Capítulo 81: O despertar do prodígio da magia básica
Assim que Fred abriu os olhos, se deparou com um céu azul e nuvens passeando de um lado. Sentia a primeira sensação, seu corpo deitado sobre uma superfície confortável, era areia branca. Confirmou assim que levantou seu braço todo tingido de grãos. Logo depois, lançou seus olhos para a lateral, encontrando outra pessoa.
Um rapaz de cabelo verde, trajado de macacão, que cochilava na comodidade do seu sono, com os braços à deriva, enquanto lançava pequenos roncos ao vento.
No entanto, aquela calmaria acabou quando ouviu estrondos que faziam seus corpos se agitarem ao som da areia, que dançava de um lado para outro como se estivessem tocando tambores. Na verdade, eram tocados, ao som das patas daquelas criaturas gigantescas, que se aproximavam vagarosamente.
Fred as reconheceu de imediato. Eram as mesmas que havia encontrado antes. Aquele espaço em que estava, ele havia voltado, no entanto, sem os seus companheiros, pelo que via.
— O que está acontecendo?
Ele levantou-se e cerrou os punhos, enfrentando àqueles olhos profundos assustadores, àqueles dentões e o abismo que eles escondiam.
— Dessa vez, eu não vou perder!
Com determinação, imprensa no rosto, sobrancelhas cerradas, um pé à frente e outro atrás, ele começou a correr.
— Magia básica não é tão difícil assim…
Enquanto fazia esse exercício com os pés, atraindo a atenção dos monstros, sua mente também trabalhava arduamente, processando o que havia aprendido sobre magia e tentando colocar em prática, algo que em tempos não considerava relevante, mas agora, sem sua magia especial, não tinha outra opção.
Palavras como: “Um dia você poderá precisar”, faziam-se ecoar por sua mente em tormento. Se tivesse aprendido isso há bastante tempo, não estaria ali, passando por todo aquele desespero.
Um salto ali e aqui, à medida que a terra balançava, era executado, para evitar que fosse pego nos tremores. Vezes havia em que era pego e caía, enterrando seu rosto na areia; ficando todo encharcado por aquele sólido. Ele cuspiu e voltou a levantar, continuando a correr, enquanto tentava canalizar sua energia a fim de gerar partículas fora do corpo, formando uma aura externa energética.
Fred correu tanto que começou a se cansar. O suor era tanto que percorria desde sua face empoeirada, invadindo as profundezas da extensão de sua pele. Seu coração batia como um badum badum sem parar. Seus braços cansados já não conseguiam se manter firmes. Suas mandíbulas também se moviam constantemente, acompanhando o ritmo do seu peito que subia e descia.
Os passos do Fred começaram a reduzir gradualmente. Não tardou até que caísse de fadiga, seu corpo sendo atingido pelo tremor, entregue a frenesi.
— Eu… Por que, por que isso não está dando certo? Eu fiz tanto aquilo de que me lembrava… — Ele bateu seu punho. Uma vez, duas vezes, e vez após vez enquanto rangia os dentes de frustração, um amargor sentido em seu paladar, o gosto cruel da derrotada.
Quando levantou seus olhos entreabertos, tremelicantes, as gotas de suor deixando sua visão embaçada, contemplou àqueles monstros rosnando contra si, arremessando milhares de gotículas de saliva, que pouco se diferenciava das gotas de suor que já o haviam encharcado.
“Desiste, você é fraco.”
Esse pensamento passou por sua mente na voz de sua companheira Frida.
“Eu sabia, você não é digno dos caçadores da lua.”
Mais uma facada contra sua mente na voz calma do Oceano.
” Que decepção.”
Era o sussurro de seu amigo Sond, que o assombrava dessa vez.
“Eu fico longe e é isso que acontece? Hum!” Um sorriso travesso se formou no rosto do seu amigo Rein, uma imagem que vagava na sua mente e se desfazia como névoa.
— Eu prefiro morrer… — Ele estreitou os olhos e acolheu uma grande quantidade de areia nos seus punhos, encerrando profundamente àqueles monstros. — Eu prefiro morrer do que desistir… Não quero carregar essa mancha de covardia, não! — Ele atirou a areia contra os monstros, mas que voltou para si, devido à ação do vento. — Pessoal, desculpem por ser tão fraco… — Fechou os seus olhos e levantou o punho, enquanto sentia seu peito sendo invadido por pontadas.
— E Zás!!!
Ao ouvir isso, Fred abriu os olhos.
— Você…
— Hum, por que não desistiu? Olha o quanto você tá tão quebrado!
— Maldito… Roubando a cena, não é?
— Descansa aí, guerreiro, porque agora o super guerreiro chegou!
Um sorriso que se cruzou com os feixes solares reluziu diante do Fred, que não fez nada senão ficar deitado, com os braços à deriva, enquanto olhava as nuvens do céu todo calmo.
— Mas vê se não perde aí, super guerreiro!
Em resposta, Zernen sorriu mais ainda, esticando seu punho contra os monstros na velocidade em que o vento o acompanhava.
— Soco invisível!!!
O soco afetou o queixo de um dos monstros, de tal forma que sua mandíbula foi obrigada a subir. Zernen continuou lançando mais socos, enquanto sorria como um louco. Chegou a saltar, encontrando uma bela vista, a daqueles monstros com bocas abertas.
Cerrou ainda mais o punho, recuando um pouco o cotovelo para trás.
— Ultra soco invisível!
Outro impacto contra o nariz de um, que reverberou contra seus olhos, obrigando-o a fechar por alguns instantes enquanto soltava sons uivantes de uma dor agonizante.
Zernen pousou na sua cabeça, fazendo o dinossauro se debater de um lado para o outro, numa tentativa inútil de sacudi-lo. Enquanto isso, outros vinham atacar seu parceiro na pretensão de devorar o rapaz. Zernen deu um sorriso e saltou, lançando séries de socos, enquanto aqueles monstros se derrubavam entre si.
— Múltiplos socos invisíveis!
Ainda mais rápido, descascava a superfície extensiva da pele daqueles monstros, uma quantidade exorbitante de sangue saltava contra o vento e logo em seguida para baixo, criando um lago naquela areia branca, agora manchada.
Um e único, apesar de ter sua pele perfurada, com diversas feridas, levantou-se com bravura em nome dos seus companheiros, agora inconscientes, reféns de um sono eterno.
— Então, você é o último, não é? Que ainda resiste aos meus socos. Muito bem, venha.
Zernen bateu com o punho contra a palma.
Arrastando uma de suas patas para trás, despejando um suspiro de indignação no vento, ele preparava-se para sua grande investida.
Assim que um vento passou entre eles, levantando uma pequena poeira, ambos começaram a correr um contra o outro. Um com a boca aberta e garras prontas para estraçalhar, outro com um punho preparado e um sorriso de diversão, natural, como se já tivesse previsto o resultado.
— Soco invisível!
O monstro foi bem, conseguindo se desviar para direita, mas ele não esperava aquela investida um tanto quanto covarde… Zernen pôs-se a deslizar pela areia, ficando bem abaixo do animal, entre as suas patas por breves instantes. Naquele parte, a carne era fresca e desprotegida de proteção, pois não havia escama. Zernen foi implacável e explodiu o estômago da besta, assim que elevou o punho violentamente.
Com o monstro caindo morto na areia batida, enquanto despejava uma grande quantidade de sangue, que o havia afetado consideravelmente, Zernen levantou-se triunfante.
Agora, todos os monstros acentrais haviam sido eliminados.
— Hum, viu?! Eu sou um super guerreiro! — Gabou-se, colocando ambos os braços contra a cintura, enquanto sorria de frente ao seu companheiro deitado.
— Caramba, você é incrível. Tiro o chapéu. Me ensina aí, vai.
— Hehehe, já quer virar o meu aprendiz?
— Por que não?
— Tudo bem, aceito — Zernen disse, passando o dedo pelo nariz, enquanto sorria todo pomposo.
— Essa não…
Seus olhos foram lançados para cima, perto das nuvens, onde avistaram uma silhueta masculina montada num monstro de asas de morcegos gigantescas e bico semelhante ao de um pelicano. Alguns ossos podiam ser vistos perto de sua cabeça, bem pontiagudos, manobrados por aquele homem até então não identificado por eles, mas quanto mais ele descia a superfície, mais podiam visualizar suas vestimentas.
Vestia uma túnica de pele de cordeiro, que expunha seus braços e ombros. Algumas cicatrizes em meio a tatuagens de chamas e ossos feitos de tintas manchavam sua pele.
— Executaram meus pobres animaizinhos. Vão pagar.
— E onde você estava? Por que não veio defender ele antes?
— Malditos, foram vocês que interromperam meu sono. O sangue deles chegou aos meus ouvidos, clamando por justiça…
— Então, você gosta de dormir, é? Tudo bem, pode deixar, eu vou me encarregar de te dar um sono que ninguém jamais poderá te acordar!
— Hã?
Zernen deu um sorriso largo e esticou seu punho para cima, soltando uma pressão, que rasgou o vento em uma rajada, que provocou um som sibilante.
— Receba! Soco invisível!
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