Índice de Capítulo

    Essa era a esposa do capitão. Segundo alguns capítulos extras que li, ela morreu de decepção, solidão e triste. E a causa disso tudo foi seu próprio marido.

    Ao que parece, Srta. Yulca (esse era o nome dela) tinha um irmão gêmeo e ela o amava bastante, mas seu irmão não tinha uma conduta muito boa diante da lei. Andava sempre envolvido em esquemas de roubo e pirataria. Sempre era preso e depois solto quando cumprisse a pena estabelecida.

    Depois de um tempo, os conselhos que a sua irmã plantava em seu coração floresceram e então Silver(o nome dele) decidiu que mudaria de vida e nunca mais se envolveria nisso.

    Só que essa notícia não agradou os seus companheiros do crime. Foi então que, certo dia, eles armaram para o Silver. Roubaram vestimentas e armas do capitão e colocaram na casa de aluguel onde ele morava e, por fim, deixaram uma carta na casa do capitão avisando da localização das suas coisas.

    O capitão, decepcionado e com raiva, foi imediatamente à casa do Silver e achou as suas coisas. Farto de tudo que Silver havia feito, e pela decepção e tristeza que há muito trazia para sua irmã, o capitão se viu na opção de matá-lo.

    Na sua cabeça, ele não tinha mais remédio. E estava claro que jamais abandonaria aquela vida.

    O capitão reportou o ocorrido a um juiz. Agora que lembrei, acho que era o Zik.

    Ele disse que o capitão estava no seu direito de exercer a lei e, com isso, o capitão enterrou o corpo do Silver sem que sua mulher soubesse.

    A informação dada a ela era que Silver havia abandonado o reino de Hengracia.

    Mas, como nada de encoberto fica escondido por muito tempo, as testemunhas que haviam visto o que, na verdade havia ocorrido, foram contar tudo a Yulca, que recebeu essa notícia com profundo pesar e tristeza.

    Seu marido não só confirmou, como a levou para o lugar onde havia sepultado seu irmão. Esses dias foram precedidos de discussões; Xavier tentando defender que estava excercendo à lei e Yulca defendendo que o seu irmão não havia feito nada disso, que ela havia confiado piamente em sua mudança. Que ele havia tirado vida de um inocente.

    Mais uma vez, a luz raiou sobre as trevas e os verdadeiros culpados foram pegos através da intervenção da Yulca, que pediu para que Zik interrogasse os ex-parceiros do seu irmão.

    Com isso, o capitão Xavier se culpou, pois havia roubado a vida de um inocente.

    Mas nada do que ele fez podia agora ser desfeito.

    Yulca entrara em depressão; não comia mais, não fazia mais nada, se não se deitar na cama e lamentar pelo seu irmão gêmeo.

    Xavier tentou reparar o seu erro, suplicando por seu perdão, mas nada parecia fazer efeito.

    E então, quando uma pequena guerra eclodiu entre Hengracia e um reino chamado Zelvag, Xavier cometeu a maior burrice e idiotice da sua vida.

    Ao invés de ficar ao lado da esposa, partiu para guerra e consequentemente, quando ele voltou, não a encontrara mais em vida.

    E desde então, Xavier vive com essa dor no peito.

    Quanta crueldade do autor, não é?

    — Yulca… É você mesma? — O capitão Xavier começou a respirar ofegante enquanto arregalava os seus olhos de espanto.

    “Vai ficar tudo bem se ele não perceber que aquele é apenas um clone, não é?”

    — Xavier, por que você me abandonou?

    “Uau! Que realista!”

    Esse clone conseguia produzir os verdadeiros sentimentos da Yulca. Pelo menos era o que eu achava que ela diria assim que encontrasse o Xavier.

    — Mandou bem, Alexandra!

    Ela não respondeu nada, apenas arregalava os olhos enquanto olhava para aqueles dois; o clone da Yulca e o Xavier. Ambos se aproximando cada vez mais um do outro.

    — Não era suposto ela falar.

    — Hein? Espera um pouco. Você está me dizendo que isso não é você atuando?

    Alexandra balançou a cabeça negativamente.

    — Espera um pouco. Então possivelmente aquela é a Yulca de verdade. Como? Por quê?

    — Eu não sei. Desde que invoquei o meu primeiro clone, isso nunca havia acontecido.

    Isso era bem estranho.

    — Todavia, não importa! Vamos sair daqui, Alexandra!

    — Sair? Eu não posso me distanciar do clone. Vai você, Jarves. Eu fico.

    — Eu não posso simplesmente sair e te deixar levar toda a culpa por nós termos escapado.

    — Você não ouviu o que o Xavier disse? Que ele não pode tocar em mim. A família real possui imunidade.

    … É, ela tinha razão.

    — Tudo bem. — Segui andando em direção à parede onde estava encostado o Zernen.

    “Caramba, você está tão acabado!”

    Foi o que eu pensei enquanto olhava para ele, sua cabeça ligeiramente inclinada. Seus cabelos verdes cobrindo seu rosto, e um pouco de sangue fluía da sua testa, percorrendo seu nariz.

    “Muito obrigado, Zernen.”

    Dito isso, carreguei-o em minhas costas.

    ” Sério! Ele é mais pesado que a Meredith!

    “Quando a gente sair dessa, vou exigir que esses dois reduzam a quantidade de alimentos que comem por dia.”

    Com ele nas costas, agora só faltava carregar a Meredith também.  Eu sentia que os meus ossos iriam quebrar a qualquer momento, mas fazer o que, não é? Então era isso que chamavam do preço da amizade verdadeira.

    Na dor e na felicidade.

    — No dinheiro… — murmurou Zernen, entrelaçando suas mãos ao meu pescoço, e eu completei: — E na pobreza, seu ambicioso.

    Alexandra, que estava de joelhos dobrados, com as pernas para o lado, formando um w, segurava o seu braço direito enquanto suspirava ofegante.

    — Se apresse… Jarves…

    ” Parece que ela está chegando no seu limite.”

    Me apressei e carreguei a Meredith nos meus braços. E, numa troca de olhares e um sorriso nos lábios, me despedi da minha Alexandra.

    — Um dia eu volto para te salvar.

    Alexandra apenas sorriu, seu rosto agora estava tomado por gotas de suor.

    Avancei com dor em todo meu corpo e agora que me lembrei, não me lembrava mais onde ficava essa passagem. Droga! Como eles mostravam partes cortadas na série, não dava para identificar direito.

    — Jarves…

    Nem dava para virar para trás por conta do peso. No entanto, uma ilusão da Alexandra havia aparecido diante dos meus olhos.

    — Essa ilusão o guiará até a entrada para a passagem secreta… Por favor, seja rápido.

    — Certo. — Continuei avançando enquanto presenciava aquela cena do capitão Xavier sobre o peito da sua esposa. Ele parecia um bebê, milhares de lágrimas deslizavam nas suas bochechas, gotejando no chão.

    De perto, eu podia ouvir: Me perdoe!

    Enquanto Yulca afagava seus cabelos.

    “Essa sem dúvidas parece ser a Yulca”, pensei, deixando aqueles dois. Fosse ela ou não, continuei caminhando na direção que a ilusão da Alexandra me mostrava. Notei que quanto mais nos afastávamos dela, mais a ilusão ficava transparente.

    “Eu só espero que essa ilusão consiga aguentar até chegarmos à passagem secreta.”

    Chegando na porta, não sabia como abriria.

    O único lugar onde não estava ocupado eram as penas, mas eu não conseguia esticá-las por causa do peso desses dois.

    “E agora?”

    Pensei até em deixá-los no chão e voltar a carregá-los, mas eu não sabia se teria força para isso novamente.

    “Espera um pouco…”

    Segundos antes, Zernen havia meio que completado a minha frase, o que significa que ele, nesse momento, provavelmente estava tendo um sonho. Segundo o que li nos livros, há pessoas com bastante sensibilidade ao ponto de serem afetadas em seu sonho pela ação do mundo exterior.

    ” Certo. Vamos tentar.”

    — Zernen, tem alguém correndo com o seu dinheiro para frente!

    — Ah, eu não deixo escapar mesmo! Toma essa!

    “Resultou! Resultou!”

    Com apenas uma mão esticada, Zernen ativou o seu poder de força invisível e destruiu aquela porta. Ela havia quebrado em estilhaços de madeira, revelando um quarto escuro, repleto de bugigangas.

    Mas, por outro lado, eu tinha que tomar cuidado com o que dizia enquanto Zernen estivesse dormindo.

    Com passos pesados, entrei. A ilusão da Alexandra já havia atravessado ela de antemão. Andei por aquela desarrumação. Francamente, nem parecia quarto de um castelo.

    “Não, espera um pouco…”

    Lembrei que essa era uma das coisas que fazia com que esse quarto fosse um bom lugar para se colocar uma passagem secreta.

    Mais para frente, havia uma prateleira de livros antigos. Aquela visão deu luz à minha memória como uma lâmpada.

    Quando a família real estava fugindo da invasão dos monstros, eles retiraram um livro negro com algumas partes douradas da prateleira, o que ativou automaticamente a passagem. Contudo, ali existiam milhares de livros com capa preta e bordados dourados, então eu tinha que procurar.

    Foi o que pensei, mas a minha maravilhosa Alexandra havia pensado em tudo. Sua ilusão, que refletia sua linda imagem, me levou exatamente para onde o livro estava.

    Quando bate nele com a cabeça, a ilusão desapareceu e a prateleira afastou-se automaticamente, revelando uma escadaria, que possuía paredes de tijolo nas suas laterais.

    Com cuidado, comecei a descer cada degrau daquela escada, que revelava um fundo enegrecido. Contudo, pelo peso, acabei tropeçando em um degrau. E quando pensei que era o meu fim, as escadas se transformaram em um escorregador que nos levou a viajar por aquele túnel escuro.

    Se bem me lembrava, havia um degrau na escada que ativava essa função. Deve ser esse mesmo que eu pisei.

    “Sou azarado e sortudo ao mesmo tempo.”

    Depois da grande descida, pousei de traseiro no chão enquanto Meredith e Zernen tombaram deitados.

    “Ufa!”, suspirei.

    Mas ainda tinha um grande caminho a percorrer.

    Um túnel largo me aguardava e mal dava para ver uma luz no fim.

    “Eu mereço.”

    Acabou surgindo uma ideia muito malvada no meu pensamento, mas abandonei imediatamente. Nem o vilão mais maléfico faria tal coisa.

    É, eu queria arrastar esses dois pelos pés.

    “Eu sou muito horrível!”

    Dei dois tapas nas minhas faces e carreguei aqueles dois novamente. Meredith nos meus braços e Zernen nas minhas costas. E assim, segui caminhando. Descobri que nas laterais existiam tochas, mas eu não tinha fogo para acendê-las.

    “Droga!”

    “Fazer o que, né? Vamos lá.”

    Continuei caminhando, mas parei ao ouvir passos se aproximando de mim. Cada tap, tap, tap acelerava o meu coração.

    “Não é possível… “

    Engoli em seco. Quer dizer, possível até era. Mas eu não queria acreditar que era o Xavier de novo, dessa vez ele iria me matar.

    Ainda mais, depois daquilo que fiz.

    Pousei aqueles dois no chão.

    “Tomara que seja um rato com som semelhante ao de um ser humano.”

    Era o que eu queria que fosse, mas os meus olhos, mesmo naquela escuridão, conseguiam enxergar uma silhueta masculina se aproximando cada vez mais.

    — Estou surpreso de que tenham conseguido escapar das mãos do Xavier.

    ” Essa voz…” Uma voz com um tom brincalhão ressoava pelos meus ouvidos.

    — A princesinha até tentou usar ilusões comigo. Mas sabe… — Ouvi um riso maléfico. — Muahahaha! Ilusões não funcionam comigo! — Depois, ajeitou sua mandíbula, emitindo uma voz brincalhona. — Por sorte, tenho o privilégio de não ter nenhum apego emocional a ninguém.

    ” Sem dúvida, é ele.”

    Diante de mim, estava um homem vestido de um macacão xadrez, que mesclava as cores vermelho e branco. Seu rosto também misturava as tintas carmesim e brancas, junto ao seu cabelo curto e ruivo.

    — Diferente do Xavier, que usa leis como punições, eu uso charadas como chances de sobrevivência. Comigo é assim: Acerte uma charada e sobreviva, erre três e estará sentenciado.

    Alecrim, o mestre das charadas.

    Sem dúvidas, eu estava ferrado.

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 0% (0 votos)

    Nota