Capítulo 14: A Runa que Levanta
O ar estava denso, carregado com uma energia antiga que parecia sussurrar através das paredes. Nero e Lacefull estavam cercados pelo silêncio esmagador. Mas, as patas abaixo do subsolo de Luwang causavam pavor a quem os escutasse.
Eles se moviam cuidadosamente por um corredor estreito, onde as luzes brilhavam fracamente em tons de roxo, iluminando os rostos cansados e ansiosos dos dois. Cada passo parecia mais pesado, como se algo invisível estivesse em suas costas.
— Por que está tão quieto agora? — Lacefull murmurou, olhando para trás.
Nero parou, erguendo a mão para silenciá-lo. Ele apontou para a frente, onde o corredor se alargava numa grande câmara. A luz púrpura iluminou o redor, refletindo em pilares desgastados e símbolos cravados no chão.
Ao entrarem na sala, Lacefull hesitou.
— Não gosto disso… parece uma armadilha.
O chão então vibrou uma última vez.
E antes que pudessem reagir, uma explosão de terra e pedras revelou Luwang, que surgiu do solo com um rugido ensurdecedor. Kyogre apareceu logo atrás dela, seu manto negro esvoaçando com o movimento. Ele ergueu a espada lentamente, o brilho da lâmina refletindo as luzes das runas ao redor.
— Vocês dois têm o hábito irritante de sobreviver. Mas, infelizmente, isso termina agora.
Luwang avançou, atacando com suas mandíbulas afiadas. Lacefull gritou e tentou desviar, enquanto Nero com sua espada, bloqueou um golpe direto da criatura.
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— Não temos saída! — Lacefull gritou, sua voz ecoando pela câmara.
Nero deslizou para o lado, desviando de outro ataque de Luwang e logo disparando um chute contra seu focinho, o qual fez ela recuar. Ele olhou em volta, procurando desesperadamente por algo que pudesse usar a seu favor.
Kyogre aproveitou a brecha e avançou como o vento, posicionando sua espada contra o peito de Nero a fim de finalmente cortá-lo. A lâmina, pouco centímetros acima de seu peito, começou a tremular e…
Vwoom!
Uma poderosa runa mágica foi lançada contra Kyogre. A magia foi capaz de lançar o caçador para fora da Biblioteca, destruindo o seu teto. Luwang que estava a todo custo avançando em Lacefull, começou a correr até seu mestre para salvá-lo.
No centro da sala, um pedestal com um símbolo desgastado começou a brilhar. As runas nas paredes ficaram mais intensas, e um zumbido baixo encheu o ar.
— Essas visitas indesejadas…
De repente, uma explosão de luz emergiu do pedestal, empurrando todos para trás.
Do meio da luz, uma figura alta e imponente começou a se formar. Primeiro, suas mãos, cobertas por placas metálicas antigas, depois seu corpo esguio e brilhante, até que sua máscara, uma fusão de máquina e carne, foi revelada.
K’tharr havia retornado.
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Ele olhou para cada um dos presentes, e sua voz reverberou pela sala, como um trovão controlado.
— Vocês já fizeram muita bagunça aqui neste local sagrado. O que tem a me dizer sobre isso?
— Em nossa defesa, foram eles que começaram — falou Lacefull.
— Não interessa! — gritou K’Tharr. — Vocês foram agraciados para levarem consigo o conhecimento de gerações de estudos. E agora destroem tudo como se fosse uma brincadeira?
— Olha, eu posso explic-. — Sumam daqui!!! — interrompeu K’Tharr com um grito que estremeceu aquele local.
O grito de K’Tharr reverberou pelas ruínas, fazendo ecos entre as paredes desgastadas. Nero inclinou levemente a cabeça, seus olhos avaliando a figura imponente à sua frente, enquanto Lacefull parecia dividir seu foco entre K’Tharr e a saída mais próxima.
— Eu falei para sumirem! — repetiu K’Tharr, cada palavra carregada de fúria. Ele ergueu uma das mãos, e uma série de símbolos luminosos apareceram ao seu redor, flutuando como fragmentos de uma linguagem esquecida.
Lacefull ergueu as mãos em sinal de rendição, tentando desesperadamente apaziguar o guardião.
— Certo, certo, estamos indo! Mas, só para constar, a gente realmente tinha tudo sob controle.
K’Tharr o encarou com um olhar fulminante. A energia ao seu redor cresceu, e uma pressão esmagadora preencheu o ambiente, tornando difícil respirar.
Antes que K’Tharr pudesse agir, Nero se moveu. Ele puxou Lacefull pelo braço em direção ao corredor mais próximo. Lacefull tropeçou nos primeiros passos, mas logo recuperou o equilíbrio, acompanhando Nero enquanto olhava por cima do ombro.
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— Droga, se não fosse esse mago esquisito, a gente teria ganhado ! — gritou ele, ofegante.
Nero apenas seguiu em silêncio, com o olhar fixo no caminho à frente.
De trás, a voz de K’Tharr ecoou mais uma vez, acompanhada por um estrondo ensurdecedor.
— Se insistirem em continuar por este caminho, não sobrará nada de vocês para contar história.
O chão tremeu violentamente, e partes do teto começaram a desabar. Lasers de energia azulada foram lançadas atrás deles, atingindo as paredes e criando explosões que lançavam detritos em todas as direções.
— Ele não está brincando! — gritou Lacefull.
Nero acelerou o passo, desviando agilmente dos escombros que caíram.
Mas antes que pudessem se afastar o suficiente, um campo de energia surgiu à frente, bloqueando a passagem. Era como uma barreira viva.
K’Tharr surgiu atrás deles, caminhando com calma, a postura rígida e autoritária.
— Não podem escapar do peso de suas ações. Vocês ousaram brincar com o que não compreendem.
Lacefull, ainda tentando recuperar o fôlego, se virou para encarar o guardião.
— Ouça, senhor guardião… ou K’tharr… ou seja lá qual for seu título impressionante. Não viemos aqui destruir nada, juro! Só… tivemos um encontro desagradável.
— Não justifica o caos que trouxeram a este lugar sagrado! — gritou K’Tharr. Ele deu um passo à frente, e as runas no chão se acenderam, formando padrões complexos ao redor dele.
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Lacefull recuou mais um passo.
— Ai… você não quer usar aquela luz de novo, quer?
Antes que pudesse responder, Nero deu um passo à frente, encarando K’Tharr com um brilho de determinação em seus olhos. O silêncio entre os dois era carregado, como se travassem uma batalha sem palavras.
Finalmente, K’Tharr ergueu uma mão, e a energia ao seu redor começou a se condensar, formando uma esfera pulsante. Ele lançou um olhar para Lacefull, depois para Nero.
— Prove que são dignos do conhecimento que procuram. Ou pereçam como todos os outros.
O campo de energia ao redor começou a encolher, forçando os dois a uma escolha: lutar ou encontrar outra saída.
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