Capítulo 69: Grande fardo
— Não…
Aquela cena traumatizante ainda atravessava a mente de Meredith como pequenas agulhas, provocando uma dor aguda em sua cabeça enquanto lágrimas deslizavam por sua face.
Zernen, em contrapartida, cerrou os punhos e começou a lançar uma série de socos explosivos contra a superfície do dragão, que subia ao céu enquanto soltava vapor por seus narizes.
— Devolve os meus companheiros agora mesmo!!!
Os ataques massivos daquele garoto faziam crateras que liberavam rios de sangue na carne sofrida daquela criatura. De tanto não aguentar, rugiu, regenerando todas suas caudas de serpentes já destruídas.
Não foi só isso, as escamas também começaram a tremer, dando indicativo de que ele estava prestes a usá-las.
Oceano, que havia percebido isso, ordenou que aqueles dois saltassem, mas como não o quiseram ouvir, ele teve que os agarrar à força. Segurou suas cinturas enquanto arregalavam os olhos e correu até uma das cabeças, de onde saltaria enquanto as caudas de serpentes o seguiam por trás. Suas sandálias e seus corpos foram brutalmente agredidos pelas escamas, mas o salto não deixou de ser um sucesso.
Só que…
No meio disso, Oceano começou a sentir seu corpo fraco, sua cabeça começou a girar como se estivesse embebedado. Ele segurou sua cabeça enquanto pousava desnorteado, derrubando aqueles dois que caíram e rolam no chão.
O dragão, agora no céu, observando aquelas formiguinhas com olhos imbuídos em uma profunda cólera, preparou seu próximo ataque para os aniquilar. As bocas de serpentes e as duas bocas se abriram, gerando uma pequena luz nas pontas das línguas.
Naquele estado, Oceano se via sem forças para desviar daquele ataque. Aqueles dois também detinham ferimentos entorno do corpo. Fred também aparentava estar meio zonzo enquanto tinha seu corpo encostado num rochedo, com sangue que jorrava de sua testa, atravessando seus olhos.
“Que droga…”
Ainda assim, Oceano seguiu mantendo uma expressão calma. Sua mente, neste momento, vagava por uma solução que os poderia livrar daquele ataque cada vez mais próximo, já podia visualizar feixes de luz tomando conta de seus olhos.
Quando Oceano cerrou os punhos, tentando mover seu corpo fraco, viu um raio de esperança cobrir seus olhos.
Zernen estava de pé, com as mãos juntas, enquanto sorria loucamente.
— Hum, manda vir!
— Ei…
Oceano tentou esticar sua mão.
— Zernen, não faça isso…
Meredith também estava com o corpo fraco, vendo aquele rapaz uma hora em três, outra hora em dois, uma alternância sem fim que revelava seu estado débil.
— Hahahahah! Vocês ficarão me devendo uma depois dessa!
— Certo. — Oceano levantou-se, ainda com o corpo fraco, e caminhou com passos de tartaruga até a ruiva. — Agradeço o sacrifício…
— Do que você está falando, Oceano?
Meredith arregalou os olhos, vendo-se carregada pelo Oceano, que mal conseguia se manter equilibrado.
— Me solta! Eu preciso ajudar! Você viu que ele explodiu daquela vez, não viu?
Meredith batia nas costas dele fracamente.
No entanto, Oceano não disse nada, apenas continuou caminhando com passos lentos.
— Certo! Aqui vou!
Com mãos juntas, Zernen recebeu aquela energia que irradiou por todo seu corpo, tão grande que ele começou a brilhar intensamente.
— Só que… — Zernen deu um sorriso enquanto corria contra o dragão. Após ter absorvido toda aquela energia e seu corpo estar todo cintilante, ele cerrou os lábios enquanto saltava para cima, lançando um enorme clarão que cegou até mesmo os olhos do próprio dragão. — Explosãoooooo!!!
Um booom ressoou. A terra tremeu e uma poeira enorme se levantou da superfície, fazendo soprar altos ventos. Uma fumaça negra cobria o local onde estavam o dragão e o Zernen.
— Zernen…
Mais ou menos recuperada, Meredith levantou-se e caminhou enquanto erguia os olhos para aquela fumaça.
Oceano, que também já sentia seus movimentos de volta, levantou-se do rochedo que estava encostado. Seu companheiro Fred também abriu os olhos e afagou sua cabeça enquanto observava aquela fumaça lá em cima se desvanecer.
— Não…
Quando a fumaça passou, Meredith arregalou os olhos e ficou de queixo caído quando viu o abdômen do rapaz atravessado por uma serpente enquanto sangue fluía de sua boca, os olhos deles totalmente fechados enquanto sua roupa estava coberta de rasgões.
Meredith cerrou os dentes, baixando a cabeça ligeiramente enquanto corria ao mesmo tempo, em que o corpo do Zernen caia no chão. Por sorte, ela conseguiu segurá-lo a tempo. O ferimento era gravíssimo e uma mancha negra percorria seu corpo, um tipo de veneno que aquele dragão possuía no interior de seu corpo.
— Zernen, por que não desistiu?
Ela o olhava com uma expressão contorcida em profunda tristeza.
— Ei, Oceano… O que faremos?
Fred olhava para ele com uma expressão abatida, ansiando por alguma resposta para aquele problema.
— Desculpa, Fred…
— Hã? O que está dizendo? Não me diga que pretende se culpar por tudo isso?
— Eu cometi um erro imperdoável. Então, desculpa.
— Você e esse seu perfeccionismo… Não me diga que ainda está nisso?
— A verdade é que… — Oceano elevou sua mão ao alto, uma aura tremenda e arrebatadora que estremecia a superfície e fazia os pedregulhos se levantarem, tomou conta daquela área, fazendo tanto Meredith que segurava o Zernen, assim como o próprio Fred, ficarem arrepiados. — Eu estive guardando poder esse tempo todo.
— O quê?
Fred não conseguia acreditar.
— Por quê?
— Cubo mágico.
Um cubo mágico surgiu ao redor do Oceano. Ele ficava no centro dele, num dos mini cubos.
— Se você tinha todo esse poder… — Meredith olhou para ele com os olhos arregalados, uma expressão de raiva se formando em seus traços. — Por que não usou antes?
— Achei necessário.
— Oceano, o que você diz? Frida e os outros foram devorados por aquela coisa e a gente nem sabe se eles estão bem… Então, por quê? Você, por acaso, não sente nada por nós?
— Oceano, se, por acaso, algo tiver acontecido com meus companheiros, eu jamais te perdoarei, jamais! Se por acaso este rapaz morrer, Oceano, eu … — Meredith tremeu as mãos. — Não sei o que te faço…
— Eu entendo os vossos sentimentos e os aceito plenamente. Mas minhas razões são algo que não devem ser entendido agora, afinal seria loucura para vossas mentes.
— Eu sei que você é o tal do gênio, mas não precisa agir assim. Somos companheiros, não somos? Somos membros do mesmo corpo, não somos? Se você fez o que fez, quero acreditar que há uma razão, então conte tudo agora imediatamente!
— Você pode conferir a área ao redor e ver se acha algo de incomum?
— Como assim? Não desvia do assunto, Oceano!
— Por favor, eu prometo que você saberá de tudo ao seu tempo.
— Tse! Tudo bem! Espero que você saiba o que está fazendo. — Dito isso, com o rosto se contorcendo de tristeza e decepção, Fred correu dali enquanto o dragão lançava suas serpentes para ele, mas foram esmagadas imediatamente assim que Oceano moveu um dos mini cubos. Sangue desceu à superfície e formou um lago de sangue.
— Por que só agora está usando seu poder…? — Meredith o observava enquanto vertia lágrimas dos seus olhos. — Quando podia ter usado tudo e garantido que todo mundo estaria bem!
Oceano não disse nada, apenas continuou caminhando em direção ao dragão que reuniu suas cobras para gerar seu grande golpe.
— Responda…
— Você está de cabeça quente agora, um diálogo com você seria um desperdício de tempo.
— O quê?!
— Descanse.
Meredith tremelicou seus ombros enquanto se encolhia em choros, pensando nos seus companheiros que haviam sido engolidos por aquela criatura já fazia algum tempo.
— Você não é páreo para mim.
Oceano moveu um dos mini cubos, que conteve aquele grande raio, armazenando toda energia no mini cubo. Movendo um dos dedos, Oceano devolveu aquele golpe contra uma das cabeças de dragão. Ele se debateu no vento, se desequilibrando ligeiramente enquanto uma fumaça consumia aquela parte do rosto desfigurado.
O dragão rugiu fortemente e decidiu se aproximar um pouco da superfície, abrindo suas duas bocas gigantes contra o Oceano enquanto batia suas grandes asas.
No meio do caminho, ele lançou uma grande esfera de luz alaranjada que foi amparada por um dos mini cubos. Suas serpentes também tentaram invadir aquela defesa, mas não conseguiram. Vendo que não tinha nenhuma chance contra aquele homem, o dragão voltou toda sua atenção e ataque naquela mulher que segurava o rapaz, mas com um dos mini cubos erguidos, Oceano o chutou para cima. Ele voou, dando cambalhota no céu enquanto tentava recuperar seu equilíbrio nos ares.
— Eu ainda não consigo compreender… — Meredith murmurou.
Oceano apenas a olhou com o rosto calmo, como se absolutamente tudo estivesse bem, quando não estava. Ainda não descia a garganta de Meredith que ele estava escondendo todo esse poder durante esse todo tempo, permitindo que seus companheiros se colocassem em situações de quase morte.
Nada explicaria isso.
— Se você não pretendia ajudar, sequer deveria estar aqui!!!
Meredith gritou essas palavras. Naquele momento, tudo o que Oceano havia feito não estava sendo levado em conta… Contudo, Oceano entendia muito bem ela, era o esperado da princesa Meredith.
“Realmente, pessoas que têm um grande poder em mãos jamais serão compreendidas” Com esse pensamento, Oceano direcionou seus olhos para seu companheiro, que se aproximava de si a passos largos enquanto lançava suspiros frenéticos no vento.
— E então?
— Não vi nada de incomum.
— Então, a teoria de Frida se aplica nessa dimensão. Que bom. — Oceano sorriu, o que deixou Fred estranho.
— O que você vai fazer? Como pretende consertar tudo?
Sem responder nada, Oceano avançou e elevou três dos seus mini cubos para cima, contemplando aquele dragão prestes a lançar seu ataque mais poderoso.
— Preparem-se. Vamos nos encontrar com os outros.
— Hã?
— O quê?
Quando Oceano disse isso, Meredith e Fred arregalaram os olhos, se perguntando como ele pretendia fazer aquilo.
— Desça.
Os três mini cubos tombaram sobre o corpo do dragão, o fazendo descer sobre a superfície em alta velocidade. Uma grande cratera foi gerada, seu corpo verteu sangue, gerando um grande lago de sangue enquanto a terceira cabeça abria sua boca, atraindo aqueles quatro para dentro de sua boca. O espanto tomou conta de seus semblantes enquanto se viam arrastados para aquele profundo abismo, se perguntando o que mais os estava esperando.
[ Parabéns, vocês passaram da terceira prova! Crianças 3 liberta]
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