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    Início da noite. 

    Apesar da maioria dos cidadãos em frente à prefeitura não concordarem com as atrocidades dos fanáticos, eles ainda permanecem em silêncio e sem demostrar quaisquer sinais de culpa ou remorso em seus semblantes.

    Na realidade, quem não estivesse presente naquele local e naquela hora exata, seria considerado um pecador, alguém que não está de acordo com os preceitos estabelecidos pela deusa Vermeti — assim como propagado pelos religiosos. 

    Entretanto, no momento em que as bruxas aparecem sendo escoltadas pelos guardas e fiéis da região, a expressão no rosto de muitos dos cidadãos muda rapidamente, sem acreditar que aquele tipo de coisa pudesse realmente estar acontecendo. 

    Antigamente, todo mundo conhecia todo mundo naquele local, e pelo fato do vilarejo sempre ter sido uma região relativamente pequena, todos se tratavam como vizinhos. Mas agora, os cidadãos parecem distantes uns dos outros. 

    Alguns até se lamentam internamente pelo rumo que o vilarejo parece tomar com aquele tipo de ideologia, enquanto outros parecem adotar os ensinamentos vis dos fanáticos, gritando em resposta para que as bruxas fossem queimadas.

    Uma visão deplorável, sem dúvidas. Pessoas que não fazem parte do grupo dos fiéis, apoiando seus atos hediondos devido meramente à influência de seus ensinamentos. 

    No momento seguinte a isso, todos puderam sentir o clima ao redor mudar repentinamente para algo extremamente frio. E, assim que uma grande multidão se reúne para ver o que aconteceria com as bruxas, Wat surge entre os fiéis. 

    Vestido com uma roupa vermelha e com um cálice dourado nas mãos, o homem que mais assemelha-se a um anjo, caminha até as bruxas que estão sendo aprisionadas pelos fiéis. 

    Em seguida, ele inclina seu rosto para a multidão próxima e comenta com certa eloquência. 

    — Cidadãos de Astrir! Hoje ocorrerá o julgamento dessas pecadoras reunidas aqui — declara com o timbre de voz elevado, apontando para as mulheres. 

    — Como todos sabem, assim como a luz que vem do sol, sempre haverá uma escuridão que não pode ser dissipada pela luz. Sendo assim, sempre haverá sacrifícios necessários no mundo. 

    — Estamos apenas propagando os ensinamentos sagrados de nossa progenitora, a deusa Vermeti! Que nos concedeu a benção de espalhar sua santificada religião ao redor dos continentes. 

    Dito isso, ele deixa o cálice dourado com um dos fiéis por perto e mergulha as mãos na água. E, à medida que a sua declaração estende-se por vários minutos, a atenção de todas as pessoas da região volta-se para a sua figura. 

    — Esses pecadores que estão atrás de mim utilizam magias não sagradas, sujando o mundo com a sua malícia! Então por meio desse julgamento, viemos aqui pedir a deusa Vermeti por sua clemência e benção, para que possa eliminar e purificar todas as sujeiras desses indivíduos. 

    Após o pronunciamento, Wat afasta-se um pouco para jogar os resquícios da água de suas mãos nas mulheres aprisionadas — como se estivesse apenas seguindo um tipo de ritual de purificação.

    Quando termina com o processo de purificação, ele prossegue com seu interminável discurso com um sorriso estranho no rosto, sem desprender a atenção de todos os cidadãos e fiéis do local. 

    Enquanto isso, naquele mesmo momento em que o discurso está acontecendo, Rei já havia terminado com os preparativos finais do seu plano. 

    Observando toda a cena de certa distância, afastado de toda a multidão, o estudante que está em cima do telhado de uma casa abandonada, vira seu rosto para o companheiro ao lado.

    — Vamos fazer de acordo com o plano, antes que eles comecem a fazer o pior com aquelas mulheres — diz Rei com o tom de voz sério, com o olhar voltado para Wat.

    — Você consegue ver aquela velhota de longe?! — aponta o dedo para a Tyrant. —  Kazuki, você precisa se aproximar dela, tenta usar a multidão como um meio para chegar até lá, e no momento em que eu configurar a minha habilidade e criar uma explosão, você liberta ela, sacou? 

    Em resposta, o homem-fera apenas concorda. 

    — É bem simples. Quando eu configurar o local onde a minha habilidade irá cair, no momento em que você ouvir o barulho da explosão, você vai até as bruxas e começa a soltá-las.

    — Isso vai dar certo mesmo? Mas e quanto a você? — pergunta Kazuki com a voz em hesitação. 

    — Você tá preocupado comigo? Hehehe. 

    O estudante deixa alguns risos saírem com a resposta, antes de comentar de volta com seriedade sobre o assunto: — Não precisa se preocupar tanto comigo, você que deveria se preocupar mais com você! Eu tenho o colar de proteção, lembra? Sei que esse não é o melhor dos planos, mas vai ter que ser isso, estamos sem tempo para pensar em outra coisa no momento. 

    Quando termina de falar, o estudante nota que os fanáticos começam a agir, escoltando duas das bruxas até a fogueira. 

    — Droga…! Eles já estão começando a pegar as bruxas, precisamos agir logo, Kazuki! Se não elas vão morrer. 

    — Poha… — xinga o homem-fera, ao sair de cima do teto e correr o máximo possível, até chegar próximo da multidão à baixo. 

    “Está brincando comigo? Eles pegaram a vidente. Então pretendem matar ela primeiro? Droga…” 

    “Vamos ter que acelerar as coisas. Por que ela teve que ser justamente a primeira a ser escoltada até a fogueira? Merda…” 

    Declara em pensamentos o garoto, organizando os feitiços encantados do livro. 

    Continua… 


     

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