Capítulo 115: Os olhos das Emoções
— Você chegou longe demais… — emitiu Luvru enquanto franzia as sobrancelhas, estreitando os olhos. — Como você sabe desse nome?
— Te deixei curioso, não é?
Rei dos bandidos alargou o sorriso, passando o dedo pelos seus lábios.
— Você é mesmo um bandido…
— Ele não está morto como pensa.
— O quê?!
Luvru arregalou os olhos, roubando um sorriso travesso da cara do rei dos bandidos, que lhe apontava o dedo enquanto semicerrava os olhos.
— Essa cara, eu gosto desse cara… Quer informações, não é? Vai fazer de tudo para consegui-la, não é?
— Maldito… — Luvru rangeu os dentes e enviou suas páginas ao homem, que parecia zombar de algo importante do seu passado. — O que você sabe sobre o Pousos?
Com suavidade de uma borboleta e a rapidez de um falcão, rei dos bandidos se desviava dos raios de luz expelidos das páginas, que acabavam por rumar ao horizonte, já que tudo atrás dele havia virado escombros de pedras.
— Por que eu te contaria? Vai me dar algo em troca?
Semicerrando os olhos, enquanto o seu livro havia voltado de sua ida à superfície, Luvru retirou mais páginas.
— Não importa! Terei as respostas para tudo isso assim que eu te derrotar, seu miserável!
(…)
Em contrapartida…
Naquele espaço coberto por um breu, lutar não era opção diante da posição em que se encontrava, mesmo seu sangue fervendo, aquela pessoa… Ela ainda era algo precioso para eles.
— Se fizeram o que eu quero, prometo que acabará tudo bem.
— O que você quer?
— O corpo deste garoto — disse Belia, apontando para Jarves, que dirigiu dedo indicador ao seu peito. — Isso mesmo, minhas emoções me dizem que devo dominar o corpo deste garoto custe o que custar.
Aquela declaração abriu espaço para dúvidas, mas não havia tempo para isso. Fechando os olhos ligeiramente enquanto sorria, Jarves avançou, porém, não mais que um passo, já que a mão da ruiva esticada ao seu peito acabou o impedindo de prosseguir.
— Meredith…
— Fique com o meu corpo! Dele não!
— Que parte das minhas emoções você não entendeu?!
Jarves retirou a mão da Meredith e olhou severamente para aquele ser.
— Uma pergunta. Você consegue se comunicar com o seu rei?
— Eu não lhe devo satisfação disso… Mas, de fato, você seria muito do interesse dele.
— É mesmo, não é? Pois, e se eu me recusar a entregar o meu corpo? Já que quer tanto, não é?
Ouvindo isso, Belia deu um sorriso travesso, elevando a mão ao pescoço.
— Daí eu não teria problema em acabar com essa mulher. Então, sem gracinha.
— Então, seu rei não ficaria furioso se fizesse isso, não é? — Jarves se colocou a correr em direção oposta daquele corredor, deixando todos espantados e até aterrorizados com os seus últimos pronunciamentos. — Eu não ligo para esses aí, basta que eu esteja vivo!
Ao ouvir isso, Belia assumiu um semblante de irá e seguiu correndo até ele com vista ao alcançar. Meredith ignorou os seus irmãos que dormiam ali, pedindo que Theresa e os demais cuidassem deles enquanto seguia aquela mulher.
Jarves deu um suspiro olhando para a luz no fim do túnel, identificando um buraco que subia e descia.
— Quer saber de uma coisa Interessante, Belia?
Ele disse a mulher, que se aproximava enquanto colocava o dedo contra a lateral da cabeça.
— Eu sei de tudo! Tudo sobre o que vai acontecer desde a chegada do rei e sua corja até a sua derrota!
No momento em que Jarves disse isso, todas as células de Belia se agitaram, um arrepio atravessou seu corpo como um raio passando por uma superfície metálica. Seus olhos arregalaram e suas emoções afloraram, fazendo veias extrapolarem as extremidades de sua testa.
— O que foi isso? Eu estou com muita raiva…?
Belia impôs a mão na testa, não compreendendo aqueles sentimentos… Não eram seus, mas estavam se manifestando em seu corpo como uma forma de repúdio as palavras daquele homem.
— Meu rei… O senhor por acaso está tentando me dizer que esse homem é… Perigoso? — Belia deduziu com base nas suas emoções, atraindo um sorriso com dentes do homem ali enquanto Meredith chegava logo atrás dela, apontando sua espada.
— Eu sabia…
Jarves deu um sorriso e saltou para baixo, tendo aquela mulher esticando os braços enquanto vinha ao seu encontro depois que saltou.
— Você viria, não é?
Logo atrás estava Meredith que também havia pulado enquanto gritava pelo nome do Jarves. Estavam em uma velocidade que fazia seus cabelos balançarem enquanto o vento uivava pelos seus ouvidos.
— Aaaaah!
Ao ouvir esse grito masculino enquanto avistava um homem caindo daquele buraco, mestre dos aventureiros fez com que seu livro o acolhesse. Jarves pousou nele, logo em seguida Belia e por fim Meredith.
— O que vem a ser isso?
— Pelo visto, eu estava certo! — disse Jarves com um sorriso apontado para Luvru. — Por favor, use sua magia de luz no corpo dessa mulher, rápido, mestre Luvru!
De início ele estranhou, mas não se importou em fazer um papel de luz transpassar o corpo daquela mulher enquanto ela tentava fugir. Mas assim que a luz a alcançou, uma aura violeta foi expelida do corpo e voou para cima enquanto o papel de luz a seguia.
— Agora, por favor, nos leve a superfície!
— Ei, ei, o que está acontecendo aqui? Por acaso eu fiquei invisível?
O rei dos bandidos apenas recebeu um aceno de mãos do Jarves enquanto o livro subia para cima, as páginas apontadas para o homem de conduta duvidosa.
Assim, perdendo a paciência por não estar entendendo muito bem o que estava acontecendo, rei dos bandidos partiu ao ataque arrastando atrás de si uma montanha de pedregulhos.
Enquanto isso, Meredith cravou seus olhos curiosos no Jarves enquanto atravessavam as profundezas.
— O que foi isso, Jarves? Eu não entendi nada! Me explica!
— Luz é um poder que dá para separar duas almas habitante no mesmo corpo!
— Então por isso você fez aquela toda encenação, não é? Para poder atrai-la para o senhor Luvru!
— Isso mesmo!
— Mas aquilo que você disse sobre o rei… Você acha mesmo que ele enviou Belia antecipadamente?
— Não sei. É possível.
Jarves disse aquilo com uma expressão um tanto quanto apreensiva. Pensando consigo que talvez a sua vinda a esse mundo por si só já havia alterado a ordem normal deste mundo.
— Não se preocupe! — Quando Meredith colocou a mão no ombro do Jarves, uma luz ainda maior tomou conta dos seus olhos quando adentraram aquele espaço cheio de Golems que rugiam enquanto combatiam Zestas, comandados pelos gêmeos musicais logo acima.
— Nossa! Tantos Gaia! — disse Jarves após pular do livro que havia parado numa certa medida enquanto Meredith vinha consigo, enfrentando aquela multidão de Golems.
— Olha, se não é o manipulador charlatão… — Zestas brincou enquanto segurava o punho de um Golem.
Jarves ficou um tanto irritado com aquele nome.
— Ei, eu já havia esquecido esse nome!
— Hahahahah!
Mas aquele momento de nostalgia e risada foi transformada em um ambiente tenebroso quando uma aura gigantesca emanava vinda de uma mulher assente na crosta de rochedos. Está possuía uma armadura platina acompanhado por dois chifres que coroavam sua cabeça.
— De quem será que ela tomou o corpo agora…
— Não se preocupe, esse corpo é dela. Então, Meredith … — Jarves levantou o polegar com um sorriso, que deixou a ruiva animada. — Pode acabar com ela sem piedade!
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