Capítulo 15: Fuga da prisão
Depois que comi, bebi água e algumas poções de cura, agora me sentia melhor. Novinho em folha. Pensei que fosse o meu fim, mas parece que uma princesa gentil acabou mudando esse trágico destino que havia sido reservado para mim. A dama que jamais terei em meus braços, Alexandra, cujo coração pertencia a outro homem.
“Ah! Minha Alexandra!”
Gesticulei as mãos, observando aquele teto escuro.
“Que corrente é essa que nos separa?
“Que muralha é essa que nos impede de ficarmos juntos? Pereça tudo ao pó da terra!”
“Parece que eu só ruim em poesia mesmo.”
“Melhor eu voltar a contar mesmo.”
— 1… — Meredith se remexendo ali, chamou a minha atenção, então decidi conferir o que estava acontecendo, já que ela não havia acordado desde então.
Coloquei a minha mão na sua testa e céus, “que quente!”
Ela parecia chaleira fervendo ao fogo.
“Droga! Droga! O que eu faço?”
Corri até as grades, segurando-as com força, enquanto chamava pelos soldados para que viessem o mais rápido possível.
O mais próximo que ouviu veio a mim. Imediatamente, expliquei que Meredith estava passando mal. Então, ele abriu a porta da cela, carregou a princesa em seus braços e começou a andar para fora da cela, deixando um aviso no final: “Não saia daqui!”
“Como se eu fosse conseguir mesmo.”, direcionei os meus olhos para aqueles cobertores dela.
“Pelo menos acho que agora a Meredith estará em lugar melhor, diferente dessa maldita prisão. Espero que ela fique bem, caso não… Eu vou usar todo o conhecimento que tenho em mãos para baralhar a vida deles de um jeito que eles não vão querer saber!”
“E não estou brincando!”, suspirei, descarregando toda minha indignação no vento.
Comecei a contar novamente para me acalmar.
— 7…
Sentei em pose de lótus.
— 200…
Deitei de barriga.
— 300…
Comecei a rebolar naqueles cobertores.
— 400…
Reajustei a minha postura quando ouvi passos se aproximando.
— Ei, você… — Olhei para aquele soldado que estava ao pé da porta com ninguém mais ninguém menos que o Zernen. — Tem visita.
— Zernen! Você veio! — Os meus olhos se encheram de brilhos enquanto eu agarrava as grades com toda força.
— Não foi você que disse para eu vir te visitar? Aqui estou eu então!
Ele começou a rir.
— Vocês só têm 3 minutos para conversar. Depois disso, virei te buscar. Não tente nada, se não poderá se ferir mortalmente e isso se não pegar guilhotina.
— Claro! Claro! — Zernen balançou a cabeça positivamente e o soldado saiu andando para longe daquela cela.
— E então, o que você tem de bom para me contar?
— Nada de especial. — Ele pegou nas grades, sorrindo. — Mas, por outro lado, você tem muito a me contar? Como você veio parar aqui? De verdade, pensei que estivesse brincando!
— Longa história.
— Odeio história, mas essa vou querer ouvir.
— Somos dois.
— Mas tem que ser depois, porque agora vamos fugir daqui.
— Você é dos meus.
— Como não? Afinal, somos sócios!
— Você acha que consegue derrotar os soldados e nos tirar daqui com êxito?
— Só duas pessoas poderão realmente dar trabalho nesse castelo, mas desde que não chamemos tanta atenção, posso tirar vocês… — Ele semicerrou os olhos. — Espera. Cadê a mulher da nossa renda mensal?
— Ela ficou doente e foi levada para um lugar melhor.
— Desse jeito, vai ser complicado. Teremos que fugir sem ela.
— De jeito nenhum.
— Você só quer complicar o meu trabalho. Já vou avisando que vou cobrar caro, hein.
— Para de pensar em dinheiro.
— Dinheiro é o que move esse reino.
— Por isso ele está caindo em ruínas.
— Contanto que eu possa aproveitar, estou pouco me lixando para esse reino.
— Você é cruel.
— Sou sincero.
— Vamos deixar de papo furado e saíamos logo daqui. — Deixei de segurar as grades, me distanciando um pouco. — Antes que os 3 minutos acabem.
— Isso é verdade.
— Os 3 minutos acabaram! — Pudemos ouvir a voz do guarda, seus passos se aproximando mais da cela.
“Que tipo de matemática esse guarda fez para contar o tempo?”
— Pelos meus cálculos, ainda faltam mais 2 minutos — disse Zernen.
— Como assim pelos seus cálculos? — questionou o guarda. Ele estava ao lado do Zernen. — Eu tenho a certeza de que contei corretamente. — Ele olhou para os dedos das suas mãos.
“Só se for de dez em dez.”
— Então conta de novo para nós ouvirmos. — Zernen deu um sorriso travesso.
— Não farei tal coisa. Para começo de conversa, só abrimos uma exceção para você porque a princesa Alexandra permitiu.
“Alexandra mais uma vez sendo a heroína.”
— Ah, é mesmo?
— É sim.
— Então poderia me dizer o que é aquilo ali? — Zernen apontou para trás do soldado, e ele virou-se.
— Não tem nada aqui. Você por acaso, está…
— Tapa invisível! — A palma do Zernen atingiu a bochecha do soldado. Ele foi arremessado contra a parede oposta as grades da cela. Seu corpo colidiu contra a parede, sua cabeça baixou.
— Tapa invisível? — questionei enquanto Zernen caminhava em direção ao soldado estatelado. — Não era soco invisível?
— Eu não sou bom com nomes. — Zernen se agachou, retirando as chaves do bolso do guarda. — Só dou esses nomes por conta da técnica exigir que eu acumule a minha mana na minha mão. E como a minha aura é transparente, então… — Ele pegou o soldado desmaiado pela gola e começou a puxá-lo pelo chão.
— Entendi. E tive uma ideia.
— Qual? — Ele abriu a cela.
Apontei para o soldado que ele pegava pela gola.
— O que tem ele?
— Eu vou vestir as roupas dele, idiota. Assim, vamos evitar chamar a atenção!
— Wow! Entendi! Como eu não pensei nisso?
Comecei a rir enquanto despia as vestes daquele soldado. Zernen estava de vigia enquanto eu vestia as fardas do soldado.
— Pronto! — cerrei os punhos, apreciando as minhas novas vestes. Uma túnica branca sobre as vestimentas negras; com bordas vermelhas percorrendo as extremidades. Um cinto largo rodeando a cintura e, o último e não menos importante, cota de malhas de ferro nos antebraços, e uma ombreira prateada no ombro direito.
— Mas, tipo, é capaz de te reconhecerem.
— Qualquer coisa, digo que sou novo.
— Um novo com cara de um recluso que foi pego há alguns dias, bela ideia! — Zernen começou a rir.
— Tem uma melhor?
— Não, só acho que vai ser divertido.
— Desde que não nos apanhem. — Tranquei a cela, deixando o soldado que agora tinha as minhas vestes, com a coberta cobrindo todo seu corpo.
A luz das tochas, começamos a caminhar por aquele calabouço, observando algumas das celas vazias com algumas correntes usadas para torturar os prisioneiros.
Quando chegamos próximo ao fim do corredor, Zernen que estava adiante, espreitou o próximo desvio e então ele deu sinal com a mão direita para que pudéssemos prosseguir. Os meus olhos logo se depararam com um soldado sentado em sua cadeira enquanto roncava. A única porta de saída estava trancada e as chaves estavam penduradas em seu pescoço, como um colar.
— E agora? — sussurrei.
— E agora, você diz? — Zernen soltou um sorriso largo enquanto batia o punho direito contra a palma. — E agora nós vamos aumentar a intensidade do sono dele!
— O quê?
Zernen avançou em direção ao soldado, mas antes que seu punho pudesse tocar sua cabeça, a lâmina da sua espada fora direcionada contra o braço de Zernen. Ele recuou, expressando seriedade.
Logo, o soldado se levantou enquanto roncava mais alto ainda. Dava para ver um balão se formando a partir das suas narinas à medida que roncava.
— Parece que ele é sonâmbulo.
— Não percamos mais tempo então… Soco invisível! — O punho do Zernen rasgou o vento, correndo em direção ao soldado, que rebateu o punho como se estivesse nos vendo, mas, na verdade, estava dormindo.
Zernen tentou devolver aquele punho invisível que havia sido rebatido, no entanto, ele não contava que fosse ser arremessado contra a parede pelo seu mesmo ataque. Seu corpo colidiu contra a parede, gerando uma pequena cratera repleta de rachaduras.
— Zernen!
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