Capítulo 21: Alecrim, o mestre das charadas
Alecrim, o mestre das charadas. Era assim como era apelidado o melhor guerreiro de Hengracia, superando com muita dificuldade o Xavier.
Posso dizer que a diferença de força entre eles não é tão grande assim. Um desleixo do outro e qualquer um ocuparia o topo muito fácil.
Mas acho que isso não importa nesse momento. Os dois eram perigosos e o mais perigoso entre os dois estava na minha frente.
Alecrim não queria saber se você era inocente ou errado, ele só queria que você acertasse suas charadas que você sairia ileso de suas mãos. É claro que tinha a opção de lutar, mas acontece que esse cara era muito forte!
Logo, a única saída era tentar acertar as charadas dele.
Caso não, ele te eliminaria imediatamente.
— Vou te explicar como isso irá funcionar.
Tudo que ele iria dizer, eu já sabia.
Geralmente, ele começava com uma apresentação do tipo: Sou o Alecrim, mestre das charadas. Bobó da corte do rei e, ao mesmo tempo, soldado pessoal dele. Gosto bastante de charadas! Na verdade, sem elas não consigo viver. Estou a tempo inteiro tentando criar novas charadas e novas maneiras de intreter o rei. Comecei com… E aquele blá-blá-blá que nunca mais acabava.
Se você deixasse ele falar, ele passaria horas te falando sobre como ele se apaixonou por charadas; o que é, sua importância, e entre muitas coisas.
Esse cara era pior que a minha professora de história.
— Tá, eu já entendi.
— Mas ainda…
— Vamos logo! — falei com um tom frio enquanto cerrava as minhas sobrancelhas, deixando claro que eu estava levando isso a sério.
— É assim que eu gosto! — Ele lambeu os lábios. — Como eu já havia dito, se você errar três charadas será uma pena, mas se você acertar pelo menos uma, eu te deixo viver. As charadas começam de baixa, média e alta complexidade.
Ele falava isso, mas era tudo igual.
Todas eram difíceis.
No entanto, eu as conhecia com a ponta dos meus dedos. Tinha sorte do autor ter dado a ele um grande destaque durante a guerra contra o reino das trevas.
— Você tem sorte, porque eu acabei de inventar uma agora mesmo.
” Agora mesmo?”
— Você será o primeiro a experimentá-la.
“Ah, não deve ser problema. Afinal, as charadas que ele inventou agora, ele vai usar no futuro, não é? E eu conheço o futuro.”
— Manda ver!
— O que é teu e você quase nem usa, porém, todos usam constantemente.
— Como assim? Tem muitas coisas que são minhas, mas todos usam e eu quase nem usei!
— Sim! — Seu sorriso se alargou, aqueles olhos violeta me assustavam. — Dessas coisas, escolha apenas uma!
“Deixar eu pensar… Deixa eu pensar.”
— Ah, já sei! — Levantei o dedo indicador. — Uma vez minha mãe comprou uma cueca para mim, só que, como não me serviu, então eu dei ao meu primo e ele passou a usar constantemente.
— O que? — Ele elevou uma das sobrancelhas enquanto dava um sorriso torto. Depois, ele baixou sua cabeça tremelicando seus ombros e deu risadas. — Hahahaha!
— O que foi? Eu acertei! Agora me deixe ir!
— Você é mesmo hilariante. — Ele limpou algumas lágrimas ao redor dos seus olhos. — Mas devo dizer, está errado.
— Como assim? A resposta está certa!
— Porque seu primo não é todo mundo, seu burro!
“Oh…”
Me empolguei tanto com essa resposta, que acabei me esquecendo que tinha a condição todo mundo.
— Espera, já sei! É nome!
— Tarde demais.
” Droga! Perdi a minha chance de escapar dele!”
— Certo. Manda outra!
Agora estávamos no médio. Ele vai elevar um pouco o nível das charadas. Contudo, não tinha medo, porque eu o conhecia com a palma da minha mão.
— Um cavaleiro saiu da cidade no sábado e passou a noite numa cidade vizinha. No dia seguinte, ele voltou à cidade no sábado. Como isso é possível?
” Maldito! É isso que você chama de médio?”
— Você tem aproximadamente 30 segundos para responder essa.
Precisava pensar rápido.
“Se ele saiu da cidade no sábado e no dia seguinte voltou no sábado, isso significa que…”
“Ah, não sei!”
Segurei a minha cabeça e balancei freneticamente.
“Meu cérebro vai queimar!”
“Mas espera um pouco…”
“Pensando bem, acho que a resposta é magia do tempo. Não, espera. Se ele usasse magia do tempo, de que forma ele usaria? Ele congelaria o tempo ou então… “
“Ah, não sei!”
Não me lembrava dele ter usado nenhuma dessas charadas na série.
— Faltam 10 segundos.
— Magia do tempo — pronto, falei. Se estiver certo, amém! Se estiver errado, eu sou um azarado mesmo.
— Wow! Magia de tempo? — Seus olhos brilharam. Eu sabia, eu estava certo.
— Pronto. Adeus. Muito obrigado e até um dia!
— Quem disse que você acertou?
— Ué, e o seu sorriso? E os seus olhos brilhantes? Não são sinais?
— Hahahaha! Era só para te dar alguma esperança!
Sua risada começava a me irritar. Elevei o punho. Queria tanto esmurrar aquela cara de palhaço que ele tem.
— Sinto muito, mas você errou — ele disse, retirando algumas gotículas de lágrimas ao redor dos seus olhos.
— E qual é a resposta então?
— O cavalo era o sábado.
— O que? Era só isso?
— Era só isso que a sua cabeça de ovo não conseguiu pensar! Hahahaha! — ele riu, apontando o dedo indicador para mim.
— Não vai se achando.
Já saquei qual era a dele. As respostas dele estavam dentro das charadas. Eu só tinha pensado do ponto de vista da lógica. No entanto, dessa vez terei mais atenção nas coisas mais irracionais possíveis.
— Lembrando que você só tem uma última chance. — Levantou seu dedo indicador. — Se você errar essa, já sabe. E só para constar, só uma pessoa conseguiu acertar a minha charada nível difícil.
” Teve mais alguém?” A única pessoa que eu lembrava de ter acertado a charada nível difícil do Alecrim, era aquele que havia roubado a sua vida
— Manda ver!
Ele levantou um dedo indicador.
— Imagine que você está numa sala escura. Como você sai de lá?
— Essa é fácil! — Estalei os dedos, com um sorriso confiante.
— Então diz aí.
— Eu parava de imaginar.
— O que?! — Ele arregalou os olhos, ficando boquiaberto. Mas, logo sorriu: — Parabéns! Você acertou! — Bateu as palmas. — Parece que acabei te subestimando, pensei que você fosse usar a lógica para responder essa questão como das outras vezes.
— E eu sabia que você iria fazer uma charada igual por pensar que eu usaria a lógica. Parece que dessa vez, eu te peguei — comecei a rir.
— Que sem graça, eu queria continuar com as charadas — Ele cobriu uma parte do seu rosto e sorriu. — Mas irei manter a minha palavra, pode ir.
— Nos vemos um dia desses. — Carreguei aqueles dois novamente e comecei a caminhar em direção controvérsia ao Alecrim.
— Ei…
Parei, revirando o olhar.
— O que você quer?
— O Xavier já se liberou daquela ilusão e nesse momento ele está vindo para aqui. Em menos de 10 segundos ele chegará aqui.
— O que?
— E como eu não faço nada de graça. Acerte a minha charada e eu te protegerei.
” Não tenho tempo para acertar mais nenhuma charada dele. Sabe-se lá o que ele deve estar pensando nessa cabeça dele. Deve estar furioso por eu ter acertado a última charada dele.”
No entanto, como eu havia dito, eu era a pessoa que mais conhecia ele.
— Como eu consegui responder à sua charada mais difícil, então devo me considerar o mestre das charadas.
E era assim que eu feriria o seu orgulho.
— O que você disse?
— Se eu morrer, jamais poderá reaver o seu título — soltei um sorriso malicioso.
— O que você está falando, pirralho? — As veias espreitam as extremidades da testa do Alecrim.
Contudo, os meus olhos mal conseguiram prever o que havia acontecido. Foi tudo em um piscar de olhos; Alecrim estava próximo a mim, enquanto segurava a espada do Xavier com suas duas mãos.
— Não interfira, Alecrim. O meu assunto não é com você.
— Espera um pouco, Xavier. Essa presa é minha.
— Então trate de eliminá-lo agora. Eu só preciso que ele seja eliminado!
“Quanto ódio, homem? Eu pensei que sua mulher tivesse amolecido seu coração.”
— Mestre das charadas, não é? Quero ver você inventar uma charada que não conseguirei responder. Caso consiga, você poderá fugir, caso não, deixo o Xavier acabar consigo. Quital?
— Eu não tenho tempo para essas suas charadas, Alecrim — disse Xavier, estreitando os olhos.
— Toma o tempo então! — Ele sorriu, lançando uma força invisível que nem a do Zernen contra o abdômen do Xavier. Ele foi arremessado na direção contrária, desaparecendo naquela escuridão.
Com isso, Alecrim virou para mim e mostrou os seus dez dedos:
— Ele voltará em 10 segundos e com força total. Acho melhor você se apressar.
” Vou usar a última charada dele e a que julguei mais difícil de desvendar.”
— Quando você me vira de lado, sou tudo. Quando me corta ao meio, não sou nada.
— Que charada é essa? Isso não tem pé nem cabeça! Nem pelo senso comum, nem pela dedução natural!
— Tá difícil, não é? Acho que vou baixar o nível.
— Tse!
— O que anda sobre quatro membros de manhã, dois a Tarde e três a noite.
Antes que ele pudesse responder, Xavier já havia aparecido. Alecrim defendeu o ataque, mas foi forçado a recuar alguns centímetros.
— Vejo que terei que eliminá-lo, Alecrim!
— Tente se puder.
Recuei um pouco. Aqueles dois começaram uma troca golpes, que arremessava rajadas de ventos por aquele espaço escuro. Xavier usando sua espada e Alecrim usando seus dois punhos, mas nenhum arranhão havia surgido na sua pele.
— Do que está a espera para responder?— Alecrim olhou para mim enquanto combatia a espada do Xavier com a sua mão direita.
“De você dizer que não sabe.”
— Na primeira charada é o número 8. Se você inverter ele, você terá o símbolo do infinito. Na segunda, é o ser humano. Quando bebê, ele gatinha com quatro membros, quando adulto ele anda com dois membros e quando é velho ele usa bengala, andando com três membros.
— Genial! Genial! Genial! Como eu não havia pensado nisso antes?! — Ele começou a rir e lançou um golpe com os dois braços, que fez Xavier recuar. — Seu nome, por favor!
— Jarves!
— Jarves, por enquanto você é o mestre das charadas. — Ele estalou um dos dedos, enquanto Xavier reposicionava a espada. — No entanto, nos encontraremos novamente e quando a hora chegar, pode ter certeza que eu reivindicarei o meu título!
Um golem volumoso surgiu da parede e pegou Meredith, eu e o Zernen em seus braços. Ele possuía linhas entorno do seu corpo. Seus olhos eram fundos e verdes.
— Como presente, fique com esse Golem. — Voltou a estalar os dedos. — Até um dia desses!
O Golem saiu correndo, nos levando para longe daquele campo de batalha.
— Tem noção do que está fazendo, Alecrim? Isso é traição! — Xavier franziu as sobrancelhas.
— Eu e você temos maneiras diferentes de fazer o nosso julgamento. Você julga pela lei e eu pelas charadas. Qualquer um que demonstrar habilidades para charadas terá o meu respeito e a minha proteção. — Olhou para ele seriamente, enquanto erguia os punhos. — E você, Xavier, jamais terá isso!
— Pelas leis que regem esse reino, Alecrim Von Paradis, eu o eliminaria aqui e agora! — Xavier avançou com a espada em mãos, lançando um ataque vertical ao seu adversário, que o esperava com um sorriso largo preenchendo os seus lábios.
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