Capítulo 91: Investida e contra Investida
Região Desértica
— CARNEEEE!! GRRRR!
Com este rugido, num zás, o homem das carnes apareceu na frente da Meredith com os ossos a centímetros de atravessar o rosto dela, mas sentiu um pontapé pressionando a extremidade da cintura e o fazendo voar enquanto Meredith dava um sorriso, levantando o polegar em um gesto de agradecimento ao seu companheiro, que acabara de se juntar a batalha.
Homem das carnes travou seus pés, e ainda de cabeça encurvada, iniciou sua segunda investida, deixando rastros de poeira para trás.
Dessa vez Meredith o recebeu, trocando golpes entre sua faca agora imbuída por sua mana, conferindo uma resistência maior aos danos. Enquanto faíscas rolavam, irmão da Frida não ficou de braços cruzados, lançou seu contra-ataque em meio aos golpes.
Aproveitou-se da brecha que o homem das carnes deu, mas não teve sucessos, pois agora o homem das carnes estava se defendendo dos dois, manipulando seus ossos numa velocidade em que os impactos dos golpes não estavam apenas produzindo faíscas, mas impactos que estavam destruindo o espaço em que se encontravam.
O chão rompia-se em crateras e rachaduras. Se assim continuasse, com certeza seriam engolidos pelo abismo das águas assim que aquilo cedesse, então decidiram levar essa luta a outro patamar.
Assentindo a cabeça em uma profunda sincronia, eles direcionaram seus pontapés ao abdômen do homem, o arremessando da direção contrária ao penhasco. E assim, foram o seguindo, acompanhados do vento que lhes sussurrava os ouvidos em um som sibilante.
Encontraram uma descida que dava acesso a um espaço seco, porém com rachas e pedregulhos, que se estendiam ao horizonte. Antes de tombar as costas, o homem deu uma cambalhota e pousou no chão com sua cabeça ligeiramente encurvada.
Enquanto isso, Meredith e irmão da Frida terminavam de descer aquele ponto, enquanto deslizavam como se seus pés estivessem agarrados a patinetes. Terminada a descida, trocaram olhares enquanto seu oponente se recompunha.
— Pronta? — disse enquanto atirava seus dois punhais, brincando de malabarismo.
— Eu já nasci pronta. — Meredith posicionou sua faca próxima ao pescoço enquanto semicerrava os olhos, partindo ao lado de seu companheiro num zás ao homem que também escolheu o mesmo tempo para colocar os pés para correr.
Colisão frontal.
O homem lançou um dos seus ossos, e no momento em que Meredith rebateu, pôs-se a deslizar naquele chão, surpreendo-os numa investida furtiva. Meredith desceu os olhos pelo chão, observando o homem retomar o osso que havia arremessando como se o tivesse atraído por irmã.
— Ele podia fazer isso…
O espanto atrasou a reação da Meredith ao golpe, fazendo com que fosse agredida por um dos ossos nas pernas enquanto o outro se defendia de um dos punhais que o irmão da Frida havia lançado.
Meredith acabou caindo, rebolando sobre a face da terra, enquanto o homem das carnes erguia-se do chão, atacando seu próximo oponente num zás, que agora só tinha um punhal para se defender. Com isso, sua defesa e contra ataque havia reduzido bastante, fazendo com que sofresse danos, enquanto recuava perante aquela pressão avassaladora.
Contudo, isso não durou muito tempo. Agarrando ao punhal caído, Meredith ergueu-se com imponência, ainda com os pés trêmulos pela dor, mas tal agonia não sendo suficiente para cessar seu espírito de batalha.
Movimentou-se em socorro ao seu companheiro, atraindo a atenção do homem das carnes, seu pescoço virando com um estalo, trazendo consigo seus enormes olhos assombrosos enquanto babava. O homem das carnes deu uma ossada no peito do irmão da Frida, sua boca soltando saliva enquanto se via arremessado.
Usou da mesma técnica, arremessando seu osso contra Meredith que dessa vez, não rebateu, esquivou-se para a lateral, continuando sua corrida contra ele. Mas aquilo ainda não havia terminado, pois, tendo movido um dos dedos, o osso a seguiu, a derrubando contra o chão assim que lhe atingiu nas costas.
Enquanto rebolava no chão, Meredith percebeu… Aqueles ossos eram teleguiados e ele tinha a liberdade de os lançar e controlar como bem-quiser. Aquilo ia muito além de magia básica… Na verdade, podia ser considerada uma trapaça do mundo permitir que aquele homem pudesse usar magia especial e eles não.
Com ambos caídos no chão, o homem das carnes revirou seu pescoço para ambos os lados, escolhendo a dedo quem seria sua presa, quem saciaria sua fome primeiro, e optou por escolher a mulher.
Andando a passos lentos, enquanto murmurava carne, se aproximava de Meredith, que tentava reunir forças para se movimentar. Assim que conseguiu se levantar um pouco, recebeu um dano de osso no peito, que a fez cuspir saliva e voltar a ficar deitada enquanto contorcia cada membro do seu corpo de dor, lançando leves gemidos ao ar.
— Ei!!!
Assim que revirou um dos olhos, contemplou irmão da Frida em pé com um dos punhais. Então, movimentou um dos ossos para o combater enquanto continuava avançando contra sua presa escolhida. Irmão da Frida foi novamente pressionado, tentando ao máximo revidar aquele osso.
— Carne… — Ao chegar em frente a Meredith, ele impôs um dos seus pés contra perna da Meredith enquanto não parava de despejar saliva.
Meredith ficou apavorada. Tudo bem que um dia ela quisesse ser desejada, mas não daquele jeito e ainda próxima por um homem como aquele, que a queria devorar sem piedade como se fosse um lobo em posse de uma ovelha.
— Quer tanto carne, então toma!
Num desespero, Meredith lançou sua faca, mas para o seu azar, o homem segurou entre os dedos a faca com muitas pontas. Ela ficou ainda mais atemorizada porque havia oferecido ao seu inimigo um objeto contundente para fatiá-la em pedaços. O homem, em seu sadismo, passou a faca na língua, provocando arrepios na Meredith e uma expressão de nojo e repulsa, que renegava aquela realidade com todas suas forças.
— Eu não posso aceitar isso… — murmurou, reunindo suas pernas, suas vestes agora sendo uma espécie de balde para acolher o líquido viscoso que fluía dos lábios daquele homem.
— Ah, carneeeee! — Movimentando a faca em alta velocidade para cortar sua vítima, sentiu sua nuca sendo atingida por um osso, seu rosto encurvando ligeiramente. Meredith aproveitou aquela chance para o dar um chute no saco, que o carregou para o alto.
Neste meio tempo, ela reuniu forças, em meio a dor, e ergueu-se, mantendo o máximo de distância possível daquele homem que tombava sobre o chão, seu corpo levantando poeira.
Assim, Meredith abandonou aquele corpo estatelado e passou a olhar para o seu salvador, que sorria, seu rosto com arranhões e sua testa com um galo.
— Foi mesmo a tempo.
— É! — Meredith anuiu com um sorriso.
— Ai, aí, carne! Mim querer carne!
Mas não podiam baixar a guarda, seu inimigo ainda não havia sido derrotado e agora, enquanto se levantava, seu rosto desfigurava-se de profunda cólera.
Recolhendo os ossos em suas duas mãos, com a cabeça encurvada, pingos de saliva enchendo o chão, ele arremessou os ossos para os dois lados. Meredith recebeu com um dos punhais, sendo pressionada e arremessada metros enquanto tentava travar. Ao passo que, irmão da Frida também sofria o mesmo, embora com uma certa experiência. Ele pegou o osso no momento em que colidia sua faca, mas dessa vez, não conseguiu o deter.
Tinha quem o movimentasse. O homem das carnes colocou os dedos para trabalhar, gesticulando a torto e a direita. Tanto Meredith, como irmão da Frida levavam golpes de todos os lados, a velocidade não era mais a mesma, era tão rápida que conseguia cobrir seus pontos cardeais.
Agora estavam em defensiva, tomando golpes, sem poder revidar. Com isso, era questão de tempo até que: ou fossem derrubados pelo cansaço, ou fossem desmembrados pelos golpes.
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