagradável — o que faz o estudante morder os lábios com força, com raiva daquele tipo de situação.
Percebendo isso, Kazuki chega perto de Rei, e levanta o seu queixo.
— O que você está fazendo? Pare de morder os seus lábios, está começando a sangrar! Ainda que esteja com raiva, não deveria se machucar dessa forma — comenta zangado o homem-fera, com o olhar fixo nos olhos do estudante e os dedos em seu lábio.
“P-Por que está fazendo isso do nada? Estamos tão perto um do outro, mas o seu olhar, é como se estivesse me dizendo: chega disso!”
Após receber aquele aviso, Rei apenas rola os olhos para o lado e responde: — Relaxa, você não precisa se preocupar tanto, eu sempre faço isso. Não vai acontecer nada. Além do mais, posso usar minha habilidade de cura, sacou?
Antes que o homem-fera pudesse responder ou dizer algo como “mesmo assim…”, ele apenas retrocede e dá alguns passos para trás, sabendo que seria incapaz de mudar o comportamento do seu companheiro. Ao menos, naquele exato momento.
— E a vidente? Você sabe alguma coisa sobre a vidente? — indaga Rei, com a atenção agora voltada para o fanático.
— Está falando sobre a Tyrant? Veja bem, essa foi a mais difícil de ser capturada. Ela usava vários tipos de habilidades, sempre conseguindo escapar dos outros fiéis que a perseguiam, por algum motivo estranho. Se ela não tivesse priorizado a vida de outros aldeões pecadores, conseguiria facilmente escapar. Que mulher tola!
— Hahahaha
Ele ri como um louco depois de dizer isso.
“Filho da puta doentio! Nem parece que a minha habilidade está ativada, pela forma como consegue falar e expressar seus sentimentos de forma tão natural…”
“Foda-se, não consigo mais conversar com esse desgraçado. Consegui todas as informações que estava procurando, então eles conseguiram pegar aquela velhota.”
“Quer dizer que a cerimônia ou seja lá o que for, vai acontecer na frente da prefeitura essa noite. Deve ser tempo o suficiente para conseguir me preparar até lá.”
“Antes de pensar nisso, vamos terminar com essa conversa logo. Tô precisando descontar a minha raiva em alguma coisa.”
— Entendo, cara, vou indo nessa então — diz o garoto, ao dar as costas para partir.
— Mas antes de sair, espero que você não se importe, depois de ouvir toda essa merda, você conseguiu me deixar realmente puto.
Após o comentário repentino do estudante, ele desativa a sua habilidade de sedução no fanático. E, no momento em que o homem volta aos sentidos, a única coisa que ele vê em sua frente é um punho vindo em direção ao seu rosto.
Apenas um soco de Rei foi o suficiente para deixá-lo inconsciente e caído no chão — Mal servindo como um saco de pancadas ou para aliviar a raiva momentânea.
Quando o garoto dá de costas e se retira do local, a única coisa que sai da boca do fanático antes de desmaiar é: — Hã? O que eu estava fazendo…?!
Após caminhar o suficiente e chegar em algum beco do vilarejo, Rei fica parado na estrada e olha ao redor. Não havia ninguém naquela região remota, sequer uma alma viva, somente algumas pequenas casinhas fechadas e uma rua lotada de sacos de lixo e sujeira residual causada pela poluição natural.
O estudante antes de prosseguir, encosta suas costas em uma parede próxima e comenta: — Eai, Kazuki. O que você acha?
— Hmm? — Ele inclina a cabeça em dúvida, após escutar a pergunta.
— Sobre o que aquele cara disse. O massacre que vai acontecer essa noite, você tem alguma ideia de como evitar aquela merda de acontecer?
Com base em toda a informação reunida, o homem-fera demora um pouco para responder.
— Não sabemos quantos fiéis estarão presentes, mas o melhor não seria criar uma distração quando as bruxas chegarem? Nesse momento, você poderia usar a sua habilidade explosiva, como na vez que você lutou contra o demogorge, acertando assim a maioria dos fanáticos — responde Kazuki, mas ainda em dúvida sobre essa solução.
— Bem, não é uma ideia ruim, mas acho ela simples demais. Provavelmente os fanáticos iriam desconfiar, além do mais, o que usamos como “distração”? Acho esse plano bem arriscado. Vamos pensar em algo melhor.
“O que podemos fazer? Está começando a anoitecer e ainda não sabemos ao certo como resgatar as vítimas. A esse ponto, o melhor seria entrar em um confronto direto com os fanáticos, mas não sabemos quantos deles estarão presentes, isso é bem arriscado.”
“Não consigo pensar em algo, talvez a ideia de Kazuki de criar uma distração seja a melhor solução. Pensando agora, talvez a Elaine possa dizer algo.”
“Elfina, você consegue me ouvir?”
Pergunta mentalmente o estudante.
“Sim, mestre. Em que posso ajudar?”
Responde ela.
“Preciso que você me ajude com…”
Assim que explica toda a atual situação para Elfina, o pequeno ser de asas pretas responde calmamente: — Mestre, por que você não me usa? Vamos, me use. Acredito que na minha 8° página, você irá encontrar uma magia de explosão em área eficiente. Isso deve ser mais do que o suficiente para criar um grande caos no momento.
“O que adiantaria criar um grande caos, Elfina?”
“Mestre, quando o caos for instaurado, você poderá aproveitar desse momento para usar outras habilidades de longo alcance e eliminar o máximo de fanáticos possíveis.”
“Pense comigo: Quando você ativar a habilidade de explosão, toda a área estará cercada de poeira por causa do impacto — como uma grande neblina. Neste instante, você poderá usar outras habilidades de longo alcance. Fácil e simples, não acha?”
“A única coisa que você precisa fazer é configurar as minhas runas e páginas, depois disso é só… bang bang. A quantidade de sangue fresco que irá jorrar… não consigo esconder a minha animação.”
Escutar aquela explicação de Elfina faz o garoto colocar a mão no rosto — e, ainda que aquele não fosse um dos melhores planos, possivelmente iria funcionar.
O único problema desse plano era encontrar um local com um relevo elevado e configurar meticulosamente as runas das folhas do livro.
“Certo, vou confiar em você, Elfina.”
Declara Rei.
“Sim, mestre. Me sinto honrada.”
Responde ela com um sorriso perverso no rosto, sem conseguir esconder o sentimento de êxtase ao imaginar a quantidade absurda de sangue que seria derramado.
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