Capítulo 103: Perder para ganhar
Engolindo em seco, Theresa ainda observava aqueles grandes olhos profundos azuis enquanto se via assente naquelas mãos gigantescas, segurando em suas mãos seu mini Golem acordado.
Com um abrir de sua imensa boca, ela recebeu um rugido que fez seus cabelos voarem enquanto era arrastada contra aqueles dedos grandes que a impediam de sucumbir a uma queda fatal, mas não de receber aquele vento que apalpava suas vestes e a sufocava enquanto tentava se comunicar com o golem agora fechado entre os seus punhos.
Rezou para que o vento cessasse e, quando cessou, percebeu que algo pior ainda estava prestes a acontecer. O punho do Golem que a segurava estava se fechando para a esmagar completamente.
Imbuída em nervosismo, enquanto seu coração era tomado por fortes batidas, Theresa não viu escolhas se não elaborar a mesma investida da quarta fase. Arremessou o Golem contra aquela boca enquanto gritava para que se transformasse assim que estivesse nas profundezas do interior daquele ser.
— Golem!!!
Antes mesmo que fosse atrofiada, ouviu um rugido do interior da boca daquele ser, que sucedeu sequências de rachaduras entorno do corpo volumoso daquela criatura. Em questão de segundos, começou a se desfazer em fragmentos de pedras, dando à luz a uma criatura pedregosa ainda maior.
Theresa se viu caindo em uma das mãos semicerradas que a segurava, no entanto, foi amparada por uma das mãos volumosas de Gaia que pegou o pedaço do membro. Theresa deu um sorriso triunfante enquanto o Gaia arrastava sua mão para que ela subisse para e pudesse se livrar daquele membro.
Quando Theresa subiu, não demorou para um dos Golems vir contra o Gaia, mas acabou atingido por aquele membro com um rápido arremesso que acabou causando uma pequena rachadura no seu rosto. Gaia agora tinha de se preocupar com mais Golems que incursavam investidas com rugidos perante o ataque de seus dois companheiros.
Enquanto aqueles monstros se aproximavam, Theresa varia seus olhos pelos quatro pontos cardeais, procurando um lugar em que poderia ser colocada a salvo para que o Golem pudesse lutar à vontade, mas não o encontrou. Então, decidiu questionar o próprio Golem, numa esperança de que ele pudesse providenciar a solução.
— Gaia, tem como me deixar em um lugar seguro? Mas que eu possa te apoiar!
— Gaia sim!
Gaia formou uma gaiola na coroa da sua cabeça, que permita a Theresa uma visibilidade de todo o cenário, mas, ao mesmo tempo, a manteria em segurança desde que nenhum dos golpes dos Golems tivesse como alvo a cabeça.
Após colocar Theresa dentro daquela gaiola que prendeu metade do corpo dela em uma rocha para que não pudesse se mover pela convulsão, Gaia segurou dois dos punhos dos Golems enquanto chutava dois deles, que foram arrastados contra os demais companheiros.
— Grrrrrrr!
Cerrando os punhos, Gaia se afastou e, com um arrasto, fez com que os dois Golem colidissem suas cabeças e cambaleassem, acabando por cair no chão. Depois, repetiu o mesmo processo que havia feito contra os caçadores da lua. Formou barreiras de paredes em frente aos Golems que corriam para o atacar, fazendo com que fossem derrubados.
Theresa deu um sorriso, observando a vantagem do Gaia, mas como ele não estava quebrando as esferas alaranjadas que haviam em diversos pontos, os Golems agora podiam se reconstruir e lutar até o quanto sua mana lhes permitiria.
— Escuta, Gaia! Quando for derrubar um Golem, acabe com as esferas alaranjadas, entendeu?!
— Gaia fazer! Gaia fazer!
Depois que Gaia disse isso, recebeu um ataque massivo de vários Golems que agora não eram afetados por suas paredes, destruindo-as a socos enquanto vinham contra ele. Como resposta, Gaia encurvou e deu socos na terra que abriram grandes rachaduras, retendo as pernas de alguns Golems, mas nem por isso impedindo que outros pudessem avançar com seus socos.
Gaia foi golpeado no abdômen e no rosto. Quando tentou se levantar, percebeu vários Golems agora caindo contra ele após elaborarem saltos com o objetivo de nocauteá-lo. Então, não teve escolha se não rebolar, mas acabou apanhando um chute de um outro Golem que o devolveu para onde os outros Golems estavam a pequenos centímetros de tombarem, sendo brutalmente atingido.
Estando por cima de seu corpo volumoso, todos aqueles Golems começaram a desferir socos contra o corpo de Gaia enquanto lhe calçavam os braços e pernas. Ele não conseguia mais se levantar. Theresa também não tinha nenhuma ordem de comando. Se ordenasse que virasse miniatura, seria destruída com ele no mesmo instante.
— Você já fez bastante, Gaia… Vamos descansar… — Enquanto dava um leve sorriso, Theresa foi fechando os olhos enquanto emitia aquelas dolorosas palavras. — Eu desisto.
Tanto o Golem, assim como Theresa começaram a emitir um brilho que rapidamente escureceu sua visão em um breu, os punhos dos Golems agora atacando o espaço vazio que aqueles dois haviam deixado.
A escassos metros de serem esmagados por aquele pé gigantesco que trazia consigo a sombra do Hades, Zernen lançou seu soco invisível na esperança de derrubá-lo. Mas, não acontecendo, restava-lhe ser esmagado, não fosse a pronta intervenção do Fred, que calçou suas unhas na gola da camisa no interior macacão do rapaz, puxando-o enquanto corria rapidamente daquele pé, que tombou no chão, causando um tremor que levantou poeira e os impactou.
Eles acabaram sendo arrastados um pouco mais distante pela vibração, agora deitados enquanto dois olhos amarelos pousavam sobre eles, levantando novamente a perna para outra empreitada.
Zernen e Fred foram rápidos a se levantar. E antes que seu companheiro dissesse alguma coisa, o rapaz de cabelos verdes deu um sorriso largo, criando uma grande explosão que, de longe fez efeito, apenas acelerou àquele pé gigantesco.
— Zernen, parece que dessa vez esse é o meu oponente…
Quando ele se virou para trás, viu que o corpo de Fred agora estava envolto em uma armadura de unhas, enquanto elas não paravam de se multiplicar à medida que a floresta pegava chamas.
— Tem mesmo certeza?
Zernen deu um salto duplo, pensando ter se desviado daquele grande pé, mas logo se viu sendo chutado por ele com os braços cruzados numa reação defensiva que não resultou. Foi imediatamente arremessado para bem longe enquanto rasgava o vento em som sibilante, mas com apenas um esticar de braço, Fred formou um gigantesco braço que amparou Zernen ainda no vento, cerrando seu punho, que deu o comando para que a mão de unhas se fechasse imediatamente a fim de o proteger da queda.
— Tenho.
— COMIDA, O QUE PENSA QUE PODE FAZER DIANTE DO MEU PODER?
O gorila gigante emitiu enquanto lançava seu pé, que foi amparado por um gigantesco punho feito de unhas.
— Não vai se achando.
— TSE!
Pressionando o pé no punho, as unhas se quebraram e antes que fosse atingido pelo impacto vibratório, Fred saiu voando com sua Jangada feita de unhas, formando uma ligeira distância contra o rosto gigantesco daquela criatura. Está não poupou nem mais um segundo para desferir um punho que rasgou o vento, mas foi amparado por uma barreira feita de unhas.
— IMPRESSIONANTE. MAS…
O punho atravessou a barreira e Fred teve que se afastar para não ser atingido pela pressão.
— AINDA CONTINUA SENDO FRACO.
— Enquanto às chamas continuarem a queimar nesta floresta, eu estarei sempre evoluindo… — Enquanto dizia isso, Fred mandava todas as unhas absorverem todas as chamas que estivessem espalhadas por toda aquela área florestal, enquanto o punho que continha seu amigo se transformava em uma esfera para garantir melhor conforto. — Eu poderei te superar!
Depois de absorverem todas as chamas, as unhas retornaram e se afixaram ao corpo do Fred, aumentando seu poderio.
Quando o gigante gorila lançou um soco, dessa vez a barreira que o conteve não cedeu e não quebrou, fazendo com que seus traços se contorcessem de irritação.
Formando um punho gigantesco de unhas, Fred desferiu o soco contra a barriga do gorila, que foi arremessado no vento, acabando por tombar no chão enquanto trazia consigo um rastro de destruição, que compreendia árvores e uma grande abertura de cratera.
Aproximando-se da região onde o gorila estava deitado, Fred formou uma grande espada de unhas para espetar o peito onde julgava estar localizada a pedra de mana. Assim que arremessou, contemplou a rebeldia do gorila quando com suas duas mãos segurou a espada, que lhe custava o sangue de suas palmas, enquanto o Fred forçava com a mão baixada um comando para que a espada avançasse.
No fim, a espada avançou, mas o gorila foi rápido o suficiente para se desviar. Rebolando em tremores, escapou de um ataque fatal que perfurou parte do seu ombro.
Quando finalmente se levantou, recebeu uma surpresa que deixou seus olhos arregalados. Um punho ainda maior estava à sua espera para o socar no queixo, fazendo com que fosse arremessado ao alto enquanto seus dentes se quebravam e sangue jorrava. Fred acabou arregalando os olhos quando viu que, após uma certa altura, o gorila acabou tombando contra uma superfície área que quebrou-se e fez com que o crânio fosse partido em rachaduras enquanto sua cabeça parecia ter ficado presa em pedregulhos rochosos, dignos de uma caverna.
— Isso é… — Fred mostrou mais espanto quando viu aquela barreira sendo remendada enquanto aquela criatura se desfazia em purpurinas, bem como aquele espaço que começava a se desfazer, dando lugar a tremores e desabamento.
O portal havia se formado bem ali onde ficava a antiga fogueira naquele espaço redondo. Então voou para o lugar enquanto arrastava a esfera de unhas. No processo, um abismo em formato de uma argola havia se formado, mas, como estava voando, Fred conseguiu atravessar com a esfera de unhas, dando um adeus àquela dimensão.
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