A perna direita do androide está levantada horizontalmente na altura da cabeça de Sarah, a pouco mais de trinta centímetros de distância. Já sua perna esquerda, está ereta sobre o piso que trincou embaixo devido à força de apoio que o pé exerceu. Seu corpo totalmente contraído, demarca os músculos saltados mesmo com o traje. Seu capacete agora se encontra fechado.

    Percebendo o erro que cometeu ao tirar os olhos daquele ser, Sarah começa a flexionar as pernas. Seu braço direito inicia uma subida para tentar uma proteção do golpe que irá atingi-la. O punho desse braço está serrado e virado para cima. O tempo de reação dela é preciso. Seu punho acerta a parte interna do tornozelo dele, fazendo com que seu chute desvie para cima.

    Nesse momento, a base dele se inclina e se desestabiliza, o fazendo girar para trás. Aproveitando a brecha, Sarah no mesmo movimento de se abaixar, busca apoio com a mão esquerda no chão, e em sequência de movimento, joga seu peso para cima desse apoio. Com o corpo inclinado na diagonal, suas pernas ficam flexionadas apontadas para as costas do androide.

    Sarah então desfere um golpe com as duas pernas bem na região da lombar dele. O arremessando para o pé da estátua fazendo uma cratera na base dela e causando um pequeno tremor no salão. A partir dessa cratera, rachaduras começassem a surgir chegando até o topo, após alguns segundos a estátua desmorona em cima dele.

    Sarah procura manter sua respiração profunda e lenta. Seu olhar esboça por um momento a surpresa que sentiu ao perceber a força que consegui imprimir no golpe. Ela sente seu coração bater sem nem precisar tocar o peito.

    Olhando nos destroços da estátua e na parede onde ela ficava. Uma escada que leva do chão até bem na altura do ombro de onde estava a estátua se revela. O chão já acumula sangue até a base do altar.

    O silêncio que reina, só é interrompido pelo barulho de um objeto caindo a suas costas em meio ao sangue. Se virando para ver o que é, se depara com algo brilhando em meio ao sangue que a cada segundo aumenta seu volume. Se lembrando do objeto no alto que brilhava, lança um olhar para cima, porém, não o encontra mais onde o havia avistado. Nas profundezas de sua mente, ela quer muito ir lá ver o que é, mas sabe que não pode se dar ao luxo de se distrair mais uma vez.

    Os destroços da estátua começam a se mover. Do meio deles, o androide se levanta jogando pedra para todos os lados. Uma delas, pequena ao ponto de caber na sua mão, cai aos seus pés. Sem tirar os olhos do androide, ela se abaixa para pegar a pedra. Em seguida um grito de fúria abafado emana de dentro do capacete.

    — DESGRAÇA! QUEM. É. VOCÊ. PORRA! — O androide grita enquanto sai do meio dos destroços. — Olha o que você fez! Eu tinha feito para quando ele se tornasse a evolução definitiva! Mas agora, ESTÁ TODO DESTRUÍDO! — Após uma fala pausada e enfática, o homem olha para o alto com os braços largados, de repente solta um novo grito de fúria. Em seguida se vira para Sarah. — Você! Sua maldita! O que você é? Esse golpe, foi forte demais para uma humana comum. Não me diga que você é um de nós também? Não, não é possível! Você não tem assinatura energética de um androide. — Ele para um pouco e retoma. — Bom, vou ter que te abrir para saber.

    Ele saca suas duas pistolas da cintura, e começa a disparar feixes de laser roxo em direção a Sarah que começa a correr. Os feixes a seguem bem na sua cola, porém, sem acertá-la, colidem com a parede. O sangue no chão que cobre seus pés, levemente a retarda. A parede se impõe na sua frente, porém, ela segue sem parar como se não houvesse nada ali.

    A um passo da parede. Sarah pega fôlego e se impulsiona com a perna esquerda que acabara de tocar o chão, e realiza um salto para frente e para cima. Seu pé direito toca a parede na uma altura de um metro. Em sequência, sua perna esquerda se move para frente e se apoia na parede acima do pé direito. Ao mesmo tempo em que se apoia, flexiona as pernas.

    Sem respirar, e com uma forte impulsão, realiza um salto na horizontal. Os feixes de laser que a seguiam, se perdem na parede. Enquanto está no ar, ela realiza um meio giro em torno dela mesma para direita. Seu braço direito, que ao começar o giro estava flexionado termina o movimento estendido.  A pedra que caiu aos seus pés momentos atrás, agora termina de ser lançada da mão de Sarah em direção ao androide que tenta ajustar a mira de suas pistolas.

    Ao ver o objeto lançado em sua direção, calcula sua trajetória e realiza um movimento de esquiva jogando sua cabeça para trás e para baixo. Seu tronco também se enverga um pouco para trás. Os feixes de laser se descontrolam e atingem uma das portas que estava fechada. Abrindo assim um buraco de não mais que um metro de diâmetro.

    Sarah ao cair no chão, executa um rolamento para frente. Corre em direção do objeto que caiu a pouco, o agarra em meio a corrida e se joga pelo buraco aberto na porta.

    Ao retomar sua postura, o androide se vê só no salão. Há uma luz que brilha no fundo de um buraco em uma das portas. Uma luz que vai diminuindo com o passar dos segundos. Lançando um rápido olhar para cima, percebe que aquilo que guardou por tanto tempo, acaba de ser roubado.

    Em um movimento brusco, ele começa a correr em direção do buraco atirando nele para aumentar seu diâmetro. Sem parar, atravessa a abertura, mas se depara com a escuridão que agora reina no túnel. Em questão de instantes, a face de seu visor começa a ficar toda com um brilho roxo. Sua visão parece ter se adaptado ao escuro.

    Em seguida, começa a caminhar com cautela. O chão está pintado com pegadas no formato de sapato e gotas de sangue.  Um pouco a frente, uma grande poça do sangue surge e alguns fios de cabelo preto estão mergulhados no meio. Continua seguindo as pegadas até chegar ao salão das celas. Parando bem na porta que divide o túnel do salão. Lá frente, a grade está fechada, e no chão um sapato se encontra largado.

     Ele encara aquele sapato sem entender o que está acontecendo, e volta a caminhar. Após alguns passos, para em frente a grade, e coloca a mão na lateral do capacete, expondo novamente seu rosto.

    — Você acha que uma gradezinha de bosta dessas vai me impedir? Você está zoando com a minha cara. Sabe quem eu sou? O mais forte depois dele, o único digno de sua confiança! — Ele junta uma pistola do lado da outra, e ambas se fundem formando uma única pistola com um cano do dobro da espessura de antes quando separadas. A faixa de luz roxa em cada lado da pistola, começa a brilhar da base perto do gatilho, e a cada instante, avança em direção a ponta do cano.

    As grades que antes estavam sendo iluminadas pela luz roxa emitida por sua arma e traje, ganham uma segunda cor, agora prateada. Sua sombra aparece projetada a seus pés. Um segundo após a segunda luz surgir, um barulho de algo caindo a suas costas ecoa sutilmente pelo ambiente. O androide se vira apontando sua arma em direção da luz.

    O brilho intenso está muito perto de seu olho direito, o que o impede de ver além. Em um instante, ela passa do lado de seu olho. Nesse momento, seus olhos se fecham forçadamente mergulhando sua visão em uma escuridão molhada. A sensação de algo perfurando seu olho direito, acompanhada de uma leve descarga de energia. Faz com que ele tenha um reflexo repentino, soltando a mão direita da pistola, e a colocando sobre seu olho esquerdo em um puro instinto de preservação.

    Apoie-me
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 0% (0 votos)

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.

    Nota