Percebendo que Pablo desmaiou, Sarah corre até as cápsulas, pega as partes e se direciona até uma janela. Jogando as para fora. Após alguns segundos, antes mesmo de deixar a janela, um grande estrondo vem de fora. Se voltando novamente para ver o que é, sua máscara é iluminada com a luz do fogo que tomou conta dos anéis. Sophie logo vem a mente, mas se lembra do que tinha visto no andar de monitoramento. Não que há algo que ela possa fazer nessa situação, mas isso a alivia um pouco.

    Sarah se apressa e desce as escadas para o andar um, e depois para o andar dois. Chegando, lança olhares de busca por toda parte enquanto se move entre caixa, armários e sacolas. A corda que o senhor havia lhe falado, timidamente de expõe em um canto. Correndo pela escada, pega seus sapatos que ali tinha deixado.

    Ao chegar novamente ao andar zero, larga suas coisas no chão, se direciona para a tela na parede e encontra um botão branco na lateral da tela. O aperta, e a escada branca que dá acesso aquele andar começa a ser recolhida. Ela se senta em uma cadeira por alguns segundos enquanto tira a máscara, puxa um pouco de ar e o solta com calma.

    Olhando para os dois corpos ali caídos. Se lembra de como o homem loiro estava ordenando o outro a algemá-la. O raciocínio de que até entre eles “chefes” deve ter uma hierarquia corre em sua mente. Ela se direciona até o corpo de Lúcio e o pega ainda desmaiado. O arrasta pela perna com uma só mão, e o coloca sentado em uma cadeira. Em seguida coloca a máscara na mesa.

    Não se passa nem um minuto e ele começa a acordar. Quando abre seus olhos e olha para a frente. Vê é a figura de uma mulher, sentada de pernas cruzadas em cima da mesa enquanto aponta uma pistola em sua direção. Sua face está serena, porém, seu olhar, suas pupilas contraídas, focam exclusivamente nele.

    — Ei. Calma aí jovem! Não vai cometer nenhuma ação que se arrependa. — Em seus pensamentos, ele se recusa a acreditar que uma mulher sozinha tenha causado tanta confusão.

    — Como eu aciono o botão vermelho que sai dessa mesa? — Sarah o indaga com firmeza enquanto engatilha a arma.

    Espantado, a encara por alguns segundos com seus olhos arregalados e pupilas dilatadas. Mentalmente se indaga sobre como ela sabe disso.

    — Não sei quais são suas intenções, mas esse botão… Você não vai querer apertá-lo! Todos os prisioneiros vão ser mortos se ele ver a bagunça aqui em cima. Será uma carnificina, até as crianças… — Um sorriso levemente doentio desponta sutilmente de seu rosto. — Você não está por elas? — Ele a indaga enquanto sua “máscara” se desfaz ao observar alguns fios de cabelo dela balançar suavemente para a esquerda.

    Sarah em silêncio somente o encara.

    Nesse instante algo incomoda o canto de sua visão. Ele lança um olhar e depois vira a cabeça com cuidado para essa direção. O brilho do fogo além da janela e a fumaça se fazem notar. Ele volta a olhar para Sarah enquanto coloca sua “máscara” novamente.

    — Quem é você? Para quem você trabalha? Eu pago mais! Você viu o tanto de dinheiro no salão de baixo? ELE É TODO SEU! — Entre questionamentos e barganha ele se desespera.

    Após alguns segundos de silêncio, Sarah se levanta sobre a mesa e novamente aponta a arma. Engolindo seco, ele a observa de baixo.

    — Como aciona o botão vermelho? — Sarah o indaga novamente enquanto seu braço e punho esquerdo que estão soltos se contraem demarcando os músculos desenhados sob a pele, até algumas veias aparecem.

    Em um movimento lento, ele leva sua mão esquerda para debaixo da mesa e toca um pequeno núcleo vermelho que aciona uma abertura na mesa. O botão avermelhado do tamanho de uma bola de golfe se eleva sobre o local.

    — Você não vai querer apertar esse botão. Ei… escuta! Está vendo tudo isso aqui. É por causa deles, as crianças, os rituais, sacrifícios, tudo para garantir o êxito deles. Se ele ficar muito tempo sem receber o dinheiro, vai ser o nosso fim.

    O que começou com uma fala imbuída de medo, se transforma em um rosto de um maníaco com um sorriso sinistro.

    — Ei moça! Você está pronta para carregar a culpa de todas as mortes? — De olhos arregalados, sobrancelhas levantadas, e sorriso de orelha a orelha. Ele a indaga.

    Por todo o prédio, o tiro de uma pistola ecoa pelos ares junto ao barulho do fogo vindo de fora.

    — Como se eu fosse a culpada por todo mal que os outros fazem! — Com um olhar sereno e um leve suspiro, ela vira em direção ao outro corpo e dispara em sua cabeça.

    Depois de descer da mesa, começa a rasgar as mangas do terno e enrola o tecido na mão. Pega a corda do chão, calça os sapatos e agarra a máscara. Engancha a corda na base da janela e a solta para fora. Volta até o monitor na parede e começa a observar os guardas e seguranças se movimentando. No canto de cada pequena tela tem um número correspondente ao andar da câmera. Quando o último segurança pisa no andar três, e um guarda pisa no andar um. Coloca a máscara e corre até a mesa. Pressiona o botão vermelho.

     Sem parar, ela pula pela janela e desce pela corda até o chão. Na entrada do salão branco, olha para o portal, porém, se lembra da criança que pedira para se esconder na cela. Alguns segundos de pausa e então corre em direção à escada e chega até o salão cinco A, e desce as escadas para o andar seis A.

    Outro salão escuro com um pentagrama no chão se revela. Uma réplica do anterior. Ao chegar no chão, começa a procurar por algo, uma porta, uma escada, porém não encontra nada. Em seus pensamentos Sarah se indaga se foi correto ter voltado para baixo, sua própria mente responde e a convicção em seu olhar não deixa dúvidas.

    Após alguns minutos de busca rondando as grades. Ela para no meio do salão, fecha os olhos. Alguns segundos de concentração e começa a sentir uma quase imperceptível brisa que vem de trás de uma região das grades. Se aproximando dessa região, vê que ali tem uma fechadura.

    Pega aquela mesma chave em seu bolso, e abre a grade. Já do lado de dentro observa que não há nada ali. Enquanto coloca a chave de volta no bolso, se direcionando rumo a parede. Esticando a mão, nada é alcançado.

     Existe um vazio no meio da parede, porém, está escuro demais para enxergar qualquer coisa além. Um arrepio corre pelo seu corpo, que faz os pelos de seus braços arrepiarem. Um passo lento de cada vez, ela caminha para dentro da escuridão.

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