Índice de Capítulo

    — A verdade, Meredith, é que eu tenho o poder de ver o futuro.

    Ela arregalou os olhos.

    Essa também era a desculpa que inventei para que o Zernen viesse comigo.

    — O futuro? Então isso explica tudo.

    “Sim, isso explica tudo.”

    — Parece que você ganhou na loteria com esse poder, não é, Jarves? Que poder insano! Esse é o tipo de poder que só existe em lendas!

    — É mesmo?

    Zernen tinha razão. Se bem me lembrava, nem mesmo os vilões do reino das trevas tinham esse tipo de poder. Embora eu não tivesse esse poder, eu tinha algo muito maior, o roteiro todo em minhas mãos!

    — O quão longe você viu?

    “A pergunta deveria ser: o quão longe eu sei? Sei de tudo, cara Meredith. E estou aqui precisamente para acabar com o final horrível dessa história.”

    — Sei lá, é um poder que eu não consigo controlar. Meio que eu observo a pessoa e o futuro dela aparece nos meus olhos.

    — Por que não me disse nada? Mesmo sabendo que a minha vida corria perigo, você… — Ela mordeu os lábios. — Me deixou para morrer.

    —  Eu acho que não, hein — respondeu Zernen. — Se não ele não estaria aqui.

    — É como o Zernen disse, eu sabia que você seria salva por aquele homem, mas ainda assim sentindo preocupação, decidi vir a sua trás.

    “Ok, agora eu disse a verdade verdadeira.”

    “Que sensação boa.”

    — Por que? Eu não te tratei mal?

    “Me tratou sim, muito mal. Esperava mais de você, Meredith.”

    —  Eu não levo as coisas a peito.

    — Jarves é um cara legal, não é?

    Balancei a cabeça positivamente.

    ” Zernen sabe das coisas.”

    — Realmente o mundo dá voltas. A pessoa que eu mais desprezei, hoje está me ajudando.

    “Pegou a grande lição de moral, não é, Meredith?”

    — Peço perdão por tudo.

    Esse era o lado fofo que eu adorava nela, quando ela percebia que estava errada, não hesitava em se desculpar.

    — Só se for perdão em forma de dinheiro! Hahaha! —  Zernen começou a rir.

    Esse garoto me superou em ambição, não, ele extrapolou os limites.

    — Zernen, dinheiro não é tudo nessa vida.

    — Tenho que concordar — Meredith assentiu. — Meu pai dizia que a pequena felicidade se encontra nas coisas mais simples.

    “Seu pai como sempre um sábio, embora a história se passe depois da morte dele. Sendo assim, não tive a chance de conhecê-lo, mas sei que Meredith tem um grande apego emocional a ele.”

    — Não é tudo, mas traz felicidade.

    — Felicidade momentânea você quis dizer — disse Meredith, olhando para o Zernen. — Porque o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males. É só ver como o nosso reino está por causa do maldito dinheiro. Eu quase fui morta por conta de míseras moedas!

    Eu tinha que concordar com a Meredith. Apesar do dinheiro ter os seus benefícios, ele também podia causar  grandes estragos.

    Lembrei como se fosse ontem, quando a minha mãe me deu várias chineladas por eu ter perdido o dinheiro nos jogos de azar, que era para fazer compras dos ingredientes para o jantar. As minhas intenções eram boas, eu só queria multiplicar o dinheiro!

    — Dinheiro traz tristeza também — murmurei, com aquelas vagas lembranças passando pela minha mente.

    — Tá. Tá. Vocês dois têm razão. Mas isso é só para quem não sabe usar bem do dinheiro!

    “Um ponto para o Zernen.”

    — É … — disse Meredith, suspirando. — E pensar que o Reziel, o amigo e mordomo do meu pai, me trairia dessa forma. É inacreditável!

    — É, esse é um dos maiores defeito do ser humano — afirmei.

    — Eu quero vê-lo… Preciso saber quem está por detrás disso tudo!

    — Não é difícil adivinhar, não é?

    — O que?

    — Graziela.

    — Mas por quê?

    — Porque ela é a amante do seu noivo, boba. Digo, Meredith!

    Droga! Acabei chamando ela assim de novo. Se o herói me ouvisse chamando ela assim, me mataria.

    Se bem que, esse apelido só veio depois que eles pegaram intimidade um pelo outro.

    — Agora tudo faz sentido. As peças se encaixam.

    — Amante? Peças? Do que vocês estão falando? — questionou Zernen, logo bocejando enquanto levantava os braços ao alto. — Que sede. — Ele se levantou, indo até a porta. — Fiquem aí montando as peças, que eu vou beber um vinho.

    — E o dinheiro?

    — Ah, eu tenho outro. Hahahaha! — Ele começou a rir, tirando outro saco de dinheiro do seu bolso. — Eu fiquei com medo de perder que separei em duas sacolas. A que te entreguei e está.

    “Você definitivamente passou dos limites, Zernen.”

    — Você me assusta — eu disse e ele saiu da porta enquanto se fartava de rir.

    — Então ela deve ter persuadido o Reziel a fazer isso.  — Voltei os meus olhos a Meredith. — Com a minha morte, o Faisal seria todo dela!

    — É isso mesmo. — Balancei a cabeça.

    — O que eu fiz para essa mulher?

    “Nem na história original eu entendi isso.”

    — Não sei. Acho que é só inveja mesmo.

    Ah… — Ela tentou se levantar, mas começou a tossir. — Cof! Cof!

    — Aquele rapaz que te salvou comprou umas poções de cura para você. — Entreguei as minhas que estavam numa sacola. — Beba e descanse, que em breve você se sentirá melhor.

    Ah, obrigada. — Ela recebeu em suas mãos. — Embora eu quisesse agradeço-lo pessoalmente, já que ele salvou a minha vida.

    “Não se preocupe, esse momento chegará em breve. Não, farei de tudo para que esse momento chegue e vocês vivam felizes para sempre.”

    — Eu tenho a certeza de que você vai se encontrar com ele novamente!

    — Suas visões?

    — Não, minhas palavras mesmo.

    Ela bebeu aquela poção e olhou para mim seriamente.

    — Você disse que, se eu seguisse os meus planos de viagem, eu iria ver o que aconteceria. Então isso quer dizer que… Nesse momento, Faisal pode estar com a Graziela e eu tenho que voltar para pegá-los no flagra.

    “Bingo. Nossa, como essa mulher é boa em montar o quebra cabeça!”

    Não esperaria menos dela. Afinal, uma das qualidades que me faziam admirá-la era a inteligência.

    — Infelizmente você terá que passar por isso.

    — Nesse caso, não podemos perder tempo. — Ela tentou se levantar, mas não conseguiu. Seu corpo doía. — Aí!

    — Não se esforce. Eu não disse que seria daqui a três dias?

    — Esse é o segundo dia, não é?

    — É…

    — Eu estou de fato admirada com essa sua habilidade. Com toda certeza que se o rei dessa nação descobrir isso, não vai te deixar em paz.

    — Planeja contar?

    — Não. Quem você pensa que eu sou?

    — Sei lá, talvez isso ajude vocês contra reinos adversários, golpes de estado, etc.

    — É. Mas você não é um objeto, é?

    — Não. — Balancei a cabeça negativamente.

    — Então isso será o nosso segredo. Ninguém precisa saber disso e você deve viver a sua vida normal como ela é.

    “É por isso que eu te adoro, Meredith!”

    — Muito obrigado — agradeci. — Você é mesmo uma pessoa maravilhosa!

    — Você acha?

    — É… Definitivamente Faisal não te merece.

    — Então você me acha linda?

    — A mais linda da história! — falei sem pensar.

    — Hã?

    — Digo, da história do reino! Nunca houve alguém que se equiparasse a sua beleza!

    Ele corou, ficando boquiaberta. Senti as minhas bochechas quentinhas também, acho que exagerei.

    — Você é a primeira pessoa que me elogia desse jeito! — Ela soltou um sorriso angelical.

    Lembrei que ela disse isso para o herói.

    “Droga, não deveria ser desse jeito. Preciso consertar isso!”

    — Guarde essas palavras para a pessoa que você gosta, entendeu?

    — Mas a pessoa que gosto, me traiu… — Ela ficou cabisbaixa.

    — Como eu disse, Faisal não te merece. Estou falando da pessoa que você vai gostar no futuro!

    — O quão longe você viu o meu futuro?

    “Droga. Tenho que parar de falar.”

    — Não vi nada, só tô falando. Afinal, você vai desfazer o noivado com ele, não vai? E depois disso, vai precisar encontrar alguém, não é?

    — Vai saber… Na verdade, eu acho que estou deixando de acreditar no amor. — Seus olhos ficaram novamente rodeados de lágrimas.

    —  Descansa, tá bom? Minha mãe costumava dizer que não há nada que o tempo não cure.

    “Isso quando eu reclamava de dor com a surra que eu levava dela.”

    — O meu pai também dizia o mesmo.

    — E então, o seu pai não era o sábio das coisas? Acredite nele! Vai passar!

    — Muito obrigada, por estar aqui comigo.

    Soltei um leve sorriso, observando-a fechar os seus olhos.

    “Ah… enquanto o herói não estiver aqui, eu cuidarei de você, Meredith.”

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