Capítulo 96: Votação
As nossas expectativas caíram por terra. Andar pelos labirintos, encontrar criaturinhas fraquinha, às derrotar e por fim chegar ao boss e o eliminar, tudo isso não passava de uma miragem diante dessa montanha de portais que não paravam com suas purpurinas, dando uma sensação de que estávamos no meio de muitas galáxias pairando no espaço sideral.
— Por quê? — Meredith questionava, ainda estupefata. — Não era suposto isso aparecer assim que concluíssemos uma fase… Então, por quê?
— E ainda tantos… — O rosto do Fred estava bastante tenso.
— Expectativas parecem não se aplicar quando se trata do rei dos bandidos — Theresa emitiu com um sorriso ligeiro, seus olhos apreciando cada espiral. — E então, o que faremos agora?
Era o que eu também queria saber, e todos os caminhos levavam a um único alvo. Oceano, que permanecia ali, embora espantado, mas com uma postura analítica.
— Fred, suas unhas… Consegue sentir algo?
— Infelizmente não. Na verdade, não consigo sentir mais elas, é como se tivessem desaparecido completamente.
— Entendi. Deve ser por causa das múltiplas dimensões.
Quando oceano falou isso, me veio à cabeça o seguinte: se cada portal fosse semelhante aos que havíamos cruzados até agora, isso só nos levaria a crer que diferentes desafios estariam à nossa espera.
— Mas estou certa de o rei dos bandidos ter mencionado que havia sete provas. Agora, como se justifica tantos portais?
— Talvez sejam sub provas? — Irmão da Frida respondeu à questão da Meredith.
— Quê? Mas ele não havia falado sobre isso! — Veias de indignação extrapolaram as extremidades da testa de Fred enquanto ele franzia o cenho.
— Eu já deveria saber… Bandidos sempre jogam sujos — Meredith emitiu e eu super concordei com ela. Isso não passava de uma diversão para o rei dos bandidos e nós éramos sua marionete, jogando seu jogo sem ao menos poder fazer algo contra qualquer das regras que ele havia imposto.
— Ei! Rei dos bandidos! Fala alguma coisa! — gritei. Se ele havia aparecido na quarta fase, então que aparecesse agora para prestar satisfação. — Nos explique o que vem a ser isso!
— Isso! — Fred nos acompanhou. — Apareça aqui, seu covarde!
— Eu acho que, insultando ele, ele pode não aparecer… — Irmão da Frida murmurou.
— Não ligo. Ele já nos colocou contra a parede mesmo. Tse! — Quando Fred estalou a língua, uma voz mecânica que ecoava de todos os lados apareceu. Nosso clamor foi ouvido.
[ Essa contínua sendo a sexta fase. Os portais não se diferem daquilo que foi a quinta fase em que vocês foram colocados para lidar com adversários e ambientes diferentes. Essa fase possui apenas um adicional, que é descobrir o portal verdadeiro para a saída de sexta fase. Dito isso, divertiram-se]
Após o cessar dessa voz, todas as dúvidas a respeito desta prova foram sanadas, ainda assim, a última citação de termos que descobrir o verdadeiro portal entre essa multidão de portais era assustadora. Eram todos iguais e seguiam os mesmos padrões.
— Então, a única forma é testar um a um e contar com a ajuda da sorte, é isso? — Fred questionou, seguido de Oceano, que balançou a cabeça em confirmação.
— Porém, vamos todos testar juntos. Isso evitará com que um ache o portal verdadeiro e acabe desaparecendo sem deixar rastros.
— Mas isso vai levar muito tempo… — disse Meredith, mostrando-se impaciente. — Sem contar que certamente nos cansará à medida que formos enfrentando novos adversários.
— Ela tem um ponto — concordou o Irmão da Frida.
— Porém… — Entrei na conversa. — Não sabemos quais inimigos iremos enfrentar. Se acontecer de encontrar um pessoal muito forte, seremos todos dizimados individualmente como estávamos sendo na quinta dimensão.
— É… — Fred acrescentou com uma cara apavorada. — Só de imaginar… Me dá arrepio. Se só na quinta os adversários já eram abismais, imagina aqui.
— E não percamos de vista o elemento magia. É mesmo capaz de não conseguirmos usar magia assim que entramos em uma dimensão. — Theresa levantou outro ponto, dentre muitos que aqui foram levantados, nos deixando com os cérebros entrando em colapso. Eram tantas hipóteses e todas elas validas.
— Se ao menos a Frida estivesse aqui… — Acabei murmurando, sentindo falta da baixinha. Não que estivesse subestimando o raciocínio dos demais, mas analisar era a profissão da Frida e ela com certeza nos daria ao menos uma ideia. — Deveria ser eu e não ela…
— Ei, do que você está falando? — Meredith colocou suas mãos sobre os meus ombros. — Não foi culpa sua, tá bom?
— É, eu sei, mas é que…
— É que nada. Quem nos ajudou a passar a quarta fase, nos contando aquela história? Quem nos deu inúmeras ideias geniais? Não é só porque você não está conseguindo pensar em nada agora, que você não deveria estar aqui, entendeu?!
Meredith tinha razão. Além disso, aquelas palavras… ‘“Deem o seu melhor e vençam”, eram um sinal claro de que ela estava confiando no potencial de cada um de nós.
— Entendi. E obrigado, Meredith. — Dei um sorriso. — Você é mesmo minha heroína.
— E você, o meu herói.
Irmão da Frida deu uma leve tossida com punho contra os lábios, fazendo com que nós tomássemos vergonha na cara. Apesar de tudo, aquele não era o momento para perdermos em troca de carícias entre um fã e sua heroína.
— Tudo bem, já tenho a solução para o nosso problema.
Oceano se virou para nós. Eu deveria saber que depois daquele silêncio algo bom viria, afinal, embora não estivéssemos com nossa analista, estávamos com o nosso gênio da magia.
Todos ficamos expectantes.
— Vamos fazer uma votação. Partir independente ou partir em grupo.
Por essa eu não esperava, no entanto, ainda assim, não deixou de ser uma decisão muito sabiá da parte dele, que realçava sua capacidade como líder de uma organização.
— Quem vota por partir em grupo, levanta a mão e quem volta por partir independente deixe sua mão quieta.
Assim, eu levantei a mão. Meredith manteve sua ideia de partir independente, mesmo depois de ela me contar que teve o encontro com o homem das carnes, que a queria devorar.
Oceano levantou a mão, mantendo sua ideia inicial. Fred levantou a mão. Irmão da Frida deixou sua mão baixa, em apoio à Meredith.
Quem determinou nossa vitória foi Theresa, que obviamente não tinha bases para gerir uma luta sozinha. Ela estava mais para suporte e estrategista.
— Dito isso, vamos em grupo. Não importa o quanto poderemos demorar, vamos fazer isso juntos!
Todos demos um sorriso e concordamos com as palavras do Oceano. A união faz a força era real e havia nos guiado até aqui, então não havia razão para travarmos lutas independentes e Meredith acabou reconhecendo isso.
Oceano iria primeiro para, em caso de qualquer coisa, ele pudesse intervir de imediato e assim nos proteger. Depois que ele entrou, o portal ficou verde.
— O que significa isso? — Quando Meredith tentou entrar, tomou um choque que a arremessou para trás.
— Meredith! — Quase todo mundo gritou enquanto ia a amparar, no entanto, ela coçou sua cabeça, se levantando, enquanto alegava estar bem. O choque não era tão forte ao ponto de causar um dano grave, ela só sentiu um arrepio percorrer seu corpo.
— É impressão minha ou o portal não está aceitando mais de um? — Irmão da Frida opinou.
— É isso mesmo — Theresa anuiu. — Vejam que os demais portais continuam azuis. Isso mostra claramente que cada portal aqui só aceitará um usuário por vez.
— Mas que jogo sujo! — emitiu Fred, ainda na posse do Zernen. Logo elevou seus olhos altos. — Ei, seu covarde, por que fez isso? Por que nos deixou criar expectativa?!
Mas dessa vez o rei dos bandidos estava nos ignorando completamente.
— E agora? — Olhei para eles.
— Só podemos partir independentes.
Pelo visto, a ideia da Meredith prevaleceu, mas agora ela não parecia feliz. Estava pensando na Theresa e no Zernen, que ainda permanecia desacordado.
— Acho que a Theresa poderia ficar com Zernen enquanto nós partirmos para dentro deles.
— Ou esperaríamos o Oceano voltar — sugeriu Theresa em oposição ao que eu disse.
— É, concordo. Mas caso ele não volte dentro de minutos, vamos ter que mergulhar nos portais — Fred disse.
— Então está decidido. — Meredith olhou para mim e eu assenti com a cabeça. No entanto, assim que sentamos, os portais ganharam um tom vermelho e lançaram ventos uivantes, que nos atraíram contra nossa vontade em direção a eles, como se fosse um buraco negro sugando sua vítima.
— O que é isso agora?! — Fred questionou, segurando fortemente o Zernen nos seus braços enquanto o vento apalpava suas vestes e o movimentava pouco a pouco.
— Mas que droga! Isso é coisa é sua, não é, rei dos bandidos?! — Meredith elevou os olhos ao teto, avistando nada mais que um teto de rochedos.
— No fim, foi inevitável — murmurou o irmão da Frida, sua voz logo abafada pelo vento. Agora não era mais possível ouvir direito o que cada um dizia devido ao uivo.
Eu já deveria saber… que isso não terminaria apenas no comodismo. Tentamos resistir, pegando nas mãos e nas vestes um dos outros, mas tudo isso foi inútil… Meredith chocou contra mim e foi jogada contra o portal ocupado pelo Zernen, sendo arrastada para outro, que ficava mais em frente enquanto avistava por último os outros sendo forçados a entrar nos demais portais.
Tendo ficado por último, arregalei os olhos pelos demais e estiquei um dos braços temeroso, pelo que me esperava assim que terminasse de cruzar a cabeça naquele espiral.
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