Capítulo 110: A beleza do heroísmo está no sacrifício
— É possível que o irmão da Frida seja o rei dos bandidos.
Depois de tanto me fugir, eu havia me lembrado de algumas coisas que minha vasta mente estava escondendo de mim. Com esse excesso de informações que habitava na minha mente, eu não tinha um controle efetivo, por isso estava constantemente contando com a misericórdia da minha mente.
— O meu irmão… digo, ele não é o meu irmão… — Frida murmurou. — Mas enfim, eu tenho minhas dúvidas. Por quê um ser como o rei dos bandidos se submeteria àquele teatro?
— Tem como fundamentar isso?
Já esperava que Theresa dissesse isso.
— Eu vou abrir o jogo sobre o rei dos bandidos, preparadas?
Atrai a atenção delas, enquanto acenavam a cabeça positivamente.
— Primeiro que ele gosta de jogos e sempre procura um jeito de participar, mas não é isso que me levou a suspeitar do irmão da Frida… A razão é a troca de corpos.
— Troca de corpos?
Frida levantou uma das sobrancelhas.
— Isso. Quando uma pessoa possui magia de troca de corpo, ela consegue trocar de corpos, mas não consegue usar a magia da pessoa e principalmente com aquela eficácia que ele estava usando.
— Como sabe disso?
— E o mais importante, por que não disse antes?
Frida já estava vindo com a cara carrancuda dela.
— Se você soubesse como é a minha cabeça…
— De fato, sua magia de ver no tempo pode ter essa consequência. Como seres humanos normais, já temos a limitação de informações que nossa mente pode guardar e armazenar, agora imagine a mente de quem tem uma magia dessas.
Theresa havia mandado bem. Não era fácil lembrar do enredo todo, ainda mais quando se misturava com muitas informações que tinha sobre outros enredos.
— Obrigado, Theresa!
— Bem que suspeitei da maneira como ele usava a magia… Espera um pouco… Se ele é o rei dos bandidos, então o que aconteceu com o meu irmão?
— Não sei dizer. Mas o rei dos bandidos deve ter feito os negócios estranhos dele.
— Não…
— Seu irmão deve estar bem, Frida… — Theresa consolou a baixinha que contorcia seus traços de tristeza. — Com certeza deve estar bem!
— Isso! Isso! Mas o mais importante… Eu acredito que…
Antes que eu terminasse minha fala, partículas de luzes brilhantes surgiram no teto, dando forma a uma pessoa que eu não acreditava que pudesse estar aqui.
Zernen caiu no chão e, diferente do que eu esperava, foi se isolar no fundo da parede enquanto escondia seu rosto triste, nos deixando bem confusos e um tanto quanto alarmados.
— O que aconteceu?
Me aproximei dele.
— Ei…
Mas ele não estava disposto a falar comigo, mas, passados alguns segundos, começou a sussurrar repetidas palavras.
— Eu perdi. Eu perdi. Eu perdi. Perdi.
— Zernen… — murmurei.
Theresa se achegou a ele e pairou sua esfera de cura na sua cabeça enquanto dava um leve sorriso.
— Você venceu, Zernen. Já é uma boa você ter reconhecido que desistir era a única forma de você vencer, né?
Nem com aquelas palavras, Zernen restaurava seu humor alegre. Naquele momento, ele e o Sond não possuíam muita diferença.
— Descansa, tá bom?
Theresa acabou fazendo de suas coxas um travesseiro para sua cabeça enquanto ele não parava de sussurrar aquelas palavras com um semblante um tanto quanto triste.
Depois de minutos, vimos outro raio de luz brilhando e formando outra pessoa familiar, era o Fred que descia com o sangue que o acompanhava. Seus olhos estavam fechados. Sond teve uma reação instantânea, segurando Fred em seus braços enquanto contorcia seus traços ao ouvir seu estado debilitado.
Imediatamente, o pousou no chão, pedindo que Theresa o tratasse com urgência enquanto nós nos aproximávamos. Zernen acabou ficando comigo, que afagava suas madeixas verdes.
— Nossa, ele está muito fraco… Ele está praticamente sem mana no corpo. A qualquer momento, seu coração poderá parar de bater.
Quando ela disse isso, arregalei os olhos, compartilhando do mesmo espanto que os demais. Até Zernen que estava depressivo, acabou despertando para a realidade depois disso.
— Como ele foi ficar assim? — indagou Frida.
— Ele acabou usando sua mana reserva que faz parte da sua energia vital. Isso não é para qualquer um que usa.
O que Theresa queria dizer era que isso acontecia com quem tinha défice de mana. Esses geralmente conseguiam quebrar a barreira da energia vital que o corpo guardava para mantê-lo vivo, mas antes disso acontecer, vinham sintomas como cansaço excessivo, desmaios, que poderiam levar a coma, mas para Fred estar nesse estado…
— Preciso de um doador de mana urgentemente!
Era porque ele havia usado transferência de mana em excesso, diferente da Frida que havia sobrado com sua mana reserva que retinha sua energia vital.
Theresa, eu e Frida estávamos excluídos de qualquer doação e Sond não sabia como transferir, mana, então apenas havia uma pessoa capaz de fazer isso.
— Zernen…
Com um semblante severo, ele impôs suas duas mãos no peito do Fred, iniciando o processo de transferência de mana enquanto nós torcíamos e rezávamos para que desse certo.
Assim que acabou, ele retirou a mão.
Theresa pousou a esfera de cura, monitorando através de sua mana o corpo de Fred.
— Ele está fora de perigo, mas não garanto que irá acordar tão cedo. Ele precisa de muito repouso e muita alimentação rica em alimentos que contenham muita mana.
Pior que geralmente os alimentos que continham muito mana eram os mais amargos, então sentia muito pelo meu amigo Fred que teria que se alimentar disso.
— É tudo culpa minha, se eu fosse forte… Se fosse eu forte, eu conseguia proteger todo mundo.
Zernen estava despejando lágrimas. Tinha que admitir que aquilo havia me pegado de jeito, nunca pensei ver Zernen chorar ao vivo e a cores. Aquele que sempre foi o brincalhão, que diante dos momentos mais tensos dava aquele sorriso confiante, estava chorando por ter o seu orgulho de guerreiro ferido.
— Calma…
Sussurrei essas palavras enquanto fazia cafuné em sua cabeça.
— Eu queria tanto contar ao vovô os meus feitos, mas só vou poder dizer que fui um fracassado… — Ele começou a soluçar enquanto ranho sai das suas narinas, se misturando com lágrimas.
— Não, Zernen. Você vai contar que foi o herói que salvou uma vida — eu disse.
— Isso, Zernen, você não apenas salvou uma vida, salvou vidas. Se não fosse o seu agir na primeira fase, estaríamos todos em apuro — Theresa acrescentou.
— E quando se sacrificou na terceira fase? Para salvar Oceano e os demais, hã?
Sond apenas balançava a cabeça positivamente perante as palavras de Frida.
— É sério que vocês me acham herói por ter feito isso?
— É claro que sim, idiota! Você foi o maior herói aqui. Sabe de uma coisa… um herói nem sempre é aquele que vence, mas aquele que se sacrifica para outros vencerem. A beleza do heroísmo está no sacrifício.
Ouvindo minhas palavras referenciadas no herói, Zernen formou um sorriso enquanto enxugava suas lágrimas.
— Obrigado!
— Agora que você está bem, pode me contar sobre o Oceano e outros? Como eles estão?
Frida mal via a oportunidade de perguntar isso.
— Deve estar enfrentando aquele ser com asas e orelhas pontuadas.
— Ser? Não eram duas?
— É, mas ela acabou se fundindo e se tornou uma, que possui o nível S.
— Nível S? Então, deve ser por isso que Fred se sacrificou, ele achou que, se transferisse sua mana, poderia aumentar a chance de combater um monstro rank S.
Como esperado da Frida.
— Aquela coisa emitia uma mana tão arrepiante, que eu acabei me rendendo e desiste…
— E Meredith?
— Se ainda não chegou aqui, então deve estar bem a salvo e provavelmente tenham avançado para a próxima fase — respondeu Zernen enquanto cerrava o punho, ainda indignado.
— Pois, mas eu estou preocupado, porque o Boss da sétima fase é ainda mais terrível do que o da sexta fase. Como será que eles vão enfrentar o rei dos bandidos em pessoa?
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