Capítulo 42: Uma chegada inesperada
Jarves!
Jarves!
Jarves!
Acorda, Jarves!
Após tanto ouvir essa voz, os meus olhos despertaram.
— Mamãe?!
Os meus olhos encontraram uma mulher de jaleco, que possuía um cabelo azul da cor do céu e olhos azul-marinho.
— Que mamãe que quê? Acorda logo!
Era a Theresa.
“Mas o que aconteceu no momento em que estive inconsciente? Me lembro apenas de ser derrubado… Espera! A Meredith!”
— Ei, a Meredith está bem?!
Levantei e olhei para ali para cá até avistar uma ruiva.
— Jarves, acordou? Que bom que está bem.
Nossos olhos se encontraram.
Lá estava a Meredith, deitada, e com os dois braços esticados.
Suspirei de alívio. E tomei um susto quando contemplei o Nikolas ao meu lado. Ele estava coberto de feridas nas articulações.
— Parece que aconteceu muita coisa enquanto estive inconsciente.
— Golem derrotar! Golem acabar com tudo!
O Gaia em formato miniatura se aproximava de mim. Ele vinha da direção em que estava uma caravana.
— Na verdade, Gaia — Theresa sorriu enquanto segurava o golem em suas mãos. — Theresa derrotar todos. Theresa fazer plano bom e tudo acabar bem, viu?
— Gaia salvar mestre! Theresa não estar!
— Ué, quem você acha que te deu comida?
Theresa perguntou enquanto acariciava a cabeça do Golem com o dedo indicador.
— Gaia não saber!
— Euzinha!
— Wow! Gaia entender! Tudo ser culpa de Theresa!
— É… — Theresa deu um sorriso torto.
— Ei, vocês dois… — Atrai seus olhos.
— Podem me explicar o que está acontecendo aqui?
— E pensar que fui irresponsável — Meredith sussurrou com um tom triste. — Desculpem, pessoal.
— Como assim, Meredith? Se você não tivesse aparecido no último instante, eu já estaria com o pé na cova!
— Acontece que decidi resolver tudo sozinha e acabei estragando tudo. Se eu tivesse dado às gemas logo que cheguei, não teríamos chegado a esse extremo, ou melhor, eu nem deveria ter ido ver a minha família.
— Pare de se culpar, Meredith. Tudo terminou bem, não terminou? — questinou Theresa.
— Terminou, mas…
— Shiu, Meredith! — Coloquei o dedo entre os lábios e continuei. — Theresa tem razão. Tudo acabou bem, isso é tudo que importa. Além do mais, podemos sempre aprender com os erros do passado para não tornar a cometê-los, não é?
Meredith arregalou por instante e sorriu enquanto levantava o braço ao céu.
— Tem razão. É o que o meu pai diria.
“Meredith e o seu apresso ao pai, aí aí aí, vou te contar.”
— Bem, agora não percamos mais de tempo. Precisamos fugir antes que cheguem mais aventureiros — emitiu Theresa, colocando o Golem no bolso do jaleco.
— Tá, mas cadê o Zernen? Ah, espera, não me diga que ele ainda está lutando contra aquele cara? Hum, ele deve tá se divertindo bastante!
Theresa começou a rir do nada.
“Essa mulher tem problema. Eu falo uma coisa e ela ri?”
— Ei, do que está rindo?
— Nada não.
— Ué?
— Zernen perdeu.
“O que?”
Olhei para Meredith.
— Meredith, nem precisava ter dito. Eu queria ver a cara dele ao encarrar o Zernen todo surrado.
— Como assim ele perdeu?
— Theresa lutou contra o Wase e ganhou.
— O queeeeee? Como assim Theresa lutou contra o Wase e ganhou? Isso não faz sentido! Theresa não… — Travei a minha língua ao ver uma seringa nas mãos da Theresa.
— O que você ia dizer?
— Que Theresa não… Não poderia perder, isso! Theresa é a melhor, não tem jeito! É a gênia, uma mulher a frente do seu tempo!
Meredith começou a rir.
Theresa suspirou.
— Não precisa me bajular. Estou ciente das minhas capacidades físicas. De fato é um feito impossível para mim derrotar o Wase, mas eu consegui.
— Então conta esse truque aí.
— Depois. — Theresa suspirou. — Agora precisamos sair daqui, antes que…
Theresa foi interrompida por uma voz masculina.
— Ei, vocês! Mãos para cima e sem usar magia nenhuma! Tudo que fizerem pode ser usado contra vocês!
Era um grupo de sete aventureiros com ranks abaixo do C, com exceção de um que estava no meio; o cara que havia sido salvo por Nikolas.
— … Mais aventureiros cheguem.
Theresa deu suspiro aborrecido.
— Eles derrotaram um aventureiro rank B! O senhor Nikolas?! Os rumores não mentem, eles fazem mesmo juiz a missão nível B!
E começaram com o blablá.
— É verdade! Então quer dizer que se derrotamos eles, podemos nos tornar aventureiros rank B?
— Não é para tanto, pessoal — emitiu um aventureiro rank E.
— Ei, silêncio pessoal! — ordenou o mais forte deles, o aventureiro rank C. — Vamos todos derrotá-los em conjunto e dividiremos a recompensa!
— Sim!
Todos levantaram o punho.
— Vamos aproveitar que todos parecem estar em um estado debilitado — ele acrescentou.
— Simmm!
Levantaram os punhos novamente.
— Covardes! — Franzi os dentes e gritei enquanto levantava o punho. — Vocês não têm vergonha na cara, não? Querem mesmo atacar jovens indefesos?!
— Não queremos ouvir isso de você, charlatão manipulador! Logo você que manipula as pessoas e faz elas matarem seus noivos, insultar sua majestade e os incita a roubar!
” Isso tudo?”
“Enfim”, dei um suspiro.
— Eu sou inocente! Acreditem! Até a esfera do Zik afirmou isso!
— Então por que fugiu da cadeia? Poderia facilmente provar sua inocência lá, não é? — questionou o aventureiro rank C.
— É, sim!
— Isso mesmo! Por que fugiu?!
“Aí eles têm um ponto. Mas…”
— Eles queriam me matar antes que eu me justificasse! Olha, escuta…
” Sim, essa é a chance. Se eu conseguir trazer esses jovens para o meu lado, posso conseguir expandir o conhecimento do reino das trevas.”
— Escutem, meus jovens!
Cerrei os punhos e, quando pretendia iniciar a revolução, Theresa me interrompeu.
— Chega! Gaia, mande eles para bem longe daqui!
“Theresa, sua…”
Lágrimas tomaram conta dos meus olhos ao ver o Golem crescer.
— E nós estávamos dispostos a te ouvir e você vem com isso?
O aventureiro rank C e o seu grupo começaram a duvidar de mim.
— Eu disse, ele é um charlatão que só usa métodos fraudulentos!
” Theresa, o que você fez?”
A minha imagem definitivamente ficou manchada.
— Mas, pessoal, essa criatura não é demasiada grande para nós? — questinou o aventureiro rank E apavorado. — Têm mesmo certeza de que podemos dar conta?
— O mestre Nikolas deve tê-lo enfraquecido o suficiente, então não será o problema.
Ainda assim, o aventureiro rank C levantou o punho, mesmo diante daquela grande sombra que os encobriu.
— Eu vou me mijar nas calças, pessoal! — Alertou o aventureiro rank E enquanto balançava as pernas.
O Golem abriu sua boca, liberando uma fumaça.
— Gaia aniquilar! Gaia aniquilar!
— Desculpa, pessoal! Eu realmente não aguento mais!!!
“E lá se vai o aventureiro rank E.” Ele saiu correndo e mais dois o acompanharam.
— Não temam os que restaram, só precisamos passar por esse chefe para…
— Fuuuuuuuuu!
O Golem soprou tão forte que fez todos aqueles aventureiros voarem, antes mesmo que pudessem usar suas magias.
Seus gritos foram diminuindo enquanto eram levados para bem longe por aquele vento impetuoso.
O Golem voltou a sua forma de miniatura e entrou no jaleco da Theresa.
— Theresa! Eu já estava conseguindo chegar a um acordo com eles!
— Ah — ela suspirou, aborrecida. — Escuta Jarves idiota, por acaso está tentando meter aqueles garotos em problema? Se não percebe, o reino todo está contra nós.
— Eu sei, eu só queria aliados.
— Theresa tem razão — disse Meredith. — Antes que possamos conseguir as provas, é melhor não metermos mais ninguém nisso.
— Tá bom. Entendi.
— Então vamos embora logo, antes que cheguem mais aventureiros.
Levantei do chão, ainda com dor.
— E o Zernen?
— Tá na caravana.
— Theresa, poderia vir me ajudar? Eu não consigo me levantar.
— Já tô vindo. — Theresa caminhou em direção à Meredith, que estava deitada.
— E, pessoal, vamos deixar ele aqui?— perguntei, olhando para o corpo de Nikolas no chão.
— Quer levar ele? — questinou Theresa enquanto pegava um dos braços da Meredith.
— Você deveria perguntar porque ainda não o amarramos, porque se ele acordasse iria querer acabar com todos nós.
— É, verdade — concordei com Meredith. — Enfim, adeus cientista louco e até nunca mais. — Acenei e comecei a caminhar.
Theresa, que segurava Meredith, começou a caminhar também.
Mas, de repente, quando tudo parecia estar calmo, um vento enorme começou a soprar para ali e aqui, balançando os nossos cabelos e apalpando nossas vestes.
— Caramba, será que vai chover?
Retirei os braços do meu rosto quando o vento cessou e olhei para o céu. E arregalei os olhos, estupefato com a silhueta que via levitando em pleno céu; em meio às nuvens que ofuscavam o sol.
Mesmo de longe, eu ainda conseguia o reconhecer… Sem dúvidas, era ele.
— Pessoal! — Apontei o dedo tremelicante para cima. — Me digam que os meus olhos estão enganados…
— O que, Jarve— — Meredith arregalou os olhos ao olhar para o céu.
— Aquele é… — Theresa murmurou.
Ele descia do céu, enquanto suas vestes iam ficando cada vez mais nítidas conforme descia, revelando um traje de armadura platina com uma capa carmesim balançando de um lado para o outro.
— Acabou a brincadeira, crianças. Pelos poderes que me foram conferidos pela lei, eu, Xavier, aplicarei a minha sentença aqui e agora.
Sim, era o Xavier, o homem da lei.
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