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    Posicionando a espada enquanto arrastava um dos pés para trás numa posição ofensiva, Meredith lançava seus olhos estreitos para aquele ser que emanava uma aura tão grande, mas não o suficiente para intimidá-la. Depois de tudo que havia passado… Aquilo não era nada. A fada do gelo era mais assustadora que aquele ser detestável.

    — Já que esse é o seu verdadeiro corpo… — Com um zás, Meredith chegou bem próximo da Belia, que arregalou os olhos. — Não haverá ressentimentos!

    A ruiva desferiu uma teia de ataques, que apanharam o vento enquanto pousava na montanha de rochas onde Belia supostamente devia estar.

    — Não me subestime!

    Quando olhou para a direção da voz, a ruiva ficou um tanto quanto espantada quando viu que ela estava segurando a boca de Jarves enquanto o mesmo contorcia seus traços de pavor.

    — Não se aproxime, se quiser que ele vivo…

    Diante daquela ameaça, veias romperam as extremidades da testa de Meredith, um sentimento de impotência agora a consumia. Ruiu os dentes em um ranger, trincando o gosto amargo daquela situação.

    — Agora, vamos… Me diga, tudo o que sabe…

    Quando disse isso, os olhos da ruiva foram tomados por um brilho quando viu que Jarves havia desaparecido dali após, furtivamente, Rein tocar um de seus ombros. No instante em que Belia se virou, sentiu um vento se aproximando… Virou seus olhos, se deparando com a espada da ruiva que decepou seu pescoço, fazendo com que sua cabeça voasse e o pescoço jogasse uma chuva de sangue enquanto o corpo caía.

    Quando Meredith pousou de costas e lançou seus olhos para conferir o fim daquele ser, lembrou que não podia ser derrotada com base em ataques normais. Isto era evidente naquele momento… O corpo de Belia se remontava através de veias que saiam da cabeça e se interligavam ao pescoço.

    Assim que a recomposição completa aconteceu, Belia se levantou para o desgosto de sua inimiga.

    — Hum, não pensou que aquilo fosse me derrotar… Pensou?

    — Você é insistente, não é? Pois, é bom que não morra tão facilmente, assim posso te fazer sofrer lentamente.

    Aquelas duas trocaram sorrisos enquanto o ambiente ia ficando mais tenso. Os Golems agora mesmo estavam atacando as duas, que tiveram de se esquivar perante os punhos que abriam crateras enquanto suportavam os rugidos que andavam de ouvido em ouvido.

    — Muito obrigado! Pensei que fosse morrer… — Jarves deu um suspiro para o Rein enquanto se via a salvo atrás das costas do Zestas, que desferia seus socos para quebrar os corpos daquelas criaturas que não paravam de o emboscar graças ao comando dos gêmeos.

    — Oh, caramba… Estou ficando sem mana. Chega de brincar, vou acabar com aqueles gêmeos agora mesmo!

    Após destruir este, seus olhos miraram naquela tripla flutuante.

    — Espera, senhor Zestas!

    Seus olhos se encontraram.

    — O que foi agora?

    — Não os mate! Eles são muito indispensáveis para a trama!

    Jarves disse isso enquanto fragmentos de lembranças apareciam na sua mente. Aquelas figuras… Certamente eram parte de uma engrenagem que colocava a máquina para funcionar.

    — Como assim trama?

    Ele arregalou os olhos e deu um sorriso torto enquanto coçava o dedo na sua testa, se arrependendo de não ter escolhido as palavras certas para aquele contexto.

    — É… Coisas de quem vê o futuro.

    — Oh, de fato com esse tipo de poder… Melhor é colocar eles para trabalhar para nós!

    — Isso!

    Então zestas sorriu e deu um salto na coroa da cabeça de um dos Golems, abrindo sua boca, que lançou um bafo imediatamente repelido por uma parede de vento que se interpôs entre ambos, dispersando aquele cheiro de álcool para o descontentamento de zestas.

    — Então vocês não vão permitir se embebedar pelo meu bafo, pois não? E eu que achei que vocês gostassem de compartilhar!

    Enquanto Zestas tentava lidar com a limitação imposta pelos gêmeos em prontidão, Meredith saltou por cima da cabeça de um Golem e acorreu para golpear Belia, que estava sob um Golem violeta resultado da corrupção da gosma.

    — Turbilhão de cortes!

    Seus cortes desfizeram as gosma em pedaços, mas ela voltou a se montar muito mais rápido do que os seus olhos podiam ver e então, Meredith foi agraciada por um ataque de punho de gosma, que socou a parte frontal de seu corpo.

    Enquanto era arremessada, viu a gosma que havia se colado ao seu corpo começar a se espalhar por todo ele, a envolvendo a todo custo para no fim culminar em uma asfixia.

    A ruiva tombou contra um dos Golems e caiu no chão enquanto se contorcia pela gosma que havia invadido suas vias aéreas e boca.

    Belia foi se aproximando de satisfação.

    — Achou mesmo que poderia me vencer? Você é mesmo patética, princesinha!

    No entanto, no mesmo instante Belia arregalou os olhos ao ver o corpo da Meredith soltar uma fumaça que estava desfazendo sua gosma rapidamente.

    — O que vem a ser isso?

    Mas Belia não era a única que estava com problemas, agora Zestas estava envolvido em uma barreira translúcida redonda flutuante enquanto lanças de pedras a cercavam, apenas aguardando o sinal para perfurarem aquele homem.

    — Caramba, fiquei sem mana…

    Enquanto isso, Jarves mirava seus olhos no Rein.

    — Precisamos fazer algo para salvar o senhor Zestas!

    — Infelizmente, não tem como eu me teleportar para dentro da barreira e tirar ele… Temos que esperar que ele resista.

    — Vamos arrotar!

    — Arrotar?

    Rein ergueu uma das sobrancelhas, confuso, se questionando em o que aquela atitude que mostrava falta de etiqueta iria ajudar naquele momento.

    — Todos juntos ao mesmo tempo. Se conseguirmos arrotar bem forte, tenho a certeza que alcançaremos os seus ouvidos.

    — Tá… Mas em que exatamente isso vai ajudar?

    — Não há tempo para explicar, apenas saiba que essa é a fraqueza deles! Senhor zestas, vamos soltar arrotos! Agora!!!

    Jarves tinha que aproveitar aquele instante em que se, podiam ouvir, era porque seus ouvidos apresentavam fragilidades ou estavam destampados. Assim, uma onda sonora de arroto gerada por aqueles três soou por aquele espaço ao mesmo tempo em que as lanças haviam perfurado a barreira a escassos centímetros de perfurar o Zestas, porém caindo no chão quando os gêmeos colocaram as mãos nos seus ouvidos enquanto seu rostos se contorcia de enjôo.

    — Malditos!

    Como bônus aos que se irritavam, Zestas lançou seu bafo novamente, agora sem interferência, o que fez com que eles começassem a descer lentamente ao chão enquanto eram tomados por uma ressaca terrível.

    — O que é isso? Minha cabeça tá doendo… — disse Mu, seguido de Zi.

    — Meu corpo está fraco…

    — É como se estivesse bêbado — finalizou Cal.

    — Aeeeee! Matamos dois coelhos numa só cajadada!

    Jarves deu um sorriso enquanto dava um salto com os punhos levantados. Neste altura, zestas estava se deitando no chão para tirar uma soneca depois de ter toda sua mana esgotada e sem seu saquê para o aliviar… Era como se o mundo tivesse perdido a cor.

    Com a ineficácia dos gêmeos, os poucos Golems que estavam realizando seu trabalho de combate cessaram seus movimentos para a alegria de alguns bandidos que comemoraram diante dos punhos prestes a devastar seus corpos.

    Assim que os gêmeos tombaram no chão, Jarves se aproximou deles na companhia de Rein.

    — Eai? Sei que somos inimigos, mas eu queria que vocês…

    — Calado! Isso não vai terminar assim! — Zi impôs sua gaita em seus lábios enquanto Mu movia seus dedos pelas cordas de sua guitarra.

    — Não pensem que isso acabou… Essa humilhação…

    — Na próxima vez que nos encontramos, será o vosso fim! — Quando Cal tocou o som de seu violino em sincronia com o som de seus irmãos, seu corpo começou a se transformar em cinzas, que foram levados pelo vento em direção ao buraco profundo abaixo, que havia sido aberto por Luvru.

    — Droga! — Jarves cerrou um dos punhos depois de ter suas expectativas frustradas. — Agora terei que esperar… Justo quando as coisas poderiam ser apressadas.

    — Como assim? — questionou Rein.

    — Não se preocupe… São meus devaneios. — Jarves deu um sorriso e coçou sua cabeça, recebendo um alerta do Rein que se resumia a: cuidado para não ficar louco.

    Enquanto isso, depois de desfazer a gosma de Belia, Meredith preparou sua espada para espetar aquela mulher de uma vez por todas.

    — Se eu fosse você, desistiria de viver, porque ainda que não morra, te fatiarei vezes sem conta até garantir que você seja extinta.

    Ainda que Meredith soubesse de Jarves que haviam apenas três elementos que poderiam finalizar esse ser, aventava um quarto elemento: desintegração completa. Algo semelhante ao que o Oceano havia feito com a fada. Ademais, não precisava ir longe quando o próprio Zernen havia feito o mesmo antes. Tinha a convicção de que, se preferiu formar o seu corpo, era porque não tinha para onde ir e, se não tinha para onde ir, bastava extinguir esse seu corpo, que sua inexistência estaria garantida.

    Com uma aura calorosa azul a rodeando, Meredith executou em instantes cerca de cem cortes no vento, os quais intitulou…

    — Turbilhão de cortes em chamas!

    Isto porque a pressão era constituída por partículas calorosas. Ainda que tentasse se proteger com sua barreira de gosma, os cortes agora quentes rasgaram seu Golem de gosma em pedaços e penetraram sua pele com tamanha facilidade e rapidez que não houve espaço para uma regeneração rápida.

    — Turbilhão de cortes em chamas!

    Mesmo em pedaços, os olhos de Belia se arregalaram perante mais uma investida naquela pequena fração de tempo em que buscava desesperadamente se regenerar.

    — Mais uma vez!

    Meredith não parou por aí. Aos olhos de Belia, ela balançava a espada três vezes para formar todos aqueles cortes, mas aos olhos da executora, ela movia a espada cem vezes…

    Meredith repetia aquele processo até que não sobrasse sequer uma carne que pudesse se regenerar. A boca de Belia, um dos poucos pedaços que havia se formado, emitiu…

    — Será possível? Isso… Eu vou mesmo perder para essa humana? Eu não vou aceitar isso! Jamais!

    Belia parecia ter sido ouvida pelos céus. Quando Meredith estava prestes a desferir o seu sétimo golpe, sentiu seu coração pulsar em um badum e então caiu no chão enquanto segurava o peito fortemente. Havia atingido todo seu limite. Diante daquele cenário tão conveniente, Belia formou um sorriso enquanto seus pedaços começavam a se reconstruir pouco aos poucos.

    Jurou que não pouparia sequer um milésimo àquela humana. Seria instantâneo. Assim que estivesse recuperada, seria o fim dela.

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