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    05 de abril de 2019 — Niang — Montanhas da Redenção.

     —  Tremores de terra atingiram a região leste dos Montes da Redenção na noite anterior. Quatro mortos. Cinquenta e três feridos, e centenas de desabrigados. —  Uma voz veluda e masculina vinda da TV profere as notícias — Os agentes da central periférica já estão em deslocamento pelo deserto em um Helicóptero ante gravitacional.

    —  Com as novas tecnologias, os resgastes e o serviço de proteção da fronteira tem sido cada vez mais eficientes. — Uma voz feminina complementa a fala do homem na TV.

    — Você está certíssima Rita! Com o fim do tráfico de escravos humanos, o reino vem cada vez mais estreitando laços com o governo de Atlântis. São eles que controlam todo o comércio de núcleos mágicos afinal.

    —  Mileus… Meu irmão mais novo, faz parte de um dos grupos organizados pelo reino para se aventurar pelo continente em busca de masmorras. Ele me contou que ainda existe uma tensão com os androides. Mas aos poucos, estão se acostumando. Segundo ele, o reino de Atlântis até vai abrir Ayda para quem quiser entrar e explorar.

    — Pera! Você está me dizendo que o lar do Trono Carmesim, onde o Deus Rei Máquina mora. Vai ser aberto?

    — Isso mesmo, o lugar que só era frequentado pelos androides de elite e pelos mais fortes guerreiros das capitais reais humanas. Agora vai estar disponivel para todos.

    — WOW!!! Mesmo nos meus 47 anos, estou empolgado. Acho que vou voltar a treinar, talvez até volte para a Guilda.

    — Não seria uma má ideia não. Parece que agora, além de selecionar o campeão de Atlás para fazer parte da guarda de elite. Vão escolher mais bravos guerreiros que se destacarem, para compor times com esquadrões reais.

    — Estou perplexo, a mesma realeza que um dia criou o Muro dos Oprimidos agora vai se juntar com plebeus?? Parece que a guerra Real, mudou muita coisa por lá. — O apresentador para um pouco sua fala, e bebe um copo de água. — Realmente senhoras e senhores. O futuro, chegou!! A seguir, mais notícias sobre os tremores na região leste dos Montes da Redenção. Não saia daí, eu já volto. — Com um sorriso centrado e uma piscadela, ele dá a deixa para o comercial.

    Logo a frente da televisão e atrás do sofá, Sarah se encontra totalmente estática com o que acabou de escutar.

    Ao se deparar com o noticiário, para pôr alguns segundos ficando totalmente imóvel, exceto pelas pontas de seu cabelo, que balançam com a leve brisa que adentra pela janela do decimo terceiro andar.

    Um metro e sessenta sete e corpo atlético. Cabelos pretos, lisos e amarrados para cima. Seus óculos de leitura, refletem a imagem da televisão e escondem seus olhos castanhos.

    — Zhau. – Um sussurro vindo de sua boca, esvazia seus pulmões com o ar que segurou por alguns segundos.

    Ao racionar e perceber o que havia acontecido, coloca a xicara de café que está segurando, sobre uma mesa de vidro no meio da sala. Com movimentos de quem está atrasada para um compromisso, se inclina levemente para pegar um marcador de páginas no canto direito da mesa. Então o coloca sobre um livro que está ali e o fecha.

    E em uma sequência de movimentos fluidos, se levanta já correndo para seu quarto. Pega seu top preto na segunda gaveta do seu pequeno guarda-roupa, e o coloca por baixo da regata.

    Em seguida, enche sua grande mochila de acampamento, marrom com algumas peças de roupas. Apressada, calça um tênis baixo e vermelho com detalhes em preto. Em passos acelerados, volta até a sala e pega o livro. Desliga a televisão e continua em direção à cozinha. Onde pega um molho de chaves que está pendurado sobre um gancho.

     Saindo de seu apartamento, ela tranca a porta e se direciona para o elevador que demora a chegar até seu andar. Quando já está se preparando para pegar as escadas, o elevador enfim chega. Em um movimento de meio giro, vai entrando enquanto aperta um botão lá dentro.

    Chegando ao estacionamento no subsolo, continua até alcançar um Jeep Willys verde escuro. Após colocar sua mochila e seu livro no carro, se ajeita no banco enquanto coloca a mão no núcleo no centro do volante. Parando tudo que está fazendo, se lembra de que a janela da cozinha ficou aberta. Com um profundo suspiro e uma rápida debruçada no volante, ela sai do carro e volta até seu apartamento.

    Chegando na cozinha, logo escuta um barulho vindo da janela. Com passos calmos e leves, vai se aproximando aos poucos da janela sobre a pia. Uma grata surpresa por assim dizer, entre milhares e milhares de janelas aos arredores, um Montanhês Twilight Luck escolheu justo a sua janela para fazer uma refeição. Com seu pequeno tamanho, ele saltita enquanto bica uma mosca no canto da parede pelo lado de fora de sua janela.

    Essa cena lhe traz lembranças. Ao se aproximar da janela, o sol laranja ao fundo dos prédios desvia sua atenção por um instante. Quando rela na janela para fechá-la, o pássaro a encara por um instante com a mosca em seu bico.

    Aquele momento aparenta durar mais do que realmente durou, e de repente tudo se encerra com o bater de asas e o sorriso discreto. Na cultura dos monges, ver um Twilight Luck, é sinal de sorte. Foi como se toda sorte do mundo acabasse de atravessar bem no meio de seu peito.

    Agora mais calma, ela fecha a janela e volta ao carro com a intenção de dirigir pelas montanhas.

    Uma estrada de terra estreita e inclinada para cima se abre a sua frente. Do lado esquerdo, as rochas formam um paredão que parecem querer jogar o Jeep para dentro do desfiladeiro que espreita pela direita. A maioria dos motoristas, se conterem em dirigir vagarosamente diante de tal cenário.

    Já Sarah, desbrava a estrada como se fosse uma larga pista de corrida. Conforme os metros vão passando e a largura da estrada aumenta. O desfiladeiro vai dando lugar para mais rochas. A estrada se curva a esquerda como se fosse entrar na montanha, se estendendo por não mais do que trezentos metros. No final, uma grande escadaria de pedra se levanta, dando fim a viajem em quatro rodas.

    Enquanto desce do carro com a mochila em suas costas, seu olhar atento vislumbra os degraus a sua frente. Mal é possível se enxerga o topo, nas laterais, paredões de rocha delimitam o cenário.

    Depois de doze minutos, e conseguir alcançar o fim da escadaria. Uma luz surge logo após o topo do último degrau, ofuscando sua visão por um momento.

    Após sua visão se adaptar a claridade, o cenário começa a se desenhar a sua frente. Montanhas com picos brancos ao fundo se sobressaem dos pequenos morros abaixo. Mais perto, um grande templo se destaca da paisagem. Os campos verdes abaixo, e uma pequena trilha tortuosa de pedras irregulares, que liga a grande escadaria onde está, até a pequena escadaria a frente do templo, terminam de pintar a tela.

    Sarah está estática com uma feição de paz. Seu olhar iluminado pelos raios solares, transmite sua admiração. O vento leve que bate que vem da direita, jogando seu cabelo para o lado, traz consigo uma voz serena e levemente rouca.

    — Você sempre se impressiona com essa paisagem! Quantas vezes você já a admirou?

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