Capítulo 6: Coração Puro
— Ela parece meio esquisita — falou uma voz masculina, com um tom forte.
— Essa garota realmente vive aqui? Ela tem um rosto bonito demais.
Acolyn estava desacordada, em volta de quatro homens, um pequeno grupo da tribo “Labalaba”, do Reino Selvagem.
Um deles se apresentava como Lingue, ele era o líder do grupo e da tribo. Tomou a iniciativa e se aproximou da garota indefesa.
— Lingue, o que vai fazer? — perguntou Maliba, o sucessor do líder.
Lingue se aproximou de cócoras lentamente com as mãos cerradas no chão, em postura de chimpanzé, sem responder ao outro membro.
Ele chegou perto do rosto de Acolyn, e a cheirou:
Sniff Sniff!!
— Ela tem um cheiro forte, de planta Carboxyla. Planta venenosa!
Os outros membros ficavam surpresos ao ouvir aquilo, e um deles contestou, levantando sua mão:
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— Mestre Lingue! Acho que essa garota é fruto dos Deuses — falou Noro, suando frio.
Lingue continuava a cheirar a garota, pelo rosto, depois pelo cabelo, descendo ao pescoço até ele pegar em sua mão.
— Ela possui uma mão macia, não deve ser guerreira, deve ser uma artesã de mão firme.
Boloxo, o membro mais gordo do grupo ergueu sua mão e perguntou:
— Você acha que deveríamos levá-la até nossa tribo?
Todos olhavam para ele após essa pergunta, inclusive o líder, com um olhar que preocupou Boloxo. Seu olhar era frio, seu olho era da cor roxa, do tom mais forte.
— Acho que isso é algo que não se deve perguntar ao líder, Boloxo — falou Malaba tentando amenizar a tensão.
— Não… acho que deveríamos levá-la. Ela está desacordada, e existem diversos perigos por aqui. Cuidaremos da sua saúde, quando ela acordar, veremos o que fazer.
Lingue levantou, seu corpo era robusto e forte, existiam pinturas por cada parte de corpo, pinturas rupestres dos Yeromagins e também argolas que rodeavam seus braços.
Os outros membros possuíam apenas pinturas em seu pescoço. E orelhas compridas, como de elfos. Com exceção de Maliba, que possui argolas pelo pescoço.
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— Boloxo, carregue-a até nossa tribo! — falou Lingue.
Boloxo apenas fez a ordem, suando frio, ele se aproximou da garota, com as mãos tremendo. — Boloxo! Se encostar na garota com algum sentido, teremos consequências, entendeu? —, falou Lingue de costas para Boloxo.
— C-certo — respondeu.
Os outros membros acompanharam o líder, enquanto o mais gordo, carregava a garota logo atrás deles. — Você acha que deveríamos integrar essa garota na nossa tribo, Lingue? — perguntou Maliba, murmurando.
— Pressinto que essa garota tem algo a dizer, quando acordar — respondeu.
O bioma em que estavam era lamacento, com pântanos profundos, confundidos como lagos. As árvores eram ocupadas por aves de bico chato e dentes serrilhados, com quase um metro de altura e dois metros de ponta a ponta de suas asas.
O cheiro era forte, o odor do ar daquele lugar era pesado. O solo era pesado e mole, criando pegadas, se ouvia barulho dos insetos que dependendo qual fosse, poderia ser fatal.
Noro que estava no meio do grupo, estava atento, com sua Lança refinada de pedra.
O grupo caminhou por algumas horas até chegar a sua tribo. Lingue foi logo abordado por sua esposa, Makaly, — Meu amor, você não vai acreditar, o nosso Deus está aqui, ele está aqui conosco! — falou animada, com os olhos lacrimejando.
A tribo era pequena, com pelo menos quarenta moradores, separados em: Líder, Sucessor, agricultor, ferreiro e construtor. O Local possuía duas grandes casas de argila e palha, que suportavam até quinze moradores, e ao centro uma casa menor, do líder, esposa e sucessor da Tribo.
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Ao redor daquele local existia uma cerca, feita de madeira Espinhosa, para evitar invasores ou seres selvagens. Existiam estacas perfuradas no chão em locais estratégicos, feitas de pedra, para combater os Yeromagins de suas invasões.
Também haviam dois grandes quadrúpedes de três chifres em suas costas, conhecidos como Membé pela tribo, eram animais fortes de pelugem marrom, domesticados para proteger a vila.
— O nosso Deus está em nossa casa, ele está te esperando para conversar — falou Makaly.
Makaly era a mulher mais bela da Tribo, com cabelos trançados a pedras de rubi da cor vermelha, por cada ponto trançado. Também possuía olhos azuis, uma pele clara junto a pequenas sardas em seu rosto.
— O quê, Deus? Acabamos de trazer a mensageira do nosso Deus, veja.
Lingue apontou o dedo para Boloxo, que se aproximou de Makaly, com Acolyn no seu ombro. Makaly ficou perplexa ao ver aquilo, e sem acreditar indagou:
— Será que demoramos demais para receber a mensagem da chegada do nosso Deus? — Com a mão apoiando seu queixo.
— Eu vou falar com ele, ele está em nossa casa, não é? — perguntou Lingue.
— S-sim — respondeu Makaly.
A casa do Líder da tribo estava rodeada pelos moradores que abriram espaço para ele entrar. Era possível ouvir murmúros e cochichos dos outros moradores.
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— Será que agora a nossa tribo terá passagem para outro lugar? — cochichou um morador.
Lingue ignorou os comentários e entrou em sua casa. Se deparando com uma figura não muito agradável.
— Olá, Lingue! — falou o que na teoria seria o Deus daquela tribo.
Sua aparência era mecânica, mas com traços orgânicos de uma figura humana. Aquele era Zero, líder do Império Delta.
Ele estava sentado no chão, sobre o tapete. Vestido com suas roupas comuns, um terno preto, engravatado e um chapéu feito de couro que os próprios moradores o deram na sua chegada.
— Por que não se senta? — indagou Zero.
Lingue sem acreditar, se sentou no chão também, e perguntou, — O quê procura por aqui?
— Acho que primeiro você deveria me cumprimentar, não acha? Todos os moradores foram bem hospitaleiros comigo. Educação é o princípio de uma boa sociedade.
— Não preciso disso, minha presença neste instante já é o suficiente — respondeu Lingue, com postura firme.
Os moradores que estavam ao redor, tentavam ouvir a conversa entre os dois.
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— Eu gosto como você tem uma postura de um verdadeiro líder, um comandante, um mestre. Admiro pessoas assim — falou Zero, tentando amolecer o coração de Lingue.
Lingue, por outro lado, estava com a sobrancelha franzida, sem acreditar no que estava vendo. Seu olhar não estava muito contente com a visita daquele ser.
— Me diz, o que você quer aqui? — perguntou Lingue, apoiando seu braço sobre sua perna, apoiando seu rosto.
Os dois conversaram por mais algum tempo. Acolyn estava deitada sobre um colchão feito de palha coberto pelo couro de outros animais, coberta por uma manta feita de folhas.
Makaly estava com ela, cuidando de sua saúde, ela pegou em uma jarra uma bolinha da cor branca, e fez a garota engolir. Seu corpo brilhou, e logo Acolyn acordou.
Ela piscou por algum tempo até recobrar sua consciência e sua visão deixar de ficar turva. — Ei garotinha, tá tudo bem? — perguntou Makaly.
Na outra casa, Lingue e Zero estavam em uma discussão, — Você está querendo dizer que, minha tribo deve desocupar esse lugar, até o fim do dia, você é maluco? — perguntou Lingue, irritado.
— Eu estou te dando uma chance de evitar uma coisa pior, não acha justo eu avisar antes de agir? — indagou Zero.
— Sua Misericórdia me dá nojo, você está literalmente dizendo que vai nos matar, independente do que fizermos.
A conversa ficava tensa. Do outro lado da cabana, Makaly estava conseguindo se comunicar com Acolyn, que ainda estava um pouco atordoada.
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— Eu não sei o que aconteceu, mas meus pais estavam voltando para nossa vila, quando fomos enquadrados por quatro soldados, eles estavam usando armas, armas poderosas.
— Armas como as nossas, lanças? — perguntou Makaly.
— Não, era algo diferente, eu me lembro que antes deles enquadrarem a gente, um dos moradores da nossa vila foi morto por uma daquelas armas, ele se desintegrou.
— Isso é tão violento, que monstro faria isso?
Acolyn segurando seu choro respondeu, — antes dos meus pais morrerem, um homem parou na nossa frente, se nomeando Deus daquele lugar, ele matou os meus pais com seus olhos, na minha frente.
— Meu deus, que monstro. É como era sua aparência?
Acolyn a encarou, tremendo. — Ele vestia um terno, metade do seu corpo era misturado com uma máquina, era nojento.
Naquele momento, Makaly não respondeu, tudo fez sentido para ela naquele momento. Seu olho lacrimejou, e ela abraçou Acolyn ainda mais forte.
— Aconteceu alguma coisa, Mestre Makaly? — perguntou Boloxo que estava junto com as duas.
— Boloxo, interfira naquela conversa entre Lingue e aquele homem.
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— Certo!
Boloxo correu até a outra cabana no mesmo momento, gritando para todos se afastarem. Lingue que estava na cabana ouviu os gritos e se atentou a eles, — mas o quê é isso? — . Zero naquele momento aproveitou a sua chance, seu olho ferveu como chamas incandescentes. ZZZZZZIT!!!
Boloxo ao se aproximar da cabana, foi surpreendido junto aos outros moradores com um laser de calor poderoso que se estendeu até os confins do Reino Selvagem.
Todos os moradores ficaram assustados, fugindo do vilarejo. Acolyn e Makaly ouviram os gritos, Makaly logo pegou Acolyn em seu colo e correu embora daquele lugar.
A cabana de Lingue estava totalmente destruída sobre as chamas, Boloxo que foi tentar impedir aquele atentado, acabou sendo atingido pelo laser, ele estava no chão, sem sinais vitais aparentes.
Makaly não desperdiçou tempo e correu embora da vila. Zero com sua telecinese, retirou todas as estacas de pedras que estavam em punhaladas sobre a terra. Ele movimentou sua mão para cima e moveu para baixo. Uma chuva de estacas de pedras, diversos moradores foram atingidos brutalmente.
Por sorte Makaly saiu ilesa, Acolyn estava desesperada, segurando firme nas roupas da mulher que estava correndo incansavelmente.
Era um cemitério de sangue, por todos os lados haviam corpos apunhalados pelas estacas em suas costas e cabeças.
O vilarejo foi totalmente reduzido às cinzas das chamas. Zero sem mais o que fazer naquele lugar, colocou sua mão sobre o solo, e um tremor forte ocorreu, em um instante um enorme pilar rochoso se formou, até o ponto mais alto.
Tudo aconteceu muito rápido, Makaly não tinha cabeça para pensar em mais nada a não ser correr, correr infinitamente até encontrar um lugar seguro para descansar…
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Acolyn acordou, desesperada. Tudo não passou de apenas um pesadelo de memórias passadas. Lacefull e Nero estavam acordados, analisando o grande robô da garota.
— Ei, isso não é brinquedo! — gritou ela, irritada.
Nero parou de segurar os dedos da máquina, enquanto Lacefull saiu de cima da cabeça do Mecha. — Oh, vejo que já acordou — falou Lacefull.
— O que vocês estão fazendo aqui ainda? Era para vocês terem ido embora.
— Nós queríamos que você nos levasse até um lugar.
— Ahn, que lugar? — indagou Acolyn curiosa.
Lacefull se teleportou para cima da cabeça de Acolyn, — você me falou que esse lugar foi invadido, não é? Queremos saber com mais detalhes.
Nero também se aproximou, sorrindo, mostrando seus músculos para a garota. — Ei, mas que coisa mais indecente, para com isso — resmungou Lacefull.
Acolyn que estava tensa por suas lembranças, riu daquilo. Nero também riu, mesmo que de forma silenciosa. Aquela alma negra de aparência assustadora para alguns, demonstrava um grande coração puro.
— Vocês são engraçados às vezes, faz muito tempo que eu não dou uma risada tão sincera — falou Acolyn, limpando seu olho de tanto rir.
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— Será que podemos focar no objetivo principal agora!? — falou Lacefull.
Os dois então se concentraram no que Lacefull tinha a dizer, — Acolyn, eu gostaria que você me mostrasse um templo que existe aqui por perto. Achei que seria interessante.
— Está dizendo o templo de adoração? Ele é muito antigo, não sei se é seguro. E se tiver cheio de Yeromagins? — perguntou preocupada.
— Não se preocupe com isso, a sua grande máquina vai levar a gente — respondeu Lacefull, apontando para o robô.
— O quê, tá falando sério?
— Por qual razão não estaria? — debochou.
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