Capítulo 119: O Apogeu da Magia
Depois de algumas andanças por aqueles becos, avistando uma e outra pessoa que cumprimentaram Frida por lhe conhecerem enquanto tentávamos passar despercebidos, curvando a cabeça enquanto colocávamos as mãos contra a face para não sermos reconhecidos pelos cidadãos como as caras dos cartazes, finalmente chegamos à casa da Frida.
Uma bem simples feita de madeira e pedra, que se resumia a um rés do chão. Entramos nela imediatamente antes de aparecerem mais pessoas e contemplamos uma mulher de cabelos rosas com o rosto na mesa e o traseiro no banco, no que parecia estar dormindo.
— Mãe…
Frida e seu irmão deram passos para ali, chamando a atenção da senhora para um despertar. Seus ouvidos responderam aos passos e sua cabeça levantou, e seus olhos arregalados encontraram os dos seus filhos.
— Filhos…
— Mãe!
Assim, com lágrimas nos olhos, aqueles três formaram um abraço caloroso. Aquele foi um momento lindo de se ver.
— Aí, que saudades dos meus pais… — murmurei com fragmentos de seus sorrisos aparecendo na minha mente.
— Eu também sinto saudades dos meus pais! — Meredith me acompanhou enquanto se encostava no meu ombro.
— Eu também — Theresa emitiu e Rein balançou a cabeça positivamente.
Saudades tomou conta dos nossos corações.
Depois de alguns suspiros, aqueles três se descolaram um do outro e então sorriram enquanto sua mãe lhes afagava a bochecha com um sorriso acolhedor.
— Ah, meus filhos… Mas antes de perguntar o que aconteceu, quem são esses?
— Ah, eles são… Bem, sabe aqueles que estão sendo perseguidos e têm os seus rostos nos cartazes? Sim, são eles — disse Frida.
— Então você deve ser a princesa Meredith, pois não? — Aquela senhora entregou sua mão para ela, que foi prontamente recebida. — Lamento muito pela situação que esteja passando.
— Muito obrigada.
— Mas, se não se importa, o que a levou a isso?
— Ah, bem…
Meredith parecia não conseguir explicar, então Theresa tomou a dianteira e resumiu a situação da Meredith, que deixou aquela senhora um tanto quanto espantada, mas ao mesmo tempo seu semblante assumiu traços compressíveis.
— Entendi… E lhe ofereço todo meu conforto. — Mãe de Frida lhe deu um abraço confortável, que roubou um sorriso de Meredith, que se sentia mais acolhida.
Então, depois disso, Frida acabou contando sobre o motivo de o seu irmão ter sumido do nada. Por possuir ligação com uma membra dos caçadores da lua, havia sido raptado enquanto caminhava pelas ruas. E assim se deu início às peripécias pelas quais passamos para resgatar não só ele, mas as crianças, a professora e o seu amado, que haviam sido raptados pelo ser de milhares de anos atrás.
Senhora mãe da Frida ficou chocada.
— É por isso que eu também queria que nos mudássemos.
— Mas agora ele não está mais aqui, pois não? Ah, e quanto ao assunto destruição de Hengracia, isso é mesmo real?
— Sim — disse Frida. — Mas eles ainda estão no processo de provar isso.
— Vão me desculpar, mas eu espero que estejam errados.
Eu também queria que estivesse errado, mas isso era inevitável… Além de que, se não se cumprisse, o apelido manipulador charlatão se tornaria real para mim.
— Eu também… — murmurei.
— Não se preocupe, minha senhora, que profecia nenhuma será capaz de deter nossa vontade de salvar Hengracia, não é, jarves?
Balancei a cabeça positivamente.
— Além do mais, mamãe, profecias são trazidas ao mundo para mudar um determinado evento.
Frida tinha razão.
— Verdade. Então nesse caso, os desejo boa sorte, e que vocês realmente possam evitar a destruição dessa bela terra.
Quando senhora mãe da Frida falou isso com uma cara bem esperançosa, nossas barrigas murmuram de fome.
— Vou preparar algo para comermos. Sentem-se e sintam-se em casa.
Horas atrás
Enquanto a luz do sol ainda pairava entre as nuvens, dois homens se encontravam suspensos no ar, nos domínios daquelas infraestruturas. Um deles estava preso em uma barreira esférica que era amparada por uma quadrada, o vento uivando seus ouvidos enquanto tentava o asfixiar na primeira barreira esférica.
Mas ao que tudo indicava aquele homem era tão resistente que não caia nos encantos da pressão dos ventos.
Aquela demora estava irritando o Xavier, estava o deixando impaciente porque estava perdendo tempo quando a essa altura estaria alcançando aqueles fugitivos.
Então decidiu desfazer o vento que formava no interior da barreira.
— O que? Já desistiu tão já?
— Parece que o fato de você possuir magia de vento o torna resistente a pressão do mesmo elemento, sendo assim… Sinto muito pelo que vou fazer, mas para lograr sucessos na eliminação do alvo, eu terei que te eliminar.
Senhor Alexodoro engoliu em seco ao contemplar uma expressão sombria tomar conta da face daquele homem. Dezenas de espadas de vento se formaram dentro da esfera, aliado a uma cabeça feita de vento semelhante ao de um dragão, que abriu sua boca, formando uma grande esfera esverdeada.
“ Esse ataque… ” Cada uma daquelas armas projetadas a partir do vento possuíam mana rank A, muito próxima ao rank S. “ Ele está mesmo tentando me aniquilar?”
Sr. Alexodoro cerrou os punhos, se preparando para resistir ao ataque formado pelo Xavier. Naquele momento, não era possível para ele desistir, já que a vida dos seus protegidos poderia estar em perigo nas mãos deste homem que havia perdido o controle.
— Morr…
Antes que lançasse o ataque, Xavier voltou seus olhos para o homem que estava ali no alto de um prédio.
— Não, não, Xavier. Não faça isso.
— O que você…
— Não deveria confiar na palavra de um bobo. “Me rendo. Não vou me intrometer mais”. Ah, por favor… Era só um blefe para poder escapar e poder proteger aquele que considero digno de viver. Afinal, quem gosta de charadas, não merece algemas.
— Eu vou matar…
Antes que terminasse suas palavras, Xavier recebeu um soco no estômago que o arremessou.
— Lento.
As espadas, a cabeça do dragão e as barreiras se desfizeram em estilhaços de cristais quando seu progenitor tombou contra uma parede. Senhor Alexodoro pousou no chão assim como Alecrim.
— Esse Xavier, francamente… Já não sabe como se trata os velhos da terceira idade.
— Muito obrigado, Alecrim.
— Que nada. Você por acaso é um aventureiro aposentado?
— Sim.
— Bem, acredito que tenha tido interesse no garoto para poder se sacrificar para protegê-lo.
— Temos algo em comum então.
Assim, enquanto falavam, Xavier se levantou enquanto cerrava os punhos, contorcendo seus traços em uma profunda cólera perante aqueles dois homens.
— Eu vou aniquila-los!
Esticando um dos braços, uma barreira começou a se aproximar, mas Alecrim quebrou em um só punho de terra quando ergueu seu braço.
— Dessa vez está lento… Mas é um grande sucesso você ter conseguido dominar a magia condicional. Isso sem dúvidas te torna o homem mais forte deste reino.
— Bem que eu pensei que pudesse ser algo assim — disse senhor Alexodoro enquanto dava um sorriso. — Realmente, esse é o pináculo da magia…
Magia condicional, era considerada magia que transcendia todo tipo de especificação ou evolução mágica que o usuário podia alcançar por via de sua magia primordial. Ela consistia em aplicar uma condição imutável para sua magia uma vez que ela tivesse ativa, mas isso só era alcançado por meio de um conhecimento íntimo e profundo da sua magia depois de haver alcançado um grande alto nível de evolução em que provavelmente não era mais possível transcender.
No caso do Xavier, sua magia de barreira inquebrável dependia de uma outra barreira externa. A condição para quebrar a primeira barreira era quebrar a de fora e se não houvesse nenhum agente externo, a pessoa que estava dentro jamais conseguiria sair sem antes a mana do usuário se esgotar e ele ter de ser forçado a cancelar a magia.
Sem dizer nada, mas evidentemente irritado, Xavier correu contra aqueles dois homens enquanto formava espadas de vento, já que sua magia condicional não tinha chance de funcionar com a mesma rapidez que antes devido ao seu défice de mana.
Alecrim formou uma barreira de terra, apenas esticando as mãos, que foi destruída pelas espadas de vento. Eles se foram se esquivando em ziguezague enquanto ele não parava de lançar espadas de ventos com um semblante totalmente frio. Ambos foram acertados, o que deixou alguns arranhões em algumas partes do seu corpo.
— Peço que o distraia…
Quando o senhor Alexodoro balançou a cabeça positivamente, Alecrim se afastou, deixando Xavier disputando socos de ventos contra aquele homem que devolvia na mesma intensidade enquanto um Golem se formava debaixo da terra, indo apoiar o senhor Alexodoro.
Assim que chegou ali, Xavier voltou seus olhos quando presenciou uma pessoa a sua trás.
— Acabou.
Alecrim bateu na nuca do Xavier com o seu braço munido de terra, fazendo com que ele perdesse a consciência e caísse no chão. Então estalou os dedos, atraindo o Golem para ali onde estava o Xavier. Ele carregou aquele homem em seus braços segundo os comandos do seu mestre.
— Sua magia de terra é muito admirável… Nem mesmo eu consigo moldar um único Golem.
— Nem queira, isso suga muita mana… Mais pelo formar um núcleo de mana.
— Mas vale o esforço.
— Se eles falassem e jogassem charadas comigo, quem sabe…
— E então, o que faremos agora que acabamos de derrotar o homem mais forte do reino de Hengracia?
— O primeiro passo é deixá-lo imobilizado. Conheço uma certa para pessoa com o poder para tal.
— Perfeito.
Depois disso, aqueles dois começaram a caminhar por aquelas ruas enquanto logo atrás Golem trazia consigo Xavier. Suas andanças os levou a uma loja que o senhor Alexodoro bem conhecia. O Golem teve que ficar de fora pelo tamanho e por questões de segurança para que não permitisse que mais alguém entrasse enquanto o senhor Alecrim adentrava com o Xavier em suas mãos na companhia do ex aventureiro rank S.
Assim que colocaram os seus pés naquele cômodo, encontraram uma mocinha loira ajustando as roupas nos pedestais enquanto uma mulher estava no balcão. Por algum motivo, a loira se assustou e contorceu seus traços de pavor quando mirou aqueles homens.
— Sejam bem vindos… — A moça de cabelo roxo com vestes de recepcionista no balcão mal pôde terminar ao constatar de quem se tratavam. — Vocês…
— Há quanto tempo, Airina Volt.
— O que vocês estão fazendo aqui? E o que aconteceu com o capitão Xavier?
— É uma longa história. Agora preciso que você dê um jeito de colocar esse homem dormindo.
— Po quê? Por favor, responda às minhas perguntas. Onde está a minha amiga, e o que fizeram com ela? Estou muito preocupada.
— Meredith e os demais estão bem. Eles estão na companhia do aventureiro rank S Zestas a caminho do norte.
— Eu não entendo como ela pôde se meter nisso… Minha amiga parece que tem problema com homens.
— Prima, eu não estou passando bem…
Airina foi atraída para a loira, que estava colocando a mão na cabeça enquanto seus traços se torciam de enjoo.
— O que foi, Kamila?
— Eu sinto uma energia sombria vinda daquele homem… O capitão… É tão grande que faz minha garganta secar. Presumo que ele tenha sido amaldiçoado.
— Ih, então o Xavier está amaldiçoado? Isso justifica aquele comportamento animalesco em oposição aos simpatizantes de charadas.
— Por isso ele agia daquela forma… Nem sequer conseguiu me explicar direito naquela altura.
— Mas quem amaldiçoaria o capitão?
— Então, menina, você que detectou… Consegue mesmo libertar o capitão desta maldição? — questionou Alecrim.
— Eu posso tentar, mas não garanto nada.
Assim, Kamila seguiu e impôs a mão na cabeça do capitão, com raios negros começando a sair como faíscas. Depois que fechou os olhos, viu dois olhos vermelhos, um sorriso e dois chifres brancos em meio àquela escuridão.
— Seja destruída, humana. Pereça, humana! Malditos humanos!
Sentiu uma força tentando dominá-la, então soltou a cabeça dele e se afastou com pavor.
— A maldição falou… Maldições normalmente não falam.
— Então você fracassou?
Balançou a cabeça afirmativamente a questão do Alecrim enquanto emitia numa voz miúda.
— Sim.
Então o senhor Alexodoro questionou o que todo mundo queria saber.
— O que ela disse exatamente?
— Seja destruída, humana. Pereça, humana! Malditos humanos!
— Para essa coisa dizer, isso significa que deve se tratar de um monstro ou talvez um humano que tenha ódio dos humanos e esteja usando o Xavier para lograr seus intentos.
— Ou talvez seja aquela raça mencionada por Jarves.
— É mesmo? O rapaz que tem o poder de ver o futuro, não é? Mas por que uma raça de tempos atrás entraria em contato antes do tempo? E ainda próxima, usando o Xavier.
— O que vocês estão falando? — questionou Airina enquanto amparava sua prima, mas acabou sendo ignorada.
— Não sei… Mas não lembra de algo que aconteceu com ele?
— Ele mudou completamente quando fez contato com o clone da mulher. Espera… — Estalou os dedos. — Eu acho que a resposta para isso está na princesa Alexandra.
— Nesse caso, precisamos fazer contato com ela.
— Ei, o que vocês estão falando?
— Arrume suas coisas e feche a loja, estamos partindo para o castelo tratar assuntos de extrema importância — emitiu Alecrim, deixando aquela mulher um tanto quanto espantada.
— O que? Me expliquem direito então! Não é só dizer as coisas!
— Ah, menina, eu te explico no caminho! Vamos! Vamos!
Airina deu um suspiro, deixando sua prima repousando no banco e então começou a arrumar as coisas com ajuda do senhor Alexodoro para fechar sua loja e dar início a jornada em direção ao castelo de Hengracia onde ansiavam obter as respostas para a maldição que assolava o capitão Xavier.
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