Capítulo 126: Um Encontro e Dois Encontros Nada Agradáveis
Assim, deixamos o circo, mas não de mãos vazias. Agora estávamos deslizando pela superfície com pares de sapatos deslizantes que nos forneciam a sensação de deslizar de patins em uma superfície de gelo, mas isso aqui por depender de mana deslizava em superfícies não deslizantes como areia e certos tipo de pavimento, como essa região constituída por areia dura e vermelha.
Como deficiente de mana, não pude usá-los por muito tempo. Fiquei triste. Mas Zernen disse que eu poderia subir nas suas costas, então um sorriso se abriu no meu rosto.
Meredith foi gentil com Theresa também. Assim, passeavamos pela cidade sapateira no que parecia ser uma passeata normal até o destino onde o Rein ia nos teleportar diretamente para o norte de Hengracia, porém um certo alguém decidiu propor algo.
— Vamos fazer uma corrida! Quem chegar primeiro vence!
Zernen acelerou os seus passos.
— Nesse caso, eu também não vou ficar para trás!
Meredith já estava bem ao nosso lado enquanto Rein havia ficado para trás, mas Zernen estava em desvantagem por conta do baú que estava carregando, o que concedeu a Meredith uma ultrapassagem ultra rápida.
— Não é justo! — Zernen resmungou, me jogando para o chão com uma cotovelada. — Desculpa, Jarves, mas você é um fardo!
Meu traseiro ficou quente e dolorido quando aterrou naquele chão duro.
— Quê?! Você bebeu? Você não deveria jogar!
Rein foi o único que parou para estender a mão para mim. Bem, ele era o único que estava logo atrás.
— Sinceramente, eu é quem deveria estar a frente, para onde eles pensam que vão?
Já em pé, dei um sorriso.
— Já já se cansam.
De repente, uma nuvem de poeira estava se aproximando de nós. Eram eles…
— Viu só?
— Com licença…
Tomei um susto quando me virei para contemplar um homem de macacão, que facialmente se parecia um pouco com o Nikolas. Por um momento, pensei que fosse a assombração dele aqui, mas este andava com duas muletas e estava acompanhado por uma moça morena muito bonita que vestia um jaleco como o da Theresa, mas diferente dela, essa fazia jus ao jaleco.
Tinha um corpo voluptso como o da Meredith.
— Eu venci!
Zernen que havia arremessado o baú para vencer, acabou pegando ele no tempo certinho.
— Mas isso é porque eu estava carregando a Theresa.
— Meredith, me solte.
— Não, é claro que eu não quis dizer que você é pesada.
— Não, não é isso.
Agora que reparei os olhos da Theresa e do jovem de muletas estavam se encontrando profundamente, como se fossem familiares um ao outro.
— Handares é você?
— Theresa?
Assim que Theresa pousou seus pés no chão, foi em direção a ele.
— Nossa, há quanto tempo, Handares.
Theresa deu um sorriso.
— Desde que você prometeu me visitar.
— Eu prometi, não é mesmo? Sinto muito, as correrias do dia não permitiram.
— É, consigo ver que está nas correrias do dia mesmo. — Ele deu uma risada. Não evitei sorrir diante dessa situação.
— Ah, isso, é… — Coçou seu cabelo com um sorriso constrangido que não era característico dela. — Bom, aconteceram muitas coisas.
— Imagino, mudou até o cabelo.
— É, bem, amigos, esse é o Handares. Ele foi o meu paciente e da minha professora durante o tempo que passei nesta cidade.
— É sério isso? Por que não disse antes, a gente teria passado para visitá-lo — eu disse.
— Como a cidade estava muito mudada, não queria dar a vocês a massada de procurar ele. Mas como a gente se encontrou, é uma benção.
— É mesmo, quital me acompanharem ao orfanato onde estou morando? Creio que lá poderemos colocar melhor a conversa em dia.
— Espero que tenha uma boa comida! — disse Zernen, sendo inconveniente. Ainda próxima lambia os lábios.
Mas nossas barrigas acabaram denunciando o que nossas bocas não queriam dizer.
— Bom, vocês gostam de batata doce? É a especiaria dessa cidade.
— Quem não gosta?
Sorri para o Handares, encontrando nele a nostalgia do meu mundo passado quando minha mãe preparava as batatas doces. Aí, que saudades do cheiro doce e quentinho. Sem mais delongas, Handares ao lado da médica recém formada que atendia pelo nome de Antonella, que cuidava dele e das crianças no orfanato, nos guiou em direção ao orfanato.
Uma construção pequena e humilde, feita a base de madeira e pedra, que se assemelhava ao formato de uma capela . Não era feita de sapato como algumas casas daqui, devido possivelmente a sua distância da capital real dessa cidade.
Ao passar pelo quintal parcialmente coberto por gramado e cercado por uma pequena cerca de madeira e um portão de madeira pequeno fácil de pular, encontramos crianças brincando ali ao pé do que parecia ser uma casinha de cachorro.
Curiosos, vieram ao nosso encontro e perguntaram quem era essa gente esquisita, começando por mim. Handares explicou que eram seus amigos. Então elas deduziram que a gente fazia parte do circo pela forma como estávamos vestidos.
— Eba! Vai ter show!
— Não é isso, crianças. São meus amigos. Meus amigos.
As crianças não quiseram saber das palavras do Handares, apenas queriam show. Então Meredith, tomada por um sorriso nostálgico, se agachou e emitiu.
— Se é show que vocês querem, então é show que vocês terão!
— Isso mesmo! — Zernen começou a rir como um louco. Eu já estava achando estranho ele estar calmo diante desse pedido. — Vamos explodir com tudo!
— Ei, nada de explodir com tudo.
Dei um tapa no seu cabelo.
— Bom, já fizemos um show antes… — Theresa murmurou. — O que pode dar errado?
— Mas antes… — Levantei o dedo ao mesmo tempo em que minha barriga murmurava de fome. — O que acha da gente comer?
— É verdade. Crianças, o show fica para depois da refeição. Vamos, vamos comer!
— Eba! Vamos!
Elas saíram correndo como gaivotas voadoras que abriam suas asas a torto e a direito, em direção a capela. Entrámos nela com o mesmo entusiasmo. Sua estrutura era similar a catedral, contendo um teto curvilíneo e janelas coloridas nas paredes laterais que davam acesso à luz. O espaço em que estávamos era a sala, com mesas e cadeiras. Está se estendia até uma parede com uma porta na extremidade. Segundo o Handares, a porta levava aos quartos, à cozinha e o banheiro.
Mas para quê falar? Se a gente podia ver com os nossos próprios olhos? Handares abriu a porta que nos deu acesso a um corredor estreito, cujas laterais continham portas. A primeira porta que cruzamos estava cheia de camas, quase que apertadas para aquele quarto. A segunda também, mas era separado em dois quartos. Havia uma parede que separava o quarto da médica e da cozinheira com esse.
Como não nos foi permitida a entrada devido a bagunça em que se encontrava, fomos para a cozinha que ficava quase no fundo, formando uma ligeira distância da do banheiro no fundo. Francamente, pensei que bagunça pertencesse apenas aos homens…
Na cozinha não havia muitas coisas, senão despensas e armários, encontramos uma outra moça linda, que me lembrava a Belia, ou melhor, a moça da pousada. Ela vestia um vestido de girassol e tinha cabelos castanhos com franja tal como ela. Seu sorriso quando virou era caloroso como o sol e doce como o mel. Mexia uma panela assente em lenhas ardentes. Esta parecia conter uma deliciosa sopa de feijão.
“ Certo, essa é a mulher certa para eu me casar!”
Só não disse isso em voz alta para não me olharem estranho. Espera, espera. Acabei de lembrar que não podia me deixar levar, visto que o meu coração agora pertencia a Alexandra. Isso, Jarves, foco.
— Olá! Vejo visitas!
— São meus amigos.
— Sério? Que bom! Muito prazer em te conhecer. Meu nome é Croma!
Ela foi abraçando nossas mãos com a sua com um sorriso gentil. A gente foi se apresentando também com a mesma doce reciprocidade.
— Mas de onde são eles? Sinceramente, parecem vir do circo.
E ela não estava errada, em parte.
— Aconteceu muita coisa, mas explicaremos melhor depois que a gente comer — eu tomei a palavra. Não estava aguentando mais. Eram tantos gurugurus que a minha barriga reclamona estava fazendo.
Será que eu tinha lombrigas?
Não, acho que a razão disso eram esses sapatos que haviam consumido minhas forças. Eles eram as minhas lombrigas. Se eu queria usá-los, precisa ter comigo uma sacola de comida ao lado para reabastecer as energias.
— Já entendi. A comida já está quase pronta. Mas hoje vocês não irão repetir, criancinhas…
Ela olhou para elas, que estavam espreitando tudo da porta, as deixando completamente desapontadas. Mas fazer o que, né? Pelo que dava para ver pela dispensa e pelos armários semi abertos, não havia nada para aumentar a comida aqui se não um monte de folhas que jamais trariam fartura às nossas barrigas.
Por algum motivo, os meus olhos foram ao encontro do baú que Zernen estava carregando. Na verdade, eu não era o único. Todos estavam olhando para o baú. Era certo que o Handares e as moças estavam evidentemente curiosos e a pergunta não demorou a chegar, vinda da Croma.
— O que tem aí?
— Nada, nada, nada!
Zernen saiu da cozinha correndo, com as crianças o seguindo como se estivessem em um parque de diversão.
— Aquele mão de vaca…
— É o Zernen, fazer o que. Se bem que vocês dois estão me devendo algumas moedas.
Meredith olhou para mim com o olhar de um verdadeiro agiota quando estava cobrando sua dívida.
— Mas a gente usou praticamente para te ajudar depois que você foi envenenada pelo seu próprio mordomo, lembra?
— Eu sei disso, mas vocês gastaram mais do que o necessário. Vocês praticamente esbanjaram o meu dinheiro como se não houvesse o amanhã!
— Então foi isso, senhorito Jarves? — Theresa apontou o dedo contra o meu peito com olhares de um gato de rua intimidador. — O senhor não me pagou pelo tratamento sendo que esbanjou o dinheiro da minha amiga, não é?
— Ei, ei, mas eu não tinha dinheiro e você quer mesmo cobrar o tratamento da sua amiga?
— Mas naquele tempo eu e a Meredith não éramos amigas!
— É isso, pague o nosso dinheiro!
Aquelas duas se juntaram para cobrar o dinheiro, me colocando contra a parede literalmente enquanto os que deveriam me salvar apenas me observavam.
— Eu não tenho dinheiroooo!
Sai correndo da cozinha como fez Zernen. Escapar dos problemas era melhor que enfrentá-los às vezes. Quando estava caminhando pelo corredor, ouvi a risada daquelas duas enquanto explicavam que tudo não passava de uma brincadeira, sendo que meu coração já estava palpitando de tão sufocado que eu estava.
Enfim, apenas respirei fundo enquanto passeava pela sala. Meus olhos não demoraram muito para encontrar uma cena icônica do Zernen sendo perseguido por um cachorro marrom enquanto ele carregava o seu baú. Ambos estavam latindo enquanto brincavam de pega-pega. Zernen estava sorrindo, mas ele não percebia que aquela brincadeira era unilateral, porque o cachorro parecia estar raivoso com ele.
Mas ele naquele momento estava gritando um nome familiar.
— Barro!!!!
Aonde eu havia ouvido esse nome antes?
Mas que pergunta… Esse nome era muito normal e comum.
Sai para fora, encontrando as crianças tentando pegar a coleira do cachorro descontrolado. Inclusive, agora que ele me viu, veio para mim, mas eu fechei a porta na cara dele. O que se seguiu foram batidas informais misturadas com latidos.
— Au! Au! Au…!
Ignorei isso para o que mais importava.
A minha atrás um cheiro delicioso chegava. Quando olhei, encontrei Theresa, Meredith e o Rein carregando pratos enquanto a médica e a Croma carregavam as panelas para a mesa.
— É o Barro, não é mesmo? Supostamente, ele deveria estar amarrado, porque não gosta de visitas — disse Handares, vindo até mim.
— Barro? Mas que raio de nome é esse?
— Estava na coleira quando o encontramos.
Agora caiu a ficha. Zernen tinha um cachorro de nome barro e ele havia fugido. Será que estávamos falando do mesmo cachorro? A resposta era óbvia.
— Mas parece que o cachorro não reconhece o dono… — murmurei.
Uma nostalgia depressiva havia tomado conta de mim ao me lembrar de que Zernen estava passando o mesmo que eu, a rejeição. A porta neste momento havia parado de bater. Handares abriu ela que já estava coberta de arranhões, encontrando o cachorro suspirando enquanto Zernen pousava sua perna em cima da cabeça dele.
— Já está cansado, barro?! Vamos brincar mais! É sério que é só isso que você tem?
Agora até dava para ter um pouco de noção do porquê o cachorro havia fugido. Brincar desse jeito não tem quem aguente. Zernen tinha o fôlego de um cavalo, ou melhor, pior que um.
— Vejo que achou o seu cachorro, Zernen…
— Pois, é! Estou tão feliz!
Zernen retirou a perna dele, que foi mordida em seguida.
— Au…
— Ei, Barro, pare com isso e senta!
Ao som da voz do Handares, ele largou a perna do Zernen.
— Ih, parece que ele também te obedece! Muito obrigado por cuidar dele, Handares!
— Então esse é mesmo o seu cachorro?
— É sim!
Não, não é mais
Mas não cabia a mim verbalizar isso. Zernen mais tarde saberia muito bem que esse cachorro provavelmente não lembrava mais dele.
No entanto, de repente o cachorro desobedeceu as ordens do Handares e começou a latir para a entrada. Neste exato momento um homem estava passando por ali coberto por um capuz, mas ele parou em frente ao portão e tirou o capuz para o espanto de todos nós.
Aquele homem….
Como….
Não é possível…
Por que….
— O que você está fazendo aqui, Nikolas?!
Essas palavras acabaram escapando da minha boca diante da imagem inequívoca daquele cientista maluco.
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