Índice de Capítulo

    Duas colunas de cinzas que voavam pelo vento se reuniram em um espaço enevoado com casas velhas caindo em pedaços. Havia uma montanha de lixos um pouco mais ao fundo. A silhueta de um homem que das cinzas foi revistado de pele havia aparecido ali. Um homem com duas cicatrizes no rosto e uma tatuagem de dragão no olho direito.

    Do outro lado, ficando frente a frente com homem ali, havia aparecido uma mulher com vestes que lembravam guerreiras amazonas.

    Erguendo sua espada para cima dos ombros, encarou aquele homem severamente.

    — Vejo em seus olhos uma profunda sede de sangue, sendo que, na verdade, só eu quem deveria ficar com raiva… Essas cicatrizes foram tão profundas que só um usuário de magia de cura de alto escalão pode as curar. E hoje tive a sorte de descobrir um prodígio…

    Gar deu um sorriso largo, que aos olhos daquela mulher era tão nojento que seus traços se contorciam em profunda cólera.

    — Morra!!!

    Meredith correu com a espada erguida acima do ombro.

    — Muito apressada.

    Gar elevou suas duas mãos contra o rosto, lançando seu golpe de garras que rasgaram o vento em uma velocidade abismal.

    No entanto, no meio do caminho, Meredith deu um grande salto, evitando que fosse atingida.

    — Vamos conversar um pouco, não fará mal nenhum. Quero te contar algo bastante importante.

    Ignorando aquelas palavras, Meredith seguiu descendo com a espada perfeitamente mirada ao pescoço daquele homem.

    — Escamas de dragão!

    Uma multidão de escamas cobriu o corpo do Gar, o defendendo espada que chocava contra as escamas, liberando milhares de faíscas.

    A balança pendia para o lado do Gar.

    A lâmina da Meredith apenas se quebrava a medida que insistia em penetrar aquela forte defesa.

    Seus olhos se encontraram.

    Meredith deu um grito. Mas um sorriso triunfante saiu da boca de Gar. Milhares de escamas saíram do seu corpo em rápida velocidade e se cravaram no corpo da Meredith.

    Ela recuou imediatamente, mas com sequelas… Seu rosto, na verdade, seu corpo todo, estava coberto de escamas que abriram profundas feridas em sua pele, uma poça de sangue havia se formado ao redor dela.

    — Eu não sou o Gar de há muito tempo, Meredith. Se eu disse que vamos conversar, é porque vamos conversar. Você é uma mulher como qualquer uma, nada além de um mísero objeto para o meu próprio uso.

    Meredith ergueu a espada.

    — Não me compare com as cadelas que se submetem a você. Sou uma mulher de valor, pura e imaculada. Uma mulher a qual você nunca possuirá nem na próxima vida, se tiver! Porque um lixo como você merece deixar de existir. Amaldiçoo com todas as minhas forças o dia em que sua mãe te deu à luz!

    — Olha só como ela sabe insultar… Agora me diga, o que era para acontecer? Era para eu chorar, lamentar e pedir perdão porque uma tola como você vomitou palavras imundas?

    — Isso você já teve tempo suficiente para fazer, agora é tarde demais, agora eu quero acabar com sua raça!

    — Essas toda raiva é por causa dos seus dois queridos irmãos?

    — Maldito, você os viu!?

    — Não só os vi, como toquei neles, mas talvez agora tenham virado cadáver.

    — O que você disse?

    Veias rebentaram a pele do rosto enquanto ela arregalava os olhos intensamente.

    — O que você ouviu.

    — Eles não estão mortos! Eles estão vivos sim! E você vai me dizer onde eles estão! Agora! Agoraaaaa!

    Meredith ignorou a dor e saiu correndo numa velocidade colossal enquanto direcionava sua espada ao peito do homem.

    — Nem que eu tenha que rasgar todos os seus membros!

    (…)

    Numa praça que dividia quatro caminhos, cinzas se reuniram no por cima do piso de tijolos para formarem silhuetas masculinas de um lado, enquanto do outro lado formavam-se duas silhuetas femininas.

    — Boa! Boa! Boa!

    Um dos homens sorriu com seus dentes de leão. Seus companheiros o acompanharam na mesma alegria enquanto contemplavam aquelas duas mulheres com olhos lascivos.

    — Sorte grande para o nosso lado!

    — Embora não possamos matar a médica, vamos nos divertir!

    As duas se arrepiaram ao ouvir aquilo, principalmente Theresa que se sentia enjoada pelo cheiro de álcool que muito deles exalavam.

    — O que faremos?

    — Deixe isso comigo.

    Frida concentrou seus olhos naqueles homens, mas antes que usasse sua magia, um dos homens saiu dali.

    — Irmã…

    Ele possuía cabelos e olhos violetas. Trajava um casaco negro sobre um macacão azul-escuro.

    Ela arregalou os olhos, tremendo os lábios.

    — V-Você? O que você está fazendo aqui?

    — Não vai nem vir me abraçar. Quase nunca tem tempo para mim.

    — O que você está fazendo aqui, Friederico?!

    Frida franziu as sobrancelhas.

    — Friederico a partir de agora é nosso camarada! Ele agora faz parte da gangue!

    — Isso mesmo, Frida! — Ele sorriu, colocando as mãos nos bolsos. — Loucos não podem andar com loucos e não se tornarem loucos! Pegou o trocadilho?!

    — Friederico, por que…

    — Por quê? Eu apenas cansei de uma vida regrada, quando as pessoas más sempre se dão bem. Eu mergulhei nesse mundo e descobri que o adoro.

    — Você não pode estar falando a sério… A mamãe, o que a mamãe disse sobre isso? Quer matar ela do coração?!

    — A mamãe? Bem, a mamãe não precisa saber.

    Quando ele disse isso, os traços de Frida se contorceram. Com olhos severos, sobrancelhas cerradas, ela emitiu com uma voz grave e imperativa enquanto apontava o dedo para ele.

    — Friederico, você está de castigo! Já para casa! Você não passa de um adolescente, não pode tomar nenhuma decisão sobre sua vida, quando não é um adulto!

    — Hahahaha! Vai aceitar isso, Friederico?

    Seus companheiros colocavam mais lenha na fogueira, alimentando o ego daquele jovem.

    — Se fosse eu, não deixava!

    — Você não manda em mim, irmãzinha. Com estatura e poder baixos, não tem como você mandar em mim. Já ouviu falar sobre o dilema que diz que os mais fracos devem respeitar os mais fortes?

    Frida baixou a cabeça.

    Sabia muito bem que, em termos de poder, era bastante inferior ao seu irmão.

    — Não sei o que aconteceu para você mudar de lado, mas nada justifica você tratar assim sua família, sua irmã ainda próxima!

    Theresa emitia com pujança, enquanto o encarava severamente.

    — Não se intrometa, médica.

    — Me intrometo, sim, porque eu e Frida somos parecidas. Não é Frida? Já que ambas somos irmãs mais velhas dos nossos irmãos!

    — Mas ele tem razão… — Frida deu um suspiro pesado enquanto se afogava em um mar de tristeza. — Eu não sirvo para ser irmã mais velha, afinal, não fui capaz de proteger meu irmão desse mundo tenebroso.

    — Sabe o que eu fazia com o meu irmão mais novo quando ele não me ouvia? Eu dava uma lição nele, daquelas que fazia ele me respeitar!

    — Com o poder que tenho em mãos, não posso muito…

    — Pode sim! — Theresa puxou a manga do jaleco, cerrando um dos punhos. — E eu vou te provar isso!

    Frida ergueu a cabeça, lançando seus olhos esperançosos para aquela mulher que sorria genuinamente.

    — Eu vou te ensinar como dar uma lição no irmão mais novo que possui mais poder que você!


    Como um redemoinho, cinzas pousaram sobre um grande telhado de uma construção de dois andares. Uma multidão de bandidos havia aparecido do lado esquerdo em oposição a um homem que estava do lado direito, sorrindo levemente enquanto observava o luar.

    — Ah, eu queria ter cruzado com uma das meninas.

    — É mesmo… Tínhamos mesmo que nos cruzar com um único cara? Que chatice…

    Assim, os bandidos começaram a murmurar entre si, desprezando o oponente que estava diante deles.

    — Bem, vamos acabar logo com isso.

    Imediatamente, eles organizaram suas armas brancas; foices, machados, flechas e muito mais, enquanto faziam uma posição ofensiva.

    — Já vou avisando que sou um aventureiro rank A. Ainda assim, vão querer lutar contra mim?

    — Aventureiro rank A?

    — Nossa, um aventureiro rank A! Vamos desistir, pessoal! É um aventureiro rank A!

    Um deles começou a rir.

    Oceano sentiu um leve desconforto diante daquela zombaria, afinal nenhum daqueles poderia se equiparar ao seu nível em termos de poderes. Eram tão inferiores que apenas uma de suas técnicas derrubaria a todos de uma só vez.

    — Última chance, eu sou um aventureiro rank A, desistam. Se possível, não quero apelar para violência.

    — Hahahaha! Sabemos muito bem disso e que você possui um poder colossal capaz de nos eliminar em segundos.

    — E então, planejam mesmo assim me enfrentar?

    — Mas acontece que temos isso…

    Cada um deles levantou um frasco de vidro com um líquido vermelho.

    — Essa é uma poção para aumentar os nossos status num nível equiparável ao do B. Será que depois disso você vai mesmo lutar contra 10 de nós no nível B?

    Todos começaram a rir, alguns com seus dentes dourados e mal cuidados.

    — Ah, é mesmo? Eu vou…

    Quando Oceano estava prestes a atacá-los, tentando os impedir de ingerir aquela poção, uma névoa tomou conta daquele espaço. Temendo qualquer armadilha, recuou rapidamente.

    Risadas se ouviram no meio daquela névoa.

    Imediatamente, aquela névoa havia se dissipado, revelando seres humanoides com bastante músculos, baixos e gigantes, cujas veias rebentavam a pele. A esclera dos seus olhos era coberta por um tom vermelho. Realmente se tratava de uma droga que forçava o crescimento exponencial de habilidades em um indivíduo.

    Foi o que Oceano concluiu enquanto reparava aqueles todos. Seu nível não era mais o mesmo, cada um ali tinha a força de pelo menos um aventureiro rank B.

    — E agora, ainda acha que pode nos derrotar?

    Suas bocas enormes salivavam.

    — Parece que hoje jantaremos aventureiro rank A! A minha barriga mal pode esperar!

    Com isso, seu comportamento também havia mudado, parecia mais animalesco.

    — Não creio que tenham se disposto a fazer isso para…

    No mesmo instante, ele recebeu três arranhões no rosto, cujo objetivo era esmagar sua cabeça, caso não tivesse sido muito rápido para recuar.

    Oceano colocou a mão no rosto ensanguentado e enfrentou aquela multidão de bandidos que haviam ganho a aparência de monstros.

    — Ah…

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 100% (1 votos)

    Nota