Índice de Capítulo

    “O que raios está acontecendo?”

    Eu me questionava enquanto meus olhos arregalados enfrentavam aquela realidade apavorante. Todo mundo ali ficou chocado, balançando suas cabeças negativas em contestação àquilo enquanto seus traços se contorciam de profunda angústia.

    — Eu vou!

    — Eu também!

    Aqueles dois impulsivos, obviamente levados por suas emoções à flor da pele, tentaram ir até os corpos, mas eu Theresa os seguramos bem forte.

    — O que você está fazendo, Theresa?

    — Jarves?

    — Acalmem-se, agir com impulso não vai nos levar a lugar nenhum. Eu entendo vocês, mas precisamos pensar antes de agir.

    — Caso não, corremos riscos de cair na mesma armadilha — O irmão da Frida complementou.

    — Isso mesmo, Zernen.

    — Tá.

    Ele suspirou. Largamos os braços dos dois.

    — Desculpa, tenho que aprender a me controlar.

    — Tem, sim, Meredith. — Concordei com a cabeça. — Nem parece que há pouco me deu um tapa para eu acordar para a realidade?

    — Hã? Eu fiz isso… Ah, sinto muito. — Ela cobriu metade do rosto com a mão direita enquanto fazia uma expressão de decepção.

    — Só não reclame quando eu te dar um tapa quando agir assim… — murmurei na brincadeira, mas ela parece ter levado a sério.

    — Sim, faça isso! — Ela bateu ambas as bochechas.

    — Não é para tanto. — Dei um sorriso torto.

    Nunca que eu levantaria a mão contra minha heroína.

    — Primeiro sabemos que alguém os transformou em pedra. — Theresa atraiu nossa atenção. — Agora nos resta saber quem foi. Se descobrirmos isso, certamente teremos uma chance de vitória.

    — Assim que descobrirem, podem deixar que encho a cara dele de soco! — Zernen bateu ambos os punhos.

    — Alguma sugestão de como vamos descobrir? — Meredith questionou, mantendo contato visual com ela. Mas recebeu como resposta um assento negativo com a cabeça.

    — Não esqueçamos também que precisamos trazer eles de volta!

    — Isso se for possível. — Irmão da Frida levantou um ponto no qual a gente não queria cogitar de formar alguma.

    — Tá amarrado!

    — Com ferro!

    — Fora de questão pensar nisso — disse Meredith. — Eles têm que voltar, não, eles vão voltar!

    O irmão da Frida sentiu-se confrontado por nossa esperança e convicção, que pediu desculpas desesperadamente. Bati nos ombros dele e disse ser normal pensar assim, mas que não queríamos pensar assim.

    — Uma vez minha mãe disse que quando pensamos que algo vai dar errado, sempre dá.

    — O meu pai também!

    Meredith disse com olhos brilhantes, como se tivéssemos ganhado algo em comum.

    — O meu avô também! — Zernen disse enquanto sorria. — Brincadeira! Hahahahah!

    — Vocês, levem esse momento a sério. Eu sei que estão fazendo o máximo para espantar o desespero, mas não exagerem. Vamos pensar numa solução.

    Theresa tinha razão.

    Coloquei minha cabeça para funcionar, mas nada vinha. A única forma mesmo era chegar mais perto para analisar.

    — Alguém aqui vai ter que se candidatar para investigar. Então, quem será a cobaia?

    Quando Theresa disse isso, começamos a olhar uns para os outros. Apenas três pessoas levantaram as mãos.

    Zernen.

    Meredith.

    E Sond.

    — Temos três candidatos, mas acho que o mais indicado para ir é o Sond. Concordam?

    — Sond, é? — falei, olhando para os demais, que concordaram.

    — Sem objeção.

    Sond balançou a cabeça positivamente e saiu nadando para onde estavam as estátuas de pedra enquanto nós o observávamos, ele se aproximando mais e mais daquele castelo. Um sorriso brotou nos nossos rostos quando olhamos luzes verdes tomando conta dos olhos das estátuas. Rapidamente, ele foi atingido e começou a se transformar em pedra enquanto tentava escapar.

    — Perdemos mais um companheiro — lamentei.

    — Seu sacrifício não será esquecido, soldado.

    Zernen me acompanhou nisso.

    — E agora, como vamos fazer? Aqueles lazeres são muito rápidos — disse Meredith, apreensiva.

    — Quital usarmos espelhos?

    Foi o que veio na minha cabeça.

    — Espelhos, não é? Boa ideia, Jarves! — Theresa sorriu. — Eu sabia que essa cabeça podia pensar!

    “Isso foi algum tipo de provocação?”

    — Assim podemos refletir os raios!

    — Caramba, muito bom! — Zernen sorriu, batendo em um dos meus ombros. — De onde você tira essas ideias?

    — Mas onde vamos achar espelhos?

    Ele fez essa pergunta como se não soubesse quem seria a nossa fonte.

    — Eh, era o que eu mais temia.

    — Toca a trabalhar!

    Apontei para ele enquanto sorria.

    — Aparecer! Espelhos!

    Espelhos aparecem como num passe de mágica.

    — Caramba, essa magia é incrível!

    — É mesmo… Mas só tenho uma pergunta — Theresa questionou, revelando entusiasmo. — Como funciona? Você é capaz de fazer aparecer qualquer objeto pequeno, mesmo, tipo, qualquer?

    — É, mas isso só vai significar que algumas pessoas perderam seus espelhos.

    — Então é uma troca equivalente. — Dei um sorriso.

    — Eu não colocaria assim. Mas de certa forma é, sim, como minha irmã é capaz de fazer desaparecer.

    — Agora vocês é que estão perdendo tempo.

    Meredith olhou para nós com olhos semicerrados.

    Imediatamente, nos recompomos e, com os espelhos em mãos, saímos daquela estátua do pobre polvo que teve o azar de ser petrificado e nadamos até a entrada do castelo onde estavam as estátuas prontas para lançar seus lazeres.

    Com os espelhos posicionados contra o rosto, rebatemos aqueles raios que voltaram para os próprios donos, mas como eles já eram estátuas de pedras, não sofreram nenhum efeito.

    Continuaram lançando seus raios. Meredith e Zernen se deslocaram para as laterais enquanto nós os três restantes, batíamos de frente, rebatendo aqueles ataques, os distraindo enquanto Zernen e Meredith estavam tratando de os eliminar.

    Com um soco invisível, vi a cabeça de um sendo destruída e com um turbilhão de cortes vi peças daquela estátua flutuarem pelas águas.

    No meio dos destroços, haviam núcleos que foram destruídos em meio aos ataques. Aquelas estátuas também seguiam a mesma lógica das águias de pedra. Então, isso só fundamentava mais a informação da Frida, de que tudo estava realmente conectado.

    Se for assim, então por que eles não estavam voltando ao normal? Afinal, nós destruímos as estátuas, então a petrificação deveria ser desfeita.

    — Droga… — falei enquanto observava o rosto apavorado da Frida enquanto o Oceano mantinha a mesma expressão calma de sempre. Fred estava sorrindo com as mãos abertas. — Então quer dizer que o sacrifício do Sond foi em vão? — Olhei para ele, cujo cabelo cobria seus olhos.

    — Eu me recuso a aceitar isso — disse Zernen, cerrando os punhos. — Theresa, você é médica, não é? Dê um jeito de curar eles.

    — Isso, quando se trata de enfermidades, a magia de cura não tem limite!

    Meredith deu um sorriso confiante.

    — Eu vou tentar. — Theresa bateu os pés, nadando até Frida. Pegou em uma de suas mãos e pressionou sua esfera esverdeada no peito dela, por longos e longos minutos, mas no fim nada acontecia.

    Ela desfez a esfera e olhou para nós, enquanto balançava a cabeça negativamente.

    — Ei… — Enquanto franzia as sobrancelhas, Meredith voltou-se ao irmão da Frida e segurou a gola dele. — Você tem mesmo certeza de que não sabe de nada?

    — Eu não sei de nada. O pouco que eu sabia já contribui.

    — Se sabe de alguma coisa, conte. Seu chefe não está aqui, ele não pode fazer nada — emitiu Theresa enquanto contorcia seus traços em uma expressão triste. — Por favor…

    — Nós somos parceiros agora, então não precisa esconder nada. Vamos te defender!

    — Ou vamos te explodir agora mesmo! — Zernen cerrou um dos punhos.

    — Sinto muito, eu não sei nada mesmo.

    Ainda assim, Meredith continuou amarrotando a gola dele, como se o quisesse asfixiar.

    — Eu acredito nele — eu disse enquanto tocava em um dos braços dela. — Afinal, só foi possível chegar até aqui graças à ajuda dele em maior parte.

    Meredith suspirou e deixou a gola dele, desviando o olhar enquanto se mostrava incomodada com aquela situação.

    — Vamos invadir o castelo — disse Theresa. — Se houver uma solução, com certeza deve estar lá dentro. Eles com certeza iriam querer que continuássemos. Além disso… — Ela sorriu, olhando para mim. — Você não disse que os gêmeos que fazem tudo fizeram isso? Então, quando a gente ganhar e isso tudo acabar, sempre podemos pedir para eles desfazerem isso.

    Sim, Theresa tinha razão.

    — É uma boa ideia! — Zernen cerrou os punhos, saltando.

    — Então vamos a isso.

    Todos sorrimos, menos Meredith, na verdade, eu não podia dizer, suas madeixas estavam novamente cobrindo seu rosto.

    Enfim, deixamos as estátuas de pedra e seguimos nadando para dentro daquele castelo marinho, passando pela estátua daqueles dois homens sem cabeça. As paredes no interior eram feitas de tijolos e a claridade da água nos permitia ter uma visão de cada cômodo que cruzávamos.

    Até que um pequeno peixe passou por nós. Como era o único ser que havíamos encontrado no nosso tour pelo castelo, decidimos seguir ele, que nos levou a dois portões com duas tatuagens de serpentes cravadas.

    Não demorou muito tempo após o peixe desaparecer, aqueles portões se abriram, nos colocando atentos e apostos em caso de qualquer investida surpresa.

    “Não é possível…”

    Fiquei boquiaberto com o que aparecia diante dos meus olhos. Eu sabia que isso poderia estar aqui, mas nunca pensei que realmente pudesse estar aqui… Realmente, essas provas não param de nos surpreender. Surpresa atrás de surpresa.

    — O que uma sereia está fazendo aqui?

    — Sejam bem-vindos, caros visitantes.

    Sua voz dócil e melodiosa andou de ouvido em ouvido. Não é só isso, aquela mulher era dona de uma beleza, como posso descrever isso, divina. Suas vestes, reluzentes do mais puro ouro, desenhavam seu esbelto corpo sedutor, que tinha um formato de violino. Suas madeixas prateadas invadiam a superfície leitosa de sua pele, terminando no decote em forma de V, que expunha ligeiramente seus seios fartos.

    Tudo naquela mulher gritava a formosura. Quer dizer, eu já havia visto tamanha beldade na TV, mas ao vivo e a cores, era uma sensação indescritível.

    Sinto que estou apaixonado.

    Saí nadando com um sorriso meio bobo, enquanto meu coração era tomado por milhares de batidas. Meus olhos podiam claramente assumir o formato de coração neste momento.

    — Jarves, cuidado — Meredith murmurou, mas eu nem liguei.

    Ela começou a cantar, uma bela melodia como nos contos, mas nem precisava disso, eu já estava profundamente atraído, entrelaçado em profundas correntes, prisioneiro de uma ardente paixão.

    — Me tome e faça de mim o que quiseres…

    — Não, tome-me a mim, doce seria.

    Meu rival no amor, o irmão da Frida, estava nadando ao meu lado enquanto seus olhos gritavam de paixão e seu sorriso bobo brilhava de amor.

    — Seja minha! Só minha!

    Zernen corria com todas suas forças para os braços da minha amada, mas eu não ia permitir. Ela tinha que ser minha a todo custo.

    — Não se preocupem. — Ela abriu os seus braços em seu trono enquanto lançava um sorriso tão brilhante quanto a luz do sol. — No meu coração, tenho espaço para todo mundo.

    Quando ela disse aquilo, meu coração acelerou ainda mais enquanto sentia uma ardente queimação invadir meu peito. Então isso é o que chamam de estar apaixonado, nunca pensei que fosse tão maravilhoso assim!

    Sim, isso é amor!

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