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    O sinal toca e o horário de almoço termina. Todos voltam para suas posições. Sarah encontra JP perto de uma empilhadeira, ele está olhando algum detalhe dela. Por alguns segundos, ela aproveita para observar o rosto dele e depois uma rápida olhada de cima a baixo.

    — Ai está você! Bora? — Ele solta as palavras em um tom motivador. Então esboça um sorriso no rosto ao observá-la.

    — Bora! — Sarah o responde após alguns segundos perdida em um devaneio.

    No meio da tarde, entre carregamentos aqui e ali. Sarah dá uma pausa e se senta ao lado de um container. JP a acompanha sentando-se ali do seu lado.

    — Ei JP. Qual é o horário mesmo que esse navio vai zarpar? Só para saber quanto tempo ainda temos, sabe… — Ela o indaga enquanto olha para ele.

    — Dezessete horas em ponto. Temos que acelerar. Ainda tem várias viagens para terminar. — Ele a responde enquanto olha para frente. Então para a fala e após um instante de reflexão, volta a falar virando sua face para Sarah. — Você está cansada?

    — Nããão…. — Ela solta um sorriso tímido enquanto disfarça o olhar para frente. — Estou tentando não perder a noção do tempo que ainda temos sabe. — Ela volta seu olhar para ele. — Você tem família? Ou é que nem eu, que veio tentar ganhar a vida sozinha para cá? — Ela reveza seu olhar entre alguns containers e Ele.

    — Olha, eu tenho um tio aqui. É onde eu estou morando, pelo menos até arrumar um lugar para morar sozinho. — Ele a responde enquanto olha para frente e depois volta seu olhar para ela.

    Após alguns segundos de silêncio.

    — Nem namorada, nem nada? — Sarah o questiona enquanto olha para frente e para baixo.

    Ele desviar o olha para frente enquanto franze a teta por um instante. — Eu tinha, mas ela terminou comigo quando soube que eu ia vir para cá. — Ele pausa a fala enquanto olha para o céu com o olhar distante.

    — Ela deve estar arrependida… — Sarah deixa as palavras escaparem em tom alto.

    —  Por que você diz isso? — JP a questiona enquanto vira o rosto para ela por um instante e logo retorna o olhar para o chão a sua frente.

    —Você é bonito, as mulheres devem sei lá, fazer fila por você. — Sarah se explica, enquanto olha para baixo e esboça um leve bico com a testa franzida.

    — Fila por mim? — Ele dá uma bela risada para disfarçar. — Sabe, não posso reclamar. Sempre que eu vou a uma balada eu consigo aproveitar bem.

    Sarah se levanta.

    — Bom. Vamos voltar para o serviço! — Ela estende a mão para ele que prontamente aceita.

    Ao ser puxado, sente como se fosse uma pena levada ao vento. Repara nos músculos talhados no braço dela. Enquanto caminham, JP se dispõem a falar mais um pouco.

    — Eu até pensei em chamar, mas ela odeia essa região. A ideia de escravos faz ela ficar furiosa. Não que eu aceite, mas o que eu posso fazer? Eu preciso trabalhar para sobreviver entende? — Ele fala ao ar enquanto olha para frente.  

    Seu olhar vaguei no horizonte depois dos navios.

    — Quando criança, eu sonhava em sair desse reino. Viajar pelo deserto, conquistar a glória em Atlás. Mas eu me acomodei. Eu gosto dessa vida sabe.

    Enquanto olha para ele, uma frase se faz notar em seus pensamentos, “seguir em frente”.

    — Bom. Esquece! Bora trabalhar!

    — É para já! — Com um sorriso no rosto Sarah acelera suas passadas para a rampa. Ele se direciona para a empilhadeira e logo a põe para funcionar.

    O sol se move. O tempo voa, e as cargas são transportadas.

    — Uau! Rendeu em. Terminamos com quarenta minutos de sobra! — JP fala para Sarah enquanto se escora no lado da empilhadeira.

    — É sério? — Sarah olha para ele com um sorriso estampado. Então seu olhar muda enquanto começa a procurar por algo por perto. — Ei! Você pode me ajudar em uma coisa?

    — Posso sim, o que é?

    — Tem uma carga ali em um container que precisa ser movida. — Sarah aponta a direção enquanto toma a frente.

    — Me mostrar onde está.

    — Vem! — Sarah o guia pelos containers até um está aberto — É esse! A carga está lá no fundo.

    JP entra no container e Sarah o segue. Então ela puxa a porta do container a encostando por dentro.

    —O que é isso? — Ele fica surpreso com Sarah encostando a porta por dentro.

    — Sabe JP, por que não?

    — Estamos em horário de serviço. — JP olha para os lábios dela. — Mas que tal a gente sair de noite? Conheço um lugar bem bacana.

    — Eu não tenho muito tempo. Trinta minutos para ser mais exata.

    — Você está pensando em…

    — Sim! — Ela fala enquanto se aproxima dele.

    Em uma fração de segundos, JP a puxa pela cintura enquanto a encara, então a beija. Ela retribui e o joga contra parede do container. Seus capacetes são os primeiros a voarem. Sarah começa a tirar a blusa dele enquanto o beija. Ele então termina de tirar. Nesse meio tempo Sarah tira a sua também, e em seguida sua regata.

    Ela passa suas mãos no peitoral dele, descendo até sua calça, que sem resistência despenca. Em seguida a dela também desliza pernas abaixo. Entre beijos e arranhões, o restante das roupas de ambos vai caindo ao chão. JP pressiona Sarah contra o metal frio, deixando-a de costas para ele. Um beijo na nuca, outro e mais outro, e ele começa a descer pelo corpo dela que morde seu lábio.

     Após alguns segundos de descida, JP para. Sarah joga seu rosto para cima em reação. Com sua testa frangida e olhos fechados, ela dá uma leve puxada de ar e então seus punhos se serram.

    Os minutos passam mais rápido do que nunca. JP está deitado do lado de Sarah, olhando para o teto do container com o capacete em cima de suas partes íntimas. Enquanto Sarah está em pé terminando de colocar sua roupa. Falta somente à blusa e o capacete.

    — Sabe, esses lances inesperados são os melhores! Ainda mais nessa adrenalina de alguém poder nos pegar, — JP está olhando seu celular, então ele repara no horário. — Ei! Você não falou que ia subir no navio?

    — Falei sim, por quê? — Sarah vira para ele com seu cabelo todo bagunçado, enquanto termina de colocar sua regata por cima do top preto.

    — Ele deve estar começando a zarpar. — Ele lança um olhar na direção dela, enquanto ainda está deitado.

    — Já? — Então ela escuta o barulho de um apito de navio.

    — Acho que é este! — JP solta essas palavras ao vento enquanto já está de pé colocando sua calça.

    Sarah corre até ele, dá um beijo em sua testa e passa a mão em seu rosto.

    — Obrigada. Foi muito bom. Boa sorte para você! — Então ela sai correndo e para repentinamente na entrada do contêiner, e olha novamente para ele. — Nunca é tarde sabia! — Ela volta a disparar e acaba largando sua blusa de serviço ali junto do capacete.

    JP fica sem estático por um momento. Com suas pupilas dilatadas ele termina de colocar a calça. Pega o restante da sua roupa e sai correndo atrás de Sarah.

    Ela corre até a beirada mais próxima do porto. O navio está ali na frente, começando a seguir seu caminho.

    — Ei! — JP dá um grito para Sarah que se vira em sua direção.

    — Você vai mesmo fazer isso?

    Sarah só balança positivamente com a cabeça. Olha para ele com um semblante de paz e relaxamento. Seu cabelo está jogado ao vento, seus braços ainda brilham com o suor de sua última atividade física.

    — Boa sorte então! — JP com sua blusa e camisa em mãos, faz uma bela despedida em meio a raios de sol que iluminam o ambiente.

    Uma última troca de olhares entre os dois e Sarah deixa seu corpo cair para trás com seus braços abertos. Na perspectiva de JP, Sarah está caindo em câmera lenta. Após ela sumir no horizonte, ele corre até a beirada e lança olhares na água em busca dela. Mas por alguns segundos não avista nada.

    Lá na frente, algo salta sobre o manto tortuoso do mar. Avançando em meio a braçadas ela ressurge. Um misto de empolgação, preocupação e medo toma conta dele enquanto se questiona como ela vai subir.

    Ao chegar perto de onde o navio vai passar, Sarah para de nadar e aguarda. Então estende o braço e começa ser puxada. Em seguida começa a escalar a corda que jogou mais cedo. Pouco a pouco e ela consegue chegar até o convés. JP incrédulo com o que vê, solta um surro ao vento na esperança de que seja carregada até ela.

    — Que mulher!

    Depois de puxar a corda, dá uma última olhada para trás. Um filme de tudo que vivera até ali, passa em sua mente. Após uma profunda inspirada, ela suspira e se vira para o horizonte, na direção que o navio está seguindo. Em direção para uma nova aventura.

    A água inquieta balança o navio. O sol alaranjado que está a suas costas traz consigo um céu colorido, que vai sendo tomado pelo crepúsculo conforme se corre a vista por ele até o outro lado. De lá do fim, além do horizonte, uma brisa marítima surge. Um ar fresco indicando anoitecer, flutua sobre a água e vai bem de encontro com o corpo de Sarah, a fazendo se arrepiar enquanto joga seu cabelo para trás. Aquela sensação que ela tanta ama, e a deixa empolgada, se apresenta novamente. A sensação do desconhecido.

    Após alguns dias.

    Helena está sentada no sofá de um hotel, na região portuária comercial. Está assistindo o noticiário na televisão para se informar sobre os fatos da Periferia.

     “Recentemente, destroços de um navio cargueiro foram encontrados perto da costa da região de Mao-Tsu-Tarei, nas Montanhas da Redenção! Ainda sem explicação sobre o que pode ter acontecido. As autoridades trabalham com a hipótese de que uma grande tempestade pode ter sido o motivo do ocorrido. O mercado local também deve sofrer um grande impacto com todos os mantimento e mercadorias que se perderam no mar”

     Um homem careca com sua voz aveludada dá a notícia.

    Enquanto assiste, Helena se lembra da conversa que ouviu daqueles homens alguns dias atrás. Seu coração acelera, agora já sabe para onde deve seguir em sua jornada para encontrar Sarah, e dizer as palavras que ficaram guardadas por tanto tempo.

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